Nightmares Come True escrita por Polo


Capítulo 10
Anna e Olaf


Notas iniciais do capítulo

Viram? Dessa vez o capítulo saiu bem mais rápido que o de costume, porém, olha só que legal, não vai ser possível postar nesse final de semana (aproveito para pedir desculpas por esse inconveniente). O motivo? Vou viajar e passar o fim de semana inteiro fora. Ou seja, só vou conseguir postar durante a próxima semana.
Enfim, agora vamos aos agradecimentos. Queria agradecer a todos que estão comentando e favoritando a história, é muito bom interagir dessa forma com todos vocês e você me dão muita vontade para continuar escrevendo.
Entretanto, há uma pessoa em especial que eu agradeço muitíssimo pelo que ela fez pela minha história. Estou falando da autora Ghost Hunter, que assim como a Dama Misteriosa fez antes, recomendou a história e me deixou muito feliz. Sério, Ghost, você é incrível! É sempre legal ler e responder os seus comentários.
Aliás, essa autora também tem uma fic que envolve Zumbis e Filmes da Animação. O nome é Radioactive, eu já leio e posso afirmar que é muito boa! Senhorita, pode esperar pela minha recomendação na sua história!
Bem, sem mais delongas, vamos ao capítulo! Boa Leitura!



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Fazia o usual frio em Arendelle e, para piorar, eu ainda estava tendo de ficar de guarda no caso de um dos Trolls, como eu havia apelidado aqueles simpáticos seres errantes que basicamente destruíram a minha vida, aparecesse. Aconcheguei-me por dentro do meu casaco rosa e continuei apontando a minha arma para as ruas desertas da minha cidade.

Ou melhor, do que um dia foi a minha cidade. Eu sentia uma nostalgia e tristeza profunda por continuar naquele lugar depois do começo do fim. Arendelle já foi uma das maiores cidades de Disney Land e os negócios prosperavam, a minha família era a maior responsável por isso, pois desde que meus pais se tornaram proprietários da empresa de refrigerados da cidade, houve um embargo econômico ou algo assim, eu não sabia ao certo, esses assuntos mais sérios sempre me deixavam meio entediada. Mas em compensação, a minha irmã mais velha, Elsa, se mostrava bastante interessada pelos negócios da família e quando aconteceu de meus pais morrerem ela passou a ser quem gerenciava praticamente toda a economia de Arendelle.

Porém, isso só durou alguns poucos anos e quando os Trolls passaram a marchar sobre a terra, minha irmã desapareceu. E quando eu quero dizer desaparecer, é literalmente isso. Um dia ela estava lá e no outro havia sumido. Vi-me sozinha e passei a procura-la por todos os cantos da cidade, sem sucesso, porém encontrei um velho amigo nessa busca.

Seu nome era Olaf, deveria ter seus trinta anos, mas aparentava ser bem mais novo que isso. Ele havia sido um grande amigo para mim quando eu era pequena, me lembro que ele trabalhava como uma espécie de tutor para mim e para a minha irmã. Qualquer problema que eu poderia ter, eu contava para Olaf, ele saberia o que fazer. Claro que nós já tivemos os nossos desentendimentos, por exemplo, quando eu comecei a namorar o meu noivo, Hans, o meu tutor sempre me aconselhava que eu deveria manter distância dele. Obviamente, não fiz isso, e Hans nunca me deu motivo para suspeitar dele. Quero dizer, pelo menos não até a chegada dos Trolls. Um pouco antes de Elsa desaparecer, foi o meu noivo que sumiu. Mesmo que eu não conseguisse evitar, sempre me pego pensando que Elsa e Hans fugiram juntos e que estão nesse momento aproveitando belas paisagens em algum lugar mais quente. Isso, claro, enquanto a tola da Anna procura desesperadamente por eles.

Minha atenção voltou para a realidade quando a campainha da loja tocou, indicando que Olaf havia saído de lá.

– Anna, minha ruivinha preferida – Olaf disse animadamente com o seu típico tom infantil – Você, não conseguiria adivinhar a maravilha que tenho em minhas mãos nesse momento! É algo que vai nos salvar desses malditos trolls!

– Sério? – Eu disse interessada, claro que eu sabia que Olaf exagerava ás vezes, mas a voz dele transmitia tanta segurança que eu sabia que algo bom estava por vir – E o que seria, meu amado albino? Munição? Remédios? Um mapa para nos ajudar na busca da Elsa e do Hans?

– Muito melhor do que tudo isso junto – O homem de cabelos quase brancos de tão loiros e desgrenhados me respondeu não conseguindo conter a felicidade do rosto, tirou um embrulho da sacola que trazia e me fez sorrir automaticamente – Chocolate!

– Ah, Olaf... – Eu disse tirando o chocolate das mãos do meu amigo e dando uma mordida naquela maravilha açucarada -... Você realmente sabe como fazer uma garota feliz!

Olaf sorriu e passou a caminhar comigo pelas ruas de Arendelle. Vimos alguns Trolls pelo caminho, mas eu sempre dava conta deles. Olhei para Olaf, desde que o apocalipse começou, ele havia mudado muito. Era um fato que ele amava o sol e o verão, mesmo com um salário não muito confortável, era muito comum que Olaf viajasse para algum lugar com belas praias, como Agrabah ou a Cidade Litoral. Por isso, ele sempre estava bronzeado, porém, com o passar do tempo, ele foi abandonando essa prática de viajar até que voltou a velha aparência albina de sempre. Além disso, ele havia emagrecido bastante. Eu não sabia exatamente o motivo, afinal ele comia tanto quanto eu.

– Então, boneco de neve... – Eu disse brincando e me equilibrando em um meio-fio - Acho que nós procuramos por toda a cidade, talvez já esteja na hora de nós procurarmos em outros lugares!

– É, eu concordo – Ele disse distraidamente e depois teve a sua atenção roubada por uma vitrine de uma loja de roupas – Nossa, olha que legal! Veja essa roupa, Anna! Ela deve ficar muito bem em mim!

Olhei para a roupa da vitrine. Era uma vestimenta, de fato, muito estranha. Envolvia um colete branco com algumas imagens de fractais de gelo por cima de uma camisa social preta, uma calça branca (também enfeitada com fractais de gelo), uma gravata branca, sapatos pretos e um chapéu estilo Panamá. Não era algo que alguém usaria normalmente no dia-a-dia, mas ele estava tão encantado com a descoberta que eu não poderia dizer não a ele.

– Eu acho que você ficaria ótimo com ela!

...

Corríamos apressadamente pela Rodovia 14, havia uma horda de Trolls atrás de nós. Eu e meu companheiro havíamos sido desatentos e dormimos ao relento, sem nenhum de nós ficar de vigia, e acabamos acordando com um barulho assustador de cerca de cem daquelas criaturas mortas indo em nossa direção. Olhei para trás e notei que Olaf parecia estar com dificuldades para me acompanhar. Não havíamos corrido por tanto tempo assim, mas era notável que ele já estava vermelho e ofegante. Preocupei-me com ele, mas não poderíamos parar naquele momento. Por mais que os Trolls fossem lentos, nós carregávamos mantimentos e estávamos claramente cansados.

Depois de alguns bons minutos de corrida e após termos conseguido uma boa vantagem sobre os mortos avistamos uma casa onde poderíamos descansar. Achei que deveríamos correr mais um pouco, mas decidi parar ao notar o estado do meu amigo. Dava para notar que a sua respiração estava pesada e ele estava tão cansado que nem conseguiria falar. Não, aquela casa tinha que ser o bastante.

Apressados, atravessamos o jardim e adentramos a casa amarela, fechando a grande porta de carvalho atrás de nós. Procurei rapidamente pela sala escura por algo pesado para fazer uma barreira na porta. Havia um sofá por lá e avancei até ele, Olaf pareceu me seguir, mas acabou caindo de cara para o chão. Comecei a empurrar o móvel sozinha.

– Qual é o seu problema? – Eu disse irritada, o corpo mole do meu amigo já estava começando a me fazer perder a paciência – Me ajuda!

– Eu não consigo...

– Como é? – Parei de empurrar para olhar para o seu rosto branco e exageradamente suado – Você acha que eu não estou cansada, Olaf? Que eu não estou de saco cheio de ter que fugir de Trolls? De ter que correr até meus pulmões pegarem fogo e de ter que enfrentar essa merda de frio que só me faz ficar me sentindo mais e mais sozinha? – Eu voltei a empurrar o sofá – A vida não é mais ensolarada, nunca mais, acostume-se a isso e me ajuda a empurrar esse maldito sofá para não sermos devorados!

Olaf, vagarosamente, tentou se levantar, mas acabou caindo de novo. Pude notar lágrimas escorrendo por suas bochechas. Talvez, se eu não estivesse com tanta raiva, eu teria percebido que as coisas não estavam exatamente bem para ele.

– Eu não consigo! – Ele chorava abertamente agora, me encarando com olhos frios, diferentes dos alegres que eu estava acostumada – Eu tento, mas não consigo, eu tendo de verda...

Antes de concluir a frase, o homem albino e infantil apagou. Soltei um grito, temendo pelo pior. Imaginei os piores cenários possíveis, Olaf estava morto, eu estava sozinha mais uma vez, e logo morreria também. Corri até ele e só então pude notar que ele continuava respirando. Suspirei aliviada e comecei a arrasta-lo até a uma poltrona presente na sala. Depois, novamente sozinha, empurrei o sofá até a porta. Sorrateiramente, olhei pela janela, os mortos continuavam vagando pela Rodovia 14 sem sequer dar uma atenção especial ao nosso abrigo. Estávamos seguros, pelo menos por hora.

Caminhei até o meu companheiro, ainda desacordado, e pude sentir toda a raiva que ainda restava em mim se esvaindo. Olhei para ele e senti vontade de chorar, ele era tudo o que eu tinha de precioso naquele momento. Era o motivo das minhas risadas, da minha esperança e, principalmente, era o meu melhor amigo. Passei a mão por seu cabelo desgrenhado e dei um beijo em sua cabeça. Olaf sorriu ao receber o carinho, mas continuou dormindo.

Achei então que cabia a mim vasculhar a casa em busca de qualquer perigo. Me armei com a minha pistola e fui caminhando em direção ao corredor. Chutei cada uma das portas e apontei para cada lugar onde um Troll poderia estar se escondendo. O que eu encontrei? Quartos vazios, banheiros vazios e armários, olha que surpresa, munidos com roupas especialmente bonitas.

Sorri pela minha descoberta, mas cuidaria de vesti-las depois, ainda havia vistoria a fazer. Fui em direção à cozinha e quase chorei de emoção ao encontrar um pacote intacto de cookies apenas esperando por mim. Coloquei minha arma em cima da bancada de granito e abri o pote com os doces. Dei uma mordida, cuidadosa, pois queria sentir cada molécula do gosto maravilhoso que estava na minha boca naquele momento. Era a melhor coisa que eu havia provado em muito tempo. Em um apocalipse nós não ligávamos, verdadeiramente, para prazos de validade ou efeitos colaterais, apenas vivíamos o momento. E, cara, aquele momento merecia ser vivido.

Eu estava totalmente distraída e só fui perceber o tamanho do meu erro quando senti meu corpo ser empurrado em direção ao chão por um Troll que deveria estar em algum lugar que eu não havia checado antes. Bati minhas costas no chão e isso me provocou falta de ar. O Troll estalava suas mandíbulas bem perto de mim e eu pude sentir o cheiro de podridão que vinha da boca dele. Tentei empurra-lo mas tudo o que eu consegui foi enfiar as minhas mãos por dentro da pele podre dela, fiz uma careta de nojo e gritei. Então, era assim que iria acabar: morrer por ter vivido um único momento de descuido.

Porém, no momento que o Troll iria cravar uma mordida no meu pescoço, pude senti-lo ser jogado para longe de mim. Por um único instante pude dar um suspiro de alívio, porém ele foi logo substituído por um grito de puro horror. Olaf estava no chão junto com o Troll e havia sangue por todos os lados. Me levantei, ainda com as pernas bambas e peguei a minha arma. Dei um tiro, mas por estar assustada, acabei disparando na parede. Na segunda tentativa acertei o meu alvo: A cabeça de alguém que já fora um ser humano.

– Olaf! – Me aproximei dele, jogando o corpo sem vida do Troll para o lado – Você... Não! Por que?

– Não sei – Ele disse calmamente e sorrindo, olhei para o seu ombro e estava todo ensanguentado, ele deveria estar sentindo dor, mas não queria demonstrar – Talvez eu só sinta falta dos dias ensolarados...

Abracei com força o meu amigo e, juntos não conseguimos mais segurar as lágrimas. Ele estava morrendo, ambos sabiam disso. Não havia nada mais a ser feito, apenas aceitar e ficar lá esperando a hora chegar.

– Você se sacrificou por mim – Eu disse, ainda abraçando Olaf – Podia ter continuado vivo, mas não... Você preferiu me salvar.

– Eu não iria durar tanto tempo assim – Ele disse encarando o chão e sério – Eu tenho câncer, você já deve ter notado que o meu vigor físico já não é mais o mesmo a um bom tempo.

Não sabia como reagir àquela informação. Em um mundo onde a morte está presente em todos os momentos da nossa vida e que cada um de nós pode dar seu último suspiro a qualquer instante, nós nos esquecemos dos nossos medos antigos. Esquecemo-nos dos cintos de segurança, dos DSTs e dos cânceres. Pensei em dizer que sentia muito, mas não faria sentido, afinal não seria o câncer que mataria o meu amigo. E sim, o veneno contido na saliva do Troll.

– Câncer de pele – Foi o que ele disse – Eu amo o verão, você sabe disso, pena que isso me custou tanto... – Lágrimas correram pela face, antes alegre, de Olaf – Eu tinha começado um tratamento, estava tudo melhorando, mas aí... Aí tudo isso começou!

Senti-me extremamente mal por ele e o abracei com ainda mais força, minha mão passou por sua testa e pude notar o quão quente estava a sua temperatura.

– Olaf, você está derretendo de febre – Então me lembrei de que tudo isso aconteceu por causa de um descuido – É tudo minha culpa.

O homem, quase albino, e com coração de criança já estava quase sem força. Sua expressão me revelava que ele não sentia mais dor, e em poucos momentos, não sentiria mais nada.

– Por algumas pessoas vale a pena derreter – E então, reunindo suas últimas forças, meu melhor amigo disse suas últimas palavras – Agora, chegue mais perto, você sabe o quanto eu gosto de abraços quentinhos...


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Notas finais do capítulo

Você já ouviu falar de um autor chamado George R. R. Martin? Bem, ele é o autor de Game of Thrones e é conhecido por matar seus personagens sem nenhuma dó. E estou seriamente pensando que vou ganhar essa mesma fama por causa dessa história. Porém, para mostrar que eu ainda me lembro de todos aqueles que foram vítimas da minha mente sádica. Vou fazer uma lista em homenagem a todos que passaram dessa para melhor no universo de NCT:

RIP:

— Sr. Darling
— Sra. Darling
— Miguel Darling
— Jim Hawkins
— Adônis
— Zeus
— Mertle
— Kronk
— Malina (Pior morte de todas até agora, desculpa pelos requintes de crueldade)
— Horácio
— Pinóquio
— Gepeto
— John Darling
— Olaf

É isso. Bem, no mais, quero lembrar que o seu cometário é muito importante para mim e me deixa muito feliz em poder lê-lo. Enfim, próximo capítulo teremos mais uma vez um personagem novo narrando, porém ele terá forte ligação com um dos nossos antigos narradores. Quem será? Bem, próximo capítulo você terá a sua resposta! Até lá, abraços, Polo!