Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros
Jason não apareceu na academia hoje, não que eu ligue para isso, mas ele disse que passaria em casa às 20h, o que eu acho que ele não fará, por isso eu estou na cozinha lavando a louça do jantar do meu pai, já que não comi nada por estar sem fome.
– Lizzi, por que Jason acabou de bater na porta ? – meu pai com um sorriso sugestivo, me pergunta vindo da sala.
– O que ?
– Jason está na porta.
Enxugo a mão em um guardanapo e vou para a sala, abro a porta.
– Você esqueceu, princesa ? - Jason pergunta divertido me olhando de cima a baixo.
– Não, só achei que não estava falando sério.
– Eu estava. Te dou dez minutos – ele diz entrando.
Jason se senta no sofá e começa conversar com meu pai. Subo as escadas e corro para o meu quarto, reviro o guarda roupa inteiro e acabo com uma calça jeans escura uma camiseta fina com estampa floral de cintura marcada e sapatilhas vermelhas.
– Vamos – diz Jason ao me ver, seu olhar parando em mim mais do que necessário.
– Tchau, pai.
Dou um beijo em seu rosto, pego minha bolsa e saio. Desde quanto ele confia em Jason a ponto de me deixar sair com ele ?
Do lado de fora de casa a moto de Jason está na entrada da garagem, ele se senta a acena para que eu sente atrás. Jason liga a moto e eu coloco os braços em volta da sua cintura, andamos por um tempo até a moto entrar em seu bairro, minutos depois paramos na frente de uma lanchonete simples, mas aconchegante. Sentamos em uma mesa do lado de fora da lanchonete.
– Boa noite – diz uma garçonete sorrindo demais para Jason e me ignorando.
– Boa noite – ele sorri do mesmo jeito para ela.
Eu reviro os olhos e rio.
– Aqui estão os cardápios, quando escolherem me chamem.
– Ok, Emma – Jason responde.
Emma sorri para ele, e Jason me pega rindo dos dois.
– Vamos escolher – ele sorri para mim.
Passo os olhos por muitos lanches gordurosos e cheios de hambúrgueres, frango e filé mas não posso come-los, a menos é claro que esteja disposta a morrer de dor depois, o que não estou.
– Já escolheu ? – assinto – Emma!
– Então, o que vão querer ? – Emma sorri para Jason me ignorando completamente.
– Um x-burguer especial, e uma coca – ele faz uma careta ao falar isso – e você ? – ele se vira pra mim.
– Uma salada.
– Uma salada ? – ele pergunta – Você estava praticamente salivando lendo os lanches.
Dou de ombros.
– O mesmo pra ela – ele diz.
– Não, Jason...
Emma já foi embora, sorrindo.
– Ah qual é, seja qual for a dieta idiota que está que fazendo, não vai morrer só por um dia.
– Você é um mané.
– Você que diz mané e eu que sou ?
Nós rimos.
– Então, esse é o momento que eu te peço desculpa por ter te levado pra casa. Desculpa.
– Não se incomode.
– Tem que parar de falar isso – ele diz debochado.
Dou de ombros.
Jason e eu conversamos coisas leve e seguras, coisas como o que gostamos de fazer ou como meu pai era antes de ser treinador.
– Aqui! – disse Emma chegando com os pedidos.
Jason pega o seu e começa comer, eu apenas olho o lanche como se fosse uma cobra venenosa.
– Qual é! Isso não vai te engordar! – ele diz.
– OK, eu só vou pegar um... suco.
– Mas a coca...
Levanto da mesa e vou até a bancada e peço uma água, tomo o liquido lentamente de costas para Jason.
– Oi – olho para o lado.
Um moreno alto olha para mim, ele sorri e é um gato!
– hm... oi – sorrio.
– Meu nome é Carter – ele estende a mão.
– Lizzi – pego sua mão.
– Então, vi que você está...
– Carter – Jason fala rispidamente e coloca o braço em volta da minha cintura.
Em volta da minha cintura ?
– Jason - Carter sorri abertamente – quanto tempo, aliás, adorei a amiga.
– Vamos embora daqui – Jason diz para mim me puxando.
– Mas a conta...
Ele me puxa pela lanchonete e puxa minha bolsa da cadeira onde eu estava quando passamos por ela. Jason se senta na moto e coloca a alça da minha bolsa no pescoço, esperando que eu sente atrás, mas eu não sento.
– O que foi aquilo ? – pergunto calmamente.
– Sobe na moto.
– Não até você me di...
– Sobe. Na. Moto – ele diz entre dentes.
Não digo nada, apenas sento na moto atrás dele e passo os braço em volta de sua cintura. Jason sai a toda velocidade da frente da lanchonete, dirige a moto pela cidade por meia hora então para em um posto de gasolina.
Salto da moto assim que ele para.
– O que foi isso ? – pergunto sem ar, por causa da adrenalina pelo excesso de velocidade.
– Por que estava conversando com o Carter ? – ele diz furioso.
– Ele estava conversando comigo – corrijo – e você me arrastou de lá antes que conversássemos direito!
– Você estava comigo, é meio desrespeitoso flertar com outro cara.
– Você não ligava de flertar com a Emma comigo lá, e não é por isso que você está bravo.
Jason para por uns minutos me analisando, depois suspira.
– Não, não é.
– Então, por que é ?
Ele balança a cabeça negativamente, olho para ele incrédula. Viro de costas e saio andando pela rua, sem nem ligar para o fato de não saber onde estou.
– Hei, espera!
Jason segura meu braço e me faz virar de frente para ele.
– Não vou ficar andando com você sem nem ao menos saber porque ficou tão bravo com aquele cara.
– Eu não gosto dele, ele é um antigo... rival de luta.
– Entendi, viu, não foi tão difícil me contar.
Jason assente com cara de alguém que tem mais para dizer e me leva de volta ao posto, ele enche o tanque de gasolina e nós saímos novamente, andamos pela cidade até ele sair dela, e seguimos pela estrada até a entrada de uma parte deserta onde ele para a moto.
– É aqui você vai me matar ? – brinco escondendo um nervosismo inquietante.
Ele ri e esconde a moto no meio das arvores depois segue por uma trilha fazendo sinal para que o siga. Nós andamos na trilha por cerca de cinco minutos, de repente a trilha se abre numa clareira e uma pequena sorveteria se revela a minha frente. Ela é toda feita de madeira como parte da decoração e há mesas de piquenique por toda a clareira.
– O que .... ? – pergunto.
– Legal, né ?– ele sorri.
Apenas assinto. Nós nos sentamos em uma das mesas e eu olho em volta tentando provar que tudo aquilo é real.
– Como achou esse lugar ? – pergunto ainda olhando em volta.
– É um lugar tradicional na cidade.
– Eu nunca ouvi falar – ele ri da minha reação.
– Imaginei que sim. O que vai querer ?
– Ah, só uma água.
– Ah qual é!
– Perdi a fome – faço uma careta.
– Ok.
Jason sai e volta minutos depois segurando um sorvete e uma garrafa de água.
– Vamos.
Me levanto e nós nos sentamos na grama a alguns metros da sorveteria, ele toma o sorvete e eu olho aquela cena surreal.
– É bonito, não é ?
– Muito.
– Princesa sem as pedras na mão ? Isso é novidade.
Faço uma careta e dou um soco brincalhão no braço dele. Depois eu me deito na grama olhando o céu e Jason acaba seu sorvete, deitando ao meu lado em seguida, nós conversamos por muito tempo até um momento de silencio.
– Saímos sem pagar – digo.
– Emma coloca na minha conta.
Assinto e o silencio toma conta novamente.
– Sua vez de começar um assunto – ele diz.
Eu iria perguntar outra coisa, mas foi isso que saiu :
– Você tem medo de morrer ?
Jason espera um momento.
– Tenho medo de morrer do nada.
– Mas geralmente as pessoas morrem do nada.
– Não foi isso o que eu quis dizer, quer dizer, eu quero morrer de velho, não por outro motivo – assinto – e você ?
– Não – olho no relógio – ah meu Deus! Tenho que ir embora, já são duas da manhã!
Me levanto num salto e Jason se levanta também. Volto para casa e vejo que a luz da sala ainda está acessa. Desço da moto.
– Foi uma ótima noite – sorrio.
– Também acho – ele sorri.
– Então, boa noite.
– Boa noite.
Viro-me de costas mas antes que eu termine o primeiro passo Jason segura meu braço me obrigando a vira de frente para ele.
– Ei! – eu digo.
– O que você gostaria de fazer antes de morrer ?
Estranho a pergunta.
– Nunca pensei nisso.
– Como nunca ?
– Nunca – dou de ombros.
– Te dou uma semana.
– Uma semana pra que ?
– Pra você fazer uma lista.
– Uma lista ?
– Das coisas que você quer fazer antes de morrer. Enquanto você faz a lista, nós vamos realizar a minha lista.
– O que ?
– Boa noite.
Ele acelera a moto e vai embora.
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