Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 1
Capítulo 1




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Oi! Eu sou Elizabete, Lizzi. Tenho câncer no estomago em estágio terminal , mas por favor não sinta pena de mim. Acontece. Pessoas morrem o tempo todo, umas com muito tempo e outras com pouco, eu só faço parte do segundo grupo. Atualmente tenho 19 anos, mas fui diagnosticada com 17, minhas amigas choraram até as lágrimas secarem e meu pai ficou um caco. Minha mãe foi embora quando eu nasci, então somos apenas nós. E não, eu não vou te dar mais detalhes do meu câncer,porque é um jeito muito patético de se morrer, e estou morrendo, ponto. Devo ter mais uns seis meses.

Meu pai é o John, ele é do tipo conservado, muito bem conservado. Não estou brincando, o velho tem 60 anos e passa o rodo em muito cara de 20, tudo isso porque ele era boxeador, e depois que parou virou treinador, aliás um ótimo treinador, só que no momento ele está sem ninguém pra treinar, então estamos apenas com a academia para cuidar. Apesar de ser um ótimo treinador, ele é um péssimo administrador, e é isso o que eu faço com a maior parte do meu tempo, administro a academia.

A academia é basicamente divida em duas partes, a parte que você provavelmente vê por aqui com toda aquela aparelhagem, e a outra parte que ficam as pessoas do boxe. Particularmente, prefiro a segunda parte citada, eu sempre fico aqui depois de todo o trabalho. Meu pai me ensinou boxe, mas eu nunca lutei de verdade contra alguém, nem tenho vontade.

– Já achou alguém ? – pergunto pro meu pai quando ele entra no escritório da academia, ele estava conversando com um homem lá fora.

– Ainda não – ele suspiro e senta no sofá.

– E quem era aquele lá fora ?

– O garoto do Matt – Matt é o concorrente do meu pai, eles lutavam sempre quando meu pai tinha alguém pra treinar – ele veio oferecer uma luta.

– Sei. Você vai achar alguém, pai – eu sorrio para ele e ele relaxa um pouco.

– Como você está ?

– Estou bem.

– Ok. Vou voltar para lá, aquele garoto no supino vai acabar se matando se ficar sozinho, e já que o Will não está por aqui hoje – eu rio enquanto ele revira os olhos teatralmente.

– Acho melhor você ir então.

Ele ri e sai da sala.

Remexo os papeis na minha mesa, as contas estão pagas e o movimento na academia está muito bom. Não há nada com que se preocupar, a não ser o fato do meu pai estar doidinho para por alguém pra lutar e não ter ninguém.

Já são quatro da tarde, então eu pego minha mochila e vou em direção ao vestiário feminino. Tiro a calça jeans, as sapatilhas e a camiseta e os substituo por um short de cotton, um top com uma camiseta do meu pai por cima e tênis de correr. A vantagem de se ter o cabelo curto é que não preciso fazer nada além de colocar um presilha na franja.

A sala de box tem um ringue no meio, alguns bancos longos, dois sacos de pancadas, cordas e algumas coisas que eu não tenho ideia de pra que servem.

Aqueço meus músculos, depois enfaixo minhas mãos e parto para o saco de pancadas. Eu não sei quanto tempo fiquei ali sozinha, e também não ouvi a porta abrir.

– Está com a guarda baixa, princesa – diz um voz masculina.

Dou um pulo e viro de costas, tem um homem encostado no ringue, ele tem cabelos e olhos escuros, seu rosto é anguloso e ele tem uma cicatriz no super cílio, ele é bem forte. Usa jeans azul, coturnos pretos, camiseta branca e jaqueta de couro. Que gato!

– Quem é você ? – pergunto.

– Jason Smith.

– E o que está fazendo aqui ?

– John me mandou dar um olhada por aqui, ele já vem.

Eu não pretendia ficar na defensiva, mas eu não gosto de ficar sozinha aqui com alguém que eu não conheço, por mais gato que seja.

– Desculpe, eu tive que ver... – meu pai entra na sala – Lizzy, desculpa eu não sabia que estava aqui.

– Tudo bem, eu já estou de saída – sorrio para ele.

– Ah, espera! Esse é Jason Smith, ele veio aqui para conversarmos sobre eu treiná-lo – meu pai estava radiante.

– Oh! Que legal! – eu digo – bom, vou indo.

Saio de perto dos dois indo em direção a porta.

– Sua filha ?

– Sim.

Fecho a porta atrás de mim e vou para o vestiário.

...

– E você vai treiná-lo ? – pergunto pro meu pai.

Estamos dentro do carro, voltando para casa. Tenho carteira de motorista mas não dirijo, não por medo ou porque meu pai proibiu, é que eu não quero causar nenhum acidente caso em desmaie no volante.

– Vou, o garoto...

– Jason.

– Sim, o Jason. Ele já treinava antes...

– Eu sei, ai ele ‘’brigou’’ – faço questão de fazer aspas com os dedos – com o antigo treinador dele que por acaso era o Matt.

– Ah, qual é Lizzi!? Ele não pode ser uma pessoa tão ruim assim.

– É claro que pode! Pai, ele brigou com o Matt! Eu sei que ele é seu concorrente na academia, mas ele é super gente boa e tem um super paciência – eu suspiro.

– Ok, eu sei. Mas pensa bem Lizzi, o garoto...

– Jason.

– O Jason quer um treinador, e eu quero alguém pra treinar!

– Você não vai mudar de ideia não é mesmo ?

– Não – ele sorri.

Eu não fui com a cara do tal Jason Smith.

...

Descobri que meu pai já tinha combinado com o Jason sobre tudo, agora eles só tinham que assinar uns papeis que iam demorar um pouquinho para ficarem prontos. Jason começar treinar hoje com o meu pai.

Abro a academia as 7h da manhã, mas meu pai só chega as 9h, sempre deixo ele dormir um pouco mais. O ônibus para em frente a academia então eu desço e já abro as portas. Entro no escritório e deixo a porta aberta de maneira que eu possa ver a academia. Algumas pessoas chegam e me cumprimentam.

– Bom dia, princesa – levanto os olhos e vejo Jason com um short preto, uma camiseta regata branca e tênis.

– Bom dia – sorrio apesar de não gostar dele – não me chame de princesa, por favor, me chamo Elizabete – e não, você não pode me chamar de Lizzi.

– Prefiro princesa – ele sorri – bom, vou indo para a sala, se quiser passar por lá depois .

Ele pisca pra mim e eu reviro os olhos. Jason sai da sala e não o vejo pelo resto do dia.


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