Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 50
Capítulo: 49 - Feliz


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu só ia postar esse capítulo mais tarde, porém eu estava me coçando para postar - já que ele tá pronto faz um tempinho - então cá estou eu com ele.
Boa leitura!



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Bella

Estiquei-me nos lençóis escuros de uma cama grande demais na manhã de segunda feira. Ainda de olhos fechados, tateei o lugar ao meu lado, percebendo que ele estava vazio. Abri um olho, constatando que eu era a única pessoa naquela cama.

Edward já estava fora?

Sentindo uma estranha carência, peguei o travesseiro ao meu lado, levando-o ao meu rosto para poder sentir a fragrância de Edward impregnada nele. Mesmo depois de passar o final de semana em sua casa, eu ainda queria curtir um pouco mais dele pela manhã, mas o seu dia começava primeiro que o meu.

Sorri ao lembrar-me dos últimos dias, das noites prazerosas entre os lençóis e dos momentos de descontração com as crianças. Era uma maravilha está entre eles. Eu não poderia querer nada melhor.

Sonolenta, saltei para fora da cama, olhando de relance para o relógio digital em um dos criados mudos. 7h30. Isso me dava exatos trinta minutos para o início da minha primeira aula. Alarmada, eu praticamente corri para o banheiro, parando no caminho apenas para jogar a roupa no chão do quarto e ligar o rádio, a fim de espantar o espírito sonolento que teimava em me acompanhar.

Uma música doce, cantando por uma voz feminina suave com uma melodia acolhedora, começou a tocar e eu prestei atenção em sua letra, notando como a mesma traduzia como eu me sentia.

Sem me conter, eu já estava cantando o refrão da canção: — Every second here without you, I pretend we're skin to skin/Every single breath reminds me that you never, ever left/Every time I think about you, I can feel my hand give in/Cause you're keeping me safe and warm/Even when I'm home alone/Wearing nothing but your cologne.

— Não sabia que você cantava no chuveiro. – uma voz risonha soou, sendo um pouco abafada pelo box que me circundava.

Intrigada, desliguei o registro do chuveiro. Eu estava só, certo?

— Edward? – perguntei, franzindo o cenho.

— O que você acha? – retrucou ainda com o mesmo tom.

Abri a porta do box minimamente, fazendo um pouco do vapor — por conta da água quente — se dissipar. A figura do homem de cabelos acobreados sentado tranquilamente em cima da privada fechada captou minha atenção de imediato. Ele tinha um sorriso torto nos lábios, o típico sorriso.

— Pensei que já tivesse ido. – comentei distraidamente, voltando para o meu banho, porém sem a cantoria.

— Fui deixar as crianças na escola e voltei para levar você para universidade. Posso? – perguntou inocentemente.

Coloquei o rosto de novo para fora, não me importando com a espuma que caia sobre os meus olhos. Semicerrei os olhos para o ex-chefinho.

— O que é isso, Cullen?

O verde transpirava em inocência.

— O que? Um cara não pode levar sua namorada para a universidade?

— Espero que isso ainda não seja sobre o Adam. – resmunguei, voltando para debaixo do chuveiro.

Mesmo sob o barulho da água, escutei o bufo de Edward.

— Claro que não. Só acho que deveria oferecer-lhe uma carona, já que você não está em casa. Se bem que eu poderia lhe dá um carro, se preferir. – pelo o seu tom de voz, podia ver claramente Edward dá de ombros.

Suspirei. Meus lábios acabaram por produzir um barulho por conta da água que caia sobre eles.

— Não quero esse tipo de presentes, Edward. Obrigada. – dispensei sua proposta educadamente.

— Por quê?

— Porque as pessoas não dão carros de presente a outras.

— Pessoas que possuem uma boa condição financeira podem fazê-lo se quiserem.

Bufei, desligando o registro do chuveiro ao perceber que toda a espuma que tomava o meu corpo tinha saído.

— Comigo não funciona assim. – resmunguei, puxando as toalhas penduradas próximas a porta do box.

— Não seja tão orgulhosa. – retrucou enquanto eu passava a toalha pelo corpo, mantendo a outra presa em meus cabelos.

Saí do box, lançando um olhar do mau para Edward. Ele tinha um ar de sabichão.

— Não invente. – pontuei calmamente, encerrando o assunto.

Passei por ele, pegando o caminho para o quarto, a fim de ver qual roupa eu iria para a NYU, e ajeitar minha roupa para ir para a boutique mais tarde. Depois de mini-férias, Rose estava voltando à ativa – já que Alice estava de licença –, cheia de gente atrás de uma roupa para fazer ou algo já pronto.

— Um motorista particular? – continuou Edward na mesma tecla, seguindo logo atrás.

— Edward, eu estou muito bem indo com a minha carona diária. É econômico e diminui um carro do trânsito de Nova York.

Edward levantou as mãos para o alto, finalmente se rendendo. Beijei a sua bochecha, entrando no seu closet e indo para a parte de roupas que eu tinha por ali. Pois é, depois de alguns dias vindo para cá, algumas roupas acabaram ficando para trás.

Escolhi um vestido xadrez vermelho e preto de mangas longas, botas cano alto e a única touca que eu possuía na residência. Vesti-me rapidamente, deixando as botas para depois, e saí do local secando meus cabelos com a toalha.

Encontrei Edward deitado na cama, olhando para o teto e cantarolando, baixinho, um rock antigo que tocava no rádio que ainda estava ligado. Ele não percebeu que eu tinha voltado, então eu apenas fiquei o observando, um pouco deslumbrada. Ele parecia tão tranquilo, em paz consigo mesmo. Nem os trajes formais que vestia tiravam isso dele.

— Vai ficar ai mesmo me observando? Já são sete e cinquenta, querida. – falou de repente, fazendo-me despertar.

Ao que parece, ele tinha percebido minha olhada descarada sim!

Rapidamente penteei meu cabelo, enfiando a touca preta em meus cachos molhados e calçando as botas. Edward sorriu ao ver minhas vestes e selou meus rápidos em um singelo selinho. Ele pegou a minha bolsa, trazida por Alice no dia anterior juntamente com as minhas roupas do trabalho, e descemos de mãos dadas para o andar debaixo.

Anne estava na cozinha e sorriu ao nos ver. Ela sempre sorria ao nos ver juntos. Era uma mistura de satisfação e felicidade. Docemente perguntou o que queríamos comer, pois ao que parece meu ilustre namorado não tinha tomado café da manhã ainda. Ficamos apenas com um pouco de café puro e ovos com bacon, pois eu já estava em cima da hora. Com um beijo em sua bochecha, despedi-me da velha senhora, alegando que eu voltaria no período da tarde.

Edward me deixou em frente à universidade de oito e dez da manhã com um beijo caloroso e a promessa que me buscaria logo mais. Eu voltaria para sua casa novamente, já que a boutique de Alice era bem mais próxima do que do lugar onde eu morava.

Eu flutuava um pouco, enquanto andava rapidamente pelos corredores quase vazios, perdida nas sensações boas sobre como era está apaixonada e ser retribuída com tanta efervescência.

Eu só espero que dure por anos sem fim, pedi baixinho em meus pensamentos.

Edward

Distribuindo bom dia a todos que apareciam a minha frente, com um grande sorriso na cara, foi à forma que eu iniciei a minha manhã na Cullen Tyre Corporation. Quando estamos perdidamente presos no mundo dos apaixonados, tendemos a esse tipo de coisas e a sorrisos extremamente exagerados. Totalmente piegas, mas quem se importava? Eu mesmo não. Com uma mulher maravilhosa como Isabella Marie Swan ao meu lado, qualquer pieguice virava uma verdadeira obra de arte.

— Olá, senhorita Collins. Quais são os afazeres do dia? – perguntei simpaticamente a minha secretária.

Ela olhou-me sobre os óculos de grau que usava. Isso era um ato que ela estava fazendo muito nos últimos dias. Acho que ela nunca tinha me visto neste estado.

— Reuniões e relatórios para assinar, senhor Cullen. Nada de novo. – informou polidamente.

Sorri.

— Isso parece bom.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Sim. O senhor parece muito feliz essa manhã.

— Isso é porque eu estou. – pisquei para ela, abrindo a porta da minha sala – Tenha um bom dia. – desejei, antes de fechar a grossa porta de madeira atrás de mim.

***

Durante a tarde, como o dia tinha sido mais curto para mim na empresa, eu fui buscar as crianças na escola, dispensando Megan de suas funções para o dia, que se resumiam em levar e pegar as crianças na escola e ficar com as mesmas até que eu chegasse do trabalho.

Elas entraram no carro fazendo muito barulho, a fim de contar sobre o dia que tiveram. Pelo pouco que pude captar durante o percurso até em casa, Lily estava louca para voltar ao balé, os meninos fizeram gol no futsal e Peter tinha derrubado sua maçã favorita – não me perguntem como uma criança tem uma maçã favorita para a hora do almoço.

— Papai, amanhã é minha última consulta no psicólogo. – anunciou Melanie com alegria em sua voz – Ele disse que eu já estou melhor e nem pesadelos tenho mais.

— Isso é ótimo, querida. – elogiei, realmente feliz com a notícia.

Melanie tinha passado por sessões durante todas as terças, e isso tinha não só ajudado a superar os seus traumas causados pelo sequestro, mas também a ser uma garotinha mais aberta aos sentimentos. Entretanto, isso não queria dizer que Melanie tinha deixado de ser Melanie. Ela ainda continuaria aprontando por ai.

— E eu vou ter um recital de primavera em breve! – anunciou Lily contente – Vocês vão me ver como uma linda bailarina de novo.

— Você é uma bela bailarina, Lily.

Percebi pelo espelho retrovisor o imenso sorriso que ela deu para mim. O assunto mudou e eles começaram a falar sobre a festa de aniversário dos gêmeos. Os irmãos tentavam convencer Peter, outra vez, a fazer o aniversário dos três juntos – já que o dele era uma semana depois – mas meu menino mais velho parecia irredutível. Ele nunca fora dado a festas. Algo totalmente vindo de mim.

— A Isa disse que faria um bolo de chocolate bem gostoso para mim. Isso é o suficiente. – disse por fim.

Mel, Lily e Liam tiraram um pouco de sarro com o irmão, mas logo o assunto mudou outra vez, fazendo-me ficar tonto. O que as crianças tinham, afinal? Pareciam bolas intermináveis de energia!

Finalmente chegamos a nossa casa e eu mal estacionei o carro na garagem quando eles pularam, em polvorosa, correndo para o interior da residência. Um pouco atordoado, caminhei logo atrás. Ao passar pelo caminho de pedras percebi que o jardineiro, Pietro, olhava para nós com um sorriso no rosto.

— Crianças são bem agitadas, hein, senhor Cullen. – comentou enquanto regava um canteiro de flores.

— Agora multiplique a agitação por quatro e você pode enlouquecer. – disse com os olhos arregalados, sorrindo um pouco.

Ele riu, balançando a cabeça. Entrei em casa, notando a bagunça de mochilas, cadernos e lápis que adornavam a minha sala. As crianças estavam no chão, rindo enquanto Snoop fazia graça, latindo e balançando o rabo sem parar, feliz em ver os seus cúmplices.

Percebi, tarde demais, que as patas do cachorro estavam sujas de lama, fazendo o maior estardalhaço pelo carpete e pelas folhas dos cadernos.

— Oh, meu Deus. Snoop, quieto! – exclamei para o cachorro que estava com a altura praticamente batendo em meus joelhos.

Ele apenas latiu para mim e continuou com sua bagunça. Porque eu não adestrei esse cachorro? Resmunguei em pensamento, tentando pegar o animal, que percebendo minha aproximação, correu para a cozinha.

— Merda. – resmunguei, preparando-me para ir atrás dele.

— Você disse uma palavra ruim, papai. – denunciou Lily contendo uma risada.

— Não fale isso, está bem querida? Pessoas bonitas não falam isso. – disse rapidamente, seguindo em disparada atrás do cachorro.

Snoop fazia a maior algazarra na cozinha, e eu tentei pegá-lo novamente, sem sucesso. Ficamos naquela brincadeira por um bom tempo. Ele corria por todos os cômodos da casa, divertindo-se com o que pareceu ser uma brincadeira, fazendo-me suar a camisa, esbravejar, e as crianças rirem. Aquilo era um prato cheio de diversão para elas, mas eu já estava enlouquecendo com toda bagunça.

O danado do cachorro só parou sua corria desenfreada quando Anne se colocou em sua frente. Ela tinha um olhar autoritário que fez o cachorro se aquietar na hora. Embasbacando, fiquei fitando a governanta.

— Como você fez isso? – perguntei entre arfadas.

Porra! Eu precisava dá a minha bunda algum movimento. Estou um caco.

— Tive muito tempo com esse mocinho para colocar um pouco de respeito. – deu de ombros, colocando a corrente nele – Vou chamar Jess para dá um jeito na bagunça e levar esse rapazinho para passear. Você ainda vai ter um bom trabalho com as crianças.

Franzi o cenho, não compreendendo. Eu não costumava está em casa naquela hora do dia, por isso as coisas eram um tanto confusas para mim.

— Como assim?

Anne sorriu de forma penosa, apertando a minha bochecha.

— Querido, é hora do banho. E provavelmente Liam já se escondeu. Ele sempre acha um bom canto.

Coçando a nuca, voltei para sala, constatando que só Mel, Lily e Peter estavam lá, sapatos jogados no chão e televisão ligada.

— Onde está o Liam? – perguntei calmamente, tentando não me desesperar. Eu já estava em um estado caótico com os cabelos mais loucos que o normal e a roupa toda embolada.

Os três se entreolharam e riram. E foi ai que eu percebi que eu tinha uma nova missão pela frente.

E lá vamos nós!

Bella

Terminava de atender um cliente quando Jane e Ashley se aproximaram de mim, parecendo muito animada sobre os seus saltos.

— A C&H agradece a sua visita. – despedi-me educadamente da cliente, que sorriu, saindo da loja com suas três sacolas de roupas. Voltei o meu olhar para as meninas – O que foi?

— Você sabe quem é o irmão super gato da senhora Hale? – perguntou Jane empolgada.

Ashley revirou os olhos para ela.

— Bella já trabalhou para ele, Jane.

Olhei assustada para ela. Como ela sabia daquilo? Ashley sorriu.

— Revistas estão por ai para isso, Bella. – explicou simplesmente ao entender meu olhar perdido.

Jane lançou olhares indignados entre nós duas.

— Porque você não contou para mim? – focalizou o olhar azul em Ash.

— Pensei que você soubesse. – deu de ombros.

— O que tem ele? – perguntei, voltando para o foco inicial da conversa.

Confesso que estava curiosa para saber o que elas queriam dizer. Jane se animou outra vez e Ashley sorriu maliciosamente.

— Ele está... – e sua fala foi interrompida quando a porta da boutique foi aberta, revelando o dito cujo.

Edward parecia acabado, mesmo dentro de jeans, camisa pólo e com os cabelos denunciando seu recente banho. Franzi o cenho, sentindo a preocupação me dominar.

Tinha acontecido algo?

Escutei um grito abafado vindo de Jane e olhei para as meninas novamente. Elas pareciam que explodiriam de deleite a qualquer momento. Mordi o lábio, prendendo a risada em minha boca. Elas estavam me lembrando a Jess.

— Bella! – saudou com um sorriso carinho nos lábios ao se aproximar – Já está pronta para ir?

— Meu turno acaba daqui a pouco. – informei, olhando o horário em meu relógio de pulso.

Ele assentiu, voltando o olhar para as meninas, que observavam nossa interação, embasbacadas. Provavelmente, as cabeças delas estavam explodindo em teorias malucas.

— Jane e Ashley, não é? – perguntou com simpatia e ambas assentiram com a cabeça, ainda perdidas em seus próprios pensamentos – É bom revê-las. – sorriu cortês, exercendo a perfeita educação que ele tinha.

Antes que mais alguma coisa fosse feita ou falada, Rose aparece no salão, sorrindo de lado ao ver Edward.

— Olha o que os ventos empresariais nos trouxeram. Edward! – trocou um abraço rápido com ele – Veio buscar sua namorada? – piscou um olho para mim.

As bocas de Ashley e Jane escancararam-se e elas olharam para mim em busca de respostas. Eu somente levantei os ombros minimamente, sem saber o que falar.

— Oi Rosalie. Eu vim buscar esta bela dama sim. – sorriu, pegando minha mão e deixando um beijo em suas costas – Será que você pode liberá-la? Tenho crianças em casa.

— Claro. A boutique já vai fechar mesmo e hoje essa função é minha. – veio para de trás do balcão, abraçando-me apertado – Você vai para casa hoje?

— Sim. Acho que já me aventurei demais.

— Ótimo. Não aguentava mais o seu irmão resmungando. – revirou os olhos e eu ri.

Despedi-me das meninas, prometendo-as que conversávamos depois. Edward pegou a minha mão e nós fomos embora. Antes de sair, ainda escutei Ash resmungar que aquele fato não estava em revistas, e desejei secretamente que ficasse distante delas por um bom tempo.

***

Eu ria enquanto entrava na mansão, acarretando uma carranca ainda maior no rosto de Edward. Ele tinha me contado sua emocionante luta para conter um cachorro e dá banho e seu menino mais novo. Eram cenas que eu adoraria ter visto!

— Queria ver se fosse com você. – resmungou, assemelhando-se muito a uma criança grande.

— Já passei por isso, bonitão. – pisquei para ele, fazendo-o bufar.

Eu parei em sua frente, agarrando-me ao seu pescoço. Edward ainda mantinha seus braços cruzados, dificultando meu trabalho. Dei selinhos repetidamente em seus lábios até que ele descruzasse os braços e abraçasse minha cintura, beijando-me com vontade. Estávamos em um beijo muito concentrando quando risadinhas e sons de nojo chegaram aos nossos ouvidos, quebrando o contato.

Posicionei-me ao lado de Edward, observando quatro rostinhos atentos em nós. Estranhei as roupas que usavam. Pareciam que estavam prontos para sair em um dia frio.

— Não tem necessidade de fazer isso direto. – resmungou Melanie com uma careta.

— Quando você for mais velha vai querer fazer, e muito, isso, Mel. – pisquei-lhe um olho e ela colocou sua língua para fora.

— Por favor, não crie imagens em minha cabeça antes da hora. – resmungou Edward e eu ri.

— Deixa de ser bobo. – empurrei meu quadril no seu, fitando os quatro a nossa frente – Onde é a festa?

Eles se entreolharam e voltaram o olhar para mim segundos depois com sorrisos iluminando os rostos.

— Vamos patinar! – exclamaram juntos.

Inclinei a cabeça para o lado, não compreendendo muito bem.

***

— WHO-HA! – falei pela terceira vez, mergulhando na pista de gelo.

Era definitivo: eu mataria meu namorado antes que completássemos um mês de namoro. O cretino sabia da minha falta de coordenação motora e ainda assim deixou as crianças o convencerem a levá-los para uma pista de patinação no Central Park, como uma troca pelo dia de neve que não tiveram.

Edward deslizou para o meu lado, apoiando-se muito bem em seus patins – assim como os seus filhos – e estendeu a mão para mim. Ele claramente continha uma risada.

Ainda por cima esse idiota está se divertindo a minha custa! Tem gente que não tem amor a vida...

— Vamos, querida. Tente novamente. – sussurrou, ajudando-me a levantar.

— Se você falar isso mais uma vez, Edward Cullen, amanhã você não acorda. – disse entredentes.

Ele sorriu de lado, beijando a ponta do meu nariz. Bufei, agarrando-me a sua cintura por necessidade.

— Olha, Isa, é fácil. – Lily passou por nós dizendo.

Olhei para a garotinha de cinco anos deslizando graciosamente pelo gelo com direito até alguns rodopios pelo mesmo e passos de balé improvisados. Algumas pessoas aplaudiram o espetáculo, encantados com a graciosidade da minha garota. Eu funguei com vontade de chorar, mas de tristeza por mim.

Eu era uma inútil!

— Uma criança de cinco anos tem melhor controle sobre suas pernas do que uma mulher de vinte e três. Que mundo cruel! – choraminguei, enterrando minha cabeça no peito de Edward.

Seu corpo vibrou devido à risada que escapava por seus lábios. Enfiei minha mão sob seu grosso casaco, beliscando sua barriga sem dó. Ele gemeu de dor e eu sorri satisfeita.

— Você é cruel. – dramatizou.

Afastei-me do seu corpo, ainda sorrindo, e peguei suas mãos nas minhas. As luvas pretas dele faziam um contrates interessante com a colorida que eu usava.

— Leve-me para dá uns giros por ai, namorado, antes que você seja o próximo a cair no gelo.

Edward logo sorriu e girou-me uma vez, com cuidado para que eu não me estabacasse no chão outra vez. Aos poucos fui ganhando confiança sobre os patins com o apoio das cinco pessoas que estavam na lista das minhas favoritas em todo o mundo. Edward sorria de forma doce para mim, vez por outra me roubando beijos e fazendo-me elogios, causando o rubor em minhas bochechas pelos olhares que nos eram lançados.

Terminei nossa hora como uma patinadora mais ou menos e as crianças decidiram que teríamos que comemorar esse fato com chocolate quente. Alegres, brindamos a nossas canecas, curtindo o restinho de noite que nos sobrava.

***

Eu me encontrava vendada no começo da noite de terça-feira. Jake tinha me raptado depois do trabalho, alegando que tinha algo muito importante para me mostrar. Curiosa e intrigada, eu segui meu amigo, mas eu não esperava por uma venda. O que será que ele estava aprontando?

— Jake, eu sinto que posso morrer a qualquer momento. Acabe com esse suspense. – praticamente choraminguei enquanto ele me guiava por uma escada estreita demais.

— Espere mais um pouco, B. – sussurrou muito risonho para a própria preservação de sua vida.

Depois do que pareceram ser anos, Jake finalmente tirou a venda dos meus olhos, revelando um lugar escuro. Abri a boca para contestar que tipo de brincadeira era aquela, mas fui interrompida quando luzes foram acesas, trazendo iluminação para todo o local.

O lugar se revelou como uma enorme sala de piso escuro, paredes extremamente brancas com janelas enormes decorando a que ficava oeste e grandes espelhos adornando a que ficava ao norte. Um aparelho de som moderno também estava lá, sem contar no ar-condicionado, dois bancos de dois lugares e um pequeno armário.

Quando o significado daquilo se fez presente em meu cérebro, eu olhei para trás, encontrando Jake com um grande sorriso fixo em meu rosto.

— Isto é para as aulas de dança? Estamos no La Noche Cubana? – Jake assentiu com um sorriso espelhando-se ao meu – Oh meu Deus! Isso é maravilhoso! – exclamei animada, pulando em seus braços e apertando-o com uma força um pouco desnecessária.

— Sim! A reforma ficou pronta na semana passada, mas com tanta coisa acontecendo, preferi te mostrar hoje. – explicou quando nos soltamos – Você gostou?

— Eu amei. – falei feliz, rodopiando pelo lugar – Quando começamos as aulas?

— No final de fevereiro. Eu vou abrir as inscrições amanhã, então estava pensando em termos praticarmos algumas danças antes das aulas. – sorriu de lado, colocando as mãos nos bolsos.

Bati palmas sendo totalmente dominada pelo espírito de Alice.

— Isso soa perfeito para mim, Jake. Que tal aos finais de semana? Você sabe que minha vida é uma loucura.

— Então... – começou indo se sentar em um dos bancos – Eu não espero que você ache que isso seria um trabalho gratuito.

Franzi o cenho, aproximando-me dele cautelosamente.

— O que quer dizer com isso?

— Andei conversando com Alice e ela disse que se você quisesse vim trabalhar aqui, não teria problemas. As meninas que trabalham lá podem dá conta. – terminou a fala um tanto ansioso, provavelmente por conta da minha falta de reação.

Pisquei os olhos rapidamente processando o fato.

— Acha que eu viria para cá atrás de dinheiro? Sabe que eu amo a dança, Jake. – murmurei, sentando-me ao seu lado.

— Não é isso, Bella. Eu também amo a dança, mas acredito que não deva ser fácil, quiçá possível, estudar, trabalhar na boutique, vim para as aulas de dança e ser ativa em sua vida pessoal. Eu só estou lhe dando opções.

Fixei o meu olhar no nada, pensando nas palavras de Jacob. As coisas que ele tinha colocado eram demais, isso é era inegável. E eu sabia que não conseguiria dá conta de tudo com maestria, algo sempre ficaria pela metade e eu não queria que minhas coisas fossem malfeitas.

— Você tem razão. – murmurei por fim, quebrando o silêncio que tinha caído sobre nós – Porque não pensei nessas coisas antes? – fiz bico.

Jake riu, puxando-me para perto de si.

— Acho que você ficou tão louca para trabalhar depois da sua vida de babá, e não depender do seu irmão, que não pensou na ideia de receber dinheiro com algo que gosta de fazer, como dançar.

Assenti, percebendo que Jake estava outra vez com a razão. Eu sempre tivera a mania de querer ser independente e isso não era algo que eu me envergonhava. Talvez eu só tivesse que ter pensado um pouco em minhas possibilidades. Não que eu fosse ingrata pelo emprego que eu possuía, mas vamos ser sinceros né gente, o uniforme todo cheio de formalidade da C&H não fazia meu perfil. Eu gostava das cores, alegres, vibrantes e ao meu redor.

Pensando nisso, olhei ao redor de novo, notando que o ambiente estava neutro demais. Precisamos jogar um pouco de vermelho por aqui, possivelmente um roxo cairia bem também...

— Precisamos de uma parede com cor. Não posso trabalhar em um ambiente descolorido. – coloquei simplesmente, fazendo Jacob sorrir – E a primeira coreografia tem que ser a de Dirty Dance. As pessoas precisam aprender a dançar.

Jake arqueou uma sobrancelha, levantando-se e se dirigindo até o aparelho de som. Quando os primeiros acordes de The Time Of My Life começaram tocar, lá estava Jacob Black um passo a frente outra vez.

— Acha que eu também não pensei nisso, querida? – indagou com um tom sexy, fazendo-me revirar os olhos.

Jake pegou em minha mão, levantando-me do lugar e girando-me em meu próprio eixo.

— Você é o melhor, Jake. Por isso que eu te amo.

— Oh, eu sei disso, Little B. Eu sei. – soltou convencidamente.

Bati em seu braço. Jake riu, continuando a me conduzir na épica dança.

Emmett

De soslaio, observava o cara ruivo sentado ao meu lado no sofá. Ele parecia interessado no jogo que passava na televisão, mas eu sabia que ele estava tenso. A perna inquieta e o engolir em seco constante denunciavam isso. Passei um bom tempo na advocacia para conhecer muitos sinais emitidos pelas pessoas. Sem contar que eu era um bom observador. No dia que ser um advogado seja algo entediante para mim – uma ideia bem remota – eu brilharei na minha carreira de detetive particular.

Eu estava sentado confortavelmente no meu sofá, bebendo uma boa cerveja e assistindo uma reprise dos Giants, quando a campainha do meu apartamento tinha sido pressionada sem aviso prévio. Isso tinha sido há vinte minutos e agora eu tinha um cara em minha sala esperando por minha irmã para irem a um jantar. Eu tinha lhe avisado que ela ainda não havia chegado, e ele disse que poderia esperá-la, já que sabia que ela se atrasaria por conta de alguma mensagem enviada.

Quando a porta do apartamento foi aberta, revelando uma Bella toda empacotada, bochechas coradas e um grande sorriso no rosto, o cara ao meu lado e eu nos levantamos quase que simultaneamente.

— Você demorou hoje, formiga. – comentei despreocupadamente.

— Jake me levou para conhecer o espaço de dança. – respondeu, beijando a minha bochecha rapidamente e logo correndo para os braços do namorado.

E é assim que as coisas acontecem, meus caros amigos. Elas arrumam um namorado e se esquecem dos irmãos que sempre estiveram ao seu lado desde o nascimento. Eu sabia que estava dramatizando, mas não era algo que eu possuía muito controle.

— Espaço de dança? – arqueei uma sobrancelha, interessado.

— Sim. Lembra-se que eu disse que Jake queria voltar a dá aulas de dança e me chamou para ser sua parceira? – assenti – Então, como o espaço já está pronto, nós vamos ver algumas coreografias e as aulas começam no final do próximo mês.

Edward franziu o cenho para ela.

— Você vai conseguir dá conta de todas as atividades que norteiam a sua vida?

E então ela deu seu sorriso esplendoroso. Ela só o dava quando algo a deixava muito feliz.

— Bom, quanto a isso, eu tenho uma novidade. – levantou, colocando suas mãos atrás de suas costas – Eu tenho um novo emprego. Agora serei professora de dança. – bateu palmas.

O cara ao meu lado sorriu todo derretido para Bella.

— Isso é maravilhoso, Bella. – disse com a voz mansa, levantando-se – Estou muito feliz por você.

Ela riu, passando os braços pelo seu pescoço e puxando os lábios dele para os seus. Fiz uma careta, pigarreando logo em seguida. Eles deixaram de safadeza e olharam para mim. Bella sorria e Edward parecia constrangido.

Isso mesmo, bom homem. Se acanhe.

— Estou feliz por você, formiga. Feliz por fazer as coisas que gosta. – disse para ela, dando um chega para lá em Edward para poder abraçar a minha irmãzinha – Sei que você vestia o uniforme da C&H todo dia quase morrendo. – ela riu do meu comentário e eu sorri por isso.

Eu amava ver a minha pequena garota feliz. A sua áurea naturalmente brilhante parecia mais forte quando ela estava alegre. E foi com esse pensamento que fiquei observando ela falar com Edward que estaria pronta para o compromisso deles em poucos minutos, indo aos pulos para o seu quarto. O cara tinha a cara de bobão apaixonado, observando o local por onde ela tinha passado.

Foi impossível não me recordar das palavras de Rose na noite do aniversário do Black enquanto observávamos os dois dançando.

Flashback – ON

Um tanto enciumado, observava minha irmã tentando fazer o Cullen dançar alguma coreografia desconhecida por mim. Ele tentava seguir o ritmo dela, mas sempre errava em alguma coisa, fazendo-a rir e retomar o passo com ele uma segunda vez.

— Eles parecem felizes. – comentou Rose despreocupadamente, bebericando seu cranberry.

— É. – resmunguei, bebendo o resto da vodca sem pudores.

Rose colocou-se em minha frente, cruzando os braços sobre o peito e arqueando uma sobrancelha para mim. Ela já estava extremamente sexy com o vestido justo que usava e fazer aquela pose só atenuava o seu estado.

— Já disse que está extremamente sexy esta noite, Hale? – sorri maliciosamente.

Ela revirou os olhos, descruzando os braços e apoiando o direito em cima do balcão.

— Quando vai parar de birra com o namoro da sua irmã? Pensei que tivesse sido isso que tinha prometido a ela. – reclamou, ignorando deliberadamente meu elogio.

Para Rosalie Hale está ignorando um elogio era porque ela realmente estava brava.

— Eu não estou com birra. – bufei.

— Está sim e sabe disso. – odiava quando ela dava uma de dona da razão (mesmo que estivesse com a mesma quase sempre) – Olhe para eles. – pediu, apontando para o casal.

Olhei novamente, percebendo tarde demais que a música do ambiente tinha passado para uma mais lenta, praticamente obrigando todo mundo a encontrar um par para si. Bella tinha seus braços cruzados atrás do pescoço do Cullen, enquanto ele tinha os seus na cintura dele. Eles se olhavam com sorrisos leves em seus rostos e provavelmente o olhar era intenso entre eles.

— Você não acha que sua irmã está feliz? Não é isso que realmente importa no fim das contas, Emm? – sussurrou Rose, muito próxima da minha orelha agora.

Rosalie tinha razão – outra vez. Era inegável o estado de felicidade da minha irmã e isso me aquecia o coração, mas ainda era tão difícil esquecer-me que ele a magoou, da época que ela esteve triste e eu não sabia bem o porquê.

Flashback – OFF

Então desde aquela noite eu estava com os pensamentos rodando acerca disso. Ao mesmo tempo em que eu queria dá uma chance, algo sempre me puxava para trás. Porém eu tinha me cansado disso. Estava na hora de deixar fluir. E, para ser sincero, eu gostava do Cullen. Muito antes de ele se envolver com a minha irmã. Apesar de sério e reservado, ele nunca pareceu ser um cara mau. Só cometeu alguns erros e, ao que parece, estava consertando-os.

— Você gosta mesmo dela. – comentei, pegando-o de surpresa. Ele parecia bastante entretido no jogo, já que eu não falava nada.

Eu a amo.— corrigiu com convicção – Sei que não gosta de mim pelo o que aconteceu, Emmett, e eu realmente entendo isso, mas não pense que não amo a sua irmã. Ela é uma das pessoas mais importantes no mundo para mim. Eu iria até o inferno por ela.

Assenti, percebendo que ele faria mesmo aquilo.

— Talvez esteja na hora de se desprender de algumas amarras, então. – dei de ombros, estendendo a minha mão para ele – O que acha de tentarmos de novo? – ofereci, tentando colocar um sorriso amistoso em meu rosto.

Edward olhou surpreso da minha mão para o meu rosto. Logo em seguida, sem pensar muito, apertou-a.

— Eu adoraria. – retrucou, apertando a minha mão com um sorriso de lado.

— Para selar esse novo começo, o que acha de ir para noite dos caras na casa de Jasper sexta feira? O cara tem uma boa sala para um pouco de cerveja e sinuca. – convidei despreocupadamente.

— Isso parece ótimo. De que horas?

— As oito. Você já sabe o endereço. – dei de ombros.

Edward apenas sorriu.

— Demorei? – perguntou uma Bella esbaforida.

Ela trajava um vestido da cor café, que chegava um pouco abaixo dos joelhos e tinha as mangas um tanto caídas. Os saltos, o colar de pérolas que eu tinha lhe dado no natal, e uma bolsa, completavam o visual. Inclinei a cabeça para o lado. Ela estava uma mistura de mulher madura e mulher Bella ao mesmo tempo. Era uma combinação interessante.

— O vestido foi Rose quem escolheu. Ela o encontrou no meio das minhas roupas. Eu nem lembrava que o tinha. – deu de ombros ao explicar suas vestes.

— Está linda. – Edward e eu falamos ao mesmo tempo.

Ela riu.

— Obrigada, cavalheiros. – agradeceu, pegando na ponta dos vestidos e inclinados em um cumprimento ultrapassado.

Revirei os olhos. Tinha que ser Bella.

— Estarei de volta ainda hoje, grande homem, então não durma antes de fazer a minha massagem nos pés. – piscou um olho para mim, puxando seu namorado pela mão até a porta.

— Você não vai se esquecer disso? – praticamente gritei enquanto a observava sair pela porta.

— Não mesmo! – devolveu no mesmo tom, fechando a porta atrás de si.

Eu bufei, mesmo sem conseguir controlar o sorriso em meus lábios.


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Notas finais do capítulo

Tão bonitinho Emmett dando uma chance para o Edward ♥. Esse capítulo foi bem leve, Bella encontrou uma nova profissão - haha - e tivemos momentos fofos ♥. Aproveitem o clima daqui, porque no próximo as coisas podem... Tensionar um pouco. Últimas emoções minha gente ;).
p.s: a musiquinha que a Bella canta é Cologne da SelenaG, escutem meu pessoal ela é um amorzinho!

Beijos e até a próxima, queridos ♥.



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