Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 54
Capítulo: 53 - XO


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Depois de UBSN receber a décima recomendação, feita pela loka da Nina, eu tive que trazer o último capítulo da fic.
Boa leitura. E vejo vocês nas notinhas finais!



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 Bella

(Abril)

Dois meses se passaram como uma brisa de verão: rápidos, mas ao mesmo tempo bons. Eu continuava a dá as aulas de dança com o Jake no fim das tardes e estudava de manhã. Inclusive, tivemos que abrir uma nova turma de duplas na sexta por conta da procura. Nem preciso dizer que Jake e eu estávamos em polvorosa né?

Falando em Jake... Faz um mês que ele tinha contado que pedira Leah em namoro. Ela aceitou o pedido. Confesso que eu tinha me preocupado um pouco, afinal, Leah vivia viajando por aí e eu não queria que meu amigo sofresse se não desse certo. Porém ele – e ela também, pelo o que pude perceber – pareciam tão empenhados em fazer dá certo que eu coloquei um voto de fé, torcendo para isso. Era evidente que eles se gostavam.

Outro casal formado também foi Bree e Adam, revelando o verdadeiro segredo por trás de tanto grude com o celular que ambos vinham tendo nos últimos tempos. Minha boca quase foi ao chão quando eu os flagrei se beijando em um canto mais escondido da NYU duas semanas atrás. Bree ficou um pouco receosa por mim, não querendo que eu achasse que estava furando meu olho de alguma forma.

— Você está louca? – falara a ela, assim que Adam nos deixou a sós para aquela conversa – Eu estou surpresa, não vou negar, mas ao mesmo tempo estou feliz por vocês. Sério! Tudo o que eu sempre quis foi que Adam encontrasse alguém para ele.

Bree sorriu para mim e me abraçou, murmurando um agradecimento desnecessário. Eles ainda não estavam bem namorando, pelo o que pude compreender, mas não estavam muito distante disso.

E as surpresas não param por aí. Renné tinha aparecido aqui semana passada e para ficar. Ainda lembro-me do susto que tive ao abrir a porta e deparar-me com minha mãe, cheia de malas ao seu lado e um olhar desiludido em seu rosto.

— Não aguento mais Londres, não aguento mais ver o Phil com uma mulher dez anos mais jovem que eu, não aguento mais ficar longe dos meus filhos. Eu simplesmente não aguento mais! – desabafara antes que eu pudesse falar qualquer coisa, em seguida desabando em meus braços em um choro sofrido.

Emmett aparecera na porta, assustado, e ao olhar o estado de Renné não precisou muito para entender o que se passava. Ele a abraçou também, jurando que se visse aquele desgraçado o eliminava.

Ela dividia o quarto comigo, mas eu passava tanto tempo na casa de Edward que o quarto se tornara mais dela do que meu. Renné também estava atrás de um emprego e de um novo lugar para morar, já que não queria ficar dependendo do filho para sempre, apesar do meu irmão não se importar nenhum pouco e pedir para ela ficar.

— Emmett, você vive com Rose agora, estão começando a construir uma vida juntos e quem sabe até me darão um netinho. Não será justo viver em sua cola para sempre, então não fique insistindo. – pedira ela depois de outra conversa com a mesma pauta.

Depois disso, Emmett ficou na sua, mas ainda deixando bem claro que o lar dele sempre seria o dela, o que emocionou minha mãe. Emmett tinha um coração proporcional ao seu tamanho. 

Agora ela estava se ajeitando para irmos à casa do meu namorado visitar as crianças, já que a mesma falara que estava com saudades deles. Era uma boa tarde de sábado, perfeita para curtir o dia ao ar livre e foi com esse pensamento que eu saí do carro do meu irmão, assim que ele o parou em frente à mansão.

— Emm, não saia com a Rose agora de tarde. Estou pensando em algo para fazermos.

— Não tinha planos mesmo, então estarei esperando.

Despedi-me dele com um beijo na bochecha. Renné acenou polidamente, enquanto meu irmão dava a volta para ir embora.

— Apesar de todas as implicâncias da infância, vocês sempre foram bons um para o outro. Fico feliz que tenham trazido isso para a vida adulta. – comentou mamãe quando ficamos a sós.

Entrelacei meu braço ao seu, guiando-nos para os grandes portões de ferro.

— Você e o papai sempre fizeram o melhor para isso. Merecem um pouco de crédito também.

Renné sorriu saudosa, ao se lembrar de Charlie, e beijou os meus cabelos carinhosamente.

Laurent sorriu ao nos ver no portão, todavia percebi também que ele estava surpreso por ver minha mãe ali.

— Boa tarde Bella e... Renné. Não esperava que vê-la tão cedo.

— Mudança de planos. – responde minha mãe simplesmente.

Um tanto intrigada, observei curiosamente enquanto Laurent abria o portão, os olhos querendo ficar fixos em minha mãe, mas receosos por conta da minha presença. Já Renné parecia acanhada com alguma coisa.

Fomos para o interior da casa, ainda de braços entrelaçados, e sem trocar mais nenhuma palavra. Eu não me meteria no que quer que tenha acontecido/acontecendo entre os dois, deixaria que Renné se sentisse livre para me contar se isso fosse do seu desejo.

Ao deparar-me com a sala vazia, segui para o primeiro andar, escutando o som de vozes provindo da brinquedoteca. Animada, caminhei até o cômodo, notando que a porta estava entreaberta. Sem delongas, a escancarei, ganhando pares de olhos assustados.

— Quem aí quer ir ao Luna Park? – perguntei.

As crianças comemoram, enquanto Edward entortou a cabeça para mim. Oh, sinto cheiro de vingança?

***

— Tenho que concordar que essa foi uma ótima ideia! Há quanto tempo eu não venho ao parque? – perguntou Jake, cheio de energia, enquanto tinha óculos de sol em seu rosto e o seu braço jogado sobre os ombros de Leah.

Eu decidi estender a ideia do parque de diversões além de Edward, as crianças e eu. Então cá estávamos na companhia de: Jake, Leah, Rose, Emm, Jazz e Alice. Renné preferiu ficar na mansão, já que rapidamente Anne puxou conversa com ela sobre receitas de doces e ambas ficaram papeando sobre isso.

— Eu lembro que esse foi um dos primeiros cantos que eu arrastei Jazz quando nos conhecemos. – disse Alice, lançando um olhar amoroso para o marido. Jazz beijou a ponta do seu nariz, totalmente envolto na bolha de amor que eles tinham.

— Esse também foi um dos momentos que eu mais paguei de vela na minha vida. Alice e sua vergonha fingida. – resmungou Rose, fazendo com que todos rissem.

Por incrível que pareça, Alice e Rose estavam bem mais casuais do que de costume. A baixinha trajava blusa de alças finas da cor marrom, jeans escuro e rasgado e botas de salto, fechando o look com maquiagem leve, óculos de sol e os cabelos arrumados com cachos volumosos. Rose também tinha um look mais descontraído, formado por uma blusa curta da cor cinza, short cintura alta da cor preta e rasteirinhas brancas, finalizando com cabelos lisos, óculos de sol, chapéu e um batom marrom destacando-lhe os lábios.

— Qual brinquedo vocês querem ir primeiro, amorzinhos? – indaguei, dobrando-me em meus joelhos para olhar melhor as minhas crias.

— Cavalinhooooo! – exclamou Lily, apontando para o carrossel a poucos metros de onde estávamos.

— Eu quero ir ao Cyclone. – retrucou Melanie, apontando para a montanha-russa do lado norte.

— Acho que você não tem idade para ela ainda, tampinha.  – brincou Emmett, bagunçando os cabelos dela.

— Ei! Eu não vou ficar desse tamanho para sempre. – resmungou, fazendo meu irmão rir.

— Nós queremos ir ao tiro ao alvo. – disse Peter, apontando para ele e o irmão.

— Ótimo! Eu também quero ir. Eu sou boa com armas. – disse Alice com uma expressão de gangster.

— Arminhas de água não conta, Alice. – zombou Jake.

— Ei, eu já derrotei você no paintball, menino prodígio. – Alice o relembrou com uma expressão maldosa.

Jake bufou.

— Eu ainda quero revanche desse dia.

— Desista, Black. Sabe que Alice pode ser bem imbatível com uma arma. – Jazz ficou ao lado da esposa.

— Realmente. Se eu não fosse estilista, poderia muito bem ser uma agente do FBI. – disse com arrogância, olhando para as próprias unhas.

— Ok, vamos lá. – Edward se meteu antes que começasse uma briga de egos – Quem quer ir ao tiro ao alvo, forme um grupo – logo, Alice, Jazz, Peter e Liam se uniram – Carrossel. – ele se juntou a mim e a Lily – Outro brinquedo?

— Tem alguns jogos árcades bem legais por aqui. O que acham? – sugeriu Jake, ganhando a aprovação dos que faltavam.

— Legal! Mas depois podemos ir todos na roda-gigante? Eu realmente gosto desse brinquedo também. – pediu Melanie.

— Claro, amorzinho. Nesse acho que todo mundo vai querer ir.

— Aw! Foi lá que Jazz e eu demos o nosso primeiro beijo. – recordou Alice com um suspiro.

— Vamos antes que ela comece a recordar todos os momentos com o Jasper. – sussurrou Edward em meu ouvido.

Eu coloquei a mão na boca, tapando a minha risada, enquanto Edward guiava Lily e eu até os cavalinhos. Nós só tínhamos escolhido esse brinquedo por causa da garotinha. Como tínhamos pegado o ingresso que nos dava liberdade para ir a todos os brinquedos, logo estávamos no carrossel. Edward colocou Lily em um dos cavalinhos e nos posicionamos ao seu lado, sorrindo ao vê-la feliz.

Ao término da vez, nós três nos juntamos aos outros na ala de brinquedos árcades. Emmett xingava uma máquina, enquanto tentava pescar alguma das pelúcias que tinha nela. Rose, ao seu lado, falava palavras de incentivo um pouco altas demais.

— Porra! – gritou, vendo que a sua chance acabara e que ele não conseguira pegar o urso panda.

— Emmett, olhe o palavreado na frente de crianças. – repreendi, apontando para a garotinha nos braços de Edward.

Emmett fez cara de culpado, caminhando até ficar em frente à Lily.

— Princesa, você sabe as regras das palavras feias não é? – arrulhou, passando a mão nos cabelos dela. Lily assentiu – Ótimo. Ela é uma mocinha, Bella. Não falará nada de feio antes da puberdade.

Eu ri enquanto Edward resmungava alguma coisa sobre ‘’tal irmã, tal irmão’’. Juntamo-nos aos outros no tiro ao alvo, percebendo que Jake, Leah e Mel tinham se juntado a comitiva dos que foram para lá.

— A garotinha é fera. – comentou Leah, enquanto observávamos Mel acertar o alvo, rendendo-lhe um urso de pelúcia.

— Isso é chato. – resmungou a garotinha ruiva, pegando o urso das mãos do homem da barraquinha e dando-o a Lily. Minha garotinha abriu um enorme sorriso ao recebê-lo.

— Chato? Eu não consegui acertar uma! – reclamou Jake um tanto dramático demais.

— Isso é porque você não tem a manha, querido. Está no sangue. – se vangloriou Alice, com três brindes em suas mãos.

Ela e Mel trocaram um high-5, bastante satisfeitas com seus ganhos. Além do urso, Mel tinha ganhado alguns doces.

— Onde pretendem ir agora? – questionou Jazz.

— XÍCARA MALUCAAAA!! – gritaram Emm, Alice e Jake, eufóricos.

— SIM! – concordaram Peter e Mel, trocando um cumprimento esquisito.

— Quantos anos vocês têm? – indaguei, olhando assustada para as duas pessoas que se intitulavam adultas.

Minutos depois...

Alice, Emmett e Jake saíram um pouco cambaleantes do brinquedo, rindo de alguma coisa que só eles entendiam. Já Melanie e Peter pareciam um pouco verdes. Nós, que preferimos manter distância de brinquedos que giram demais em um ritmo louco, os observávamos aos risos.

— Eu nunca mais vou nisso de novo. – Peter choramingou.

— E eu acho que vou... – só deu tempo de Melanie enfiar o rosto em uma lixeira, despejando todo o conteúdo do seu estômago nela – Droga! – escutei seu resmungo abafado logo após.

— Uh, acho que vocês podem ir para roda-gigante sem a gente. – avisou Edward, apontando para mim e para os filhos esverdeados.

Eles assentiram, falando que nos encontrariam no mesmo local depois que fossem no brinquedo.

— A gente vai se divertir por vocês, Mel e Peter! – gritou Emmett, sendo arrastado por Rose para que acompanhassem os outros.

— Aqui vende cerveja? Porque eu tenho quase certeza que Emm andou tomando algumas. – comentei com Edward, desviando o olhar de onde eles tinham ido.

— Sabe que seu irmão não precisa de entorpecentes para ser um pouco louco. Isso é algo dos irmãos Swan.

Eu bufei.

— Eu tenho um pouco mais de semancol.

Edward arqueou uma sobrancelha para mim, parecendo incrédulo.

— Bella, você fingiu um desmaio só porque a peguei dançando com as crianças.

Eu gemi um pouco, perguntando outra vez porque tinha aberto a boca para contar aquela história a Edward. Talvez ele a usasse como argumento para o resto da vida.

— Acho que precisamos dá um pouco de água a eles. – desviei do assunto, observando os dois irmãos ainda esverdeados.

Edward riu da minha óbvia desconversa, mas logo me ajudou a levar os dois para uma das barracas de alimentos que tinham por ali. Aproveitei para comprar uma tiara de laço da Minnie da cor rosa que tinha uma luz branca piscando em seu interior. Ofereci uma a Melanie, mas ela não pareceu muito inclinada a ter algo piscando em sua cabeça. Dei de ombros, imaginando que Lily poderia querer uma, então comprei uma para ela também.

Passado o enjoo da dupla da ‘’xícara maluca’’, fomos a outros brinquedos com o pessoal. Saímos dos carrinhos de bate-bate ouvindo vários impropérios da baixinha, depois de Jake, Emm e eu encurralarmos Alice e Jasper com nossas respectivas duplas – que eram Leah, Rose e Mel. Ela buscou vingança, lógico, utilizando-se da ajuda de Edward – que estava em um carrinho com Lily – e de Peter – que estava em um carrinho com Liam —, mas não deu muito certo, afinal, ainda estávamos em maior número.

Enquanto os outros discutiam sobre onde faltava ir, meus olhos vaguearam até se fixar na Wonder Wheel, a incrível roda-gigante de 45 metros do parque. Alice me dissera que lá tinha uma vista maravilhosa da praia, fazendo com que a minha vontade de ir lá crescesse.

— Pessoal. – chamei, interrompendo a discussão deles – Edward e eu estamos indo para a Wonder Wheel. Fiquem de olho nas crianças por alguns minutos.

Não esperei por respostas. Entrelacei minha mão na de Edward, sob o seu olhar surpreso e ao mesmo tempo alegre, guiando-o até o brinquedo clássico.

XO – Beyoncé

Por sorte, o operador estava prestes a iniciar a rodada, dando tempo para que conseguíssemos um lugar no brinquedo.

Quando a roda-gigante começou a fazer o seu percurso, meus olhos se prenderam a Edward. Ele parecia um garotinho indo ao parque pela primeira vez, animado para desfrutar de cada brinquedo brilhante que o local tinha. Seus olhos cintilavam em uma expressão genuinamente inocente. Era uma coisa tão fofa de se ver.

— Você nunca veio a um parque de diversões, né? – perguntei baixinho.

Ele negou com a cabeça, olhando para a praia tão próxima a nós com pessoas que pareciam pequenas aos nossos olhos. Era uma vista magnífica, e eu me peguei com vontade de correr pela areia e sentir as ondas quebrarem em meus pés.

— O único desses brinquedos que eu fui foi a London Eye. Esme levou Alice e eu uma vez. – olhou para mim, entrelaçando nossas mãos – Nossa infância foi mais dedicada aos estudos e todas aquelas coisas de gente rica. Acho que a única que ainda teve um pouco de diversão foi Alice, já que ela teve sua adolescência longe de Londres, de nossa avó e da ocupação de se tornar um administrador no futuro. – suspirou.

Assenti com a cabeça, refletindo sobre as palavras de Edward e me pegando agradecendo pela infância que tive. Brinquei muito pelas ruas molhadas de Forks, tomando muito banho de chuva e fazendo com que minha mãe ficasse louca em dose dupla, já que Emmett sempre estava comigo. Fazíamos bolos de lama, brincávamos com as crianças da rua e aprontávamos tudo o que uma criança podia aprontar. Acho que era dessa forma que a infância deveria ser: feliz e livre de obrigações pesadas demais.

— Isso é triste. Gostaria que tivesse aproveitado mais da sua infância. – sussurrei, encostando minha testa em seu ombro e observando nossas mãos entrelaçadas.

— Eu também, mas não posso dizer que me arrependo muito sobre as coisas que aprendi pelo percurso. Elas fizeram com que eu me tornasse o empresário competente que sou hoje. – dá de ombros – Mas isso não quer dizer que eu queira o mesmo para os meus filhos. Bom, não mais.

— Você faria da infância deles a mesma coisa que fizeram com a sua, não é?

Olhei para cima, vendo Edward assentir um tanto acanhado.

— Era o exemplo que eu tinha, mas não importa agora. – olhou para mim, sorrindo de lado – Eu tive certa pessoa para mostrar o erro que estava cometendo. Sei que com ela iremos fazer um trabalho excelente com os nossos filhos. – passou a mão pelo meu rosto, tirando alguns fios de cabelo que o vento insistia em jogar para os meus olhos e boca – Eu nunca serei grato o suficiente por todas as coisas que fez por mim e pelas crianças, pelo o amor que nos deu isso e por me tirar da redoma que me envolvia, mostrando-me o mundo nas suas mais diferentes cores...

— Edward... – comecei, mas ele me silenciou com um olhar.

— Mas, vamos começar com o que nós temos. E depois, bom – deu de ombros – temos uma longa vida pela frente. – sorriu para mim calorosamente.

Eu sorri também, emocionada, sentindo meu coração expandir-se no familiar calor que sempre me envolvia quando ele estendia as coisas para o futuro, prometendo-me implicitamente que ficaríamos juntos dentro do nosso para sempre. Aproximei-me do seu rosto, roçando meu nariz no seu, fechando os olhos pelo contato. Sem prolongar muito, prendi seu lábio inferior nos meus, iniciando um dos beijos mais doces trocados na história da humanidade.

O seu amor brilha como sempre

Até mesmo nas sombras

Querido, me beije

Antes que apaguem as luzes

XO Beyoncé

***

A incrível Cyclone foi o último brinquedo que fomos. Quer dizer, as crianças ficaram de fora, já que eles não tinham altura o suficiente para isso. Melanie ficou bastante chateada, mas não tinha muito a ser feito.

— Acho que vou ficar aqui com ela. – falara Jake, olhando espantado para as curvas que o brinquedo dava e os gritos que saiam das pessoas que estavam nele.

— Deixa de ser mole, Black. É só uma montanha-russazinha. – debochou Emm com um sorrisinho maldoso – O que são duas voltas de 360º?

Rose o cutucou, falando para não desestimulá-lo, mas ao mesmo tempo ria do terror idiota que o namorado plantava. No fim, Jazz e Emm empurraram o moreno para o brinquedo e quando ele foi ver já era tarde demais. Como eu estava no carrinho atrás de Jake, escutei todo o seu desespero sem conseguir conter a gargalhada. Meu maxilar e barriga doeram de tanto rir.

Leah até que tentou acalmar o namorado, mas meu irmão parecia instigado em gritar algumas coisas como ‘’a gente vai cair’’ nas curvas, fazendo Jake berrar ainda mais. Alice, Jazz e Rose também riam abertamente, sem se preocupar com o sofrimento alheio.

— JAKE! EU JURO QUE VI UMA LUZ BRANCA AGORA. ACHO QUE ESSE NÃO É UM BOM SINAL! – berrou Emmett, plantando o terror.

— HAHAHAHA. ESSA FOI ÓTIMA EMM! – elogiou Alice do vagão atrás do qual eu estava.

— SOCORRO! EU ODEIO VOCÊS! AAAAAH.

— Vocês são loucos! – gritara Edward para mim.

E o que eu fiz? Ri ainda mais.

Ao final do nosso passeio divertido, até as crianças zombaram do pobre Jake, que se entupia de algodão-doce, resmungando coisas que não consegui compreender. Leah, apesar de rir eventualmente de algumas coisas, estava ao lado de Jake, passando a mão por suas costas e beijando esporadicamente os seus lábios. Meu amigo parecia apreciar isso, falando que a namorada era a única pessoa que prestava entre nós. Eu me limitei a observá-los, alegre por ver o sentimento que nutriam pelo outro exposto através dos gestos.

***

(Julho)

Cantarolando uma música na qual eu não me recordava o nome, eu entrei na cozinha na manhã ensolarada de domingo. Eu estava tentando não pensar que em poucas horas eu teria que me despedir de Jessica e Pietro.

O casal mais louco de todos os tempos tinha anunciado sua partida para Itália na última semana de junho, fazendo com que Anne, Bree e eu – as pessoas mais próximas a eles – perguntasse o porquê disso. Ao que parece, o italiano tem uma família de boa renda na Itália, donos de um restaurante, e agora que seu pai estava doente, Pietro, como o filho mais velho de três irmãos, tinha que assumir o posto. Claro que ele não deixaria Jess para trás, então a chamou para ir junto com ele. Animada por finalmente colocar os pés para fora dos Estados Unidos, Jess aceitou, impondo uma única condição: eles teriam que se casar. Ela foi automaticamente acatada por Pietro, que já pensava nisso.

— Eu vou convidar vocês para o meu casamento e sei que poderão ir, porque o namorado da nossa amiga aqui – Jess puxara-me pelos ombros para perto de si – É montado na grana e tem um jatinho a disposição.

— Jess! – exclamara ao mesmo tempo em que rira.

Ela continuou a tagarelar mais sobre o seu futuro casamento, enquanto eu me aproximava de Anne outra vez.

— Eu nem quero pensar sobre esses dois na Itália. – sussurrara Anne para mim, observando o casal a nossa frente, que brigava sobre o tipo de comida que iam oferecer em sua festa. Ao que parece, Jess não queria comida italiana.

— Eu só espero que eles não sejam presos. – retrucara, rindo baixinho e sendo acompanhada por ela.

Sorri ao lembrar-me dos meus amigos, sentindo uma saudade prematura deles. Quem me faria rir e passar vergonha por conta das abobrinhas que soltava? Quem continuaria a me ensinar como cuidar do canteiro de tulipas da mansão? Eu sabia que um pedacinho meu estava indo para a Itália junto com eles.

Um gemido quebrou minha linha de pensamentos e eu olhei com mais atenção para o cômodo no qual eu estava. Rose estava ali com um rosto pálido demais deitado sobre o balcão. Ela não parecia saudável.

— O que foi, Rose? – perguntei, aproximando-me dela.

Só estávamos nós duas em casa, já que Emmett saíra para uma audiência que tinha sido marcada para hoje e mamãe foi ao Central Park com o Laurent. Ainda era estranho – e fofo – pensar que os dois estão começando a ter algum tipo de envolvimento. Eles estavam naquele processo de ‘’se conhecer melhor’’, mas eu torcia muito para que eles dessem certo. Mamãe não precisava de mais um merda em sua vida. Precisava de alguém que acrescentasse.

— Eu queria muito comer, mas nada para em meu estômago. – sussurrou com a voz fragilizada.

Ela parecia mesmo péssima. Estava vestindo uma blusa de Emmett e short de malha, seus cabelos bagunçados amarrados em um coque torto. Nunca vira Rose tão desarrumada. Mas ainda assim ela parecia bonita, como se tivesse um brilho estranho ao seu redor.

— Será que você comeu algo estragado? – questionei, aproximando-me dela e passando a mão por seus cabelos.

— Eu não sei. A última coisa que eu comi foi seu frango ontem. – semicerrou os olhos para mim – Você comprou frango podre outra vez, Isabella?

— Hey! Aquilo foi só uma vez. – me defendi, lembrando do fatídico dia que eu incendiara o apartamento com o odor do frango.

Rose riu fraquinho, mas logo sua expressão mudou. Ela parecia que ia vomitar outra vez.

— Não... – choramingou, correndo em disparada pela cozinha.

Ficando realmente preocupada, a segui, observando-a despejar o que nem tinha mais o seu estômago para fora.

— O que acha de irmos ao médico?

Ela balançou a cabeça, a mesma quase enfiada na privada.

— Isso vai passar. É só um mal-estar passageiro.

— Tem certeza? – insisti.

— Absoluta. – levantou a cabeça, lançando um sorriso débil para mim – Você não tinha que se despedir dos seus amigos hoje? – levantou-se do chão, indo lavar as mãos na pia – Argh! Estou horrível. – balbuciou ao encarar o seu reflexo no espelho que tinha ali.

— Tenho, mas... E você? Não posso deixá-la sozinha, Rose. Acho que vou ligar para mamãe, ou Alice... – divaguei, pegando o celular em meu bolso.

— Não precisa. – falou rápido demais, parando em minha frente. Parei com o movimento que meus dedos faziam sobre a tela do aparelho, olhando inquisitivamente para ela — Eu ficarei bem sozinha. Só preciso de um antiácido e a minha cama.

— Prometa-me que se piorar, ligará para alguém, sim? – pedi, olhando bem em seus olhos.

Rose assente, dando uma tapinha de leve em meu traseiro.

— Suma daqui, Bella.

***

Com os olhos marejados, observava Bree e Jessica abraçadas, chorando e falando algo uma para outra, logo após de Jess ter feito a mesma coisa com Anne.

Quando elas se soltaram e Jess olhou para mim com os olhos castanho-claros vermelhos por conta do choro, eu não consegui me segurar. Abracei-a apertadamente, debulhando-me em lágrimas, causando uma nova rodada de água salgada nela também.

— O que vai ser de você sem mim, hein, Bella? Quem é que vai te levar para as festinhas? Quem é que vai ter o prazer de escutar todas as minhas coisas? – perguntava entre soluços, e eu ri um pouco pela sua falta de modéstia – Eu realmente amo você, branquela, e já disse ao seu namorado para que cuidasse bem de você, senão eu viria da Itália chutar a sua bunda. Faça muito sexo com o seu homem e, por favor, arrume um bebê para você ter uma vida de rainha pelo resto da vida.

— Jess! – a repreendi risonha, enquanto ela revirar os olhos.

— Eu também quero ver uma mistura de vocês projetada em um bebê, ok? Algo me diz que será uma coisinha lindinha.

Eu a apertei ainda mais contra mim.

— Eu também te amo, Jess, exatamente do jeito louquinho que você é. Eu vou sentir saudades de vocês todos os dias e vou deixá-la saber se Edward for um cretino. – sorri em meio às lágrimas, afastando-me para ver o seu rosto.

— Você está horrível! – exclamou para mim.

— Você também não está na melhor das aparências, Stanley.

Rimos juntas.

— Querida, estaremos decolando em dieci minutos. – avisou Pietro.

Ela assentiu com a cabeça, abraçando-me pela última vez. Dei um abraço em Pietro também, e fiquei ao lado de Anne e Bree, vendo ambos se afastarem, rumo à nova vida que tinham pela frente.

***

Voltei ao apartamento do meu irmão por volta das cinco da tarde, depois de ter ido com as meninas andar um pouco pelo o Central Park. Anne estava nos contando que Edward arranjaria outra pessoa para auxiliá-la nos afazeres domésticos, já que Jessica tinha ido para a Itália e Bree estava indo para o estágio no próximo mês.

Aproveitei para ligar para Rose também, escutando o seu tom apático me falar que estava bem. Sendo povoada pela preocupação outra vez, despedi-me das meninas e peguei um táxi.

Abri a porta do meu apartamento, vendo que nem minha mãe, nem Emmett tinham chegado dado ao silêncio do local.

— Rose?

Como não obtive resposta, caminho para o corredor, notando a luz acessa do quarto em que ela e Emmett dividiam. A porta estava escorada, então apenas a empurrei um pouco, vendo Rose sentada no meio da cama com as pernas cruzadas. Ela estava dentro de outras roupas e tinha um aspecto melhor em seu rosto. Tinha a testa franzida e o olhar fora de foco.

— Rose? – chamei outra vez.

Ela piscou os olhos rapidamente, sendo surpreendida pela minha voz. Assim que me reconheceu, praticamente saltou da cama, parando em minha frente com uma rapidez surpreendente.

— Preciso que faça algo para mim.

***

Aflitas e ansiosas, Rose e eu olhávamos para os cinco palitinhos espalhados sobre a pia do banheiro do meu quarto. Eu quis me bater um pouco por não ter cogitado essa ideia antes, mas como eu poderia adivinhar?

— Já são cinco minutos? – sussurrou para mim, os olhos fixos na pia.

— Eu coloquei o celular para despertar. Tenha calma. – murmurei mais para mim do que para ela.

Ficamos cerca de mais um minuto naquela espera angustiante, até o celular em meu bolso vibrar, causando um pequeno susto em nós.

— Vai você. – me empurrou em direção aos os palitinhos.

— Eu já comprei! Porque você não checa? – retruco, empurrando-a na mesma direção que ela havia me empurrado.

— Porque você vai lidar melhor com isso. Anda, Bella.

Sem alternativas, aproximei-me dos palitos, finos, mas ao mesmo tempo com a carga de ter decisões sobre o futuro. Peguei os cinco, checando todos os resultados que eles mostravam. Os dois traçinhos eram unânimes.

— Eu vou ser tia. – balbuciei ainda perdida na novidade daquele fato.

— Eu vou ser mãe? – Rose questionou com a voz esganiçada.

Eu olhei para ela, assentindo com a cabeça, sem conseguir dizer uma única palavra. Rose passou cerca de cinco segundos com o olhar preso no nada, até olhar para mim outra vez. Nós duas tivemos reações iguais: gritamos loucamente, felizes, chocando-nos em um abraço.

— EU VOU SER MÃE! – berrou com convicção, enquanto dávamos pulinhos agarradas uma na outra.

— O que? – um sussurro fraco chegou aos nossos ouvidos, fazendo com que nos soltássemos.

Na porta do banheiro estava Emmett. Ele olhava para gente, um tanto incrédulo, mas assim que os seus olhos se focaram nos palitos em minhas mãos, não deu outra: meu irmão desmaiou.

***

— Ai! Eu ainda não acredito que serei avó! Eu disse que conseguiria um netinho em breve e consegui! Quer dizer, agora eu vou ganhar um quinto netinho, já que Bella me presenteou com quatro, mas ter algo vindo de Emmett é maravilhoso e eu acho que... – mamãe saiu tagarelando da sala, totalmente animada sobre o acréscimo na família. Digamos que Emmett não fora o único ao ouvir a minha pequena comemoração com Rose.

Falando em Emmett... Ele agora bebia um copo de água, trazido por Rose, logo depois de voltar à ativa. Ele não tinha falado mais nada, possuía apenas um olhar fora de foco, o que estava preocupando a loira imensamente.

— Emm, eu sei que um bebê não estava nos nossos planos, mas acabou acontecendo. Você sabe, eu andei doente no mês passado e antibióticos podem cortar o efeito do remédio, sem contar que nenhum tipo de contraceptivo é 100% eficaz, e não usamos mais camisinha faz um tempo e... – Emmett colocou um dedo em sua boca, fazendo com que Rose se calasse automaticamente.

Eu, a curiosa, estava sentada no chão da sala, apenas observando o mais novo casal de papais.

— Querida, não precisa se desculpar por isso. Esse bebezinho – colocou uma mão na barriga da cunhada – Não foi parar aí sozinho. Nós fizemos juntos, criaremos juntos e amaremos juntos. Pode não ter sido planejado, mas já é nosso não é? – ela assentiu com os olhos marejados.

E, digno de cena de filme, eles trocaram um abraço tão carinhoso que se tornou mais íntimo do que o ato de beijar. Um soluço foi dado e dois pares de olhos correram para mim. E só aí percebi que eu estava chorando.

— O que foi? – resmunguei, passando a mão por debaixo dos olhos – Vocês são fofos, ok?

Eles riram suavemente, trocando olhares amorosos entre si. Renné voltou à sala minutos depois, carregando um macacão amarelo com patinhas de cachorro pela sua extensão.

— Era de Emmett, mas ele nunca chegou a usar porque era um bebê grande demais para caber nele. – explicou, colocando a roupinha no colo de Rose, que deixou algumas lágrimas escapar dos olhos.

— A senhora ainda tem roupas de quando eu era um bebê? – Emmett questionou incrédulo.

— Claro. – mamãe deu de ombros – Adoro pegá-las e lembrar-me de como você era um bebê gorducho. – apertou a bochecha dele. Emm fez careta — As de Bella também são nostálgicas. Ela ficava linda com estampa florida. – olhou amorosamente para mim.

— Eu sempre fiquei. – me vangloriei.

— Oh, é tão fofo! – fungou, beijando a bochecha de Renné, arregalando os olhos em seguida – Mas e se eu não estiver grávida? Esses testes podem ser falhos.

Renné sorriu para ela, afagando-lhe o rosto.

— Você brilha, querida. Quer sinal mais claro que esse?

***

Ficamos mais um tempo na sala falando sobre bebês, mamãe contando sobre as duas gravidezes que tivera e como a maternidade tinha o seu lado bom e ruim. Rose aproveitara também para ligar para os seus pais, irmão e cunhada, a última surtando mais do que nunca – o que era esperado. Quando Rose terminou de ligar para Jazz e Alice, lembrou-se que nós teríamos um jantar beneficente hoje. Fiquei tão absorta com a ida de Jess e a descoberta da gravidez de Rose que eu tinha me esquecido daquele detalhe.

Edward me convidara, na semana passada, para acompanhá-lo em um jantar beneficente realizado todo mês de julho por sua empresa. Era uma forma de reunir fundos dos mais afortunados para os menos afortunados, através de um leilão e de doações solidárias. Jasper e Alice também iriam a esse evento, já que o escritório de advocacia do loiro tinha vínculo com a empresa de Edward – pelo o que eu soube o pessoal de lá juntou uma generosa quantia para doação. Apesar de o meu namorado ter convidado a minha mãe, ela declinou o convite delicadamente, pois tinha outros planos para noite.

— Tem certeza que você está bem para ir? – questionei a Rose, observando-a montar, através do espelho, um coque desfiado em meu cabelo.

— Sim. Qualquer coisa, Emm e eu voltamos mais cedo. Eu comprei um belo vestido e preciso usá-lo. – sorriu para mim. Realmente ela tinha. Alice, praticamente, nos arrastou ontem para a loja de um dos seus estilistas favoritos.

Depois de cerca de uma hora e meia estávamos devidamente prontas. Eu trajava um longo vestido que começava rosa, terminava com um lindo tom de vermelho e tinha pequenas flores em azul. A saia era levemente rodada e o busto não possuía decotes. A sandália tinha um salto fino e era adornada por fitas prateadas. Minha maquiagem era leve, apenas com um grande enfoque para a minha boca em um tom profundo de rosa. Já Rose estava magnífica com um vestido longo azul-céu, com saia esvoaçante e busto brilhoso. Os cabelos loiros presos em um coque elegante e a maquiagem apenas realçando sua beleza natural.

— Olha se não são as garotas mais lindas do universo. – elogiou Emmett assim que nós chegamos à sala.

— Você também parece maravilhoso nesse smoking, maninho. – pisquei para ele.

Ele ajeitou a paleta do smoking, sorrindo de forma esnobe.

— Sou maravilhoso.

— Meu cara convencido. – murmurou Rose, beijando levemente os lábios do meu irmão para não borrar o batom.

— O cabelo de fogo está nos esperando lá embaixo. Ele nos ofereceu uma carona e eu aceitei, já que pretendo beber um champanhe pelo menos. – Emm deu de ombros.

Eu passei por ele, batendo em seu ombro. Com Emm e Rose ao meu encalço, nós pegamos o elevador para o térreo, encontrando Edward escorado no portão de ferro preto do prédio. Ele estava absurdamente sexy dentro do smoking que usava, fazendo-me querer vê-lo com aqueles trajes todos os dias. Assim que ele me viu, ajeitou sua postura, fitando-me com aparente admiração.

— Uau! Você está... Linda. Encantadoramente linda. – falou, pegando a minha mão para que eu girasse.

Eu soltei uma risada tímida, sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Alice disse que esse vestido era a minha cara assim que nós entramos na loja de seu estilista preferido.

— E ela teve toda razão. – intrometeu-se Rose, piscando para mim.

— Oh, e você é a nova mamãe, hm? – sorriu para ela.

Rose abriu um sorrisão, levando sua mão livre para sua barriga. Meu namorado se afastou de mim para parabenizar e desejar sorte para os futuros papais.

Logo estávamos indo para o local do evento, um enorme salão de festas no centro da cidade, fazendo com que o frio em minha barriga se iniciasse. Esse seria o primeiro evento que eu iria com Edward e lugar estaria cheio de fotógrafos que teriam nossas fotos estampadas em revistas e jornais no dia seguinte.

Senti Edward apertar sua mão na minha, provavelmente sentindo a tensão que eu exalava.

— Relaxe. – murmurou ele.

E então saímos para o mar de flashes, olhares e perguntas que nos cercaram. Ignorei todas elas, tentando me manter firme em cima do salto enquanto apertava a mão de Edward na minha. Andamos para o tapete vermelho – uma coisa que eu achei meio idiota – e lá o lugar estava mais tranquilo, já que só possuía os fotógrafos contratados e era dentro do salão.

— Oh, meu Deus! Vocês estão magníficas! – exclamou Alice euforicamente. Ela trajava um vestido branco esvoaçante com o busto cravejado de pedras brilhantes.

— Você também está magnífica. – a elogiei quando ela me puxou para um abraço.

Logo ela puxou Rose pelo braço, pedindo para ela contar nos mínimos detalhes como descobriu que estava grávida, fazendo drama por não termos a chamado para participar da ‘’festa’’. Edward aproveitou a deixa para ir me apresentar a alguns convidados, alegando que sua irmã provavelmente queria me monopolizar a noite toda.

Acabei conhecendo algumas pessoas agradáveis, que realmente fazia gosto de manter um diálogo, e pessoas desagradáveis também, que só estavam ali porque participar de eventos beneficentes ‘’elevava o status’’. Um verdadeiro poço de futilidade.

Também não pude deixar de reparar o quão ansioso Edward parecia naquela noite, bebendo taças de champanhe de forma exagerada e recebendo olhares sugestivos de sua irmã.

— Você está bem? – questionei para ele, assim que o jantar terminou de ser servido.

— Claro, claro. – concordou rápido demais.

Semicerrei os olhos.

— Edward.

Ele apenas sorriu.

Edward

Bella e eu conversávamos sobre muitas coisas desde que nos entendemos. Passamos a conhecer melhor os gostos um do outro, as manias, os pontos fracos, as músicas favoritas, as comidas, enfim, passamos a nos conhecer. Cada dia que passava, eu me descobria mais apaixonado pela aquela incrível mulher, questionando-me sobre o que eu tinha feito de bom para o mundo me recompensar de forma tão generosa. Eu nunca pensara que podia amar tão intensamente alguém fora da minha família, então ela chegou, rompendo as barreiras cinza do meu ser com a energia vibrante que emanava de sua alma.

Então, eu decidi que não poderia esperar mais. Queria Bella em minha vida de todas as formas, e mesmo que só tivéssemos um pouco mais de sete meses de relacionamento, eu não tinha mais dúvidas: eu casaria com ela se assim ela aceitasse o meu pedido. O anel de noivado – escolhido com a ajuda de Alice, que quase me deixou surdo quando a convidei para essa missão – pesava em meu bolso, enquanto eu tentava distrair minha mente com a música baixa que tocava no carro.

Abstendo-me do leilão esse ano, eu resolvi trazer Bella para minha casa, a fim de fazer o pedido com o mesmo cenário do nosso primeiro beijo: noite de verão com estrelas e um belo vinho nos fazendo companhia. Sorri de lado ao lembrar-me dele e do formigamento incrível que meus lábios sentiram ao encostar-se aos dela. Recordo-me de ter pensado que eles eram o paraíso na terra.

— Você parece tão pensativo. – sussurrou assim que eu voltei da adega. Tinha ido pegar a garrafa de vinho e as taças enquanto ela esperava na área da piscina – O que pensa tanto?

— Em coisas. – fui sucinto, entregando-lhe uma das taças que eu carregava.

Ela suspirou, desviando o olhar do meu. Abri o vinho, despejando um pouco do conteúdo em nossas taças, correndo o risco de errar o lugar por causa dos meus olhos que insistiram em ficar presos nela.

— Tudo bem? – perguntei, sentindo o nervosismo crescer em mim.

— Você vai terminar comigo por um acaso? – questionou com a voz levemente entrecortada.

Meus olhos se arregalaram automaticamente.

— O que? Não! – disse de forma quase histérica.

— E porque tá todo estranho? – indagou, lançando os olhos para mim.

Eles eram raivosos, mas também possuíam lágrimas contidas. Merda! Será que eu não podia fazer nada direito?

— Bella, eu amo você. Qual parte disso você ainda não compreendeu? – a olhei meio desesperado.

— E o que é então? – resmungou, cruzando os braços.

Coloquei a garrafa de vinho no chão para poder passar a mão em meus cabelos, totalmente perdido em como tirar da cabeça dela aquela conclusão maluca.

— Venha. Vamos nos sentar na beira da piscina. – a chamei.

— Vai molhar o meu vestido.

— Foda-se o vestido. Eu quero apenas curtir a noite com você. – sorri torto.

Aquilo pareceu amolecer um pouco Bella, pois ela sorriu levemente e me seguiu até a beira da piscina. Ela tirou os saltos que usava, jogando-os para o lado e enfiou os pés na água propositalmente quente. Ao sentir isso, Bella fechou os olhos com um gemido. Eu engoli em seco, tentando tirar minha mente da sarjeta. Tirei meus sapatos também e me juntei a ela na água.

— Sabe o que isso lembra? – falou, tomando um gole de vinho e deixando a taça ao seu lado logo em seguida – A noite em que nos beijamos.

Eu sorri feliz pela lembrança que me inspirara para aquela noite.

— Eu te joguei na piscina, nós corremos pelo jardim e você aproveitou para me atacar, não resistindo a minha gostosura. – sorri convencidamente para ela.

Bella riu, jogando-se no chão.

— Foi você quem me atacou! Eu era apenas uma moça desastrada e acabei tendo a boca beijada pelo cara mais convencido do planeta terra! – zombou.

Eu sorri maliciosamente para ela, deixando minha taça de vinho de lado. Sem avisos, coloquei-me sobre seu corpo esguio, pegando-a completamente de surpresa.

— Acho que no meio disso tinha uma cena dessas também. – disse inocentemente, vendo com prazer sua respiração ficar irregular.

— É. Talvez tenha tido. – murmurou, seus olhos vagando dos meus olhos para a minha boca. Eu sei o que ela esperava, mas agora eu tinha outros planos.

— E eu me lembro de não conseguir tirar essa imagem da minha cabeça por um bom tempo. Você era tão angelical e... Inalcançável. – soprei em seu rosto, vendo-a fechar os olhos – Eu tinha medo do que eu poderia sentir com aquilo, tinha medo de estragar a amizade que começávamos a ter, então tentei a todo custo te tirar da minha cabeça, sendo inocente o suficiente para não perceber que já era tarde demais. – beijei seu queixo, vendo as suas pálpebras tremularem com a carícia – E depois do que parecerem séculos, nós finalmente estamos juntos e hoje eu me sinto preparado para dá um novo passo em nosso relacionamento. – os seus olhos se abriram automaticamente, enquanto eu me levantava.

Ajoelhei-me à sua frente no mesmo tempo em que ela sentava, olhando para mim com os olhos arregalados.

— Isabella Marie Swan, você me daria à extraordinária honra de se casar comigo? – tirei a caixinha do meu bolso, revelando para ela o anel que tinha em seu interior.

Bella levou as mãos à boca olhando de forma chocada para o anel.

— Isso é sério? – questionou com a voz abafada.

— Acha que estou brincando? – devolvi com uma pergunta, balançando um pouco a caixinha em minhas mãos.

Ela riu. Uma grande risada alegre.

— Edward, eu aceito casar-me com você! – exclamou entusiasmadamente – Oh, sim, isso parece ótimo.

Com uma satisfação que provavelmente gritava por cada poro do meu corpo, eu escorreguei o anel pelo seu anelar direito. Bella olhou a joia por cerca de dois segundos, balbuciando algo como ‘’lindo’’, e depois se jogou em cima de mim com avidez. Isso fez com que eu me desequilibrasse e nós acabamos por cair na piscina.

Submergimos segundos depois, rindo do ocorrido. Puxei-a para os meus braços, observando o seu rosto com atenção, querendo gravar cada pedaço daquela imagem. O sorriso largo dominava o seu rosto e alguns fios de cabelo molhado grudados pelo seu rosto, enquanto sua pele era banhada pela luz da lua.

Minha noiva era deslumbrante. E mais deslumbrante ainda era denominá-la como noiva.


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Notas finais do capítulo

Penúltima notinha, ok, vamos por partes:

1º: GENTE! Eu amei escrever essa parte do parque. Primeiro eu pensei em fazer algo só Bella, Edward e as crianças, mas levada pelo sentimento de despedida e amizade, eu decidi juntar a galera toda e tenho que dizer que adorei o resultado. Inclusive, o Luna Park existe (quem quiser saber um pouco mais, coletei infos daqui: http://www.dicasnewyork.com.br/2014/05/o-parque-de-coney-island-em-nova-york.html) e eu li o clipe da beyoncé foi feito lá - ele me inspirou para cena beward ♥.

2º: Acho que todo mundo aqui estava apostando em Bree e Adam, e vocês acertaram bastante. E quem queria um novo amo para Renné - e apostou no Laurent - cá está para vocês também :D.

3º: Sim, Rose e Emmett vão ter um bebê primeiro do que Bella e Edward - afinal, eles já têm quatro - mas isso não quer dizer que o casal magia não terá algo que os ligue pela genética também, aguardem o epílogo #spoiler. Bendita boca de Renné :p.

4º: E por último, mas não menos importante, PEDIDO DE CASAMENTO BEWARD! E não seria a Bella se não acontecesse algo, tipo, se alegrar tanto ao ponto de cair na piscina c:

Depois de todo esse falatório, abro para vocês virem falar nos comentários também :D! Venham me dizer o que acharam do último capítulo.
O epílogo sairá em breve, ainda essa semana. Eu já comecei a escrevê-lo e já adianto que ele vai ser todinho narrado pelo Edward, que vão se passar alguns anos e alguém estará indo ''embora''... Enfim, chega de spoiler.
MEGA BEIJO E ATÉ O EPÍLOGO!



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