Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 23
Capítulo 23




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– E então, como você imaginada seu futuro? - Jason pergunta.

Estamos deitados na grama da sorveteria dos sonhos, esse se tornou o nosso lugar e agora a noite, com o movimento fraco, nós ficamos aqui observando as estrelas enquanto Jason brinca com meus dedos entrelaçados nos seus.

– Quando eu era pequena eu decidi que ia trabalhar como turista...

– Isso não é um emprego.

– Eu sei, mas na época eu achava que era, mas como eu ia dizendo, eu quis ser turista até a quarta série, depois disso eu quis ser modelo, mas não tenho altura, nem beleza pra isso...

– Eu não acho.

– Para de me interromper! - digo com um sorriso bobo - Eu queria ser modelo, depois eu quis ser médica, então eu descobri que estava morrendo, e fim. Minhas opções pararam por aí.

– Ah - é apenas o que ele diz - só isso ?

– Só, quer dizer, além do emprego eu queria casar, morar na praia e ter cinco filhos.

– Cinco ? - ele diz espantado.

– Cinco - sorrio - eu gosto de casa cheia.

– Mas sempre foi apenas seu pai e você não é ?!

– Sim, mas meu pai tem muitos irmãos, que apesar de morarem longe sempre viajam para cá no fim do ano e a casa fica cheia de gente, eu gosto do clima.

– Ah, sim.

– E você ?

– Parei de pensar muito sobre o futuro depois que minha mãe morreu, ao contrário do meu irmão que ficou obcecado com o que aconteceria no futuro dele.

– Ah... Eu sempre quis saber como seria meu futuro - digo vagamente.

– Tive uma ideia.

– O que...

Jason se levanta rapidamente do chão me levando junto, seguimos pela trilha até onde a moto estava escondida e saímos em disparada de volta para a cidade. Não calculei bem por quanto tempo andamos porque já estava tarde e eu com sono.

– Chegamos - Jason diz ao parar a moto.

Estamos em um bairro perto do meu, e vejo um letreiro escrito ''Madame Dorothéia''. Não resisto e começo rir.

– Você não pode estar falando sério - desço da moto.

– É claro que eu estou! - ele finge-se ofendido e eu rio de novo.

Entramos na porta embaixo do letreiro e uma pequena sala aparece na minha frente, há uma garota de cabelos pretos e azuis sentada atrás de um balcão, uma mesa circular com muitas revistas e um sofá em L em volta da mesinha. A garota sorri para nós (para Jason na verdade), e vamos até ela.

– Eu e minha namorada queríamos fazer uma consulta... ou sei lá como se chama - Jason dá um sorriso infantil.

Sorrio ao ser apresentada como sua namorada, mas a garota diminuí seu sorriso ao ouvir a palavra.

– Ah claro, só um minuto - responde.

A garota dos cabelos preto e azuis some por uma pequena porta ao lado do balcão e nós sentamos no sofá. Jason senta grudado em mim apesar do espaço do sofá e entrelaça seus dedos no meus.

– Você sabe que ela só vai falar baboseiras né!?

– Não estraga o momento...

Eu rio e em seguida a garota volta pela porta.

– Vocês já podem entrar.

Jason se levanta animadamente me levando junto, passamos pela porta e entramos em pequeno corredor onde há um porta no seu fim. Seguimos até ela com a garota na frente, ela nos olha e então abre a porta.

Um quarto escuro iluminado por um conjunto de velas em cima de um grande mesa redonda no centro do quarto, há duas poltronas de costas para nós, mas de frente para a mesa. Dou um pulo ao perceber olhos escuros nos observando detrás das velas.

– Por favor, entrem, Jason e Eli...zabete - a dona dos olhos escuros diz.

Odiei o modo como ela cortou meu nome no meio, como se outra pessoas tivesse lhe dizendo.

– Como ela sabe... ? - sussurro para Jason.

Ele apenas dá de ombros e se senta uma das poltronas me arrastando para a do lado.

– Sou madame Dorothéia.

Madame Dorothéia deve ter por volta dos sessenta anos, ela é excessivamente magra, sua pele e de um tom amendoado que combinam com seus olhos escuros. Seus cabelos estão escondidos por um turbante em sua cabeça, e ela usa um vestido que mais parede uma camiseta grande e larga colorida e cheia de símbolos.

Aperto a mão de Jason fortemente, enquanto ele apenas sorri.

– Por quem devo começar ? - ela pergunta.

– Por ela - Jason responde e eu viro a cabeça bruscamente em sua direção fazendo que não.

– Então, quer que eu leia sua mão, queria ? - Madame Dorothéia pergunta e eu faço que não com a cabeça, mas Jason coloca minha mão em cima da mesa.

Olho para ele com um olhar que diz ''traidor'' mas ele apenas continua sorrindo.

Madame Dorothéia examina a palma da minha mão e eu me sinto desconfortável com a intensidade do seu olhar. Nunca acreditei nessas coisas, mas essa mulher é uma ótima atriz.

– Parece que alguém terá uma vida longa e feliz - ela diz por ao soltar minha mão.

Seguro a mão de Jason rapidamente e contenho o riso.

Ela é uma charlatã! Eu não vou ter uma vida longa.

– Sua vez - ela diz para Jason.

O sorriso sumiu de seu rosto e agora ele parece apenas cético ao que está acontecendo, mas mesmo assim estende sua mão livre sobre a mesa que é examinada com a mesma intensidade que a minha.

– Você terá momentos de extrema felicidade intercalados com momentos dolorosos nos próximos meses... - ela faz uma pausa - mas a essas dores parecerão fichinha perto da que está por vir... Três ou quatro meses, talvez...

Jason puxa a mão bruscamente de cima da mesa e encara a mulher, faço o mesmo, apenas a encaro.

Como ela poderia saber?

– Quanto ficou ? - Jason diz se levantando e me levanto junto.

Sinceramente, essa mania de me levar junto com ele quando se mexe está me irritando!

– Vinte dólares.

Jason joga uma nota em cima da mesa e sai da sala como um furacão. Passamos pela menina de cabelos azuis que olha para nós, encontro seu olhar que carrega uma expressão de quem pede desculpas pelo ocorrido.

– Péssima ideia - ele diz depois de montar na moto.

– Ah, para de ser chato! - digo brincando, mas também fiquei incomodada.

Ele apenas assente e dá partida na moto. Pouco tempo depois estamos parados na frente da casa de Jason.

– Eu tenho casa, sabia !? - digo ao descer da moto e pegar as chaves que Jason estende para mim.

Ele dá um sorriso largo e eu abro o portão, entramos pela abertura larga e vejo a TV ligada, a porta do banheiro está fechada. Jason salta da moto e me olha paralisada.

– O que foi ? - pergunta.

– Não deixamos as coisas assim quando saímos! - sussurro.

Como que para responder minhas dúvidas a porta do banheiro se abre e Mike sai por ela, vejo que Jason já não estava mais do meu lado, mas sim fechando o portão.

– Oi! - diz Mike ao nos ver.

Relaxo o corpo e suspiro.

– O que ? - ele pergunta e começar rir - Achou que tinha alguém roubando a casa ?

– É uma possibilidade.

Jason chega por trás de mim e me dá um abraço de urso do tipo que estrala toda sua coluna.

– Aiii! - digo.

– Ninguém rouba minha casa, princesa.

Ele me solta e me vira de frente, me dando um demorado beijo nos lábios. Quando nos separamos não consigo deixar de sorri.

– Ah, vão para um quarto! - diz Mike se jogando no sofá.

– Cala a boca, Mike! - Jason diz, lhe dando um tapa na cabeça - Aliás, não adiantaria muita coisa aqui.

– Ah, cala a boca, Jason!

Eu rio dos dois e me jogo no sofá com Jason no meio. Coloco a cabeça no ombro de Jason e ele me aperta contra si.

– Como ela dorme tão rápido ? - ouço Mike perguntar alguns minutos depois.

– São os remédios... - Jason responde mas não ouço o resto por ser pega pela inconsciência.


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