Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/527301/chapter/7

Jason não apareceu na academia hoje, não que eu ligue para isso, mas ele disse que passaria em casa às 20h, o que eu acho que ele não fará, por isso eu estou na cozinha lavando a louça do jantar do meu pai, já que não comi nada por estar sem fome.

– Lizzi, por que Jason acabou de bater na porta ? – meu pai com um sorriso sugestivo, me pergunta vindo da sala.

– O que ?

– Jason está na porta.

Enxugo a mão em um guardanapo e vou para a sala, abro a porta.

– Você esqueceu, princesa ? - Jason pergunta divertido me olhando de cima a baixo.

– Não, só achei que não estava falando sério.

– Eu estava. Te dou dez minutos – ele diz entrando.

Jason se senta no sofá e começa conversar com meu pai. Subo as escadas e corro para o meu quarto, reviro o guarda roupa inteiro e acabo com uma calça jeans escura uma camiseta fina com estampa floral de cintura marcada e sapatilhas vermelhas.

– Vamos – diz Jason ao me ver, seu olhar parando em mim mais do que necessário.

– Tchau, pai.

Dou um beijo em seu rosto, pego minha bolsa e saio. Desde quanto ele confia em Jason a ponto de me deixar sair com ele ?

Do lado de fora de casa a moto de Jason está na entrada da garagem, ele se senta a acena para que eu sente atrás. Jason liga a moto e eu coloco os braços em volta da sua cintura, andamos por um tempo até a moto entrar em seu bairro, minutos depois paramos na frente de uma lanchonete simples, mas aconchegante. Sentamos em uma mesa do lado de fora da lanchonete.

– Boa noite – diz uma garçonete sorrindo demais para Jason e me ignorando.

– Boa noite – ele sorri do mesmo jeito para ela.

Eu reviro os olhos e rio.

– Aqui estão os cardápios, quando escolherem me chamem.

– Ok, Emma – Jason responde.

Emma sorri para ele, e Jason me pega rindo dos dois.

– Vamos escolher – ele sorri para mim.

Passo os olhos por muitos lanches gordurosos e cheios de hambúrgueres, frango e filé mas não posso come-los, a menos é claro que esteja disposta a morrer de dor depois, o que não estou.

– Já escolheu ? – assinto – Emma!

– Então, o que vão querer ? – Emma sorri para Jason me ignorando completamente.

– Um x-burguer especial, e uma coca – ele faz uma careta ao falar isso – e você ? – ele se vira pra mim.

– Uma salada.

– Uma salada ? – ele pergunta – Você estava praticamente salivando lendo os lanches.

Dou de ombros.

– O mesmo pra ela – ele diz.

– Não, Jason...

Emma já foi embora, sorrindo.

– Ah qual é, seja qual for a dieta idiota que está que fazendo, não vai morrer só por um dia.

– Você é um mané.

– Você que diz mané e eu que sou ?

Nós rimos.

– Então, esse é o momento que eu te peço desculpa por ter te levado pra casa. Desculpa.

– Não se incomode.

– Tem que parar de falar isso – ele diz debochado.

Dou de ombros.

Jason e eu conversamos coisas leve e seguras, coisas como o que gostamos de fazer ou como meu pai era antes de ser treinador.

– Aqui! – disse Emma chegando com os pedidos.

Jason pega o seu e começa comer, eu apenas olho o lanche como se fosse uma cobra venenosa.

– Qual é! Isso não vai te engordar! – ele diz.

– OK, eu só vou pegar um... suco.

– Mas a coca...

Levanto da mesa e vou até a bancada e peço uma água, tomo o liquido lentamente de costas para Jason.

– Oi – olho para o lado.

Um moreno alto olha para mim, ele sorri e é um gato!

– hm... oi – sorrio.

– Meu nome é Carter – ele estende a mão.

– Lizzi – pego sua mão.

– Então, vi que você está...

– Carter – Jason fala rispidamente e coloca o braço em volta da minha cintura.

Em volta da minha cintura ?

– Jason - Carter sorri abertamente – quanto tempo, aliás, adorei a amiga.

– Vamos embora daqui – Jason diz para mim me puxando.

– Mas a conta...

Ele me puxa pela lanchonete e puxa minha bolsa da cadeira onde eu estava quando passamos por ela. Jason se senta na moto e coloca a alça da minha bolsa no pescoço, esperando que eu sente atrás, mas eu não sento.

– O que foi aquilo ? – pergunto calmamente.

– Sobe na moto.

– Não até você me di...

– Sobe. Na. Moto – ele diz entre dentes.

Não digo nada, apenas sento na moto atrás dele e passo os braço em volta de sua cintura. Jason sai a toda velocidade da frente da lanchonete, dirige a moto pela cidade por meia hora então para em um posto de gasolina.

Salto da moto assim que ele para.

– O que foi isso ? – pergunto sem ar, por causa da adrenalina pelo excesso de velocidade.

– Por que estava conversando com o Carter ? – ele diz furioso.

– Ele estava conversando comigo – corrijo – e você me arrastou de lá antes que conversássemos direito!

– Você estava comigo, é meio desrespeitoso flertar com outro cara.

– Você não ligava de flertar com a Emma comigo lá, e não é por isso que você está bravo.

Jason para por uns minutos me analisando, depois suspira.

– Não, não é.

– Então, por que é ?

Ele balança a cabeça negativamente, olho para ele incrédula. Viro de costas e saio andando pela rua, sem nem ligar para o fato de não saber onde estou.

– Hei, espera!

Jason segura meu braço e me faz virar de frente para ele.

– Não vou ficar andando com você sem nem ao menos saber porque ficou tão bravo com aquele cara.

– Eu não gosto dele, ele é um antigo... rival de luta.

– Entendi, viu, não foi tão difícil me contar.

Jason assente com cara de alguém que tem mais para dizer e me leva de volta ao posto, ele enche o tanque de gasolina e nós saímos novamente, andamos pela cidade até ele sair dela, e seguimos pela estrada até a entrada de uma parte deserta onde ele para a moto.

– É aqui você vai me matar ? – brinco escondendo um nervosismo inquietante.

Ele ri e esconde a moto no meio das arvores depois segue por uma trilha fazendo sinal para que o siga. Nós andamos na trilha por cerca de cinco minutos, de repente a trilha se abre numa clareira e uma pequena sorveteria se revela a minha frente. Ela é toda feita de madeira como parte da decoração e há mesas de piquenique por toda a clareira.

– O que .... ? – pergunto.

– Legal, né ?– ele sorri.

Apenas assinto. Nós nos sentamos em uma das mesas e eu olho em volta tentando provar que tudo aquilo é real.

– Como achou esse lugar ? – pergunto ainda olhando em volta.

– É um lugar tradicional na cidade.

– Eu nunca ouvi falar – ele ri da minha reação.

– Imaginei que sim. O que vai querer ?

– Ah, só uma água.

– Ah qual é!

– Perdi a fome – faço uma careta.

– Ok.

Jason sai e volta minutos depois segurando um sorvete e uma garrafa de água.

– Vamos.

Me levanto e nós nos sentamos na grama a alguns metros da sorveteria, ele toma o sorvete e eu olho aquela cena surreal.

– É bonito, não é ?

– Muito.

– Princesa sem as pedras na mão ? Isso é novidade.

Faço uma careta e dou um soco brincalhão no braço dele. Depois eu me deito na grama olhando o céu e Jason acaba seu sorvete, deitando ao meu lado em seguida, nós conversamos por muito tempo até um momento de silencio.

– Saímos sem pagar – digo.

– Emma coloca na minha conta.

Assinto e o silencio toma conta novamente.

– Sua vez de começar um assunto – ele diz.

Eu iria perguntar outra coisa, mas foi isso que saiu :

– Você tem medo de morrer ?

Jason espera um momento.

– Tenho medo de morrer do nada.

– Mas geralmente as pessoas morrem do nada.

– Não foi isso o que eu quis dizer, quer dizer, eu quero morrer de velho, não por outro motivo – assinto – e você ?

– Não – olho no relógio – ah meu Deus! Tenho que ir embora, já são duas da manhã!

Me levanto num salto e Jason se levanta também. Volto para casa e vejo que a luz da sala ainda está acessa. Desço da moto.

– Foi uma ótima noite – sorrio.

– Também acho – ele sorri.

– Então, boa noite.

– Boa noite.

Viro-me de costas mas antes que eu termine o primeiro passo Jason segura meu braço me obrigando a vira de frente para ele.

– Ei! – eu digo.

– O que você gostaria de fazer antes de morrer ?

Estranho a pergunta.

– Nunca pensei nisso.

– Como nunca ?

– Nunca – dou de ombros.

– Te dou uma semana.

– Uma semana pra que ?

– Pra você fazer uma lista.

– Uma lista ?

– Das coisas que você quer fazer antes de morrer. Enquanto você faz a lista, nós vamos realizar a minha lista.

– O que ?

– Boa noite.

Ele acelera a moto e vai embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!