Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 44
Capítulo: 43 - Amor no Topo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Demorei um pouco, desculpem, mas minha vida é uma correria sem fim. O tempo livre que eu tinha, ou tava dormindo, ou tava estudando.
Mas, cá estou eu com um capítulo mais curto (e mais leve) que o anterior para vocês curtirem e relaxarem.
Boa Leitura!



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 Edward

Acho que meu estômago estava em processo de autodigestão, pois eu não encontrava uma desculpa melhor para tanto rebuliço. Puxei a manga do meu blazer o suficiente para olhar o horário em meu relógio.

01h37.

Já faz cinco minutos que eu subi. Onde estava Bella?

Querendo combater a ansiedade que crescia na boca do meu estômago, eu tomei um gole da bebida que eu tinha em mãos. Parece que aquele tinha sido o timing perfeito para um clique na porta ser ouvido. Ela tinha chegado. Eu podia sentir a sua presença mesmo de costas para porta, o que deixava as coisas um pouco insanas.

Bella fechou a porta com suavidade, mas não pronunciou nada. Eu sabia que teria que tomar as rédeas por ali, só precisava encontrar um jeito de começar.

— Vejo que conseguiu se desprender do seu namorado. – disse com a voz baixa, preferindo permanecer em minha posição. Não queria que ela visse o vinco de frustração em minha testa.

— Adam não é o meu namorado. Não sou eu quem está de casos esta noite. – colocou com uma voz estranha. Ela parecia incomodada?

O pensamento me fez sorrir e eu acabei olhando-a de relance. Bella estava a uma boa distância.

— Está insinuando que sou eu quem está? – arqueei uma sobrancelha.

— Se a carapuça serve, Edward, eu não posso fazer nada. – deu de ombros, como se aquilo não fosse muita coisa.

Intrigado, me virei definitivamente para ela, mordendo meu lábio inferior. Ela parecia bem centrada.

— Você realmente não faz à mínima ideia? – questionei, não conseguindo compreender.

Bella franziu o cenho.

— Ideia de que? Eu preciso ter ideia de algo? – arregalou os olhos de forma inquisitiva.

— Depois dos buquês, dos bilhetes, das conversas... Eu pensei que você tivesse alguma ideia do que estava por trás de tudo isso. – falei com seriedade, tomando outro gole da bebida.

Notei que ela engoliu em seco por um momento, sua fachada de durona despencou um pouco, mas ela logo tratou de colocá-la de volta no lugar.

— Então... Era sobre isso a conversa? Suas atitudes esquisitas? Porque era justamente isso o que eu queria tratar. Qual é a sua, Edward?  – mandou na lata, do jeitinho que ela sempre fez.

Um sorriso rasgou em meu rosto e eu não consegui refreá-lo. Eu amava quando Bella era daquela forma, tão segura e confiante do que queria. Foi com esse jeito que ela conseguiu resgatar Edward Cullen da realidade paralela que ele vivia.

Lentamente, deixei a taça pela metade em cima de uma mesinha. Agora era o momento. Coloquei minha melhor expressão de determinação, trazendo um pouco do Edward do mundo dos negócios.

Era agora ou nunca.

Caminhei até Bella com passos lentos, percebendo que ela acompanhava o meu ritmo, só que para trás. Parecia nervosa com algo. Quando seu corpo bateu contra a parede, eu a encurralei, parando poucos centímetros do seu rosto. Os olhos castanhos estavam levemente arregalados para mim e a sua respiração estava um pouco descompassada.

Temos alguém nervoso por aqui? Eu quase sorri com o pensamento, mas aquele não era momento para sorrisos. Era momento para ação.

— Você quer saber qual é a minha? – murmurei, quebrando o silêncio que tinha se estabelecido entre nós – Quer realmente saber como todas as letras o que me motivou a te dá flores e bilhetes? O que motivou a trazê-la aqui para uma conversa? Pois eu irei contar, Isabella. Contarei tudo. Eu tinha muitas merdas na cabeça quando você entrou em minha vida, você sabe disso. Eu era quase insociável, mas você foi lá e conseguiu resgatar o que eu tinha de bom. Você abriu meus olhos para a vida outra vez. Encorajou para que eu pudesse aproximar-me dos meus filhos e me ofereceu sua amizade. Estava sempre ali para ajudar-me. Você coloriu a minha vida sem que eu percebesse. – minha voz tremeu um pouco com a última frase, mas logo pigarreei, recompondo-me – Tornou-se a melhor coisa que me aconteceu em anos, e o que eu fiz para te retribuir foi magoando você. – soltei um suspiro, desviando o olhar do meu ao sentir a tristeza desse fato me atingir novamente – Eu tive que está a um passo de te perder para realmente deixar sair o amor que eu sinto por você. Eu amo você, Bella.

Voltei meus olhos para ela, desesperado por algo, sentindo que todo o sentimento que eu nutria poderia escorrer por eles. E eu queria que escorresse. Não queria mais segredos, distância e mágoas. Eu queria uma nova chance, queria amar e ser amado. Queria poder acertar pelo menos uma vez.

Bella tinha mudado totalmente sua expressão. De controlada e determinada, passou a carregar uma vulnerabilidade que eu só tinha visto poucas vezes. E uma delas tinha sido quando me levaram para longe dela e de Melanie no dia do sequestro. Estava com medo de isso ser algo ruim.

Antes que eu pudesse me desesperar realmente, sua expressão mudou outra vez. Ela parecia furiosa, seus olhos queimando e suas mãos cerradas em punhos empurraram-me para longe de si.

— Como você ousa chegar para mim e dizer isso? – abri a boca para responder, mas seu olhar ferino para mim fez com que eu pensasse duas vezes – Dois meses atrás você estava me dispensando para casar-se com Tanya, por Deus! Nem se quer cogitou reconsiderar quando expus meus sentimentos para você! E, aposto que se não tivesse ocorrido o drama no dia do casamento, você estava casado com ela e foda-se Isabella! Aí agora você vem e diz que me ama? Qual a porra do seu problema?

Passei a mão por meus cabelos, exasperado e em conflito com o bombardeio que me foi feito.

Porra!

Será que se não tivesse acontecido àquela merda no dia do casamento, eu teria prosseguido? Teria me casado com Tanya e vivido o resto da minha vida fingindo-me de cego sobre os sentimentos que nutria por Bella? Eu conseguiria mesmo viver me negando amar e ser amado?

— Talvez você tenha razão. – sussurrei, vendo seu rosto ser tomado pela surpresa – Se Tanya não tivesse destratado Melanie naquele dia, talvez eu tivesse casado com ela. Talvez eu ainda estivesse casado com ela, mas sabe de uma coisa, Bella? – ela negou com a cabeça lentamente – Eu sentiria a sua falta todo dia, assim como eu sentia. Seria uma questão de tempo até eu perceber que eu tinha feito a pior besteira da minha vida. Seria questão de tempo para eu ver o que sempre bateu em minha cara. E seria questão de tempo até eu ir atrás de você, rastejar se fosse preciso, só para tentar uma segunda chance.

Os lábios de Bella tremularam levemente, mas seus olhos ainda possuíam a raiva incontida.

Ela me empurrou para longe outra vez. Duas. Três. Com força. Com raiva. Ela estava extravasando e eu a deixei ter o seu momento. Quando minhas costas bateram contra a parede de vidro, Bella se viu encurralada a mim outra vez. Seus olhos fixaram-se nos meus. Os castanhos tinham uma emoção a mais além da raiva. Tinham paixão.

Contrariando todas as minhas expectativas – que se resumiam em levar um soco na cara – Bella levou suas mãos para minha nuca e chocou nossos lábios com certa brutalidade. Espantei-me com sua atitude por um milésimo de segundo, pois logo estava passando os meus braços por sua cintura e trazendo-a ainda mais para perto de mim.

Bella me beijou com ânsia, com uma pitada de raiva, vontade e desejo. E eu fui junto com suas emoções. Deixei que ela fizesse o que quisesse, porque eu estava totalmente a mercê dela. Se ela pedisse para que fizéssemos sexo no carpete do ateliê de Alice, eu o faria com o maior prazer.

Uma de minhas mãos escorregou para sua perna direita, trazendo para minha cintura de forma prática. Aproveitando a deixa, Bella logo trouxe a esquerda, cruzando-o com a direita pelas minhas costas e deixando nossas intimidades próximas demais. Ela já podia sentir toda a animação que eu exalava na região baixa. E, como se fosse para me enlouquecer ainda mais, ela soltou um gemido baixo entre o beijo. Encostei-a na parede de vidro, querendo que ela sentisse mais como me deixava.

Como felicidade de Edward Cullen dura pouco, o som da porta se abrindo chegou segundos mais tarde no meu aparelho auditivo, entretanto só vim perceber a presença de alguém quando a mesma falou.

— Bella eu estava sentindo sua... – a voz parou.

Os lábios de Bella se desgrudaram dos meus e eu abri os olhos, deparando-me com seu olhar chocado para um ponto fixo atrás de mim. Intrigado, virei o rosto o suficiente para ver quem nos perturbava. Não me surpreendi ao ver Adam com a maior cara de taxo.

— O que está acontecendo? – ele falou com a voz arrastada e incrédula.

Bella se desgrudou de mim quase que instantaneamente, como se eu tivesse dado-lhe a porra de um choque. Passei a mão pelos cabelos, sentindo a irritação tomar conta de mim.

Esse idiota tinha que atrapalhar logo agora?

— O que você está fazendo aqui, Adam? – perguntou Bella com uma voz mansa.

— Então é ele o cara que você gosta? Seu ex-chefe, Bella? – questionou com a amargura evidente em sua voz, olhando magoado para mulher a sua frente.

Eu revirei os olhos para o drama. Não me chame de insensível por isso.

— A gente não escolhe por quem vai se apaixonar, Adam. – suspirou Bella.

Meu coração vibrou. Isso queria dizer que eu teria uma chance? Bom, eu tinha esperanças.

— Realmente, a gente não escolhe por quem vai se apaixonar, mas escolhe se vai ser idiota em ir atrás de quem menospreza a gente. – respondeu com o mesmo tom de amargura.

Minha alegria renovada foi posta de lado com a fala do garoto, trazendo a irritação para o seu lugar.

— Então você é bem idiota, hm? – intrometi-me.

Bella voltou um olhar irritado para mim, enquanto o tal do Adam parecia raivoso.

— Não se meta, cara. A conversa não é com você.

 — Me envolve indiretamente, então, sim, é comigo. – sorri duramente.

Ele bufou, cerrando os punhos. Olhei desafiadoramente para ele, esperando alguma ação.

— Cale a boca, Edward. – Bella rosnou para mim, interrompendo o prelúdio de uma briga – E você, Adam, não sabe um terço da história, então não fale besteiras.

— Então conte-me, Isabella. Conte-me como Edward Cullen foi maravilhoso para você. – debochou com a voz arrastada por conta da bebida.

— Adam, por favor...

— Por favor, peço eu, Bella. Eu nunca te magoei, nunca te fiz sofrer, só queria uma chance para ser bom para você, mas parece que você prefere alguém que fale qualquer mentira para te ter nos braços. Quem garante que ele não vai fazer a merda toda de novo? Você está disposta a passar por tudo isso novamente?

Bella ficou em silêncio, com a testa franzida. Olhei chocado para o bêbado a minha frente, não acreditando que ele ia mesmo fazer um teatrinho.

Bom, se ele estava querendo...

— Você não sabe de nada, garoto. Não viveu minha vida e muito menos sabe da minha história para sair dando uma de sabichão sobre mim. Eu sei o que eu sinto por Bella e estou disposto a demonstrar isso. Pare de ser um bêbado idiota, rastejando atrás de alguém que não tem interesse por você.

O rosto do cara se retorceu no mais puro ódio e seus lábios tremeram.

— Cale a porra da sua boca, seu idiota! Você não a merece! – esbravejou, avançando de forma cambaleante para mim, pronto para dá um murro em meu nariz.

Empertiguei-me, preparando-me para comprar a briga quando Bella se colocou entre nós dois, olhando de forma irada para ambos.

— Querem parar com essa demonstração imbecil de testosterona? Hoje é natal, dia de festa e não de brigas. – respirou fundo, controlando-se – Você. – apontou para mim – Essa conversa não acabou aqui. Falaremo-nos amanhã sem falta.

— Porque amanhã? Eu quero resolver isso hoje. – expressei-me, indignado.

— Eu preciso levar Adam para casa. Ele não está mais apto a ficar aqui. – explicou, olhando para o cara.

— Não preciso que ninguém me leve para casa. Se eu estou sendo expulso, saio sem precisar de reforços. – cuspiu com chateação.

— Você não está sendo expulso por ninguém. – bufou — Os táxis não estão rodando hoje, e meu irmão não está em condições de levar nem ele mesmo para casa. Eu o levarei e ponto final.

Com um ar de insatisfação, Adam deixou o cômodo. Bella ficou para trás cerca de cinco segundos, lançando-me um último olhar.

— Ligue para mim e eu o encontrarei. – sussurrou por fim, deixando o cômodo também.

Soltei uma respiração profunda, passando a mão pelos meus cabelos. Eu não aguentava mais aquela situação.

Bella

Depois que Adam e eu nos despedimos do pessoal, alegando que ele não estava muito bem e precisava de alguém para levá-lo, eu peguei o carro de Emmett para fazer o transporte. Jasper traria mamãe e Emmett para casa, já que o meu irmão resolveu beber como se não existisse o amanhã.

O caminho de volta para o prédio foi feito do mais absoluto silêncio, quer dizer, os únicos sons eram o do motor baixo do carro e os pneus encontrando-se com o chão coberto por uma leve camada de neve. Adam parecia bastante concentrado na paisagem do lado de fora e eu tentava regular meus pensamentos. A noite tinha começado de uma forma tão tranquila para terminar de forma tão caótica.

Edward admitiu que me amava. De alguma forma louca, ele tinha dito aquilo. Uma parte de mim acreditava cegamente em suas palavras e queria desesperadamente sentir seus lábios de novo sobre os meus. Foi ela quem tomou a iniciativa do beijo brutal. Já a outra parte tinha os dois pés atrás, custando a acreditar que aquilo poderia ser real. Edward poderia ser tão inconstante às vezes!

Meu cérebro estava conflituoso, e meu coração dividido. Ansiava em esclarecer isso tudo de uma vez e a ideia de que isso só aconteceria amanhã me deixava ansiosa, nervosa e hesitante.

Estacionei o carro em frente ao prédio, submergindo dos meus pensamentos. Olhei para Adam, percebendo que ele não tinha se mexido nem um centímetro.

Suspirei.

— Vai me dá tratamento de gelo? – ele não respondeu. Tentei outra vez – Nós conversamos sobre isso, Addy.

— Você vai voltar para ele. – não foi uma pergunta.

— Eu nunca fiquei realmente com ele. – retruquei com uma voz tranquila – Eu te contei que era difícil, temos impasses mal resolvidos e que precisam ser resolvidos, compreende?

Adam, finalmente, olhou para mim. Os orbes azuis carregavam uma tristeza que partiu meu coração. Eu não queria fazê-lo sofrer. Sabia que era péssimo quando gostávamos de alguém e isso não era retribuído, então não desejava tal sentimento para ninguém. Muito menos para um cara tão bom quanto ele.

— Ele vai magoar você, assim como fez uma vez. E você vai se lembrar de mim, avisando-lhe isso, mas talvez eu não esteja aqui para confortar sua dor ou dizer um ‘’eu te avisei’’.

— Adam, nós não estamos tendo nada. E se por acaso chegarmos até um dia... – franzi os lábios – Quem vai correr o risco no relacionamento serei eu. Somente eu posso saber o que é melhor para mim.

Adam lançou-me um último olhar antes de sair do carro, sem pronunciar mais nenhuma palavra.

Passei as mãos pelo rosto, escorando a testa no volante. Depois de um minuto com a cabeça baixa, decidi que estava na hora de entrar. Deixei o carro de Emmett no estacionamento do prédio e segui para o apartamento. Preferi deixar Adam com os seus próprios pensamentos, pois qualquer coisa que fosse dita hoje não surtiria efeito. Ele estava bêbado e magoado, e isso nunca era uma boa opção para conversa.

Lentamente, tirei toda a roupa que eu usava, inclusive a intima, e resolvi ir tomar um banho quente. No processo, acabei retirando toda a maquiagem que cobria o meu rosto. De banho tomado, segui para o quarto, colocando um pijama e pronta para jogar-me na cama.

Eu até tentei dormir nos vinte minutos que tinham se passado, mas o sono não vinha. Me virei para o lado e foi nesse momento que escutei a porta da frente ser aberta. Renné e Emmett tinham que chegar a alguma hora, afinal.

— Formigaaaa! – Emmett falou com a voz embolada, invadindo o meu quarto – Onde está o Addy? Ele está legal?

— Ele está em seu apartamento, Emm. Amanhã vocês conversam.

— Vocês não aproveitaram a noite de nenhuma forma? – maliciou, sorrindo conspiratoriamente.

— Vá dormir pelo amor de Deus. – mandei, colocando um travesseiro em meu rosto.

Ele soltou uma gargalhada alta, e em seguida escutei o som da porta sendo fechada. Emmett podia ser bem inconveniente quando estava bêbado.

Rolei mais algumas vezes pela cama e quanto estava na minha sexta posição, desisti de tentar dormir. Levantei-me e fui para cozinha, atrás de um copo de água ou talvez um copo de leite. Algumas pessoas dormiam tomando o líquido branco, sim?

Escutei um fungado baixo antes mesmo de entrar no cômodo. Estranhei. Emmett não costumava ser um bêbado chorão, então a última alternativa que me restava era Renné.

Passei pela entrada da cozinha, encontrando Renné de costas para a mesma. O movimento dos seus ombros denunciava o seu choro. Quase que instantaneamente, lembrei-me da forma esquisita que ela agiu durante a noite.

O que tinha acontecido?

— Mãe? – chamei baixinho, temendo em está incomodando.

Ela passou as mãos pelo seu rosto rapidamente antes de se virar para mim. O azul celeste, da mesma cor dos olhos de Emmett, estava vermelho.

— Eu te acordei, querida? – sua voz estava frágil, como se fosse quebrar de alguma forma.

— Eu não consegui dormir. Tudo bem com você? – perguntei debilmente.

Era óbvio que ela não estava bem. Mesmo assim, Renné deu um sorriso fraco, pronta para negar o óbvio.

— Eu só estou emotiva com o natal. – balançou a cabeça, como se aquilo não fosse nada.

Caminhei até parar ao seu lado e abracei pelos ombros, desejando passar-lhe algum tipo de conforto. Assim como era horrível para uma mãe ver o seu filho chorando, o contrário se expressava da mesma forma.

— Eu sei que não é isso. E se quiser conversar, eu estou aqui.

— Não quero te aborrecer com os meus problemas.

Afastei-me dela para que eu pudesse ficar em sua frente, obrigando-a a olhar para mim.

— Estou aqui para ouvi-la, mãe. Sou sua filha e falar comigo sobre os seus problemas nunca me aborrecerão.

Duas novas lágrimas escorreram dos seus olhos.

— Phill me pediu o divórcio quando fui lhe desejar um feliz natal, e a única coisa que eu não consigo compreender é o porquê de ele está fazendo isso. Nós passamos por problemas nos últimos meses, mas eu não esperava que fosse para tanto. – desabafou.

Confesso que eu fiquei surpresa com sua revelação. Renné e Phill pareciam muito felizes na última vez que os vi juntos.

— Que cretino. Pedir separação por telefone é uma covardia. – resmunguei, externando o que eu realmente pensava.

Poxa, que tipo de gente esse cara é? Pedir o divórcio através de uma maldita ligação? Tem coisa mais imbecil do que essa?

Renné riu um pouco, enxugando as lágrimas do seu rosto outra vez.

— Acho que você e Emmett estavam certos sobre ele. – deu de ombros com a tristeza evidente em sua voz.

— E isso é realmente triste, mãe. Apesar de não gostarmos dele, não queríamos que você sofresse de forma nenhuma. Já basta a época difícil que foi com o papai. – murmurei, lembrando-me dos dias negros após a morte de Charlie.

— Charlie era maravilhoso em tantos aspectos. – sorriu com nostalgia – Sabe que eu nunca deixei de amar o seu pai, sim?

Meu coração caiu um pouco com aquela frase. Renné casando-se dois anos depois da morte do meu pai fez com que a ideia de falta de amo retumbasse por muito tempo em minha cabeça.

— Então você não ama o Phill?

— Eu amo o Phill, querida, mas ele nunca tomará o lugar de Charlie. Seu pai foi o primeiro em minha vida em tantos aspectos que ele nunca conseguirá ser esquecido ou apagado dela. – suspirou, olhando para baixo – Você e seu irmão não são os únicos que sentem falta dele.

Abracei Renné apertadamente, querendo consolá-la de alguma forma. A vida não tinha sido fácil para minha mãe também e o meu erro foi só ter enxergado a minha dor. Vê-la juntar seus pedaços e seguir em frente para ser feliz outra vez, não fazia dela uma pessoa ruim. Fazia dela uma pessoa forte.

— Desculpe-me se fui uma cretina com você por todo esse tempo. Acho que eu só estava enxergando o meu próprio umbigo. – pedi próxima a sua orelha, desejando fervorosamente que ela aceitasse.

— Oh, minha querida, eu que tenho que te pedir perdão por esses anos. Eu deveria ter insistido em você. Céus! Você é minha filha e eu te amo desde que descobri que te carregava em meu ventre. Você e o seu irmão são as coisas mais valiosas do mundo para mim e eu não os trocaria por nada, nada.

Senti as lágrimas se acumularem em meus olhos e logo escorrerem pelo meu rosto.

— Vamos apenas passar uma borracha nisso tudo, ok? O que importa é que estamos aqui, juntas e dispostas a recomeçar.

[...]

A manhã natalina nasceu com uma afeição familiar na minha nova moradia. Renné fez questão de assar biscoitos, assim como fazia quando Emm e eu éramos mais novos, dando uma conotação nostálgica aquele momento.

Aproveitamos também para trocar presentes entre nós mesmos e a comentar sobre o jantar da noite anterior. Emmett parecia bem empolgado em falar sobre quão boa a refeição estava, e ainda jogou algumas indiretas para mim sobre Adam. Fiz questão de ignorar todas, mesmo sentindo-me nervosa por dentro. Tinha um pouco de receio que quando meu irmão fosse falar com Adam, ele acabasse soltando tudo o que tinha visto durante a madrugada. Eu queria acertar tudo com Edward antes que eu pudesse conversar qualquer coisa com Emmett.

A manhã passou-se de forma preguiçosa e tranquila, agitando-se um pouco com a chegada de Rosalie para o almoço. Empenhamo-nos em preparar uma comida saudável – dado a quantidade de comidas gostosas (e não muito saudáveis) que comemos ontem. Frango xadrez, arroz e salada pareceram muito aperitivos para o dia.

Ela contou que os pais tinham ido almoçar na casa de Alice e Jasper, e que o irmão e sobrinhos de Alice também foram para lá.

— Eu não fui, pois Emm pediu para que eu viesse. – arrulhou, olhando apaixonadamente para o meu irmão que retribuía o olhar – E Alice preferiu deixar vocês terem o seu momento, apesar do convite para um café que ela fez ontem. – comentou, olhando diretamente para mim – Acho que você não pegou essa parte, sim, Bella?

Engoli a comida que estava em minha boca antes de responder.

— Não.

— Como está Adam? – prosseguiu, arqueando uma sobrancelha.

— Para falar a verdade, eu não sei. O deixei ontem em seu apartamento, mas ele não apareceu hoje por aqui. – respondi distraidamente, ganhando um olhar especulativo de Rose.

Ela sabia que tinha alguma coisa, mas Rose era esperta o suficiente para deixar suas suposições longe dos ouvidos de Emmett.

— Vou passar lá daqui a pouco. Vou ver como meu amigo está. – avisou Emmett, colocando um pedaço de frango na boca – Voxê vai Bella? – perguntou de boca cheia.

— Engole a comida. E... – meu celular vibrou em meu colo, fazendo-me franzir o cenho.

Deslizei o dedo pela tela, vendo que era uma mensagem de Edward. Ele tinha marcado nosso encontro em um hotel perto daqui. Meu estômago embrulhou e não foi por conta da comida.

— Na verdade, tenho um compromisso. – refiz minha fala, colocando minha melhor expressão neutra.

Emmett semicerrou os olhos para mim.

— Que compromisso?

— Um compromisso, oras. – retruquei, levantando-me da mesa, colocando o celular em meu bolso e pegando a minha louça suja – Não preciso dizer a você cada passo que eu dou, não é, Emm? – sorri para ele, caminhando para pia.

Escutei uma risadinha marota de Rose e um bufar inconformado do meu irmão. Eu amava Emm, mas ele tinha que entender que eu já era uma adulta que não precisava informar cada passo que dava ao irmão mais velho.

[...]

Parei em frente da enorme edificação em tons de cinza. O céu estava tipicamente nublado, e ainda tinha neve acumulada no chão, apesar de máquinas já estarem tratando de limpar as ruas. A neve caiu de forma intensa durante a noite, mas de manhã o dia só tinha o tom de cinza e as gotas de chuva.

Peguei o elevador para o quinto andar, depois de passar na recepção e falar que estaria na suíte de Edward Cullen. Isso pode ter soado um pouco mau (muito mau), pois a recepcionista lançou-me um olhar sutilmente malicioso. Não era como se fossemos transar, afinal. Estaríamos aqui para continuar uma conversa interrompida e colocar os pingos nos is.

Bati na porta de forma confiante, não deixando nenhum tipo de nervosismo me atingir. Entretanto, quando Edward abriu a porta, com os seus cabelos bagunçados, sorriso de lado e uma camisa verde que fazia um contraste incrível com os seus olhos, eu me vi desarmada.

Eu to perdidinha!

— Bella! Entra. – falou, oferecendo espaço para que eu pudesse entrar.

Entrei no cômodo, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhando ao redor. O lugar parecia bem confortável – luxuoso até – com aquela cama enorme, provavelmente uma vista maravilhosa da varanda e um espaço amplo.

— Não entendi o motivo de você ter escolhido um hotel. Poderíamos muito bem ter ido a um café. – falei, sentando-me no sofá.

Um enorme espelho estava em uma das paredes, dando-me uma visão clara de mim dentro de um vestido xadrez de mangas longas, meias pretas e sapatilhas.

— Um lugar público seria público demais, entende? Você não acha melhor um lugar mais privado? – indagou, vindo sentar-se ao meu lado.

— Você acha que sairá gritos daqui? – perguntei com certo deboche, olhando-o.

Edward deu de ombros.

— Nunca se sabe. – e então o sorriso torto estava de volta.

Maldito!

— Não estou a fim de mais gritos, senhor Cullen. Acho que eu já falei o que tinha para falar ontem à noite. – mordi o lábio, fitando a varanda a poucos metros de mim – Você disse coisas ontem, mas não chegou a um ponto específico e é dele que eu preciso. – voltei a olhar para ele – O que você exatamente quer, Edward?

Edward sorriu como se aquela pergunta fosse à coisa mais fácil do mundo.

— Você.

— Não sei se você pode ter isso. – sussurrei, olhando para as mãos em meu colo.

— Você me beijou.

— Beijei.

— Isso quer dizer alguma coisa, sim?

Levantei o rosto, capturando o olhar verde sobre mim. Edward parecia tranquilo, esperançoso e apenas com um leve traço de ansiedade. Ele estava tão... Doce. Acho que nunca vira Edward Cullen com aquela expressão. Isso teria que dizer algo, sim?

— O que você acha que isso possa dizer?

— Que você ainda sente algo por mim. Que pode me dá uma nova chance. Que podemos construir algo junto. – desviou o olhar, hesitando um pouco – Já imaginou como seria bom... Nós? Eu, você, as crianças. Uma família.

E então eu imaginei. Imaginei Edward, as crianças e eu em outra casa, menor do que a mansão Cullen, mas com o mesmo conforto. Imaginei-nos no grande jardim, aproveitando um dia de sol na piscina, escutando música e aproveitando a companhia um dos outros. Edward travava uma guerrinha com Melanie e Peter na piscina e eles riam abertamente. Liam perseguia um Snoop já grande incessantemente. E Lily desenhava algo em minha barriga, saliente por conta de um bebê que deveria ter ali dentro.

Senti algo escorrer pelo meu rosto, fazendo-me piscar os olhos rapidamente para voltar à realidade. Aquele gesto fez com que mais coisas escorressem pelo meu rosto, e tarde demais percebi que eram lágrimas.

Edward tinha um vinco de preocupação em sua testa.

— Está tudo bem? – perguntou, passando um polegar para secar as lágrimas.

— Diga-me, Edward. – sussurrei, ignorando sua pergunta – Diga-me que poderemos dá certo. Diga-me que confiará em mim e que vai me deixar entrar. Diga-me que sou importante, me faça importante. Demonstre o que você sente, não coloque apenas em palavras. E então, sim, você terá sua chance.

Edward levou suas mãos até o meu rosto, pegando-o com firmeza e não me deixando escapar do seu olhar.

— Nós vamos dá certo. Eu confio em você e eu quero que você entre, Deus, como eu quero! Você é mais do que importante para mim, e eu estou disposto a demonstrar tudo o que eu sinto todos os dias.

Eu sorri tremulamente, colocando minhas mãos nas suas em meu rosto.

— Faça amor comigo.

Edward não demorou a atender meu pedido. Logo seus lábios estavam presos aos meus, urgentes, quentes e ao mesmo tempo amorosos. Eu gemi em deleite, sentindo meu coração aquecer com todo amor que Edward exalava em seu toque.

Eu sentia que finalmente estava começando a viver aquele sentimento.

Nada é perfeito

Mas vale a pena

Depois de lutar com minhas lágrimas

E, finalmente, você me põe em primeiro

Love On Top – Beyoncé


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Notas finais do capítulo

Sim, não vou escrever o hentai fghjkkk. Fica na imaginação de vocês algo doce, porque escrever essas cenas não são o meu forte, sorry. Talvez um dia saia algo, não sei.
Bom, Bella e Edward meio que se resolveram. Como eu quis parar ai (♥) eu deixei a parte da conversa sobre oficialização de algo para o próximo capítulo. Alguns podem ter achado rápido, outros que demorou demais, e eu lhes digo apenas algo: eles gostam um do outro, assumiram isso e agora ambos os lados estão prontos para viver esse sentimento, então eu não vi porque adiar em colocá-los juntos :). Agora vamos aguardar o resto dos nossos personagens sabe dessa história ai.
A odisseia com o Adam acabou também. Espero que vocês não estejam odiando muito o personagem u.u.
Spoiler básico do próximo capítulo: começa com PV Jacob bem interessante.
—___
Enfim, amores, por hoje é isso. Espero ver vocês nos comentários - o capítulo passado rendeu um bocadinho, espero que esse renda também :D.
Beijão e até a próxima!



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