Nightmares Come True escrita por Polo


Capítulo 11
Hércules e Phil


Notas iniciais do capítulo

Como eu havia dito, eu viajei no final de semana passado e quando voltei foi surpreendido com não uma, mas com duas recomendações para a história. Não posso explicar o quanto fiquei surpreso e contente com isso e com todos os comentários que eu recebi. Sério, vocês são todos maravilhosos e é sempre bom falar com vocês.
O agradecimento especial desse capítulo vai para a autora Katherine Winchester Valdez (entendi as referências de Supernatural e Heróis do Olimpo no seu nome, olha só) que foi a primeira entre as duas que recomendaram a história. Você foi uma surpresa incrível que em muito pouco tempo apareceu, comentou, favoritou e recomendou todo o NCT. Queria dizer que estou muito grato pelo que você fez e desejo sempre ver o seu comentário aqui. Abraços, Polo.
(Também agradecerei a Pudim de Menta que também recomendou, mas isso fica para o próximo capítulo, afinal, é mais especial se for único para cada um).
Enfim, sem mais delongas, boa leitura!

P.S. Não consegui postar a imagem desse capítulo, mas aqui está o link da figura que eu usaria para ilustrar:
http://www.vamers.com/wp-content/uploads/2014/03/Vamers-Geekosphere-Artistry-The-Walking-Disney-Imagines-Disney-Royalty-as-The-Walking-Dead-Survivors-Hercules-and-Phil.jpg



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O sangue apodrecido de titãs respingava na minha camisa. Eles surgiam por todos os lados das ruas não mais tão movimentadas de Nova Londres em direção ao único ser que respirava por perto: Eu. Minha única arma era a peixeira que eu carreava. Um titã com um único olho se aproximou de mim estalando a sua mandíbula, porém eu enfiei a minha lâmina entre seus olhos antes que ele pudesse tentar qualquer coisa. Enquanto isso, outro morto, esse com apenas um braço se aproximou rapidamente, só que não tão rápido o suficiente, e eu arranquei sua cabeça fora. Logo depois, mais dois titãs, um de cada lado, se aproximaram ameaçadoramente de onde eu estava, empurrei o primeiro com o meu ombro e investi contra o segundo, apenas para depois atacar o que eu já havia derrubado.

E permaneci naquele mesmo lugar, no cruzamento entre a Rua Cherry Tree Lane e a Rua Baker, matando titãs. Uma pequena neblina havia se formado no céu de dez horas da manhã e isso, normalmente, atrapalharia a minha tarefa, mas eu estava tão concentrado em me livrar daquela ameaça que nada me faria perder o foco. Enquanto realizava o meu trabalho, pensei em muitos planos de fuga, se eu quisesse seria fácil sair daquele lugar. Mas não era essa a minha intenção, eu continuaria derrubando cada titã, um por um.

E assim eu fiz até que apenas um alvo restou. Vinha vagarosamente e eu olhei diretamente para os seus olhos vidrados. Era um adolescente ruivo e magrelo, lembrava muito a mim a tempos atrás e por isso fiquei tentado a não mata-lo. Porém lembrei que era graças ao treinamento que eu não acabei da mesma maneira que o titã. Graças ao meu esforço, eu havia me tornado alguém maior, alguém melhor, alguém totalmente pronto e adaptado a sobreviver a qualquer situação. Com um único golpe, o garoto cai aos meus pés.

Palmas e assobios se seguiram e olhei para o alto de um prédio. Lá, com um sorriso bobo de orgulho pintado no rosto, meu treinador comemorava segurando uma arma sniper. Usando uma boina vermelha e ostentando uma barba castanha e clássica, Philoctetes, ou apenas Phil, era uma visão engraçada. Com um pouco mais de um metro e meio de altura e com uma barriga proeminente, o homem mais parecia com um treinador de escola que com um sobrevivente em um apocalipse.

– Garoto, assim você ainda me mata de orgulho! - Phil gritou para mim – Quarenta titãs! Olha para tudo isso, Hércules! Isso foi incrível!

Olhei a minha volta. De fato, quarenta corpos já sem vida jaziam ao meu redor. Por alguma razão estranha, eu não me sentia muito bem com isso. Mesmo assim, sorri para Phil que já estava começando a descer do prédio pela escada de incêndio.

– Eu sei que foi difícil e sei dos riscos que você correu agora, garoto – Phil disse quando alcançou o chão e veio falar comigo – Eu estava com a minha arma apontada no caso de algo acontecer, mas tudo poderia ter ficado fora do controle. Você demonstrou uma coragem onde eu só encontrei em verdadeiros heróis.

– Sem sentimentalismos, seu bode velho maldito! – Eu disse sorrindo e dando um tapa nas costas do meu treinador – Além do mais, eu só consegui fazer o que eu fiz porque eu fui bem treinado.

– Realmente, isso foi! – Phil concordou com um sorriso presunçoso – E ainda fiquei sabendo que esse seu tal treinador é um homem muito bonito.

– É – Fingi concordar – Mas em um mundo onde noventa por cento da população tem pele podre e tenta te devorar, qualquer um é muito bonito.

Nós dois rimos e começamos a caminhar em direção a saída da cidade.

Já fazia alguns meses que eu havia encontrado Phil. Quando meus pais, ou pelo menos aqueles que eu acreditei serem meus pais por toda a minha vida, morreram, eles me deixaram uma única missão: Encontrar um homem chamado Philoctetes, nos seus últimos suspiros minha mãe me disse que essa seria a minha única saída se eu quisesse sobreviver. Por semanas vaguei em busca do endereço que ela me deu até que cheguei a uma casa simples de madeira onde ele ainda vivia. De início ele não quis me treinar, mas foi só eu ter dito o meu nome que ele mudou de ideia. Por muito tempo me perguntei o que havia mudado a sua cabeça com tanta facilidade, até que em uma noite, enquanto eu treinava com um bastão de baseball, ele me explicou os seus motivos.

– Eu fiz muitas escolhas ruins na minha vida, garoto, e uma das piores de todas envolve você – Ele havia me dito – Sabe, eu já fui um grande treinador de Muay Thai, meus alunos me faziam lucrar e me deram muita fama. O maior de todos era Aquiles, um lutador perfeito diga-se de passagem, porém um único problema com o seu calcanhar foi o suficiente para as nossas carreiras irem por água abaixo – Phil deu um longo suspiro e depois disso continuou – Depois disso comecei a me endividar e a me meter com pessoas que não valiam a penas, e uma dessas pessoas era o seu tio. Seu nome era Hades. Hades era um homem mau, mas tinha muito dinheiro e, um dia, quando o filho do seu irmão mais novo, no caso você, nasceu – O meu treinador não conseguia me olhar nos olhos – Ele me pediu para eu dar esse bebê para qualquer casal que quisesse, e eu, bem... – Uma lágrima escorreu por sua face -... Eu fiz isso.

De início eu tive nojo de Phil e desisti do meu treinamento, mas com o tempo notei que eu não conseguiria me virar sozinho e voltei, apenas como uma questão de sobrevivência. Porém, o tempo foi passando e fui percebendo que o homem velho e baixinho estava realmente arrependido pelos seus atos e eu acabei perdoando. Vai saber, talvez aquela não fosse a decisão mais sábia, mas era isso que o meu coração mandava fazer.

Não demorou muito tempo até descobrirmos que o meu tio estava vivo e que ele estava refugiado em um zoológico que antes pertencia ao meu pai biológico. Phil sugeriu que fossemos lá para darmos uma lição para ele, mas eu decidi que era melhor deixar isso para lá, que não valia a pena. Porém isso mudou ao conhecermos uma garota ruiva chamada Ariel, que aliás, treinou algumas semana conosco, que nos avisou que o zoológico era usado para fins macabros. Naquele exato momento que a minha missão seria salvar aquelas pessoas que o meu tio aprisionava naquele lugar. Eu seria um herói e nada e nem ninguém iria conseguir me parar.

...

Acampávamos em um terreno baldio na periferia de Tebas. Já era tarde da noite e eu já me preparava para dormir, amanhã seria o grande dia. Phil ficaria com o primeiro turno de vigia então tentei ao máximo dormir logo para não acordar cansado, mas a excitação pelo dia seguinte dominava todo o meu pensamento. Eu imaginava cenários e grandes feitos, porém também repassei muitas vezes na minha mente o meu fracasso. Uma preocupação começou a brotar no meu peito.

– Eu nunca lhe agradeci, garoto – Phil falou, pois deve ter notado que eu não conseguia dormir – Por ter me perdoado.

– E nem precisa, Phil, eu já disse – Respondi um pouco confuso por esse assunto ter sido levado a tona mais uma vez depois de tanto tempo – O passado fica no passado.

– Mas eu preciso agradecer. Agradecer principalmente pelo que você fez por mim – O meu treinador disse, devia ser difícil colocar tudo aquilo para fora, eu sabia o quanto ele odiava sentimentalismo – Eu era um homem amargurado, preso ao passado, assobrado por fantasmas, sabe? E então você apareceu, com toda a sua bravura e heroísmo, e me transformou. Seu pai teria ficado muito orgulhoso – E então ele começou a encarar o vazio – É uma pena que você nunca tenha tido a chance de conhecê-lo.

– Amanhã vai ser um novo dia, meu amigo – Eu disse, ainda deitado – Nós vamos retomar ao Olimpo e salvar todas aquelas pessoas.

– Eu sei disse – Phil concordou – Mas, mesmo que tudo der errado e nós não conseguirmos salvar ninguém no final, é bom que você saiba que com o seu perdão você já foi um verdadeiro herói – E então ele olhou direto nos meus olhos – Você salvou a minha vida.

Um silêncio constrangedor se seguiu. Tentei refletir sobre tudo o que Phil me disse, mas a única coisa que passava na minha cabeça era o quanto aquela conversa tinha sido estranha. Phil deve ter percebido isso também porque, quando nossos olhares se encontraram mais uma vez, ele começou a rir. Ri também depois disso. Em poucos segundos éramos dois idiotas rindo de qualquer besteira.

– Ah, seu bode velho e maldito – Eu disse, ainda rindo – Você quase me fez chorar!

...

Esgueiramo-nos pelos muros do zoológico com muito cuidado e utilizávamos das sombras da madrugada para nos escondermos. Phil, que era mais robusto, tinha mais dificuldade em não fazer barulho, mas ele também estava fazendo um bom trabalho. A maior dificuldade seria pular o muro e entrar sem sermos vistos. O meu treinador me levantou em seus ombros e me ergueu para que eu pudesse subir no muro. Já lá em cima, Segurei Phil e o puxei sem fazer muito esforço. Pulamos do lado de dentro em cima de um arbusto para que o impacto da queda não fosse sentido e, conseguimos, estávamos dentro do Olimpo. Olhei a minha volta, não havia nenhuma jaula sequer a vista, apenas notei que estávamos ao lado de uma estrutura que deveria ser o viveiro dos pássaros. Percebi que, ao longe, se aproximava alguns sons de assobio.

– Tem alguém vindo – Eu cochichei avisando o meu companheiro – Rápido, vamos entrar nesse viveiro aí.

Entramos na estrutura constituída por tijolos vermelhos e notamos a presença de uma terceira pessoa no recinto. Trancafiada, junto a algumas aves de pelagem azul, estava uma garota de cabelos negros, curtos e bagunçados. Ela tinha a pele clara como a neve e usava jeans e uma camiseta azul, seus olhos castanhos me encaravam assustados.

– Quem são vocês? – Ela falou recuando – Hades mandou vocês aqui? O que querem comigo?

– Calma, senhorita – Eu disse jogando um pouco de charme, um herói devia causar uma boa primeira impressão – Seu príncipe encantado chegou para salva-la!

– Eu não preciso que nenhum príncipe me salve – A garota disse mudando de atitude, porém ainda me parecia desesperada por socorro – Mas, ficaria grata se vocês me tirassem daqui.

Procurei em minha volta para ver se encontrava alguma chave para abrir a fechadura, mas nada foi encontrado. Phil sorriu para mim e com um movimento da cabeça fez uma sugestão silenciosa.

– Você não pode estar pensando que eu vou conseguir fazer isso.

– Eu tenho a certeza que você consegue.

Um pouco relutante, me aproximei da jaula onde a garota estava e segurei o cadeado. Era um objeto grande e pesado, seria necessária muita força para quebra-lo. E então, ao encarar os olhos ansiosos da prisioneira, comecei a forçar o cadeado. E então, sem fazer tanta força, o cadeado simplesmente se abriu. Sorri triunfante e a garota saiu pela porta e me deu um abraço.

– Obrigada, mil vezes obrigada – A atitude confiante da garota se desfez e ela começou a chorar. Eu não conseguia imaginar pelo que ela já havia passado ali – Aliás, como vocês se chamam?

– Eu sou Philoctetes – Phil disse e com um olhar de orgulho se dirigiu a mim – E esse é o grande herói Hércules!

– Muito prazer, o meu nome é Branca – a garota disse com um sorriso simpático – E então, qual é o plano?

– O... Plano? – Eu disse um pouco confuso – Hã... Diz pra ela o plano, Phil!

– Vocês tem um plano não tem? – Branca disse enxugando as lágrimas – Quer dizer, além de entrar no zoológico e libertar todo mundo, né? Vocês pensaram em algo mais, não é?

Um silêncio se seguiu. Cocei a minha cabeça e Phil começou a assobiar. Nós não tínhamos um plano exatamente, iríamos agir a base do improviso. A garota de pele clara apenas riu e depois começou a falar.

– Calma, eu já estive presa aqui por muito tempo, claro que eu tenho um plano – Ela disse, decidi que gostava de Branca, era uma garota esperta e forte, seria uma boa aliada – Certo, para fazer aquelas coisas asquerosas com a gente os carcereiros utilizam as substâncias de umas maçãs especiais que faz com que nós durmamos. Ou seja, tudo o que nós precisamos é achar uma máquina de sonífero para dopar Hades e os seus dois capangas. Com isso feito, poderemos fugir daqui sem nenhum problema.

– Parece um ótimo plano – Eu disse animado – Vamos nos dividir em duas equipes. Branca, você vem comigo e me mostra onde eu posso encontrar essas armas. Phil, você, com muito cuidado, vai achar onde os prisioneiros estão e vai liberta-los. Estamos combinados?

– Sim! – A garota disse e depois, com olhos suplicantes se virou para o meu treinador – Por favor, Philoctetes, encontre duas pessoas chamadas Cinderela e Aurora, elas estão comigo, tenha certeza que elas estão bem.

Partimos em disparada em direção a nossas próprias missões. Branca ia à frente e me guiava pelo lugar. Por onde passávamos, víamos alguns prisioneiros e pedíamos para que eles fizessem silêncio sobre a nossa visita. O único que não atendeu o nosso pedido foi um garoto ruivo, franzino e de óculos que ficava repetindo sem parar a mesma frase: “O céu está caindo, o céu está caindo, o céu está caindo”.

Surpreendentemente, chegamos ao nosso destino sem sermos vistos por ninguém indesejado. O lugar que procurávamos era um escritório localizado perto a um dos muros do lugar e lá dentro estariam as armas com sonífero. Virei-me sério para a garota que me guiou até lá.

– Eu quero que você saia daqui – Disse – Eu preciso fazer isso sozinho.

– Não – Ela falou decidida – Eu levei você até aqui, vamos fazer isso juntos.

– Está fora de cogitação – Eu rosnei rispidamente – Eu não quero que você se machuque e, além disso, você precisa avisar ao Phil para reunir todo mundo no portão principal quando tudo isso acabar. Você me entende?

– Sim... – Branca disse, embora um pouco relutante -... Mas tome cuidado, certo? Eu não quero que o meu “príncipe encantado” se machuque.

Sorri para a garota e lhe dei um abraço de despedida. E então, me virei para a pesada porta de carvalho que me separava do escritório. Abri e entrei sem nenhuma dificuldade. Era um sala escura com muitas armas espalhadas por algumas mesas feitas de madeiras, muitas maçãs também estavam espalhadas pelo chão. Notei que o recinto tinha uma outra porta nos fundos e escutei barulhos vindo de lá. Eram gemidos altos e fortes, alguém devia estar se divertindo naquele lugar. Com muito cuidado para não ser ouvido, adentrei o lugar na ponta dos pés. Me aproximei de uma das armas e a carreguei com dois soníferos, sorri ao perceber que tudo estava dando certo por enquanto. Porém, comecei a escutar barulhos vindo do lado de fora. Tive que pensar rápido e entrei apressadamente em um baú que eu não havia notado antes.

– Estou dizendo, Pânico! – Uma voz irritante disse alarmada – Eu vi um invasor! Ele devia estar libertando os prisioneiros! Temos que fazer alguma coisa!

– Deve ser só coisa da sua cabeça, idiota – Outra voz comentou – Mas vamos dar uma olhada.

Eles deviam estar falando de Phil, eu devia fazer alguma coisa. Esperei um pouco e, com muito cuidado para não fazer qualquer ruído, abri a tampa do baú. Não havia mais ninguém na sala e então corri para o lado de fora. Vi os dois capangas do meu tio correndo, mas com a mira certeira, acertei dois tiros neles. Quase que instantaneamente, os dois caíram adormecidos. Sorri triunfante, eu iria conseguir, eu finalmente seria um herói.

– O que você pensa que está fazendo?

Um calafrio percorreu a minha espinha. Eu lembrei que só tinha carregado a arma com dois soníferos, eu estava a mercê dele. Virei-me lentamente apenas para ver o rosto cinzento e raivoso de andes me encarando. Ele carregava e uma mão uma arma de fogo e na outra ele levava um lança chamas. Eu era um homem morto.

– Eu lhe fiz uma pergunta rapaz – O homem disse sorrindo maldosamente – É educado responder.

– Eu... – Num primeiro momento eu gaguejei sem saber o que fazer, mas depois encontrei uma coragem em mim que não havia encontrado antes, aquele homem havia tirado o meu direito de conhecer os meus pais, aterrorizou dezenas de pessoa, havia machucado a Branca, eu não iria perdoa-lo, eu não lhe daria o prazer de me ver com medo dele -... Eu vim aqui para acabar com você!

– Isso era para ser uma ameaça? – Hades me olhou com pena – Então por que eu não estou sentindo medo?

– Porque talvez você seja estúpido demais para isso – Eu disse na intenção de o provocar – Talvez você me conheça, talvez não, mas eu te conheço... E eu tenho nojo de saber que alguém tão asqueroso é meu parente!

– Você... – Ele pareceu confuso por um instante mas depois se recompôs e começou a gargalha - Hércules? Sério? É você? Eu não acredito que você veio até aqui na pretensão de se vingar pelo que eu fiz, desculpa, mas isso é hilário não acha? – E então ele ficou sério e apontou a arma para o meu peito – E é engraçado porque você morre.

E então, sabe-se lá da onde, uma garota surgiu por trás do meu tio e usou um bastão para bater em sua cabeça com força. No mesmo instante, Hades caiu no chão desacordado e com sua cabeça sangrando. Olhei perplexo para a garota que tinha cabelos castanhos e ondulados, tinha olhos quase violeta, e estava completamente nua. Ela estava manchada de sangue e demonstrava um olhar feroz.

– Isso é pelo que você fez ao Adônis!

...

Eu havia conseguido. Não da maneira que eu havia previsto, mas lá estava eu, já fora dos arredores de Tebas e acompanhado apenas com alguns dos prisioneiros que eu havia salvo. Os outros, depois de terem agradecido a mim e a minha equipe havia partido e trilhado seus próprios caminhos. Comigo estavam apenas Phil, Branca e suas duas companheiras, o garoto ruivo e louco que eu havia visto antes (que era apenas chamado de Galinho Chicken Little) e Mégara, aquela que havia matado Hades. Estávamos próximos a um desfiladeiro quando Branca se aproximou de mim para conversar.

– E então, príncipe? – Ela disse me empurrando com o ombro – Parece que você salvou mesmo o dia.

– É, talvez – Eu disse, me gabando um pouco – Mas eu não teria conseguido sem a sua ajuda. Obrigado.

– Não há de quê – Branca disse sorrindo – Mas eu também tenho que me despedir agora, eu e as meninas temos que ir.

– O que? – Eu disse surpreso – Mas por quê? Quer dizer, agora que vocês estão livres, pensei que iam querer se juntar ao grupo.

– E eu quis – Ela disse se aproximando e pude notar que ela estava bem triste – Mas as meninas... Bem, elas votaram contra. Depois do que nós passamos eu acho que elas não confiam mais em ninguém, você entende.

– Eu entendo, mas não concordo – Disse, meio ressentido – De qualquer forma, foi um prazer conhece-la Branca!

– Igualmente Hércules – Ela respondeu me dando um último abraço – Mas eu sinto que essa não é a última vez que a gente se esbarra por aí.

– Concordo – Foi tudo o que eu disse ao ver que agora ela se afastava junto com suas duas amigas – Seja onde você estiver, eu vou lhe encontrar!

E então, no meio das árvores, Branca foi embora. O grupo se tornou ainda menor, mas estava junto. Olhei ao meu redor e me perguntei quais seriam os nossos próximos destinos, que distâncias teríamos que vencer agora? Seja qual for eu estaria pronto.

– Você conseguiu, Hércules! – Phil me deu um tapa nas costas – Honrou o seu pai e se mostrou um verdadeiro heróis, eu não poderia estar mais...

BANG!

O corpo de Phil cai no chão com um tiro na cabeça. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, três projéteis de sonífero foram disparados contra mim e contra os meus companheiros. Olho para os meus lados e vejo que Mégara e Galinho já estavam dormindo. Fiz muito esforço para continuar acordado, mas o sono estava me vencendo aos poucos.

A última imagem que eu tive foi a de Hades se aproximando em passos lentos em minha direção segurando um lança-chamas.


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Notas finais do capítulo

Eu queria fazer um texto super legal aqui como sempre procuro fazer mas a prova da próxima semana é física e eu ainda não estudei nada hoje (kkkkkkkk), então eu vou só agradecer por todo o carinho que eu recebi e lembrar que o seu comentário e opinião é sempre muito importante e é o que mais me dá vontade pra continuar escrevendo.
Ah, e próximo capítulo um dos antigos narradores irá voltar, quem será?
Enfim, até a próxima semana, abraços, Polo.