Words escrita por Aurora


Capítulo 1
Don't Come Easy To Me


Notas iniciais do capítulo

Uma visão mais profunda da história de personagens secundários de When We Were Young.

Aproveitem a leitura.



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WORDS

 

1°ANO

 

—Você é tão esquisita. – Jodie King falou em voz alta para que a sala toda ouvisse. – Lufana.

Ethelyn Edgecombe abaixou a cabeça com vergonha quando escutou a risada de alguns corvinos. Ela sabia que para muitos em Hogwarts a Lufa-Lufa era a lixeira entre as casas. Se você não fosse corajoso o suficiente, ambicioso o suficiente ou inteligente o suficiente você iria para Lufa-Lufa. Era comum escutar pelos corredores piadinhas com lufanos.

Ela estava cansada disso.

—Me deixa em paz, King. – ela disse, torcendo para que a professora de voo os liberassem logo. Essa aula eles tinham com todas as casas.

Jodie a odiava desde que na primeira semana de aula Ethelyn a corrigiu na frente da sala inteira em uma lição de Transfiguração e agora pegava no pé dela sempre que possível.

—Você explodiu o seu caldeirão na aula de Poções! – riu Jodie. – Sério, você é um perigo para a sociedade bruxa tipo uma criatura de perigo nível XXXXX. – ela debochou e novamente os corvinos ao redor dela caíram na gargalhada.

Ethelyn suspirou aliviada quando a professora de voo os liberou. Guardou a vassoura que usava depressa e fugiu praticamente correndo do gramado com a bolsa ainda aberta.

Já fazia dois meses que as aulas do seu primeiro ano haviam começado e Ethelyn não havia conseguido fazer nenhuma amizade, nem com as meninas do seu próprio dormitório. Elas até haviam tentado conversar com ela, mas ela quase não conseguia falar nas primeiras semanas e isso acabou as afastando. Sentiu lágrimas se acumulando e algumas fugindo pelos cantos dos seus olhos.

Havia fugido para outro canto dos Jardins. Suspirou se encostando em uma das paredes de pedra da parte de fora do castelo.  Já tinha um pouco de neve caindo do céu, mas muito pouco já que era novembro. Seu aniversário era em alguns dias e não teria ninguém com quem comemorar em Hogwarts.

—Ei, Ethelyn. – ela se virou surpresa e viu uma menina da Corvinal vindo atrás dela. – Eu ouvi o que ela Jodie King disse para você... e... pegam no pé também... não escute ela. – disse agora um pouco baixo parece com vergonha.

—Ela me odeia. – disse para Dorcas Meadowes. Era uma garota quieta com quem tinha algumas aulas, já havia notado que ela nunca ria das piadas malvadas de King.

A corvina sorriu para ela. Sua pele era negra clara e seu cabelo era castanho encaracolado. Sempre parecia séria, mas Ethelyn já havia visto como tinha um sorriso fácil perto de suas amigas.

—Sim, acho que sim. – ela disse. – Ahn, eu achei isso no gramado. – ela pegou uma carta de dentro da bolsa. A lufana olhou para sua própria bolsa aberta notando que a carta que havia recebido mais cedo realmente não estava mais lá. – Estava aberta, então acabei lendo... desculpe.

Dorcas entregou a carta para ela que pegou guardando com cuidado na sua bolsa. Era a carta de seu irmão mais velho que estava na América trabalhando e lhe escreveu já dando parabéns para que a carta não chegasse atrasada.

—Tudo bem.

—Feliz Aniversário, Ethelyn. – Dorcas tirou algo de dentro da bolsa. Era um embrulho circular e médio. – Minha prima tem o pai trouxa e ela deu para mim... mas eu não sei nem como usar. – confessou. – E eu sei que você é mestiça, então... parabéns.

Ethelyn deu um pequeno sorriso e aceitou o presente. Ela abriu depressa e abriu o sorriso mais ainda. Era um disco de vinil pequeno dos Beatles. Seu pai ouvia o tempo inteiro eles no rádio enquanto cozinhava para sua mãe. Apertou o disco contra o seu peito.

—Obrigada, Dorcas.

Ela conseguiu fazer com que seu pai enviasse um toca discos pequeno para ela e quando finalmente chegou seu aniversário colocou o disco para tocar e já não se sentiu mais tão sozinha.

2°ANO

 

—Eu odeio História da Magia! – disse Bethany Abbott ao seu lado.

Depois de longos meses no meio do seu primeiro ano, Ethelyn conseguiu fazer amizade com as suas colegas de dormitório. Bethany um dia entrou no dormitório choramingando que havia esquecido de fazer uma redação sobre os feitiços de levitação que haviam aprendido e Ethelyn ofereceu a sua redação para ela. E assim Bethany começou a chamá-la para que ela se sentasse com o resto das meninas nas aulas e no Salão Principal.

— Não se preocupe. – sorriu Ethelyn. – Podemos estudar juntas mais tarde ou simplesmente colar da Rosalind. – brincou.

Rosalind Shacklebolt se virou para as amigas que riam e revirou os olhos com um sorrisinho no rosto.

—Mas honestamente, quem não odeia História da Magia? – riu Bethany.

Ethelyn olhou para o outro lado do Jardim onde estava Dorcas Meadowes com os pés na água do Lago Negro e um livro nas mãos. Ela estava junto de Alice Quinn que era da sua casa e Frank Longbottom um grifinório. Os três rindo de alguma coisa no lago.

—Dorcas Meadowes não odeia. – comentou. Sua amiga também mirou o pequeno grupo de amigos no lago. – Ela está sempre perguntando para o Professor Bins mais sobre os duendes... e suas revoltas. – disse.

—Todo mundo diz que ela é esquisita. – comentou Bethany. Ethelyn ficou quieta, mas não conseguiu deixar de pensar que todo mundo também a achava estranha no primeiro ano. – Vamos falar com ela! – ela disse, já se levantando.

Rosalind começou a pegar suas coisas e Ethelyn arregalou os olhos se levantando também. Ela não sabia porque, não como explicar, mas se sentia nervosa perto de Meadowes desde que ela lhe deu um disco dos Beatles no seu aniversário.

A corvina parece notar quando estavam chegando e ergueu o braço para acenar o que fez a lufana ficar ainda mais nervosa.

—Olá! – sorriu Bethany, sempre tão amigável e animada. Rosalind era mais quieta assim como ela, mas também sorria, diferentes de Ethelyn que parecia uma mal-humorada com seu rosto fechado. – Estão estudando? História da Magia é simplesmente terrível, não? Nunca consigo guardar as datas. – riu. – Podemos sentar aqui?

—Claro! – sorriu Alice tirando os pés da água assim como Dorcas para fazerem uma rodinha na grama. – Eu também acho essa matéria um saco. – disse. – Se não fosse Dorcas eu não sei nem se teria passado.

—Meninas! – escutaram. Greta Toke e Sally-Anne Anderson vinham de braços dados até elas. Eram suas outras colegas de quarto. As cinco andavam juntas geralmente, mas sempre que se separavam era Greta e Sally-Anne para um lado e Ethelyn, Rosalind e Bethany para o outro. As duas recém-chegadas se sentaram junto da rodinha e Ethelyn podia notar que o grupo todo estava conversando e rindo, mas ela estava quieta e até um pouco desconfortável porque havia acabado sentada ao lado de Meadowes que estava quieta como ela.

—Você gostada de História da Magia? – a ouviu perguntar baixinho. Ethelyn engoliu em seco antes de olhar para a corvina.

—Não muito... sempre tiro Aceitável. – contou. – Uma vez até tirei um Péssimo.

—Eu posso te ensinar. – Dorcas disse com um sorriso animado no rosto. – Se quiser. – completou. – Sempre tiro Ótimo.

Ela estava pronta para responder um sonoro sim, mas alguém dentro dela a parou. Um incômodo na boca do seu estômago e não sabia explicar o que era isso. Talvez o modo como Dorcas a olhava esperançosa, quase como esperasse algo dela.

—Não... obrigada. – ela acabou soltando e virando o rosto para frente, fingindo que tinha algo muito interessante na conversa de Frank Longbottom e Greta Toka.

Não ousou nenhuma vez olhar para Dorcas novamente com medo de ver algum traço de magoa nela e quando todos se distraíram ela se levantou depressa com suas coisas e deu uma desculpa esfarrapada para sai dali o mais rápido possível. Quando finalmente chegou ao seu dormitório se jogou em sua cama soltando um grande suspiro aliviado. Como se um grande peso tivesse saído dos seus ombros.

E ela não sabia o que dizer ou como agir perto da corvina. Sempre parecia que tinha algo na ponta da língua para falar, mas quando olhava para seus olhos cor de avelã praticamente ficava sem chão. E ela não entendia o que era isso. Não entendia porque não conseguia sorrir para ela e ser amiga dela. E não sabia se era normal se sentir assim sobre uma garota que achava... muito bonita.

No momento em que virou o rosto no travesseiro viu que sua bolsa no chão estava aberta. Franziu a testa e se esticou para pegar sua bolsa. Era um embrulho idêntico ao que havia ganhado ano passado. Sua barriga embrulhou e ela abriu com cuidado vendo o disco pequeno dos Beatles, dessa vez era do primeiro álbum deles “Please Please Me”. Um bilhete tinha caído do disco quando ela o desembrulhou. Pegou com receio já sabendo que era um presente de Meadowes e abriu.

Feliz Aniversário, Ethelyn.”

Pela sensação em seu estômago e a quentura que invadiu seu coração sabia que não era normal se sentir assim sobre uma garota que não conhecia tão bem.

Merda.

3°ANO

 

Querida Dorcas Meadowes,

Obrigada por esses três anos em que me presenteou, principalmente no primeiro ano quando eu não tinha nenhum amigo.

E me desculpe, pelas vezes em que tentou falar comigo nesses últimos anos e eu parecia que não queria conversar com você. Não era minha intenção. Eu só não sei como falar com você.

E Dorcas, talvez poderíamos ir juntas a Hogsmeade esse fim de semana. Se você quiser.

Com amor, Ethelyn.

Ethelyn quase amassou a quinta versão do bilhete que estava tentando escrever. Ela havia acabado de receber uma coruja com mais um disco de presente de aniversário quando decidiu que finalmente tinha que conversar com Dorcas Meadowes. Ela podia notar a corvina olhando para ela de longe, provavelmente tentando entender porque Ethelyn ficava a ignorando.

E a lufana sabia o porquê, mas nunca teve a coragem de admitir em voz em alta. De que talvez, não que sabia que ela gostava de garotas assim como gostava de garotos. E simplesmente não sabia o que fazer com essa informação. Pensou em mandar uma carta para seu irmão na América ou o esperar chegar para o recesso de Natal, só que não sabia se teria coragem quando o momento chegasse.

Então, resolveu escrever um bilhete e deixaria para Dorcas interpretar o bilhete como o inicio de uma amizade ou... de outra coisa. Primeiro Ethelyn se prometeu que daria o bilhete na próxima semana, depois se prometeu que daria no próximo mês e então no próximo, até que se passaram seis meses com o bilhete guardado no fundo do seu malão.

—Frank é uma gracinha, não?  - disse Greta ao seu lado. Ela estava terminando de pentear seus cabelos loiros para irem para um dos últimos passeios a Hogsmeade. – Talvez no próximo termo eu irei chamá-lo pra sair comigo.

—Ele não gosta de Alice Quinn? – indagou Sally-Anne ajeitando seu óculos no nariz.

—Não sei, não importa. – Greta deu de ombros.

—Alice Quinn foi pega dando uns beijos em Amos. – contou Ethelyn. Amos Diggory era o colega de classe e casa delas e também o alvo da paixonite de muitas meninas do ano, especialmente de Sally-Anne que parecia terrivelmente triste naquele momento.

—O que? Sério? – Bethany riu surpresa. – Acredita nisso? – ela perguntou para Rosalind que havia dado uns beijinhos em Amos no começo do ano. Suas amigas começaram a conversar sobre Amos Diggory e seus cabelos tom de areia que as vezes pareciam castanhos.

Ela estava pensando na carta no fundo do malão. Em alguns dias o termo iria acabar e então não veria Dorcas por todas as férias de verão.  Sentindo um momento de coragem pegou a carta do malão e saiu antes de suas amigas terminarem de se arrumar.

Saiu sorrateira do seu Salão Comunal e foi depressa para Hogsmeade. A maioria dos alunos estavam lá naquele momento, então talvez seria um pouco difícil de achar Dorcas, mas como ela estava enganada. Porque bem no começo da vila sentados em um banco embaixo de uma árvore estavam Dorcas e Frank se beijando. Sentiu seu coração se apertando cada vez que respirava e aquela sensação desconfortável a tomou. Apertou o bilhete com força em sua mão até que estava tão amassado que não dava nem ao menos para ler. Voltou para o castelo esbarrando em algumas pessoas e no meio do caminho soltou o bilhete que parecia estar queimando em sua palma.

Subiu até o Corujal onde imaginou que ficaria sozinha e se sentou em um canto escutando os pios de algumas das corujas. Não sabe quanto tempo ficou ali com a fixa caindo de que não teria jeito de fugir de gostar de garotas se sentia com o coração totalmente despedaçado por causa de Dorcas Meadowes e seu estúpido beijo em Frank Longbottom.

—Ei, lufana, certo? – ouviu uma voz que conhecia muito bem, afinal ele sempre gostava de fazer graça nas aulas em que dividiam e pelos corredores. Ergueu os olhos e viu James Potter entrando no Corujal. – Etienne?

—Ethelyn. – corrigiu somente naquele momento notando que queria chorar quando sua voz saiu embargada.

—Certo. – ele disse. – O que está fazendo aqui... sentada sozinha?

—Nada que seja da sua conta. – murmurou, mas por estarem sozinhos sabia que ele havia escutado.

—Bravinha. – ele riu. Ele se sentou ao lado dela como se a conhecesse. A única vez que tinha chego a conversar com antes desse momento tinha sido quando elas ficaram esperando Bethany terminar de dar uns beijos nele algumas semanas atrás.

—Você é amigo de Frank Longbottom? – ela perguntou já sabendo a resposta.

—Sim, somos do mesmo dormitório e casa. – ele disse curioso. – Porque?

—Ele... ele está namorando aquela corvina esquisita? A Meadowes? – quis saber tentando disfarçar que seu interesse na verdade era nela.

—Quer sair com o Frank, é? – ele riu. – Não estão namorando não...

—É para minha amiga. – ela o cortou. – Greta Toke, sabe? Ela gostaria de sair com ele.

—E você?

—Eu o que?

—Gostaria de sair com alguém? – ele perguntou. Ethelyn virou seu rosto para ele com uma sobrancelha arqueada.

—Está tentando me fazer te dar uns beijos, Potter? – ela sorriu travessa. – Porque todo mundo sabe que você gosta daquela Adhara Black.

Potter corou na frente dela.

—Quem sabe então quando eu não estiver gostando mais de Adhara e você não estiver mais fingindo que não gosta de Frank. – brincou. Ethelyn deu uma risada alta e ficou sorrindo para o grifinório depois.

Seria tudo tão mais fácil se ela realmente gostasse de Longbottom.

4°ANO

 

Ethelyn cruzou os braços irritada quando Camden Wedderburn passou o braço pelo seu ombro. Haviam começado a namorar no começo do quarto ano o que já fazia três meses. E Camden era... peculiar. Ficava irritado quando ela chegava cinco minutos atrasada em algum lugar, até se tirava uma nota abaixo de Excede Expectativas. Ele dizia apenas que queria que ela fosse a melhor versão dela mesma e que por isso ela precisava se esforçar, mas na maioria das vezes ela apenas achava que ele era um chato.

—Ei, baby. – Frank chegou à arquibancada e deu um beijo estalado em Greta que estava ao seu lado. Os dois estavam meio que namorando já fazia algumas semanas. Ele havia as convidado para assistir um dos primeiros treinos do time de quadribol da Grifinória. James Potter estava no time assim como sua namorada Adhara Black que era prima do seu melhor amigo. – Eles já começaram?

—Sim. – Greta respondeu. – Agora mesmo.

—Não quis entrar para o time, Longbottom? – Candem perguntou. Assim como Frank ele também era da Grifinória, mas um ano acima deles.

—Não tenho jeito nenhum pra isso. – Frank deu de ombros distraído. – Dorcas! Aqui! – ele acenou os braços.

Ethelyn desviou o olhar quando viu  Dorcas vindo junto de Lily Evans e Marlene McKinnon. Sempre que a lufana dava uma espiada na corvina a via junto das duas grifinórias e Alice Quinn, mas também já havia notado que Alice não andava muito junto delas quando elas estavam perto de Frank.

Rosalind disse para ela que tinha certeza que Frank, na verdade, gostava de Alice e que queria namorar com ela, mas que como a corvina estava beijando outros meninos e Frank decidiu fazer o mesmo com Greta.

Ethelyn virou o rosto para frente quando Dorcas chegou perto dela. Era seu aniversário naquela semana, mas até o momento não tinha recebido nenhum pacote como nos outros anos.

—Oi.

Notou que a fala era dirigida a ela, então olhou de lado para a corvina.

—Oi, Dorcas. – respondeu um pouco corada. Apertou a sua mão na coxa do seu  namorado e sabia que Dorcas viu isso.

—Cuidado! – gritaram do campo de quadribol. Ethelyn só teve tempo de erguer seu braço na frente do seu rosto como reflexo antes apagar de vez.

—Oi... de novo.  - Dorcas estava sentada em uma cadeira perto da sua cama. Ethelyn estava na Ala Hospitalar com o braço enfaixado e uma tremenda dor de cabeça. – Um balaço fez uma curva errada e acertou você. – ela comentou.

—Eu notei. – suspirou Ethelyn.

—Às vezes sinto que você me odeia. – ela escutou Dorcas dizer bem baixinho. Fingiu não escutar por não saber o que falar. – Seu namorado passou aqui antes, mas ele disse que tinha que terminar a lição de Aritmância dele.

—E você ficou? – perguntou de supetão. Ela podia ver Dorcas ficando um pouco corada e para disfarçar tirou seus cabelos enrolados do rabo de cavalo.

—Eu só... – ela murmurou e tirou do casaco um embrulho. – Eu... eu ... não sou... não gosto garotas, mas eu gosto de você... e... feliz aniversário, Ethelyn. – disse. Quando ela entregou para Ethelyn a lufana não sabe o que tomou conta dela, mas segurou a mão dela com força.

Não tinha palavras para respondê-la sobre o que queria e por isso tentou passar de alguma forma qualquer sentimento para ela por aquele aperto de mão.

—Obrigada, Dorcas.

As mãos delas ficaram dadas quase que pela noite inteira, até que Dorcas tivesse que ir para seu Salão Comunal. E para Ethelyn, segurar a mão de Dorcas naquela noite foi muito mais do que tudo que já sentiu com seu próprio namorado.

5°ANO

MELHORES BUNDAS DO 5°ANO

MELHORES

Rosalind S.

Emmeline V.

Adhara B.

Maureen L.

Mirtha F.

 

PIORES

Etienne B.

Sally-Anne A.

Alecto C.

  Dorcas M.

 Suki W.

 

Ethelyn revirou os olhos quando aquela lista estúpida passou por ela. Sabia que havia sido os meninos do ano que se juntaram para fazer e mesmo não estão nela nem como melhor ou pior achou ridículo ao ver a cara de choro de Sally-Anne.

—Tenho que confessar eu acho que você merece estar na lista das melhores. – ela escutou o sussurro de James Potter no seu ouvido. Ela passou a lista adiante e se virou para o grifinório.

—Essa lista é ridícula. – disse. Eles tinham sorte a Professora de Advinhação era totalmente avoada e não prestava atenção em bilhetinhos sendo passados pela classe.

—Mas não é mentira. – ela escutou Sirius Black dizer com cara de marrento. Ela revirou os olhos para ele.

—Bem, eu não concordo com Suki na lista de piores... ela só não é da melhores. – analisou James. Suki Washio era amiga deles e muito provavelmente iria dar uma bronca daquelas neles, pelo menos era o que Ethelyn esperava. – E...

—E Dorcas não tinha nem que estar nessa lista! Todo mundo sabe que os corvinos e sonserinos acham ela estranha e por isso pegam no pé dela, mas a bunda dela... – ela corou quando viu que os dois a olhavam com atenção. -... é normal.

—Você é engraçada, sabia disso? – James disse. – E adivinha, eu não estou mais namorando Adhara Black e você pelo o que eu ouvi está dando um tempo do seu namorado pela... o que? Terceira vez?

—Não é da sua conta. – ela disse surpresa que ele lembrava do que haviam conversado aquela vez no terceiro ano.

—Então não vai querer vir para a festa clandestina que vamos dar amanhã em uma cabana abandonada de Hogsmeade?

Ethelyn mordeu a língua e tentou segurar o sorriso.

—Posso levar umas amigas?

— Te vejo lá. - James sorriu.

As lufanas olharam ao redor vendo a pequena cabana que havia sido aumentada com magia cheia de alunos do quinto ano e sexto. Elas passaram entre si a garrafa agora quase vazia de hidromel.

—Não acredito que você conseguiu um convite para um das festas dos Marotos! – disse Bethany animada a abraçando pelo braço.

—Eu sei. – Ethelyn disse entornando o resto do hidromel com um sorriso. – Camden descobriu e ficou irado disse que não iria voltar mais comigo. – ela riu. Suas amigas riram e reviraram os olhos porque a maioria delas não gostava nem um pouco dele. – E eu acho que Potter quer me dar uns amassos. – confessou.

—Todo mundo! Todo mundo! – James gritou com uma garrafa de whisky de fofo vazia nas mãos. – Vamos jogar o jogo trouxa... 7 minutos no céu. – ele disse. Todo mundo aplaudiu animado e logo uma parte da festa estava sentada em uma rodinha com a garrafa girando no meio.

Ethelyn fingiu não ver Dorcas do outro lado da roda no meio de Quinn e McKinnon. Estava a ignorando desde que ela confessou que gostava dela no quarto ano... isso já fazia mais de seis meses.

Emmeline Vance e Elio De Luca foram os primeiros que entraram no armário. Sua amiga Bethany deu uma risadinha quando ela caiu com Peter Pettigrew e os Marotos começaram a fazer piadinhas. O próximo casal foi Sirius Black e Jodie King que mesmo depois de todos esses anos ainda pegava no pé de Ethelyn quando tinha a oportunidade.

A lufana fingiu não ver quando Potter sussurrou algo no ouvido de Black que riu de algo. Já havia bebido um pouco e podia sentir que estava fazendo efeito. Potter então girou a garrafa que caiu bem nela. Ele lhe deu um sorriso travessos e suas amigas a encorajaram. Desviou o olhar de Dorcas quando passou por ela para ir com James até o armário.

Entrou um pouco tímida e James entrou atrás dela antes de Sirius fechar a porta do armário com um feitiço. Estava muito escuro e ela mal conseguia ver o grifinório.

—Potter?

—Estou aqui. – ele disse e estava tão perto que pode sentir a respiração dele em seu rosto. – Tenho que te contar, Ethelyn, pedi para Sirius enfetiças a garrafa para que ela caísse em você.

—Eu imaginei. – sorriu.

—Eu quero beijar você, mas eu acho que gosta de outra pessoas. – ele disse. Ethelyn franziu a testa. – Não que eu goste goste de você.

—Bem, eu e Camden provavelmente vamos voltar...

—Não. – ele a interrompeu. – Eu acho que você gosta da... Dorcas. – falou. - Ethelyn engoliu em seco e ficou aliviada que estava tão escuro que ele não podia ver o rosto dela. – Vejo o jeito que olha para ela e sinceramente não acho que tem nada errado em... - Ethelyn o cortou lhe dando um beijo apressado nos lábios. Ele abriu a boca e ela deixou sua língua invadir a dele o abraçando com força pelo pescoço para que ele não ficasse tentado a voltar a falar. Ele logo se envolveu a empurrou contra o fundo do armário. -... eu sei que você está tentando me distrair. – ele murmurou se afastando por um momento. A lufana desceu os beijos pelo pescoço dele.

Sentiu as mãos dele descerem da sua cintura para a apertarem na bunda com força.

—Está funcionando?

—Acabaram seus 7 minutos, meus caros!

Ethelyn se afastou rapidamente, mas sabia que provavelmente todos da roda tinham visto ela e James se atracando um no outro. Black que tinha escancarado à porta do armário sorria para eles de braços abertos. Ele tinha um olhar travesso para James. Ela passou pelos dois depressa e foi se sentar junto de suas amigas novamente que estavam cheias de sorrisinhos.

—Minha vez. – ela escutou Dorcas falar bem alto e até parecendo irritada. Ela girou a garrafa com força antes que Sirius pudesse tocar nela. A lufana ficou mirando a garrafa nervosa até que ela parou apontando bem para ela. – Ethelyn, vamos? – ela disse.

Ethelyn ergueu a cabeça já começando a ficar irritada e foi em passos duros para o armário com Dorcas em seu alcanço.

—O que você quer, Dorcas? – ela indagou cruzando os braços.

—Porque você segurou minha mão? – ela quis saber. Ethelyn agradeceu novamente por aquele armário ser escuro.

—Não sei. Não importa.

—Não importa? – Dorcas riu seca. – E o que eu disse importa? – perguntou. – Só queria que você... que você...

Ela escutou Dorcas dar um passo para frente e a mão da corvina a tocou no braço com carinho. Seu coração acelerou, suas mãos suaram frias e sua respiração ficou irregular. Mas tudo isso pareceu desaparecer quando os lábios macios de Dorcas tocaram o dela lentamente. Parecia que o beijo com o James nunca tivesse acontecido ou que qualquer outro beijo que já experimentou. Tudo se voltava para aquele momento, para aquele beijo calmo, mas com uma intensidade escondida de tanto tempo de espera.  Suas próprias mãos foram para os cabelos encaracolados  da grifinória sem conseguir se segurar. Apertou sue corpo todo contra ela gostando de sentir as mãos delicadas dela passearem pelo seu corpo, sua cintura, suas costas. Desceu os beijos para o pescoço dela e enfiou uma de suas coxas entre as dela.

Não sabia de onde toda aquela coragem e destreza estava vindo, porém se aproveitou dela para fazer aquele momento durar mais que 7 minutos. Estavam ofegantes e com calor, mas se soltaram apenas quando escutaram uma movimentação atrás da porta.

Antes de sair do armário, Dorcas se virou com um embrulho da mão e a deu.

—Feliz aniversário, Ethelyn.

6°ANO

—Porque você não vai pro inferno, Camden? – Ethelyn quase berrou no meio do Salão Principal. Seu namorado agarrou seu braço com força e ela sabia que ia deixar marca assim como ele já havia feito outras vezes.

—Eu vou terminar com você, está ouvindo? Se continuar agindo como uma vadia... – ele sussurrou bem perto do rosto dela. Soltou-se dele com raiva. Estava cansada desse relacionamento ioiô, já haviam terminado tantas vezes nos últimos três anos que ela parou de contar. Suas amigas marcavam todas as vezes que eles terminavam em um quadro no dormitório para que ela se tocasse e não voltasse com ele pela milésima vez, no entanto ainda não tinha funcionado. – Ethelyn!

—Me deixa em paz!

Saiu do Salão Principal mesmo que não tivesse nem ao mesmo jantado. Sua cabeça estava pirando. Tinha que continuar conseguindo boas notas para conseguir um trabalho como assistente na Rede Radiofônica dos Bruxos. Ela cresceu escutando a estação de rádio com sua mãe e queria um dia se tornar a apresentadora da Hora dos Encantos. Não queria acabar trabalhando para sempre na pequena boutique da sua mãe no Beco Diagonal.

Encostou a cabeça na parede pensando seriamente em terminar com Camden de vez. Porém toda vez que pensava em terminar sério com ele se lembrava de como ele era a única coisa que a separava de fato de Dorcas Meadowes.

—Ethelyn? Tudo bem?

Ofegou surpresa. Dorcas arqueou uma sobrancelha com um sorriso e se encostou na parede ao lado dela.

—O que você quer?

—Só queria ver se estava bem.

—Estou muito bem. – disse um pouco ríspida.

—Ahn, certo, então...

—Eu estou muito ocupada agora, Dorcas. - disse Ethelyn. Dorcas ficou quieta a olhando diretamente nos olhos e não dando espaço para que a lufana olhasse para qualquer outro lugar.

—A gente se vê depois, então. - ela acabou dizendo, sem saber o que falar. A corvina se virou para caminhar para longe, mas parou no meio do caminho e voltou com tudo, colocando a mão na parede ao lado da cabeça de Ethelyn. - Só para você saber, quando eu te vi pela primeira vez... não pensei em você romanticamente... eu só queria ser sua amiga e eu tentei todos esses ano ser sua amiga! – disse. – E eu sei que não deve ser fácil... aceitar... mas nós nos beijamos e foi muito bom. – confessou. – Mas também seria bom apenas estar com você... como minha amiga, isso é quando não está se comportando como uma babaca. – disse. – De qualquer jeito, eu entreguei para sua amiga o seu presente de aniversário e...

Ethelyn sentia que seu coração ia sair pela boca. Novamente aquela sensação de que não existia palavras que pudessem descrever o que ela sentia. Talvez ela simplesmente não fosse boa com palavras e sim gestos. Por isso se aproximou um pouco de Dorcas, os lábio quase se tocando. Suspirou sem coragem e apoiou a cabeça no ombro da corvina a escutando respirar.

As duas não falaram nada, não achavam que precisavam, enquanto Ethelyn erguia lentamente seu rosto do ombro de Dorcas, elas se olharam em silêncio, escutando apenas o barulho de conversa vindo do Salão Principal e de suas respirações. Dorcas queria se afastar, queria fazer Ethelyn sofrer por ficar a afastando, mas ela não conseguia, ela não era assim. Por isso fechou os olhos quando a viu fechar os dela e foi aproximando seus lábios do dela.

Estavam prestes a se tocar, prestes a dar um beijo tão esperado.

Que porra é essa?— escutaram uma voz alta e grossa e no momento seguinte Dorcas sentiu seu cabelo sendo agarrado e puxado com tudo para trás. Ela caiu para trás, seu rosto batendo com tudo na quina de uma estátua. Ficou tonta no chão, apenas escutando os gritos. Ethelyn a olhou desesperada.  - Você está de sacanagem comigo? - disse Camden furioso. – De todas as pessoas na terra. Nem tente se explicar! Mantenha sua boca calada, ouviu? Cala a boca. - ele falava enquanto Ethelyn tentava se defender. - OLHE PARA MIM! NÃO PARA ELA! Como ousa fazer isso...

Dorcas deu um rugido se levantando com todas as forças. Ela socou a cabeça de Camden vendo que Ethelyn chorava assustada. Ela começou a socar a cara dele sem parar, jogando para fora a dor que estava sentindo em seu rosto machucado.

Ethelyn olhou a cena e agiu. Puxou Dorcas para cima com toda força que tinha. A olhou no fundo dos olhos. O rosto da corvina estava ralado na testa e bochecha e sua boca sangrava um pouco.

Dorcas sangrava e Ethelyn chorava. Elas se beijaram.

Apesar dos lábios machucados, Dorcas simplesmente não conseguia para de beijar aqueles doces lábios molhados de Ethelyn. A dor passava despercebida ao pensar no quanto estava feliz beijando aquela garota.

Elas se separaram e Ethelyn sorriu.

Ethelyn gostava dela desde que aos onze anos ela lhe deu um presente de aniversário mesmo que nem ao menos fosse amiga dela. Naquele dia ela fez Ethelyn não se sentir sozinha e de novo ela não estava sozinha porque na presença de Dorcas nunca se sentia assim.

Pois todos estavam no mesmo jogo, só que em níveis diferentes. Lidavam com o mesmo inferno.

Mas demônios diferentes.

7°ANO

 

—Eu... eu consegui aquela vaga na Rede Radiofônica dos Bruxos. – contou Ethelyn. Dorcas abriu um imenso sorriso e pulou em cima dela feliz.

—Não acredito! – ela disse a dando vários beijos no rosto. Estavam as duas em um corredor vazio do terceiro andar. Desde que começaram a namorar no sexto ano tinham que ficar se escondendo pelos corredores. Ser uma garota e gostar de garotas nos anos 70 já era difícil, mas ser uma garota e gostar de garotas em um internato cheio de sangues-puros preconceituosos podia ser ainda pior.

—E encontrei um apartamento aqui em Hogsmeade mesmo. – ela disse. A sede da Rede Radiofônica dos Bruxos era na vila. – É bem pequeno, o quarto é misturado com a sala e o banheiro é minúsculo, mas queria que viesse... morar comigo. – pediu.

—Isso significa que você vai ficar do meu lado? – murmurou Dorcas pegando na mão da namorada. – Durante essa guerra... e o resto.

—Sim. – respondeu. – Dorcas... palavras não vem fácil para mim. – admitiu. – Muitas vezes eu me sinto tomada por sensações e não consigo dizer nada. – Ethelyn puxou Dorcas para mais perto. – Não sei como posso encontrar uma maneira de te fazer enxergar que te amo sem ser com gestos... quando segurei a sua mão, quando te beijei de volta na primeira vez. – sorriu. – Quando chamei você para morar comigo.

—Ethelyn, você não precisa dizer nada. – a mão de Dorcas tocou em seu rosto.

—Mas eu quero. – respirou fundo. – Eu te amo, Dorcas, me desculpe se eu não consigo expressar isso com... palavras.

—Nunca se desculpe por me amar do seu próprio jeito, Ethelyn. – sua namorada diss. Sentiu o beijo carinhoso de Dorcas e não pode não sorrir no meio a puxando para um abraço apertado. – Aqui. – ela tirou da bolsa um embrulho. Ethelyn deu uma gargalhada e pegou. – Feliz Aniversário, Ethelyn.

—Obrigada. – respondeu e pela primeira vez falou o que sempre quis ter falado para Dorcas a cada presente que ganhava. - Eu amei, de verdade, todos eles... você me faz eu não me sentir sozinha mesmo quando não diz nenhuma palavra.


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Notas finais do capítulo

Para quem não conhece o universo de When We Were Young recomendo a leitura dessa fanfic e também de I Put A Spell On You.

Espero que tenham gostado.