Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 52
Capítulo: 51 - Mãe


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Cheguei com mais um capítulo para vocês e vou logo avisando: não me responsabilizo por eventuais lágrimas XD.
Boa Leitura!



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 Edward

Tinha quase certeza que minha expressão se assemelhara a de Alice quando eu escutei a frase ‘’Angeline está aqui’’ sair de sua boca. Como aquilo era possível? Era algum tipo de piada idiota da minha irmã? Porque não fazia sentido nenhum!

— Alice... Eu não estou entendendo. Você está falando que a mãe de Peter, Liam e Lily está aqui? – questiono outra vez.

— Eu sei que parece surreal. Eu mesma não acreditei quando Laurent me falou pelo interfone, mas eu a vi Edward. Ela está no portão querendo entrar.

Olhei para Bella ao meu lado, notando os vincos fundos de sua testa enquanto fitava o chão abaixo de si. Percebendo o meu olhar, ela subiu os olhos para mim. O medo estava estampado neles.

— Eu vou verificar isto, ok? Fiquem aqui e deixe as crianças o mais longe possível da casa, por favor. – peço, lançando o meu olhar de Bella para Alice.

Minha irmã é a única a assentir, enquanto Bella ainda parece perdida em seus próprios pensamentos.

De forma tranquila, para não roubar nenhum tipo de atenção, caminhei até a entrada da mansão, encontrando uma mulher de longos cabelos negros de costas. Assim que ela escuta o som de passos, vira-se abruptamente, e então eu reconheço o par de olhos azuis.

Era Angeline.

Depois de seis anos Angeline voltara para aquela casa.

— O que você quer aqui? – minha voz sai mais grossa do que eu pretendia.

Ela, surpreendentemente, sorri para mim. Um sorriso fraco, mas ainda assim um sorriso. Ela aparentava uma expressão cansada também e parecia mais magra.

— Edward! Uau. – solta, olhando-me de cima abaixo – Você continua ótimo. Os anos fez-lhe bem.

Arqueei uma sobrancelha, desacreditado.

— Não acredito que voltou depois de seis anos para manter uma conversa casual, Angeline. Não tem sentido! – minha voz subiu algumas oitavas e eu respirei fundo. Tudo o que eu menos queria era chamar atenção.

Um vestígio de dor atravessa seu olhar rapidamente, porém ela pigarreia, voltando para a expressão tranquila de anteriormente.

— Será que podemos conversar?

Ri incredulamente.

— Agora você quer conversar? Não pensou nisso quando partiu, deixando-me com dois recém-nascidos e duas crianças pequenas! – esbravejei aos sussurros – Eu não quero nenhum tipo de conversa, Angeline. No momento estou ocupando festejando mais um ano de vida de dois dos três filhos que você abandonou. – cuspi sem dó.

Dei as costas, pronto para ordenar aos seguranças que a tirassem a força dali, caso ela não quisesse por espontânea vontade, quando a frase que sai da sua boca me faz parar.

— Eu estou morrendo.

Volto meu olhar para trás, chocado. O olhar azul dela está cheio de lágrimas contidas.

— O que?

— Eu estou morrendo. – balbucia outra vez – Me escute, por favor.

Sem dizer mais nada, autorizo a entrada dela na mansão e a guio para dentro da forma mais discreta que consigo. Angelina olhou para onde a festa ocorria, soltando um suspiro por fim. Levo-a até o meu escritório, fechando a porta atrás de mim para que ninguém viesse incomodar.

— Agora pode contar essa história direito. – falei, cruzando os braços e encostando-me em minha escrivaninha.

— Há poucos meses descobri que estou com leucemia e que eu não tenho mais tanto tempo de vida.

— E então pesou a consciência? – arqueei uma sobrancelha, soando irônico.

— Edward, por favor. – sussurrou com a voz quebrada.

Suspirei, notando que tinha soado rude demais.

— Ok. Desculpe-me. Continue, por favor.

— Minha consciência realmente pesou, eu não posso discordar de você. Quando sabemos que estamos prestes a morrer, parece que um filme de tudo o que você já fez na vida passa pela sua cabeça. – olhou para as próprias mãos – Eu sei que eu não sou um exemplo de mãe, que larguei meus filhos sem pensar duas vezes para viver um amor, mas isso não indica que eu os odeie, Edward. – subiu o olhar para mim e eu notei que duas lágrimas tinham escorrido pelo seu rosto – Eu era jovem, tinha a cabeça nas nuvens e queria apenas curtir com Rick, sem ter que cuidar de crianças.

— E porque voltou, Angeline? Para fazê-los sofrer outra vez?

Ela nega rapidamente com a cabeça.

— Eu só queria me despedir deles, ver como estão, não precisa me identificar, aposto que Melanie e Peter não se lembram de mim, e Lilian e Liam nem sabem quem eu sou. – fungou, enxugando mais algumas lágrimas que escorreram pelo seu rosto – Sei que você e sua atual namorada devem está fazendo um belo trabalho e...

— Como sabe que eu tenho uma namorada? – a interrompi, realmente intrigado.

Angeline abriu sua bolsa, retirando uma revista de lá e entregando-a a mim. Pego o maço de papéis de suas mãos e meus olhos se prendem a uma foto na lateral da página. Éramos Bella e eu, trocando um singelo selinho em meio à pista de patinação, totalmente alheios ao clique. Porém o que me incomodou foi à seguinte legenda: Empresário Edward Cullen assume o namoro com a ex-babá, Isabella Swan.

Malditas revistas de fofocas! Bufo, largando-a em cima do sofá.

— Aí também fala sobre o seu noivado com uma moça chamada Tanya Denali e que a mesma veio a falecer depois de ter sequestrado Melanie. Andei lendo sobre você antes de voltar para cá. – dá de ombros como se não fosse nada demais – Tem mais algumas fotos na matéria que fizeram... – pega a revista novamente, abrindo em uma parte específica e mostrando algumas fotos, agora de Bella e eu juntos com as crianças – E eu me senti feliz com elas. As crianças parecem está em boas mãos.

— Bella as ama. – murmurei ainda perdido no mural de fotos.

— Dado aos sorrisos deles, eu não duvido. – sorri de lado, fechando a revista e colocando-a em sua bolsa outra vez – Então, deixe-me vê-los pela última vez, Edward, e juro que nunca mais aparecerei aqui. Pode dizer que sou uma prima distante, ou qualquer outra coisa, só não me prive da vontade de dá um último beijo em meus filhos.

— Por isso o cabelo preto? Para não ser reconhecida? – apontei para os fios escuros.

Ela tocou no cabelo em uma ação involuntária.

— Na verdade, isto é uma peruca. Meus cabelos estão ralos demais para aparecerem. – sorriu tristemente e eu engoli em seco, sendo realmente tomado pelo peso de seu estado. Angeline estava indo embora outra vez, só que agora de forma definitiva.

— Você será a nossa prima Andy que mora no Alasca e que não pode ficar por muito tempo. – ela assente, sem objeções — A propósito, está sozinha aqui?

— Não. Estou em um hotel com o meu marido. Ele não veio.

Assenti com a cabeça.

— Vamos.

***

Ao chegarmos à porta da frente, encontramos Bella com os braços cruzados e o olhar mais sério que eu já vi nos olhos castanhos. Nem a áurea de garota fofa que pairava sobre ela por conta de suas vestes tirava a seriedade de sua expressão. Ela estava em seu estado mãe-alfa.

Angeline percebeu isso e engoliu em seco, cabendo a eu tomar as rédeas da situação.

— Querida, pode ficar tranquila. Angeline não está aqui para fazer nada de ruim. – murmurei, lançando um olhar para Angeline.

Ela assentiu com a cabeça rapidamente.

— Eu só quero dá um último oi para eles. Nem saberão quem sou eu.

Bella caminhou com passos firmes até está de frente para Angeline.

— Eu não sei por que raio você voltou para esta casa, Angeline, mas se você fizer um deles chorar, o problema automaticamente passa a ser meu, ok? Eu não vou deixar você destruir a felicidade deles. – sua voz saiu baixa, tranquila, mas também com uma alta carga de toxicidade.

Disfarcei o sorriso que queria escapar por meus lábios. Eu amava quando Bella ficava toda protetora. Ela parecia uma leoa e os seus cabelos cheios só ajudavam para a imagem que se formava em minha cabeça.

Minha ex-esposa assentiu rapidamente, sem pronunciar uma única palavra. Bella poderia ser bem convincente.

— Ela será Andy, uma prima distante do Alasca. – falo rapidamente para Bella, enquanto voltamos para onde os outros estavam.

Alice nos vê chegando e rapidamente corre em nossa direção, mesmo em cima de saltos enormes.

— O que ela está fazendo aqui? – sussurra com a voz raivosa, olhando para os lados.

— Depois eu conto a história, Alice. Deixe apenas que eu apresente às crianças a prima deles, Andy.

Alice me lançou um olhar confuso, provavelmente se perguntando se eu tinha enlouquecido, mas a deixo para trás junto com Bella e guio Angeline até os gêmeos. Ambos estavam na fila da pipoca com Peter ao seu lado, porém sem sinal de Melanie. Seria uma conspiração do destino? Pois eu temia no fundo que Melanie, por ser a mais velha, reconhecesse Angeline de alguma forma.

— Crianças. – chamo a atenção dos três, que se voltaram para trás – Quero apresentá-los a Andy, a nossa prima distante que mora no Alasca.

— Oh. – ela solta, levando suas mãos à boca. Percebo que em seus olhos têm lágrimas de novo.

As crianças olham para ela, um tanto espantadas pela emoção repentina. Cutuquei Angeline disfarçadamente, lançando-a um olhar que diz ‘’não coloque tudo a perder’’. Percebendo isso, ela logo pisca os olhos, afugentando as lágrimas e abaixando-se para ficar do tamanho deles.

— Feliz aniversário, Lilian e Liam! Vocês estão tão crescidos. E você também, Peter. – sorri calorosamente para eles.

— É Lily. – corrige minha garotinha – E obrigada.

Tlouxe presente? – pergunta Liam animadamente.

— Liam! – repreendo-o.

— Não é pla isso que tem festa? – retruca o garotinho, olhando para mim com o cenho franzido.

Angeline solta um riso baixo, colocando a mão na bochecha do menino.

— Eu trouxe presentes, querido. Vou deixá-los com o seu pai para que ele possa entregar a vocês mais tarde, tudo bem?

Liam dá de ombros.

— Eu conheço você? – pergunta Peter de repente.

Meu sangue gela e eu percebo que Angeline ficou tensa.

— Acredito que não, querido. A única vez que eu os vi eram muito pequenos. – desconversa, dando de ombros – Então, contem-me sobre vocês, já que fui tão relapsa em não vim visitar os meus primos.

Lily, como a pequena tagarela que era, passou a contar-lhe várias coisas, deixando uma brecha ou outra para que os seus irmãos falassem. Vendo que a conversa tomava um rumo mais saudável, dei espaço para eles, indo à busca de Bella. Encontrei-a perto da piscina, juntamente com Alice e meus pais. Pelas expressões, percebi que Carlisle e Esme já estavam sabendo da convidada inesperada.

— Você enlouqueceu, Edward? Trazer Angeline para falar com as crianças? – mamãe se exasperou.

— Eles não sabem quem ela é, mãe. Por favor, não surte. – peço, colocando dois dedos na ponte de meu nariz.

— Eu só não quero que meus netos tenham a festa estragada por uma mãe relapsa!

— Esme, se acalme. – pediu meu pai com a voz serena – Edward deve ter uma explicação. – concluiu, lançando um olhar para mim.

Com um suspiro, conto-lhes sobre a condição de Angeline e o seu pedido para aquele dia. No fim, eles parecem presos em seus próprios pensamentos.

— Por mais que ela tenha sido uma vadia, é mesmo difícil negar um pedido desses. – suspirou Alice – Mas isso não vai fazer com que eu goste dela.

— Essa não é a intenção, baixinha. – sorri, abraçando-a pelos ombros.

— Espero que isso não dê problemas, Edward. Para o bem de todos. – alerta mamãe.

Maneei a cabeça, sem saber o que responder.

 — Onde está Melanie? – perguntei, querendo mudar o foco da conversa.

— Na piscina de bolinha. Ela está monopolizando tudo por lá. – Alice revira os olhos – Vou dá uma checada. Mãe, pai, o que acham de um pouco mais de refrigerante? – perguntou, olhando para os nossos pais.

— Parece ótimo. – concorda meu pai – Será que posso ter um pouco de doce também?

— Carlisle! Guarde seu formigueiro para si. – resmunga mamãe, enquanto eles se afastam.

Ainda foi possível escutar, mesmo com a música infantil tocando, a risada de Alice e o resmungo ininteligível do meu pai. Observei-os até entender o que Alice tinha feito: deixou Bella e eu sozinhos.

Olhei para a minha namorada, notando o olhar distante em seu rosto. Minha irmã pressentira que precisávamos conversar mesmo.

— Você está bem?

— Não vou negar que a situação me incomoda, mas não é algo que eu possa me envolver. Ela é a mãe deles, afinal, não eu. – dá de ombros, desviando o olhar para a árvore atrás de si.

Arriei os ombros, enlaçando meus braços na cintura dela e a puxando para perto de mim. Bella enterra seu rosto em meu peito e eu passo a mão por seus cabelos, querendo tirar qualquer tipo de tristeza dela.

— Não precisa se sentir assim, Bella. Não é como se eles fossem esquecer você.

— E se ela não estivesse morrendo? E se ela quisesse voltar a ser parte ativa da vida deles, logo eu sendo deixada de lado? E se ela quisesse você de novo? – disparou tudo de vez com a voz meio abafada, subindo o olhar para mim um tanto desesperado.

Afasto-a de mim com uma distância suficiente para pegar seu rosto em minhas mãos. A apreensão é latente no olhar castanho.

— Você está sendo absurda. – aviso-a de maneira muito suave, beijando a ponta do seu nariz – Eles não deixariam você de lado por nada, porque te amam, Bella. Você é a mãe que eles nunca tiveram, e mesmo que Angeline quisesse retomar este papel, nunca caberia a ela completamente. – beijo sua testa – E eu já sou seu para poder ser de alguém. Não surte com os e se.

Ela assentiu com a cabeça com um bico formado em seus lábios.

— Eu estou sendo boba, não é?

Eu sorrio de lado, observando-a suspirar.

— Está.

— Droga. – grunhiu.

Meu sorriso se expande mais enquanto trago seus lábios para junto dos meus. As mãos de Bella logo estão em meus cabelos, fazendo com que o beijo se aprofunde, tornando-se uma confusão de bocas e sentimentos.

— HORA DOS PARABÉNS! – grita Alice de algum canto do jardim.

E, mesmo sem querer quebrar aquele momento, nos vemos obrigados por conta da risada que quer escapar por nossos lábios.

Alice!

***

Ao cair da noite, a festa dá os seus últimos suspiros e os convidados começam a ir embora, elogiando efusivamente o evento e deixando minha irmã eufórica, claro. Agora os últimos convidados que restam estão sendo despachados por Alice e Bella, enquanto eu ficara encarregado de despedir-me de Angeline.

— São para os gêmeos, Peter e Melanie. Algumas roupas européias. – dá de ombros, entregando-me cerca de três sacolas grandes – E isso aqui é para os meus filhos. – finaliza, passando para mim um envelope pardo – São cartas. Quero que dê a eles quando completarem dezoito anos. Acho que merecem um ponto de vista meu sobre o porquê de tê-los abandonado. – engole em seco.

Assenti, achando justo seu ponto. Eles deveriam saber das coisas pela boca – ou melhor, palavras – da própria Angeline.

— Obrigada por hoje, Edward. Obrigada por cuidar das crianças. Agradeça a Isabella também. Ela fez bem a todos, incluindo você. Nunca o vi tão relaxado em quase quatro anos de casamento. – sorri de lado e eu sorrio também, imaginando quanta luz Bella trouxe para a minha vida.

— Você sabe que não precisa agradecer por eu cuidar dos meus próprios filhos. – arqueei uma sobrancelha.

— Sim, mas falo pelo trabalho. Você está fazendo um bom trabalho.

Suspiro, lembrando-me dos dias escuros daquela casa. Lembrando-me do pai ausente e idiota que eu era, e me dou conta que eu abandonara meus filhos de certa forma. Não tinha muita propriedade para falar da minha ex-esposa, mas eu tinha consciência que eu estava progredindo que era mil vezes melhor do que era antes.

— Teve uma época que eu não era um exemplo de pai, mas eu fui posto no eixo. – falei para ela, dando uma rápida olhada em Bella – Tive a ajuda de uma pessoa muito importante neste processo.

— Não se martirize por isso, pois de alguma forma sempre esteve com eles. – suspirou – Bom, está na hora de ir. Adeus, Edward.

— Você sabia que dia era hoje? – questiono-a antes que ela se vá. Era a minha última pergunta para ela.

Ela olha para mim pela última vez e sorri. Naquele momento, eu me lembrei da jovem moça que tinha sido contratada para cuidar de Melanie, com os cabelos fixos em um rabo de cavalo e sorriso sonhador.

— Não tinha como esquecer.

Bella

Eu sabia que era besteira, mas não conseguia manter meus olhos longe do local em que Angeline e Edward conversavam. A notícia que a mãe de Peter, Lily e Liam estava ali, depois de seis anos, caíra em meu colo como uma bomba. Em que universo eu esperava que ela retornasse? E ainda mais com data marcada para morrer? Parecia algo surreal! Tanto que minha mente viajou, imaginando-a reivindicando Edward e os filhos para si outra vez e eu sendo devidamente escanteada. Entretanto, Edward me trouxe a razão outra vez, mostrando o quanto absurda eu estava sendo com aquele pensamento.

— Esse foi último. – falou Alice, observando um casal com um garotinho de cinco anos saírem pela porta.

— Aquela é a tal Angeline? – perguntou Jake, aproximando-se de nós junto com Rose e Emmett. Os três olhando para onde Edward estava com a ex-esposa.

Ao que parece, Alice já deve ter aberto a boca.

— Sim. – murmuro em afirmação.

— Ela parece debilitada. – comentou meu irmão, inclinando a cabeça um pouco para o lado.

— Ela está doente, Emmett.

— Oh, isso é triste.

— Eu quem o diga. – sussurra Rose e eu lembro que sua irmã teve a mesma doença.

— Será que isso é alguma conta do universo que ela está pagando? – questionou Jacob pensativamente.

— Talvez seja, mas credo Jake. – Alice fez uma careta para o amigo.

Ele a fitou sem entender.

— O que? Toda ação tem uma reação. Não que eu esteja desejando o mal de alguém. – levanta as mãos.

— O mal já está feito, Black. – retruca Emmett, batendo na nuca do moreno.

— Hey! – resmungou Jake, lançando um olhar feio para o meu irmão.

— Alice, precisamos ir. Meu braço está cansando. – falou Jasper, aproximando-se de nós com Charlotte.

— Ok. Também estou cansada. Onde está Chase? E os meus pais?

— Sua mãe levou-a para trocar. E Carlisle deve está com os seus sobrinhos.

— Ótimo. Vou me despedir dos meus sobrinhos, chamar mamãe e papai e pegar Chase para irmos. Já pegou as coisas? – tagarela Alice, caminhando para as escadas com Jazz.

Edward chega nesse momento e eu percebo que Angeline se fora. Rose, Emmett e Jake aproveitam para se despedir de nós, e eu falo para o meu irmão que ficarei esta noite por aqui. Ele me dá um beijo no rosto e vai junto com a namorada e Jake, este último pegando uma carona com meu irmão por ter vindo de táxi para cá.

— Onde estão as crianças? – indagou Edward quando ficamos a sós na sala.

— Estão em seu quarto, já que os presentes foram para lá. Carlisle está com eles.

— Vamos lá. – ele me puxou pela mão, guiando-nos para as escadas.

Ao chegarmos ao cômodo, somos recebidos com papeis de presentes em nossos rostos e muitas risadas. Os gêmeos estão entre os presentes desempacotados, que variam entre roupas, brinquedos e calçados. Carlisle está sentado na cama, prestando atenção em todos os presentes que lhe é mostrado. Já Melanie se diverte, esparramada na cama, com um algum game. Peter é o único que está ausente e eu estranhei, afinal, o deixara ali antes de descer.

— Vocês trouxeram a bagunça para o meu quarto mesmo? – brinca Edward, indo se sentar junto com os filhos em meio aos presentes.

Ao escutar a voz do pai, ambos sobem o olhar, encontrando não só Edward, mas eu também. E então, correm em nossa direção.

— Essa foi a melhooooooor festa de todas! Obrigada papai, obrigada Isa! – agradeceu Lily, agarrada a nossas pernas.

— Sim. A melhoooooo festa! – ecoou Liam.

— Ficamos felizes que tenham gostado, queridos. Mas precisam agradecer a tia Alice também.

— Nós agradecemos! Ela passou aqui agora, mas já saiu para o quarto de hóspedes para pegar o Chasezinho e ir para casa.

— Muito bem. – elogia Edward.

— Olha esse vestido que eu ganhei, Bella! A tia Alice fez exclusivamente para mim! – comemorou Lily, mostrando-me uma peça rosa cheia de babados.

Sorrio para garotinha.

— É lindo, querida.

— Quando você e o papai darão os nossos presentes? – perguntou ansiosa.

— Daqui a pouco. – pisquei um olho – Agora cadê o Peter?

— Ele disse que foi ao banheiro. – deu de ombros, ainda encantada com a peça que segura em mãos.

— Vou procurá-lo. Volto já.

Saí do quarto, escutando Carlisle comentar sobre a recente conquista de Liam. Sorri involuntariamente ao lembrar-me do progresso do dia.

Passei pelo banheiro do corredor, notando que ele estava vazio, então fui para o quarto de Peter, encontrando-o igualmente vazio. Estranhei. Onde ele tinha se enfiado? Caminhando pelo corredor, acabei me deparando com Esme saindo do quarto de hóspedes. Ela sorriu a me ver.

— Bella! Eu estava mesmo querendo falar com você.

Estranhei.

— Falar comigo? Aconteceu alguma coisa? – perguntei, começando a me preocupar.

Ela riu suavemente, vindo entrelaçar seu braço ao meu e nos guiando pelo corredor.

— Nada de grave, minha querida. Pode ficar tranquila. – pisca para mim, assim que paramos em frente ao escritório de Edward.

— Então, o que é? – a curiosidade estava evidente em minha voz.

Ela sorriu outra vez, abrindo a porta para que entrássemos e a fechando logo em seguida quando já estávamos no interior do cômodo.

— Quero apenas agradecer a você por cuidar tão bem do meu filho e netos. Eu nunca os vira tão felizes em anos. – suspirou, roubando um olhar para uma foto em cima da escrivaninha de Edward. Era uma foto nossa, junto com as crianças, tirada no ano novo.

— Não precisa agradecer, Esme. – disse sem jeito.

Ela pegou em minhas mãos, olhando-me com carinho.

— Claro que preciso! Não sei muito bem como se deu a sua história com o meu filho, mas se tenho certeza de uma coisa é que ela não foi fácil, sim? – assenti com a cabeça, sorrindo de lado – Então fico feliz que não tenha desistido um do outro, que tenham se dado uma nova chance. Vocês merecem todo o amor do mundo, Bella.

Eu balancei a cabeça em afirmação outra vez, mordendo meu lábio inferior para não me desmanchar em lágrimas.

— Obrigada. – murmurei para Esme, abraçando-a fortemente logo em seguida.

***

Ainda flutuando pela conversa que tive com Esme, fui para o andar inferior, encontrando apenas Anne sentada no sofá assistindo a algo na televisão. Dos empregados internos da casa, ela foi à única que ficou para ajudar na festa, já que a limpeza seria feita pela empresa contratada por Alice.

— Precisa de alguma coisa Bella? – pergunta cordialmente, sorrindo para mim.

— Só queria perguntar se não viu o Peter por aí.

— Oh, eu vi indo em direção a piscina.

Murmurei um obrigada para ela e saí da casa, retirando meus saltos no caminho e os abandonando na porta de entrada. Não foi difícil vê-lo em meio aos brinquedos infláveis, sentado na beira da piscina. Seus pezinhos estão dentro da água e ele os sacode levemente.

Aproximei-me dele, vendo a mistura de tristeza e reflexão em seu rosto. Preocupada, sentei-me ao seu lado, mas ele não vira o rosto para mim.

— Tudo bem anjinho? – inquiri.

— Tudo. – responde com a voz vaga.

— Sabe que pode conversar comigo, não é?

Ele suspirou, assentindo. Segundos depois, pega algo escondido em suas pernas e entrega para mim. Era uma foto. Sem entender, a peguei, virando a imagem para mim. Arregalei os olhos ao ver quem estava ali com um grande sorriso no rosto.

— Peter...

— É uma das poucas fotos que existe dela nessa casa. – murmurou e, finalmente, olhou para mim – A Andy era ela, não é?

Engoli em seco, sem saber o que responder. Olho para a foto em minhas mãos, notando a semelhança gritante que ele tinha com ela. Parecia até sua versão masculina.

— Me diz, Isa.

— Era ela. – admito, sem ter para onde fugir, sem querer ter para onde fugir. Não achava justo ter que negar isto a ele agora – Quer saber por que ela veio?

Para minha surpresa, ele negou com a cabeça.

— Não importa. Ela já se foi e não pretende ficar, então prefiro ficar no escuro. – dá de ombros.

Eu sorrio. Peter era um garotinho muito avançado para a idade dele.

— Você gostou por ela ter vindo?

Ele para por um instante, parecendo realmente refletir as minhas palavras. Fiquei observando-o e depois do que me pareceu ser séculos, ele sorriu e veio se aconchegar em mim. Passei os braços pelo seu corpinho, mesmo sem entender.

— Sabe, Isa, dos meus irmãos eu fui o único que teve a mãe biológica por um tempo, mas ao mesmo tempo eu nunca tive uma mãe, entende? Uma mãe que me levasse para me divertir, que me defendesse mesmo quando arrumava briga na escola, que pegasse um cachorro escondido só para fazer a vontade minha e dos meus irmãos, que beijasse a minha testa antes de dormir ou que contasse historias inventadas somente para me ver sorrir. Claro que tivemos a nossa avó e a nossa tia ali, mas não era a mesma coisa. Então chegou você e fez tudo isso que eu citei pela gente. Você quem nos amou quando não era este o seu trabalho, que cuidou da gente além do que uma babá poderia cuidar e que nos mostrou como realmente é ser uma mãe. E eu sou tão feliz por isso... – para, levantando sua cabecinha para mim e eu vejo seus olhos marejados. Eu não estava diferente a àquela altura do campeonato – Eu amo você, Isa. Você é a minha mãe, então pouco importa a visita de Angeline agora.

Eu não consegui me segurar. As lágrimas romperam pelos meus olhos, como um rio quebrando um dique. Eu chorei copiosamente agarrada aquele menininho. Eu considerá-lo o meu filho era uma coisa, agora ser tida como mãe para ele era totalmente diferente. Peter também chorava em meus braços, só que de forma mais branda do que eu.

— Posso te pedir um presente de aniversário adiantado? – pergunta, minutos depois do choro descontrolado que começara a suavizar.

— Claro. – falei com a voz embargada.

— Eu posso te chamar de mãe?

— Sempre, meu amor. Sempre.

***

Quando só restou Edward, as crianças e eu fomos nos amontoar em frente à lareira para comer o jantar leve deixado por Anne. A mesinha de centro se tornou a nossa mesa de refeição e as almofadas nossas cadeiras. Os gêmeos falaram durante a refeição toda sobre como tinha sido incrível o aniversário deles, arrancando mais uma palavra certa de Liam, o que me fez sorrir bastante.

No fim, Edward ficou encarregado de lavar a louça suja enquanto eu colocaria a turminha para tomar um banho e tirar a sujeira do dia. Liam fez protesto, mas logo o coloquei em meus braços para que ele não fugisse.

— Não dê trabalho à mamãe, Liam. – falou Peter risonho, quando seguimos o caminho para as escadas.

Automaticamente, quatro pares de olhos claros – inclusive os de Edward – foram lançados para o garoto e para mim. Eles pareciam chocados.

— Do que você chamou a Isa? – perguntou Lily com uma voz muito baixa.

Peter lançou um olhar ansioso para mim. Provavelmente ele não pensou muito nos irmãos quando fez o pedido. Sorri para ele, encorajando-o a falar.

— Eu a chamei de mãe, porque é isso que ela é pra mim. – respondeu simplesmente, dando de ombros.

— E você falou com ela sobre isso? – agora quem perguntou foi Edward, fazendo com que eu olhasse para ele. Os seus olhos já pairavam sobre mim.

Por um momento eu me questionei se não deveria ter falado com Edward sobre isso, mas ele não parecia chateado apenas... Surpreso? Ou tinha um traço de felicidade ali?

— Sim. Ela disse que eu posso chamá-la sempre assim. – anunciou Peter feliz, encostando-se em minha perna.

Melanie e Lily trocaram olhares enquanto Liam pegou meu rosto entre suas mãozinhas, uma expressão muito séria em seu rostinho infantil.

— Posso chama você de minha mamãe também, Isa?

Sentindo as lágrimas chegarem aos meus olhos outra vez, eu apenas assenti, não confiando em minha voz.

— Se o Liam pode, eu também posso. – disse Lily simplesmente, sorrindo para mim e abraçando a minha perna livre.

Eu passei a mão por seus cabelos, não podendo abaixar para beijar o seu rosto por conta dos dois rapazinhos grudados em mim. Edward beijou a minha bochecha, exibindo um sorriso carinhoso para mim, mas logo seus olhos correram para a filha mais velha.

Passei meus olhos para Melanie também, notando que ela olhava para o chão, estranhamente quieta. Entreguei Liam para Edward, fazendo com que Lily e Peter se afastassem de mim, percebendo que eu me abaixaria para falar com Mel. Assim o fiz, levantando o rostinho da garotinha. Ela tinha lágrimas contidas em seus olhos verdes, tão parecidos com os do pai, e eu me preocupei com isso.

— O que foi, princesinha rock?

Ela balançou a cabeça, passando a mão sobre os olhos.

— Mel?

Ela fungou.

— Você sabe que eu sempre fui durona e essas coisas, mas eu sempre tive o desejo bobo de ter uma mãe para cuidar de mim. E vendo meus irmãos chamando você de mãe, lembrou a mãe que eu não pude ter e a mãe que eu ganhei. – os olhos cristalinos por conta das lágrimas brilharam para mim com afeição — Você nunca foi apenas uma babá.

Sem me conter, puxei Melanie para os meus braços, apertando-a com força contra mim. A garota não pareceu se importar, pois se apertou em mim também, enquanto o choro contido rompia por seus olhos. Eu não consegui segurar as lágrimas também, e lá estava eu chorando por conta do todo amor e consideração que aqueles quatro serzinhos tinham por mim.

Minutos depois, senti outros braços nos envolvendo, tornando aquele momento ainda mais especial e choroso.

Éramos o puro e simples amor. Nada parecia mais perfeito do que aquele momento.

***

Depois de cuidar das crianças e colocá-las em suas respectivas camas, Edward e eu seguimos para o seu quarto, exaustos do longo dia que tivemos. Tomamos um banho juntos, sem malícia, apenas aproveitando a oportunidade de cuidar um pouco um do outro. Terminado o banho, eu me enfiei em uma das camisas de Edward enquanto ele colocava uma calça moletom, deixando o peitoral exposto.

Arqueei uma sobrancelha para ele.

— Não acha que está frio para ficar sem camisa, senhor Cullen? – perguntei com um sorriso travesso.

— Tenho um corpo quente para me aquecer, senhorita Swan. – piscou um olho.

Eu ri e ele me puxou para os seus braços, fazendo-me soltar um gritinho risonho. Edward sorriu, trazendo sua boca para perto da minha e selando os nossos lábios, iniciando um beijo gostoso. Nossas línguas se enroscavam com intimidade, nossos lábios vibrando pela sincronia que possuíam. Quando o ar se fez necessário, nos despedimos com singelos selinhos, descansando com nossas testas juntas e olhos fechados.

— Acho que precisamos conversar sobre hoje. – sussurrei, abrindo meus olhos.

Edward abriu os seus também, fitando-me com evidente curiosidade.

— O que você quer conversar?

— Quero saber como você está.

Edward suspirou, suas mãos deslizando pelas minhas costas e apenas uma se enroscando em minha mão. Ele me puxou para a sua cama, deitando-nos de forma que eu ficasse sobre o seu peito. Não falei nada, queria que ele falasse da forma que mais lhe deixasse confortável.

— Não posso negar que fiquei surpreso e irritado com a presença dela. Angeline voltou depois de seis anos. Eu nunca pensei que a veria outra vez. – parou de repente, seu peito subindo com a respiração funda que saiu por suas narinas – Então ela vem, pede para ver os filhos que abandonou e eu não posso recusar o pedido de uma pessoa que está quase morrendo. Mas até que no final saiu tudo certo. As crianças não desconfiaram. – deu de ombros.

Sua frase final fez com que eu me lembrasse de Peter automaticamente. Ele tinha reconhecido a mãe, e apesar de eu ter pedido a ele, depois de chorar feito louca, que não contasse nada aos seus irmãos, Edward precisava saber.

— Bom, quanto isso... – deixei no ar, escorando-me em meu cotovelo para poder olhar Edward. Ele tinha os olhos verdes em mim, parecendo intrigado e ao mesmo tempo temeroso – Peter reconheceu a mãe dele. Ele estava na área da piscina quando o encontrei e tinha uma foto dela em mãos.

Edward sentou-se na cama, parecendo perturbado com a novidade.

— Como ele reagiu? – questionou, passando a mão por seus cabelos.

Sentei-me também, repousando minhas mãos em meu colo.

— Ele pareceu lidar muito bem. Disse que não se importava, por que... – sorri bobamente, recordando-me das suas palavras – Ele tinha a mim. Eu fiquei tão chorosa por isso, mas eu também não quero que isso soe como se eu tivesse, sei lá, roubando o lugar de alguém. – mordi o lábio, passando a mão pelos cabelos – Quer dizer, você viu que eles queriam me chamar de mãe e...

Edward pôs o dedo indicador em minha boca, cortando a minha fala. Olhei para ele, um tanto alarmada, e me deparei com o sorriso doce em seus lábios.

— Eles são seus, Bella. E mesmo que Angeline quisesse voltar, ela nunca tomaria o lugar que você conquistou. Eles te amam.

Eu assenti, deixando qualquer medo bobo inteiramente de lado. Edward tirou o dedo dos meus lábios e eu me joguei em seus braços, inspirando o perfume de sua pele e me perdendo no calor do seu toque.

— Estou tão feliz que eu sinto que posso explodir a qualquer momento. – confidenciei com a voz abafada, agarrando-me ainda mais a Edward – Preciso agradecer a Alice por ter me colocado no caminho de vocês, e a você por existir e ajudar a fabricar pessoinhas tão maravilhosas.

Edward riu em meus cabelos.

— Eu amo o fato de está feliz, Bella. E amo ainda mais poder contribuir para isso.

Sem me conter, selei meus lábios no de Edward, ávida por sentir mais do sentimento maravilhoso que nos envolvia.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi tão bonitinho que nem sei o que dizer hkk! Ao contrário do que muitas pensaram, Angeline não venho para infernizar, veio para se despedir. E, bom, Lily e Liam só descobrirão que era a mãe deles nesse dia quando lerem as cartas. Acho que está bom assim, eles curtindo a mãe que os acolheu com todo o coração ♥. E falando em mãe, acho que esse momento era meio esperado?
Bom, o último capítulo eu vou dividi-lo em dois porque ele ficou realmente maior do que o esperado. Aproveitando a deixa, gostaria de perguntar se tem alguma coisa pela história que não ficou esclarecida, porque às vezes a gente coloca algumas coisas que fogem do sentido kkk.

Adianto a vocês que a última coisa que falta escrever é o epílogo, e eu já tenho algo em mente. Spoiler? Vamos dizer que vão se passar alguns anos...

Por hoje é isso, pessoal. Vejo vocês nos rewiens e na próxima ♥.



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