Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 5
Capítulo 5




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Cinco meses e meio. Esse é o tempo que ainda me resta, quer dizer, não exatamente, mas é algo bem perto disso.

Hoje eu não vou embora com meu pai, disse para Sam que passaria na sua casa depois. Já está na hora então fecho o escritório e me dirijo a sala de box onde meu pai e Jason estão.

–... O que pensa que está fazendo ? - é a voz furiosa do meu pai.

Corro até a porta meu pai encarando furiosamente uma mulher um pouco mais nova que ele, Jason está ao seu lado.

– Pai ? - pergunto.

Os três olha para mim ao mesmo tempo, meu pai fica branco e a mulher sorri.

–Lizzi! - ela exclama feliz - Como você cresceu!

A mulher dá um passo em minha direção e eu dou um passo para trás notando a cor do seu cabelo que é igual ao meu com a diferença de apenas alguns fios brancos.

– Quem é você ? - pergunto.

Não gosto da maneira como ela me parece familiar.

A mulher tem o mesmo formato de rosto que o meu.

Meu pai e Jason olham a cena, meu pai parece ter levado um soco no estomago. A mulher hesita um pouco.

–Quem é você ?

–Sua mãe.

Quem parece ter levado um soco no estomago agora sou eu.

A mulher dá um passo para frente em minha direção e sorri.

–Não se aproxime de mim! - eu exclamo.

Olho para a mulher que diz ser minha mãe com os olhos cheios de lágrimas.

Saio correndo.

–Lizzi! - meu pai grita.

Sei que estão vindo atrás de mim. Enquanto saio da academia deixando os olhares curioso de lado, corro a toda velocidade saindo da academia e indo em direção a rua. Corro a rua inteira ouvindo passo atrás de mim, um ônibus aleatório está parado no ponto pronto para partir, pulo dentro dele e o motorista fecha a porta e eu me sento no banco olhando a rua enquanto o ônibus parte.

Deixo um soluço escapar pelos meu lábios, abraço minhas pernas e enterro a cabeça nos meus joelhos, meu celular toca mas eu o desligo. Fico assim até que o ônibus esteja parado em sua ultima parada em um lugar onde nunca estive.

Desço do ônibus, estou em um ponto na frente da rodovia, o ponto fica na frente de um posto de gasolina, bem longe do posto vejo algumas casinha com umas luzes acesas. Ando pelo posto até dentro da cafeteria, sento em uma das mesas e me debruço sobre ela.

– Tudo bem, moça ? - ouço uma voz feminina me perguntar.

Levanto os olhos e vejo uma garota que deve ter a minha idade, ela tem cabelos e olhos escuros e me olha preocupadamente.

– Está sim - forço um sorriso.

–Tem certeza?

–Tenho.

–Bom, estou aqui caso precise, meu nome é Mary.

–Obrigada, Mary.

Mary sorri para mim e sai, minutos depois ela volta com uma xícara com alguma coisa fumegante.

–Chocolate quente - ela sorri.

– Obrigada. Meu nome é Lizzi.

– É um prazer, Lizzi.

Sorrio forçadamente de novo.

Fico bebericando o chocolate, sem nem me dar ao trabalho de pensar o quão mal aquilo me fará mais tarde. O céu fica escuro.

A imagem daquela mulher vindo na minha direção ainda passava na minha cabeça, e quando ela me disse que era minha mãe.

Qual era o problema dela ?

Passou tanto tempo longe e resolveu voltar agora ?

Meu corpo inteiro dói e a vontade de chorar me pega de novo, eu deixo as lágrimas caírem, até Mary me tirar do delas.

–Temos que fechar, Lizzi - ela diz - você tem alguém que pode vir te buscar ?

–Tenho - me levanto da cadeira - obrigada!

Mary acena para mim, e eu saio da cafeteria. A noite está fria e apenas um senhor está sentado do lado de fora em uma cadeira. Pego meu celular e o ligo.

48 chamadas perdidas! 21 da academia, 12 de um número desconhecido, 2 de casa, 6 de Sam, 1 de Will e 5 do celular do meu pai.

Fecho o registro de chamas, não quero ir pra casa, na verdade, eu só quero ficar sozinha. Se eu ligar pro meu pai ele vai ficar horas falando e falando e corre o risco daquela mulher estar junto com ele. Se eu ligar para Sam ela me fará ir até meu pai depois falar muito para mim. Will me levaria direto para casa.

Mexo em todo o meu celular até achar um número. O telefone do Jason ainda está gravado aqui do dia que ele me ligou. Aperto o botão verde. Ele atende no primeiro toque.

–Alo! Princesa! Graças a Deus! Onde você está ?

Minha boca trava e não consigo falar nada. As lágrimas voltam ao meu rosto ao lembrar que ele estava lá vendo toda a cena.

–Princesa! Diz alguma coisa!

–Você pode vir me buscar ? - eu pergunto e me desfaço em soluços.

–Claro! Onde você está ?

–Em um posto saindo da cidade.

–Ok. Fique aí.

Jason desliga o celular.

Encosto na parede e desliso até o chão, abraço minhas pernas por causa do frio e fico encolhida como uma bola lá. Levanto a cabeça algum tempo depois ao ouvir o barulho da moto.

Jason para a moto e corre para mim, eu me levanto e me jogo em sua direção, ele me abraça e eu choro mais uma vez.

–Tem ideia de como todo mundo está ? - ele pergunta - Você tem que ir pra ca...

–Não, por favor, não me leve pra casa! - digo desesperada.

–Tudo bem - ele hesita um pouco - onde quer ir ?

–Não sei, só pra algum lugar onde ninguém me ache.

–Isso é um pouco difícil, sabia !? - ele me dá um sorriso torto e eu sorrio de volta - Vem, eu sei exatamente onde te levar.

Jason me solta e anda em direção a moto, ele senta e eu sento atrás. Jason pega minhas mãos e coloca em volta do seu corpo.

–Suas mãos estão geladas - ele comenta.

Ouço a moto ligar e Jason parte a toda velocidade para dentro da cidade. Deito a cabeça em suas costas e fecho os olhos.

Sinto a moto parar.

Abro os olhos, e eles se arregalam.

–Por que fez isso ? - eu digo sem ar, saltando da moto me sentindo traída.

Como ele pôde ?

Vejo a porta de casa ser aberta e meu pai passar por ela a toda velocidade com a mulher atrás dele. Meu pai me toma nos braços e eu não reajo.

–Ficamos tão preocupados! - ele diz.

Não respondo, apenas olho para Jason que acabou de trair toda a pequena confiança que eu tinha nele.

Meu pai me solta e a mulher dá um passo em minha direção, eu dou um passo para trás.

–Lizzi! Por favor! - ela suplica estendendo os braços para mim.

Corro para dentro de casa e subo as escadas até meu quarto. Bato a porta com força e a tranco, coloca a comoda em frente a porta e me jogo na cama, o quarto continua escuro enquanto as batidas frenéticas na porta me impedem de dormir.

–Lizzi! - é a voz do meu pai e dá mulher juntas.

–Por que você está aqui ? - eu grito de volta - Não podia ter esperado pelo menos mais uns seis meses pra volta !? Esperou 19 anos e não pode esperar mais seis meses!?

Todos se calam do outro lado.

–Lizzi! Por favor! - ela suplica chorando.

Coloco o travesseiro na cabeça e adormeço pouco tempo depois ignorando o choro da mulher.


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