No dia seguinte eu acordei um pouco eufórica.Rebekah estava fazendo um transtorno na cozinha e por isso eu acordei meia hora antes.Lavei o rosto e fui ver o que a Rebekah estava fazendo na zona da cozinha.Desci e logo de cara ela notou que eu não havia dormido muito bem.Sorriu para mim e perguntou se eu queria tomar o café da manhã, eu apenas acenti e me sentei na mesa.Assim que ela colocou as panquecas, o mel, o leite e a caixa de cereais eu fui logo atacando as panquecas e fazendo cereal tudo ao mesmo tempo.Ela me olhou aterrorizada e então falou sorrindo.

—Fica tranquila as panquecas e os cereais não tem pernas para sairem correndo das suas agressões.-eu sorri e ignorei o que ela tinha dito.

—O que achou da Arley?-perguntei mega curiosa.

—Você gostou dela?-perguntou me respondendo com uma pergunta.

—Eu perguntei primeiro.

—Parece ser super legal.-falou tentando imitar uma adolescente.

—Se você fosse um pouquinho mais novinha saberia que essa expressa “super legal” já saiu de moda faz tempo.

—E o que os adolescentes da sua idade dizem?-perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

—Está na minha hora.-respondi me levantando e me direcionando à saída.

—Onde você vai?-perguntou.

—No shopping.assistir um filminho.-respondi.

—E as aulas que você faltou ontem.Precisamos conversar.

—Rebekah por favor falaremos sobre isso outra hora.-disse implorando e até fazendo sinal com as mãos juntas.

—Sua professora telefonou Hope,você está faltando as aulas demais ultimamente.Isso porque é com professores particulares.

—Rebekah eu odeio estudar e você ainda contrata professores particulares para virem aqui me ensinar matemática, biologia, sociologia, física , química e outras baboseiras.

—Você precisa estudar e estas saidinhas estão proibidas a partir de agora.-respondeu.

—Sério?-perguntei indignada.

—Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.-respondeu.

—Não pode me privar de sair eu já tenho dezessete anos e não acatarei mais as suas ordens.

—Hope já pro seu quarto e não saia de lá até que eu diga que está liberada do castigo!

—Parabens queridinha.Conseguiu usar a sua autoridade máxima, mas eu não a obedecerei mais, amor.-disse batendo palmas e em seguida corri para o meu quarto e me joguei na cama.

Apesar de eu ter gritado com a Rebekah ela sorriu e parecia se recordar de algo quando eu disse a palavra “amor” e nada me tirava da cabeça que tinha alguma relação com a minha origem.Rebekah dizia que não sabia quem era os meus pais mas se eu acreditasse em tudo que ela dizia ainda acreditaria em papai noel ou coelhindo da páscoa.Ela me escondia algo e eu descobria custe o que custar.

A manhã foi um tédio eu não pude ir ao Shopping Center com a Lia , nem com a Dora e as minhas outras amigas.Rebekah estava passando dos limites com seus castigos.Eu faltava uma, duas ou cinco aulinhas e ela fazia uma tempestade em copo d’água.

Assim que deu duas horas a minha professora de piano chegou e como eu adorava tocar piano não matei a aula dela desmarcando como fizera ontem com a professora Shirley.

—Professora Sheyla, a quanto tempo.-disse correndo para abraçá-la.

—Oi garotinha, como cresceu em?!-disse sorrindo e me abraçando.

Eu conhecia a Sheyla desde que era pequena, na verdade ela não era tão mais velha que eu.Ela deveria ter uns vinte e cinco anos e eu tinha dezessete a diferença era de oito anos.Ela começou a dar a aula e eu consegui prestar atenção em tudo e ela disse que um dia eu tocaria bem melhor que ela.

A aula de piano acabou e eu fui pro meu quarto fazer o que eu mais gostava de fazer, pintar.Nunca saberia de quem ganhei esse talendo de pintar e tocar bem, então preferia acreditar que era um talento somente meu e de mais ninguém.

Rebekah insistia que eu fizesse esporte físico, eu até que gostava apesar de tomar muito tempo da minha vida.Eu fazia balé clássico, ginástica olimpica e também lutava karatê.O que eu mais gostava em mim na minha parte agressiva era a minha ótima mira eu até participava de jogos de tiro ao alvo, eu simplesmente adorava.

Rebekah sempre chegava tarde em casa, ela trabalhava em uma empresa de arquitetura e era muito bem sucedida.Ela era uma pessoa muito boa e tinha espirito adolescente apesar de querer parecer mais velha tinha cara de ter a minha idade.

Terminei de pintar o meu quadro noite estrelada.Tinha ficado tão perfeito que parecia mesmo ser a obra de Van Gogh.Assinei o quadro e botei na parede da sala para combinar com o ar maluco da mansão.Entrei no meu quarto e acessei a internet.Chequei os meus e-mails e para a minha surpresa Lia e Dora haviam me enviado alguns.

De:Doradorinha@hotmail.com.br

Para:Hope-without-Hope@hotmail.com

Amigaaaaaa!Entre no skype agora mesmo eu tenho mil novidades pra te contar.Porque não veio me encontrar no Shopping estou com muita saudades.Já assaltei as fichas do novato na escola, fique tranquila ninguém ficou sabendo eu tomei cuidado.Fale com a Lia que eu também preciso falar com ela tem um gatinho novato que ela vai adorar, só de olhar a foto dele eu fiquei sem fôlego.A Britt se deu mal você vai adorar saber as loucuras que aconteceu durante as minhas férias na minha cidade natal Nova Orleans.Você gostaria de lá, porque tem muita arte, cultura e música você adoraria morar lá.Você não vai acredita no que aconteceu entre logo online pra conversarmos mais, amor.Olha só, estou falando(escrevendo) que nem você.♥ saudades,

De:Lia-little-crazy@hotmail.com.br

Para:Hope-without-Hope@hotmail.com

Tô morrendoooooo de saudadesssssss!!!!!!!!!!!!Me escreva já entendeu??????Aconteceu muita coisa durante as minhas férias em Paris você vai adorar as novidades.A Dora me falou que precisava falar comigo URGENTEMENTE.Foi assim mesmo que ela escreveu sabe como ela é.Você sabe o que ela quer?????Entra online e não deixe de me enviar e-mails seus ou eu eu te mato e antes de te matar eu te obrigo a beber gasolina e riscar um fósforo.Você morreria kkkkkk.Eu não teria coragem bobinha agora me fala as suas novidades eu fiquei triste por você não ter ido para Paris comigo.AMADA você adoraria tirar fotos em frente a Torre Eiffél.Eu estou até falando Francês fluentimente você vai adorar o meu novo sotaque amor.Xiiiii! Estou falando(escrevendo) igual a você.Isso é doença amada.Beijinhos tachau, tchau!!!!!

Lia.♥

Essas duas vão me enlouquecer com essa mania de querer que eu fique online o tempo todo.Como estou morrendo de saudades delas eu vou tirar a minha invisibilidade e ficarei visível.

—Amiga, você não vai acreditar no que foram as minhas férias.Finalmente você está online.-disse Dora.

—Imagino o quanto zuou o seu mano.-disse sorrindo.

—Ele só tem três anos e é uma fofura.-respondeu.

Chamei a Lia para conversarmos também.

—Amigasssss!Que saudade!!!!!-disse e como sempre mega entusiasmada.

—Oi Lia.-respondi como sempre.

—Você tem novidades?-perguntou Lia.

—Eu não.Vocês é que têm.-respondi.

—Nova Orleans é muito legal eu acho que vocês deveria ir pra lá algum dia.-disse Dora.

—Nova Orleans não é nada comparado a Paris.-disse Lia sorridente.

—Vocês tiraram muitas fotos?-perguntei.

—Eu tirei milhares.-respondeu Dora.

—Se essa aí tirou milhares eu tirei bilhões.-disse Lia com implicancia como sempre.

Eu acho que as duas só eram amigas(se suportavam) por minha causa.Se eu não fosse amiga das duas elas viveriam se agredindo fisicamente.

—Você tem sorte de estar na sua casa uma hora dessas ou eu já teria te dado um soco na cara.-disse Dora.

—Vem cá.Pode vir os meus pais não estão em casa.

—Vocês só brigam na minha frente não é?-perguntei.

—Como?-perguntou as duas ao mesmo tempo.

—Vocês estavam até trocando e-mails nas férias e agora vão ficar aí discutindo.Eu tenho mais o que fazer.-disse me desativando.

—Está tudo bem?-perguntou Rebekah entrando no quarto.

—Por que a pergunta?-perguntei socando um de meus travesseiros.

—Você digitou com tanta raiva que deu pra escutar lá de baixo e está socando um travesseiro como seu ele tivesse te irritado muito.

—Usou audição vampírica?-perguntei.

—Não eu não uso benefícios vampíricos lembra.-respondeu se sentando ao meu lado.

—Você não é a melhor pessoa para conversar neste momento.

—Brigou com a Dora e com a Lia?-perguntou e eu tive a certeza de que ela usara audição vampírica.

—Você usou audição vampírica sim.-disse.

—Não eu escutei atrás da porta isso é diferente.-respondeu e eu não pude deixar de sorrir.

—Não faça mais isso.-disse ficando séria.

—Tá legal então desembucha logo.-respondeu.

—Sério você não é a melhor pessoa para conversar agora.

—E por que você diz isso?-perguntou indignada.

—Nunca conheci nenhuma amiga sua.-respondi.

—Hope.Fique você sabendo que eu tive muitas amigas ok.Só não te apresentei porque elas moram no continente americano.

—E por que não me leva pra Nova Orleans?-perguntei.

—N-Nova O-Orleans???-perguntou um pouco assustada.

—É a Dora viajou pra lá nas férias e disse que a cidade é repleta de música, dança, cultura e arte.

—Hope não podemos ir para Nova Orleans.Não agora que eu estou bem aqui em Londres.

—Alguma vez já pensou em sair de Londres?-perguntei.

—Por que está perguntando isso?-perguntou se levantando de minha cama.

—Sei lá.As vezes eu acho que você quer me manter longe da América do Norte.

—Estamos bem em Londres e ficaremos aqui.Sem mais advindas entendeu.

—Podemos conversar ao menos uma vez sem terminar em uma discussão?-perguntei.

—Ok, me desculpe eu não tenho o direito de brigar contigo.-respondeu.

—Está desculpada.Eu quero ficar sozinha.-disse e ela entendeu que eu precisava de um tempo e me deixou sozinha no meu quarto.

Sempre fora bom conversar com a Rebekah mais ultimamente ela tem estado distânte e não gosta de ouvir falar em voltar para o continente americano e eu sei que aí tem coisa e das bravas.O último dia de férias acabara como os outros e no dia seguinte eu teria muitos afazeres.

No dia seguinte eu acordei mais desanimada do que nunca.Era o primeiro dia de aula e eu nunca gostei das voltas às aulas.Lia e Dora não paravam de mandar mensagens pedindo desculpas e dizendo que me pouparia de ouvir suas discussões da próxima vez e eu resolvi aceitar logo o pedido de desculpas antes que elas me enlouquecessem com aquilo.

A empregada disse que Rebekah tinha saído bem cedinho e eu supus que ela não me levaria para a escola naquele dia.Eu sempre pedi para que ela não me fizesse pagar mico e parasse de me levar todos os dias para a escola de carro e que eu já tinha carteira e só faltava o carro.Ela nunca me ouvia e eu bem que gostava daquilo aí de repente ela resolve parar com aquela rotina sem me consultar.Aquilo me deixou triste e feliz ao mesmo tempo eu finalmente teria liberdade e também poderia vir de carona com as meninas.

Me troquei rápido e peguei a minha mochila.Nada mudara na minha escola, a placa que dizia “Scholl High of London” continuava chamando atenção na entrada.Dora não havia chegado e como sempre chegava atrasada eu nem liguei.Lia veio ao meu encontro sorridente.de repente seu sorriso murchou.

—Aconteceu alguma coisa?-perguntei um pouco assustada com a mudança de seu humor.

—Você não ficou sabendo?-perguntou me abraçando para matar a saudade.

—Fiquei sabendo do quê?-perguntei preocupada.

—O pai da Dora morreu.-respondeu e o meu coração gelou na mesma hora.

—Como?Onde ela está?-perguntei.

—Ela não vai vir na aula por causa do enterro.Vai ser no cemitério perto da sua casa, estranho você não saber.

—Como ela está?-perguntei.

—Malzassa.Ela chora o tempo todo e fala que quer ficar sozinha no quarto.Daí se tranca e não fala mais nada.

—Ai meu Deus.Eu vou ver como ela está.-disse me virando rápido mas Lia segurou em meu braço me fazendo voltar a olhá-la.

—Você precisa estudar, o que a sua mãe vai pensar.-respondeu.

—Sabe que a Rebekah não é minha mãe.-disse séria.

—Mas foi ela quem te criou o estranho é você não chamá-la de mãe.

—A Rebekah vai entender o motivo.-disse puxando o meu braço.

—Eu vou contigo.

—Muito bem vamos.-disse e nos direcionamos em direção ao lotus evora azul que Lia ganhara dos pais de presente de aniversário.