Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 38
Capítulo: 37 - Sem Camisa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Olha quem voltou em um curto espaço de tempo de novo o/. Tô querendo dá uma adiantada aqui para finalizar a fanfic, e já que a as ideias estão me ajudando, eu vou escrevendo e postando.
Boa Leitura - e até as notinhas!



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Bella

Era 00h30min quando cheguei ao prédio em que morava. Emmett e Adam estavam meio abraçados e andando cambaleantes em direção ao elevador, enquanto Rose, Renné e eu permanecemos atrás, os observando. Eles cantavam alguma música que eu não reconhecia.

— Acho melhor manter os rapazes longe das bebidas nas próximas vezes em que fomos sair. – comentou Rose, olhando com o cenho franzido para a dupla de bêbados.

Olhei para ela, sorrindo descrente.

— Difícil, Rose.

Pegamos o elevador e eu apertei o andar de Emmett, enquanto Rose apertou o andar de Adam, que era um acima do nosso.

— Eu preciso ir para casa hoje. Amanhã tenho algumas coisas para resolver e não estou com roupa aqui adequada. Vou apenas colocar Emmett debaixo de um chuveiro, fazer-lhe um café e partir. – explicou, olhando de mim para o meu irmão – Pode fazer o mesmo com o Adam? – Rose perguntou para mim.

Vocxê não vai ficar, tigrinha? – Emmett fez um bico, desconsolado.

Rose sorriu para ele.

— Hoje não, querido. Mas amanhã eu venho te ver, ok?

Ele assentiu, ainda parecendo triste.

— Eu cuido de fazer um café forte para ele, Rosalie. Sem problemas. – ofereceu-se Renné, alisando o braço de Emmett. Meu irmão se aconchegou nela, fazendo-a sorrir.

Eu sorri de lado para cena, mas logo desviei o olhar, dando de cara com o Adam quase dormindo escorado em uma das paredes.

— Tudo bem, dona Renné. Sua ajuda vai ser ótima.

Mamãe lançou-lhe um olhar reprovador.

— Nada de dona, esqueceu-se, querida? Você é a minha linda nora e pode chamar-me de Renné. – sorriu docemente, colocando uma mecha do cabelo de Rose atrás da orelha dela.

Minha cunhada retribuiu o sorriso doce. Parece que dona Renné está conquistando (e reconquistando) o coração de todos.

— E a senhora chame-me de Rose, ok? – Renné assentiu.

As portas do elevador se abriram, revelando o corredor do quarto andar. Rose despediu-me de mim com um beijo na bochecha, levando um Emmett cambaleante para fora junto com ela. Como Rose estava com Emmett, entreguei meu buquê de tulipas a Renné, que sorriu ao pegá-los e logo se apressou para acompanhar o casal.

Quando as portas do elevador voltaram a se fechar, Adam despertou do sono que estava e olhou-me um pouco atordoado.

— Onde estamos?

— Indo para o seu andar, seu manguaceiro. Vou fazer um café bem forte para você e te jogar debaixo de uma ducha gelada.

Ele fez um bico para mim, similar ao que Emmett tinha feito há poucos minutos.

— Poxa, Bella. Porque você é tão má comigo?

Eu apenas dei-lhe um grande sorriso, empurrando-o para as portas abertas do elevador. Adam voltou a cantarolar a música outra vez e eu tive que mandá-lo calar a boca para não acordar os vizinhos.

— Ninguém tá dormindo essa hora, Bella. – resmungou, e nós paramos em frente à porta do seu apartamento.

— Cala a boca e passa a chave. – estendi a mão, esperando o objeto.

Adam deu um sorriso largo, levantando os braços.

— Vem procurar.

Arriei os ombros, olhando-o indignada.

— Estou cansada, Adam.

— E eu estou bêbado. 1x1. – sorriu debilmente.

Mordi os lábios, reprimindo o sorriso que queria surgir em meu rosto. Se eu entrasse no seu jogo, não sairíamos daqui nem tão cedo.

Mandando tudo as favas, coloquei minhas duas mãos nos bolsos de trás de sua calça.

— Hmmm... Se quiser apertar, eu deixo. – maliciou e eu pisei em seu pé – Auw! Estou dando a oportunidade para você se aproveitar de mim e assim que sou retribuído?

Balancei a cabeça, pensando o quão idiota Adam estava. O álcool faz uns estragos loucos, e eu quem o diga.

Um sorriso involuntário brotou em meu rosto com o último pensamento, com o meu cérebro fazendo lembrar-me da vez em que fiquei bêbada e fui cuidada por Edward. Éramos tão próximos naquela época, brincávamos com as coisas e mantínhamos conversas interessantes. Hoje não passávamos de dois quase estranhos com uma lembrança desagradável.

— Bella? Você dormiu ai? – a voz embolada de Adam trouxe-me de volta para realidade.

Tirei minhas mãos dos seus bolsos de trás, levando-as para os da frente e encontrado as chaves no bolso esquerdo.

Tchanram! – exclamei, balançando a chave rente ao seu rosto.

Ele apenas ficou olhando para mim. Coloquei a chave na fechadura, girando-a e abrindo a porta. Entrei no apartamento, sendo acompanhada pelo seu dono.

O lugar harmonizado com cores claras estava organizado – apesar de ter algumas caixas de pizza em cima da mesa de centro. As cortinas da sala estavam abertas, mas as janelas estavam devidamente fechadas, o que poupou um trabalho.

— Quer um vinho? – ofereceu, caminhando tropegamente até a cozinha.

— Não e nem você. – puxei-o pelo braço, levando-o para o caminho do quarto. Sorte que já estive ali a vê suficiente para saber onde os cômodos estavam.

— Só uma taça, Bellinha. Juro que vai ser só um pouquinho e você vai tomar também. Você disse que gostava de vinho.

Voltei-me para trás, olhando para Adam com os olhos semicerrados. Ele olhava-me com cara de cão abandonado.

— Se eu te der um beijinho, você deixa? – sorriu de lado.

Revirei os olhos, sorrindo para sua cara de bobo.

— Da próxima vez eu vou te deixar longe das bebidas alcoólicas.

Ele riu.

— Então vai ter próxima vez? — olhou-me maliciosamente e eu revirei os olhos, empurrando-o para dentro do quarto.

— Você deveria tomar um banho enquanto eu lhe faço um café forte. — cruzei os braços, olhando a figura masculina sorrindo debilmente em minha frente.

— Eu disse que você está linda hoje?

Revirei os olhos, não levando a sério aquele papo.

— Quinhentas vezes. — brinquei, bagunçando seu cabelo.

Para minha surpresa, Adam aproveitou para pegar a minha mão e fazê-la de suporte para puxar o meu corpo para perto do seu.

— Então lá vai a quinhentos e uma: você está linda. – os olhos azuis compenetraram os meus, fazendo-me corar. Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

Um pouco tonta, afastei-me de Adam, balançando a cabeça.

— Você está bêbado! Vá tomar banho. – ordenei.

Empurrei-o para o banheiro, fazendo-o rir e dissipando aquela aura estranha de sedução que tinha nos envolvido.

— Quando eu estiver sóbrio você me beija? – empacou na porta do banheiro, voltando de frente para mim com um bico no rosto.

— Nos seus sonhos mais selvagens, Harris. – coloquei-o dentro do cômodo, fechando a porta logo em seguida.

Para minha felicidade, ele permaneceu lá. Aproveitei para tomar o caminho para cozinha, a fim de fazer o café e ir dormir. Minhas costelas machucadas estavam um pouco mais doloridas por causa da dança que não deveria ter sido dançada.

Fiz o café distraidamente, não reparando nas coisas ao meu redor. Acho que o sono estava desligando-me aos poucos.

— Acho que suas crianças não gostaram de mim. – o som da voz de Adam, surgida depois de dez minutos, assustou-me.

Olhei espantada para ele. Adam estava dentro de um pijama azul e com o cabelo todo bagunçado e molhado. Bom, pelo menos ele tomou o banho.

— Não chegue de fininho.

Ele sorriu, sentando-se na mesa.

— Desculpe-me, senhorita.

Revirei os olhos, colocando a caneca de café em sua frente.

— Obrigado. – agradeceu, levando a caneca a boca.

Passei a mão por seus cabelos molhados, tentando ajeitar um pouco os fios.

— O que quis dizer com ‘’as crianças não gostam de mim’’?

Ele fez um muxoxo, colocando a caneca em cima da mesa outra vez.

— Eles me olhavam esquisito. – murmurou com os olhos fixos no nada.

Eu sorri amarelo, sentando-me ao seu lado.

— Eles apenas não conhecem você direito. Os quatro são bem... Exigentes com as pessoas que irão se relacionar. Deus sabe o que eu já passei na mão deles antes de eles gostarem de mim.

Adam olhou interessado para mim.

— Eles fazem o tipo ‘’pestinhas’’, literalmente? – assenti com a cabeça – Bom saber. Conte-me mais sobre isso.

Contei a Adam as aventuras perigosas que passei no tempo em que eu cuidava das crianças. Ele pareceu escutar tudo atentamente, enquanto tomava o seu café.

Ao fim da caneca, ele bocejou, provavelmente sentindo os primeiros efeitos de um porre de bebida alcoólica.

— Acho que terminei meu papel por hoje. – comentei, vendo-o quase dormindo em cima da mesa.

— Apareça aqui amanhã, sim? – pediu.

— Tudo bem.

Despedi-me de Adam com um beijo no rosto e optei ir pela escada no momento de seguir para o apartamento do meu irmão. O prédio inteiro parecia mergulhado no silêncio, fazendo-me apressar um pouco o passo até onde eu morava.

Ao entrar no imóvel, acabei encontrando Renné tomando um chá na sala.

— O rapaz está bem? – perguntou em um sussurro.

— Sim. Nada que uma ressaca ensine. Ou não. – sussurrei a última parte.  Renné soltou uma leve risada – E o Emm? Capotou?

— Sim. Parece que nem precisou de café e banho. – contou um pouco confusa.

Agora foi minha vez de rir.

— Emmett sendo Emmett. – falei com descaso – Agora eu vou tomar um bom banho, tomar um analgésico e ir dormir. Minhas costelas estão protestando.

— Você deve ter exagerado um pouco na dança hoje. – ela sorriu amorosamente.

— Sim. Às vezes eu me esqueço que elas ainda estão machucadas, e que ainda tenho duas longas semanas pela frente até se recuperarem. – resmunguei – Posso nem ir para o trabalho.

Renné sorriu, tocando em meu ombro.

— Você ainda continua a mesma garota que não conseguia ficar parada. – acariciou minha bochecha.

Baixei o olhar, sentindo-me estranha com o carinho.

— Algumas coisas não mudam. – desvencilhei-me do seu toque, dando um passo para trás – Boa noite.

— Boa noite, querida. Suas tulipas estão em seu quarto.

— Obrigada. – agradeci, já caminhando para fora da sala.

Ao chegar a meu quarto, tirei os saltos dos pés e o blazer que usava. As tulipas – devidamente postas em cima da minha penteadeira – chamaram a minha atenção, e eu andei até elas.

Passei a minha mão sobre as pétalas outra vez, sentindo melhor a textura delas. Ao colocar a mão mais afundo, senti algo furando o meu dedo de leve. Intrigada, mexi um pouco até retirar algo que parecia ser um bilhete.

Curiosa, abri o papel dobrado em quatro, deparando-me com palavras rápidas rabiscadas com uma caligrafia elegante.

‘’Bella,

Talvez essas tulipas não sejam o suficiente para te agradecer por tudo que você tem feito pelos meus filhos – e para mim. Não somente pelo o que aconteceu com Melanie, mas também por tudo que fez ao entrar em nossas vidas. Para ser sincero, acho que nada vai ser o suficiente para agradecer a você, mas gostaria de dizer pelo menos um ‘’obrigado’’ toda vez que a oportunidade me for dada.

Abraço, Edward.’’

Fechei o bilhete, sentindo-me tocada com as palavras simples, porém significativas, de Edward. Era como se eu pudesse sentir a sinceridade em cada linha, o que me fez sorrir.

— Porque as coisas têm que ser tão difíceis?

Edward

Observava Alice se despedir dos últimos convidados, enquanto meus filhos brincavam de deixar Jasper tonto (mais do que já estava com a bebida) em uma brincadeira de roda-roda.

Eu já teria ido embora há tempos, caso minha irmã não tivesse me prendido ali. Eu bem sabia qual era o motivo. E digamos que eu tinha algo a dialogar também.

— Ok, desembuche, Cullen. – ordenou Alice, aparecendo do nada em minha frente.

Assustei-me, afastando-me um pouco dela – agora ela estava com as suas duas mãos apoiadas na mesa, olhando-me de forma ameaçadora.

— Para uma grávida, você continua silenciosa.

Ela sorriu de lado, sentando-se na cadeira ao seu lado.

— Algumas habilidades nunca são perdidas. – cruzou as mãos sobre a mesa, olhando-me de forma analítica – Então...

Respirei fundo, e contei-lhe tudo como exatamente aconteceu. Alice absolveu, calada, apenas maneando a cabeça. No fim, ela mordeu o lábio inferior, pensativa, até se erguer da cadeira para dar-me uma tapa na testa.

— Auw!

— Como você pode ser tão lento, Edward? – grunhiu, visivelmente irritada.

— Você escutou a parte do ‘’ela saiu correndo’’? O que queria que eu fizesse? Ela não parecia nem um pouco confortável!

— Experimente dormir com uma garota que você gosta muito e ser descartado no dia seguinte para ver como é. – devolveu ácida, dando-me uma tapa.

Gemi de dor, massageando o local. Aquela porra doía! Baixinha do demônio.

— Dá para parar com isso? – pedi chateado. Ela bufou, cruzando os braços – E eu não descartei a Bella. Arrependo-me da forma como as coisas ocorreram, mas você sabe a merda da minha vida.

— Eu sei, Edward. Mas você não sentiu na pele o que ela sentiu.

Passei a mão pelos cabelos, não gostando do rumo daquela conversa.

— Não sei nem porque você está dando esse piti todo. Não me informou em nenhum momento sobre o acompanhante da noite. – contra-ataquei com sarcasmo, deixando nas entrelinhas sobre quem eu me referia.

Alice olhou-me com um pouco mais de raiva, porém suspirou no final, tentando se acalmar, provavelmente.

— Ele é apenas um amigo.

— Amigo, Alice? Aquele cara não age como a porra de um amigo.

— Esse foi o título da noite e isso não é desculpa para amarelar, Edward. – falou rígida, mas logo soltou um longo suspiro — Se quiser a Bella, terá que ir atrás. Sabe disso não é? – seu tom de voz suavizou.

Estranhando, voltei a olhar para Alice, percebendo um quê de tristeza em seu olhar. Senti-me triste também, porque aquela tristeza era minha, não de Alice, entretanto, ela estava li, mais uma vez, entristecendo-se por mim.

— Eu sei disso, All. Eu só tenho medo de errar outra vez. – confessei com um sussurro.

Minha irmã sorriu amorosamente para mim, pegando a minha mão deixada sobre a mesa e a apertando.

— Siga o seu coração, Edward. E qualquer coisa, você me tem. Eu sempre estarei aqui para você.

Eu sorri para a minha irmã. Eu a amava, apesar de todas as tapas, palavras agressivas e puxões de orelha. Eu sei que ela fazia isso para trazer-me para baixo, guiar-me pelos caminhos que eu acabava por me perder. Para ser sincero, eu não sei o que seria de mim sem a minha irmã mais louca e sensata – um belo paradoxo – de todos os tempos.

[...]

Cheguei a minha casa em um horário muito próximo de uma da madrugada, trazendo Lily adormecida no meu colo e guiando mais três corpinhos sonolentos para dentro. Incentivei-os a tomar um banho e escovar os dentes antes de dormirem. Acordei Lily para fazer o mesmo, e com um pouco de dengo, consegui fazer com que minha filha mais nova se ajeitasse para dormir.

Agora, com os quatro dormindo tranquilamente no andar de cima, eu acabei indo parar em um lugar que não frenquentava há muito tempo: a sala onde estava apenas um solitário piano preto de cauda.

E cá estava eu, sentando na velha banqueta em frente ao piano – um pouco empoeirado, já que eu não queria ninguém na sala — de cauda com uma taça de vinho na mão. Como eu tinha apenas bebido uma taça de champanhe na festa de Alice – afinal, eu tinha quatro crianças para cuidar – decidi que colocaria um pouco de vinho no meu resto de noite – ou começo de dia.

Sorri ao lembrar que Bella adorava vinho e ela deixou isso bem claro em seu aniversário de vinte e três anos. Ela parecia tão feliz naquela noite, e eu estava feliz por ela.

Eu amava Bella. Talvez desde aquele dia, talvez desde antes, não sabia ao certo. Só sabia que a amava. O puro e não tão simples amor.

Deixei a taça em cima do piano, sentindo meus dedos formigar para tocar algo. Meus lábios tremularam em um novo sorriso. Há quanto tempo eu não sentia aquela sensação de querer tocar algo? Há quanto tempo eu não vinha ali, tocar músicas antigas ou compor novas melodias? Há quanto tempo eu tinha deixado o velho Edward de lado? As perguntas eram tantas, e as respostas tão vagas.

Querendo dissipar os questionamentos da minha cabeça, abri o tampo do instrumento, vendo as teclas bem conservadas e mantidas em fileiras brancas e pretas. Toquei uma tecla, toquei outra, apenas amaciando e lembrando-me da sensação de senti-las sob meus dedos. Passei os dedos rapidamente por todas, pensando em algo para tocar. Quando a música surgiu em minha cabeça, apreciei a escolha e passei a dedilhar as primeiras notas. De certa forma, a melodia combinava comigo.

Trouble — Coldplay*

Acompanhei a letra da melodia com uma voz sussurrada, não querendo que a minha voz sobrepusesse o som do piano. Só queria sentir cada tecla, cada nota musical, cada novo trecho de música entrar em meu ser.

Oh, no, I see

The spider web is tangled up with me

And I lost my head

The thought of all the stupid things I'd said

 

Oh, no, what's this?

The spider web, and I'm caught in the middle

So I turn to run

And thought of all the stupid things I'd done

 

And I never meant to cause you trouble

I never meant to do you wrong

And, ah, well, if I ever caused you trouble

Oh, no I never meant to do you harm

 

Oh, no, I see

The spider web, and it's me in the middle

So I twist and turn

But here am I in my little bubble

 

Singing out

I never meant to cause you trouble

I never meant to do you wrong

And ah, well if I ever caused you trouble

Oh, no, I never meant to do you harm

 

They spun a web for me

They spun a web for me

They spun a web for me

Ao fim dos últimos versos, despedi-me aos poucos da canção, deixando que minhas mãos caíssem em meu colo, sentindo todo o peso da música cair sobre os meus ombros.

— Eu só espero que consiga um dia me perdoar. E gostar de mim outra vez, quem sabe. – murmurei para o nada, mas desejando que a dona dos meus pensamentos e do meu coração pudesse escutar.

[...]

— Papai! Papai!

Apertei os olhos com força ao escutar os chamados insistentes de Lily, tirando-me do sono profundo no qual eu me encontrava. Ainda muito sonolento, não consegui abrir os olhos, apenas resmunguei algo incompreensível até para mim.

— Vamos, papai! Não faça manha. – a voz voltou a falar, e um sacudido foi dado por minha filha.

— O que foi, querida? – consegui pronunciar, abrindo os meus olhos minimamente.

Eu não consegui enxergar muita coisa, a não ser a luz fraca do dia que adentrava sem permissão através das cortinas abertas, fazendo com que o meu cérebro protestasse. Digamos que eu tenha tido uma boa noite com a garrafa de vinho, já que era uma noite de sexta e eu não precisava trabalhar hoje.

— Eu preciso que faça algo por mim. – senti que ela tomou impulso para sentar-se ao meu lado, e logo sua mãozinha estava em meu rosto – Não parece bem. Precisa de um médico?

Fiz força para abrir os olhos por completo, tentando acostumar-me com a claridade ao meu redor. Ajeitei-me na cama de forma que eu ficasse sentado e olhei para Lily. Ela tinha os olhos verdes grudados em mim e trajava o seu pijama e pantufas de coelhos nos pés. Seus cabelos estavam penteados e então deduzi que ela estava acordada há um bom tempo.

— Não preciso de um médico, querida. É apenas o efeito da ressaca. Depois de um analgésico e um bom banho estarei pronto para outra. – sorri para ela, que franziu a testa para mim – O que foi?

— Vocês, adultos, são estranhos. – fez uma careta – Tomam coisas que machucam e ainda querem estar prontos para outra!

Acabei por rir. De certa forma, ela tinha razão.

— Adultos são uma droga. Não queira ser uma logo. – beijei os seus cabelos – Então, o que a senhorita quer a essa hora da madrugada?

— Pai, são onze horas da manhã! – exclamou, como se aquilo fosse algo grande.

E, bom, de certa forma era. Arregalei os olhos, notando que estava um pouco tarde para acordar.

— Isso tudo? – ela apenas assentiu com a cabeça, ainda olhando-me de forma estranha – Poxa. – passei a mão pelo rosto – Seus irmãos já acordaram?

— Sim. A Anne fez o nosso café da manhã.

Santa Anne. – murmurei para mim mesmo – Eu vou escovar os dentes, tomar um banho e já desço, ok? Que tal almoçarmos fora hoje?

— Antes o meu pedido. – colocou as mãozinhas sobre as pernas, encarando-me seriamente – Quero que vá até o apartamento da Isa e do tio Emmett pegar minha boneca, Amora, que ficou lá.

Franzi as sobrancelhas, não gostando muito daquele pedido.

— Você não pode pedir para a Isa trazer, amor? – sorri para ela.

Ela continuou me encarando com o mesmo olhar. Confesso que aquilo estava começando a me intimidar.

Ótimo, Edward. Sentindo-se intimidado por uma criança de cinco anos!

— Papai, eu quero ela tipo agora! E se a Isa não puder vim? Como eu fico? Só durmo com a Amora. – fez um bico, fazendo uma cara de cão abandonado.

Arquei uma sobrancelha para ela.

— Você dormiu ontem sem ela.

— Mas é diferente! Eu estava com muito sono para notar. – expôs seu ponto, cruzando os braços.

— Ok, querida. Eu vou pegar a sua boneca.

Ela sorriu feliz, pulando para me dá um abraço apertado e um beijo na bochecha.

— Te amo, papai!

Sorri, abobalhado com aquelas palavras. Não importava quantas vezes elas seriam ditas, eu sempre sorriria feito um idiota cada vez que meus filhos as dissessem.

— Também te amo, querida. Vamos almoçar primeiro, depois passamos lá, ok?

— Ah, lembrei de algo. – ela quicou ao meu lado – Tia Alice ligou. Ela tá chamando para um almoço na casa dela. A Anne mandou eu te avisar. E o senhor pode ir buscar a Amora enquanto a gente se arruma! – pulou outra vez, animada com sua ideia.

Sabendo que seria inevitável encontrar-me com Bella outra vez, eu assenti para Lily, concordando com o seu plano de viagem.

— Vá avisar isso os seus irmãos, enquanto o papai se ajeita, ok? – ela assentiu rapidamente com a cabeça.

Lily saltou da cama de forma elétrica e saiu quase correndo do quarto. Ainda fiquei a olhando por um tempo, feliz pela energia contagiante que minha filha tinha.

Depois de um minuto, levantei-me da cama e fui tratar de me higienizar. Escovei os dentes, fiz a barba e passei cerca de vinte minutos debaixo do chuveiro, tentando dissipar qualquer vestígio de sono. Quando decidi que o banho tinha dado, peguei uma tolha para enxugar o meu corpo e a outra para enxugar meus cabelos.

O dia estava frio, como era típico do final do ano, principalmente quando se mora em Nova York. Pensando nisso, escolhi uma calça jeans escuras, com sapatos pretos, uma blusa de mangas longas azul e um sobretudo cinza. Sorte que dentro de casa tinha aquecedores nos quartos e um na sala, se não o inverno seria mais cruel.

Definitivamente pronto, desci as escadas rapidamente, deparando-me com os meus filhos assistindo a TV.

— Bom dia, queridos. – desejei, beijando a cabeça de cada um – Lily lhes passou o recado?

— Sim. E o senhor parece bem. – Melanie comentou, olhando para os meus trajes – Vai ao apartamento da Isa?

— Sim, e quando voltar, eu quero todo mundo pronto, ok? – alertei, olhando especialmente para Liam.

O garoto fitou-me sem entender.

— O que? – perguntou.

Melanie o fitou com certo deboche no olhar.

— Você não é a pessoa mais higiênica no mundo, seu porco.

— Ei, olha como fala comigo, sua hololosa!

Mel revirou os olhos e eu vi que estava na hora de eu intervir antes que eles se atracassem.

— Crianças, sem brigas. E Anne estará de olho em vocês, ok? Inclusive – olhei ao redor – Onde ela está?

— Na cozinha. – informou Peter, interessado demais no que passava na TV.

Baguncei os seus cabelos e fui rumo à cozinha. Chegando lá, Anne lia um livro de receitas em sua mão.

— Oh, bom dia, senhor Cullen. – cumprimentou, deixando o livro em cima do balcão – O almoço será feito em casa?

— Bom dia, Anne. E não. Estamos indo para Alice, mas antes passarei no apartamento de Bella para pegar uma boneca que Lily esqueceu lá. Você pode ficar de olho neles, principalmente enquanto eles se arrumam, para que eu possa ir lá? O horário de almoço está totalmente livre para você.

— Sem problemas, senhor Cullen.

— Obrigado. – agradeci – Ah, e peça para Jessica ou Bree limpar a sala de piano. Acho que está na hora de tirar um pouco de pó de lá.

Após falar isso, dei-lhe quase imediatamente as costas, mas ainda consegui ver os lábios de Anne se esticarem em um polido, mas sincero, sorriso.

[...]

Em frente ao apartamento 201, eu respirei fundo antes de apertar a campainha. Ainda bem que o porteiro reconheceu o meu rosto e não fez nenhuma menção de anunciação. Pelo contrário, ele até cumprimentou-me com um ‘’senhor Cullen’’ e breve aceno. Eu não sabia dizer ao certo se ele me conhecia das revistas ou gravou meu rosto – e meu nome – na única vez que estive ali.

A porta do apartamento foi aberta segundos depois de eu ter tocado a campainha. A primeira coisa que me passou pela cabeça ao encarar a pessoa que abriu a porta foi: será que errei de apartamento? Porque não era possível eu está vendo o tal do Adam, sem camisa, na minha frente.

— Sim? – perguntou de forma simpática.

— Isabella Swan mora aqui?

Diga que não. Diga que não. Diga que não. Diga que não. Diga que não. Diga que não. Implorei em pensamento, querendo ter errado a porra do número do apartamento.

— Sim. Quem deseja falar com ela? – continuou com o tom simpático.

Meu coração perdeu uma batida ao escutar sua confirmação. As palavras fugiram da minha boca, e antes que o cara pudesse estranhar meu estado, Bella apareceu atrás dele com um grande sorriso no rosto.

— Adam, eu coloquei... – sua voz morreu ao encontrar-me ali – Edward? – perguntou, olhando-me de forma esquisita – O que está fazendo aqui?

Senti meu estômago revirar no momento que meu cérebro presenteou-me com imagens nada agradáveis de Bella e Adam juntos.

Alguém me mate, por favor.


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Notas finais do capítulo

Confesso que eu tô rindo bastante ao imaginar a cara do Edward nesse momento. Que situação, hein? Porque será que o Adam tava sem camisa? Quem chuta ai o motivo? Eu escreveria mais nesse capítulo, mas achei melhor parar nesse momento – hehe.
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Uma Babá Sem Noção recebeu sua oitava recomendação e a dona dela foi a Vivi Senna: OBRIGADA SUA LINDAAA!! Amei suas palavras e o seu carinho pela história ♥.
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*música e trad: https://www.letras.mus.br/coldplay/8092/
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É isso amores. Até a próxima, beijo!