Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 36
Capítulo: 35 - Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Tudo bom com vocês? Esse capítulo está sem muitas ''novidades'', ele é mais de amarramento para alguns fatos.
Boa Leitura!



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 Bella

A saída do hospital tinha sido tranquila, e eu devia isso a Jasper. Quanto menos história melhor. Meu irmão parecia bem satisfeito naquela manhã, diferente do estado caótico no qual ele se encontrava quando abri meus olhos pela primeira vez no hospital. Aquele momento serviu para mostrar o quanto meu irmão me amava, e isso sempre é algo bom de saber – e de sentir também.

Emmett estacionou o jipe na garagem do prédio em que morava, tendo um cuidado desnecessário comigo ao abrir a porta do carona e ajudar-me a sair.

— Sabe que isso não é necessário. – falei para ele.

— Você está machucada, formiga. Claro que é necessário. – retrucou de forma muito doce.

Eu apenas revirei os olhos e deixei que ele me guiasse para dentro. Ao entrarmos em seu apartamento, fui recebida por sorrisos quentes de minha cunhada e da minha mãe. Ambas vieram para um abraço devidamente correspondido.

— É tão bom te ver em casa. – murmurou Rosalie para mim em seu momento.

— Eu fiz arroz e a batata recheada que você adorava quando criança. – Renné falara ao soltar-se de mim – Eu espero que ainda goste.

Sorri um pouco desconsertada para ela.

— Bella ainda adora as batatas. – Emmett sorriu para ela – E eu estou morrendo de fome. Que tal irmos encher o bucho?

Eu ri da falta de modos do meu irmão, enquanto Rosalie o repreendia. Renné apenas sorriu para cena, o que eu estranhei um pouco, afinal, ela seria do time da Rosalie nessa situação.

Fomos todos para a cozinha – que dividia espaço com a sala de jantar – e nos servimos com a comida. O almoço estava ótimo e foi regado de conversas e de um estranho conforto. Emmett aproveitou para avisar que amanhã pela tarde a polícia viria recolher meu depoimento, já que um dos sequestradores estava vivo. Eu fiquei um pouco perdida em pensamentos depois disso, recordando-me que era o mesmo cara que tinha oferecido ajuda e agora ele estava preso. Parecia certo e errado, de alguma forma louca.

Percebendo que eu estava aérea, Renné puxou assunto, querendo saber como as coisas estavam, e conhecer um pouco mais Rosalie. Ela parecia realmente inclinada a recuperar o tempo perdido e se retratar, então decidi que ela merecia uma chance.

— Antes que eu esqueça, Alice disse que apareceria aqui com as crianças. Elas estão loucas para te ver. – falou Emmett com um sorriso, logo após de terminarmos o almoço.

— Isso é tudo que eu preciso. – disse com carinho, sentindo falta das minhas pestes favoritas.

— Emmett contou-me que você trabalhou por um período como babá dos sobrinhos de Alice, sim? Nem me lembrava mais que o menino mais velho dos Cullen tinha crianças. – comentou Renné com certa curiosidade.

— Trabalhei alguns meses com eles, mas decidi que tinha que seguir por outro caminho. – coloquei simplesmente.

A campainha tocou, cortando o assunto. Emmett se levantou para abrir a porta, enquanto Renné se encarregou de levar e lavar a louça do almoço. Rose ofereceu-lhe ajuda, mas minha mãe recusou gentilmente, dizendo para ela acompanhar-me para a sala.

Sem muitas alternativas, Rose sorriu para mim, entrelaçando os nossos braços e levando-nos para sala.

Eu estava preparada para ver meus quatro amores e minha melhor amiga no apartamento, mas não estava preparada para ver Edward Cullen. Ele olhava para mim um pouco sem jeito, próximo demais da saída. E voltamos ao que éramos antes de toda essa confusão.

— ISA! – gritaram os gêmeos e Peter, correndo para um abraço.

Eu abaixei-me a tempo de sentir seus corpos colidindo contra mim. Vi que Melanie tinha ficado para trás, de mãos dadas com a tia e olhando para nós. Provavelmente só estava querendo dá um tempo aos seus irmãos comigo.

— Senti a falta de vocês amores. – sussurrei para eles.

E eles embaralharam suas falas, falando o quanto sentiram minha falta, que sentiram medo de acontecer algo e de como estavam felizes em me ver.

— Nós fizemos o papai e a Mel prometer nunca mais fazer isso; você vai prometer pra gente também, Isa? – perguntou Lily com os olhinhos azuis cheios de esperança e receio. O mesmo era refletido nos olhos dos outros dois.

Beijei sua bochecha gordinha.

— Eu prometo, amorzinho. Nós agora podemos viver uma vida tranquila.

Agola eu quelo beijo! – pediu Liam, mostrando-lhe sua bochecha.

Eu sorri para ele, enchendo-lhe o rosto de beijos e causando-lhe risadas. Lily e Peter também quiseram um pouco do carinho e logo Mel veio atrás de algo para si também.

— Será que eu posso ter um pouquinho da minha amiga? Juro que a devolvo para vocês depois. – falou Alice, aproximando-se de nós com um sorriso.

As crianças deram espaço para ela, correndo para falar com Emmett e Rose.

— Não pense que não vou dá uns bons puxões de orelha em você depois. Só estou lhe dando tempo para apreciar os meus sobrinhos. – sussurrou em meu ouvido, enquanto trocávamos um abraço.

Sorri para ela, revirando os olhos no processo.

— Esperava por isso.

Ela sorriu, dando espaço para que seu irmão se aproximasse e indo para onde Rosalie e Emmett conversavam com as crianças.

Hesitante, Edward caminhou em minha direção. No mesmo momento em que senti alívio por vê-lo ali, ainda com os pés nos Estados Unidos da América e bem, o meu coração idiota acelerou a cada passo que ele dava para mim. O que ele faria agora? Um abraço? Um beijo casto em meu rosto? Minha mente desesperada bombardeou, tentando descobrir qual seria o feito de Edward.

Porém, contrariando tudo, Edward apenas parou em minha frente, olhando para mim de forma doce e feliz.

— Estou feliz que esteja bem. – sussurrou, desviando os olhos verdes dos meus – E desculpe-me por toda essa confusão. Eu realmente não queria que você se machucasse.

Sem saber ao certo porque, toquei no braço de Edward, fazendo-o olhar para mim. O verde tinha uma pontada de tristeza que me deixou triste também.

— Não precisa se desculpar, Edward. E não conviva achando que precisa, ok? Estamos bem e é isso que importa. – ele assentiu para as minhas palavras, mas eu sabia que isso seria um processo demorado. – E a propósito... – continuei, antes que ele se afastasse – Também estou feliz que esteja bem.

Edward deu-me um sorriso quente, que fez meu coração pular e meu rosto corar. O sentimento ainda estava ali, afinal. Antes que a situação ficasse complicada, e Emmett desconfiasse de algo que não devia, voltei minha atenção para as crianças. Elas pareciam entretidas em algo que Emmett colocou para elas assistirem.

— Trouxe suco. – anunciou Renné, entrando na sala com uma bandeja de suco de manga – Alguém vai querer?

— Oh, eu adoraria. – Alice disse animada, pegando um copo para si e distribuindo para os sobrinhos, que estavam animados para um pouco de suco também.

— Mãe, este é Edward Cullen, pai das crianças. – apresentou Emmett – E Edward, está é a mãe dos Swan, Renné Dywer.

Edward sorriu torto, estendendo a mão para minha mãe.

— É um prazer conhecê-la, Renné. – falou cortês.

Minha mãe sorriu um tanto deslumbrada pela gentileza – e talvez pela beleza também. Ela deixou a bandeja na mesinha de centro para poder apertar a mão de Edward.

— O prazer é meu também, Edward. Como está? – devolveu a cordialidade.

— Estou bem, obrigada.

— Acho que você foi o único Cullen que eu não conheci. Morava em Londres, sim? – questionou. Edward apenas assentiu – Também moro lá e devo dizer que a cidade é ótima.

E então eles se sentaram no sofá desocupado, conversando sobre como era morar em Londres. Eu ocupei a poltrona – já que o sofá maior estava sendo ocupado por Emmett, Rose e as crianças, distraídos demais no que passava pela TV – observando toda aquela cena estranha desenrolar rente aos meus olhos.

Em que mundo eu pensei que Edward conheceria a minha mãe? E pior, que eles se sentariam no sofá e conversariam como se fossem velhos amigos? Aquilo estava me perturbando um pouco e não consegui desviar o foco deles por muito tempo. Vez ou outra Emmett olhava com interesse para mim, mas logo passava quando algo engraçado era mostrado na tela.

Quando Edward falou que era hora de ir para casa, as crianças fizeram manha, não querendo se separar de mim. Eu pedi se não fosse demais, que eles ficassem comigo naquela noite e eu me responsabilizaria pela ida deles amanhã no colégio.

— Não quero incomodar, Bella. – foi o argumento de Edward.

— Não incomoda. Só precisa pegar as coisas deles e tudo bem.

— Eu venho deixar! – ofereceu-se Alice, muito empolgada – Acho que vai ser bom ter as crianças por aqui. – piscou para mim.

Sorri para ela.

Vencido, Edward só fez acatar a decisão para a euforia geral. Ele e Alice se foram com Edward deixando mil e uma recomendações para os filhos e ganhando muitos beijos em troca. Confesso que eu me derreti um pouco com aquela cena.

— Bom... – Emmett começou, fechando a porta – Acho que teremos uma longa noite pela frente. – mexeu as sobrancelhas sugestivamente.

As crianças gritaram, animadas coma possibilidade do que estava por vim.

[...]

—... Então quando o papai e a Melanie passaram pela porta, Liam, Peter e eu corremos para eles e a gente abraçou eles bem forte! Ai eu comecei a chorar, e os meninos também, e o papai e até a Mel chorava! Não vou dizer nem sobre a tia Alice, porque isso é óbvio. A vovó, o vovô, a Jess, a Anne e a Bree também estavam chorando. Acho que o único que estava sério era o tio Jasper, ele só sorria pra gente mesmo. Eu disse que amava muito o papai e a Mel e que estava louca para ver você! Ai a tia Alice que iríamos de te ver depois de comermos o bolo. Ainda brincamos um pouco com as bolas antes de vim te ver. – tagarelou Lily, contando o que tinha acontecido mais cedo e mexendo os bracinhos enfaticamente para dá mais efeito em sua história.

— Respira. – disse Peter, soltando uma risadinha.

— Ela palece a tia Alice fazendo essas coisas. – Liam fez uma careta.

Lily deu a língua para ele.

— Amores, não vamos brigar. – pedi, olhando para cada rostinho presente.

Depois de muita farra com o Emmett na sala – que inventou de fazer uma cabaninha de lençol para contar algumas histórias, causando risada até nos adultos presentes – nos arrumamos para dormir. Apesar de Emmett ter ido para o apartamento de Rosalie para dormir lá, meus pequenos preferiram passar a noite comigo.

— Eu tô com sono. – murmurou Melanie, abrindo a boca em um bocejo.

— Isso é ótimo, pois o dia amanhã começa cedo. – avisei, lançando um olhar para o relógio no criado mudo – E são quase onze horas da noite, então se ajeitem.

Com beijos e desejos para uma ‘’boa noite’’, nos ajeitamos na nossa cama improvisada na sala, de forma que ficássemos confortáveis. Digamos que a brincadeira do meu irmão tinha trago uma boa ideia para aquela noite, afinal, uma cama de casal com cinco pessoas não seria muito confortável – ainda mais para mim, que precisava de confortabilidade por causa do machucado.

Minutos mais tarde, os quatro ressonavam ao meu lado, embalando-me para o meu próprio sono.

Eu não sei por quantas horas dormir, até um grito chegar aos meus ouvidos, fazendo-me despertar do sono tranquilo no qual eu me encontrava. Alarmada, olhei para o lado, encontrando uma Melanie chorosa e três rostinhos olhando-a preocupada.

— Isa. – fungou, agarrando-se a mim.

Suas lágrimas caiam pelo meu pijama e seus soluços me rasgavam o coração. Eu nunca tinha visto Melanie chorar daquela forma. Abracei-a com forma contra mim, querendo tirar a angustia que ela sentia.

— Querida, o que houve? – perguntei com a preocupação evidente em minha voz, alisando seus cabelos.

Ela disse que ia me pegar, Isa. Ela disse que não acabou, ela disse, ela disse! Ela vai colocar fogo em tudo. – falou de modo entrecortado.

Franzi o cenho, não compreendendo muito bem suas palavras.

— Você está se referindo a quem, Mel?

— A Tanya.

Meu corpo arrepiou-se ao escutar o nome e eu quase fiquei em alerta, até lembrar-me que Tanya fazia parte do mundo dos mortos agora. Os três irmãos que olhavam preocupados toda cena, agora se entreolhavam com temor expresso em suas feições.

— Meus amores, a Tanya não pode mais fazer mal a gente. Esqueceram que ela não habita mais esse mundo? – sussurrei para eles, afagando o bracinho de Lily que estava mais próximo ao meu.

— Ela nunca mais vai levar você, a Mel e o papai para longe, Isa? – perguntou Lily.

— Nunca mais. – afirmei para ela, olhando bem em seus olhinhos.

[...]

A manhã de segunda feira nasceu nublada, ameaçando cair uma chuva a qualquer momento. Minha vontade de permanecer na cama quando o despertador do celular tocou foi enorme, mas eu tinha quatro crianças para aprontar e levar para escola.

Minhas costelas machucadas protestaram um pouco pela noite dormida em um canto menos confortável do que minha cama, e outro tanto por ter Melanie quase se fundindo a mim. Depois do pesadelo, eu levei os quatro para tomarem água e se acalmarem, porém eles só vieram pegar no sono um bom tempo depois. Eu também não dormi com facilidade, imaginando que a ideia de um psicólogo para Melanie seria uma boa escolha antes que aqueles sonhos ruins agissem de forma mais agressiva.

Levantei, deixando as crianças dormindo na sala – já que eu acordaria mais cedo para preparar as coisas – e indo para o meu quarto, escovar os dentes, tomar banho e fazer as necessidades fisiológicas – o famoso xixi matinal.

Levei cerca de vinte e cinco minutos para ficar pronta, então fui para cozinha, preparar o café da manhã. Surpreendi-me ao encontrar minha mãe lá, sentada em dos bancos do balcão e tomando café em uma xícara.

— Bom dia, Bella. – saudou com um pequeno sorriso.

— Bom dia. – sussurrei, passando por ela – Faz tempo que acordou? – questionei, abrindo a geladeira e pegando duas goiabas, água gelada e leite para um suco.

— Uns dez minutos. Não costumo dormir muito. – deu de ombros, olhando minha movimentação pela cozinha – Quer ajuda?

— Não precisa. – sorri para ela – Sei me virar com eles.

Ela apenas assentiu, tomando mais um gole do seu café.

— Como foi a noite? – questionou, enquanto eu cortava as goiabas e as colocava dentro do liquidificador.

Fiz uma careta, recordando-me outra vez da noite conturbada.

— Um horror. Melanie acordou chorando por conta do pesadelo que teve com Tanya. – disse com tristeza, lembrando do desespero da minha garotinha.

Renné olhou-me com condolência.

— Pode ser um trauma para uma criança. – sussurrou com a voz suave.

— Meu medo é que isso piore. — confessei, enquanto terminava de colocar os ingredientes no liquidificador e o ligava na tomada para fazer a mistura.

Ficamos em um silêncio tranquilo, apenas escutando o barulho do liquidificador fazendo o seu trabalho. Para falar a verdade, eu estava achando um pouco estranho ter a minha mãe ali em plena manhã conversando comigo, mas isso seria algo que me acostumaria de novo com o tempo. Eu decidi dá uma chance para que pudéssemos funcionar outra vez, no fim das contas.

— Isa? – escutei Peter me chamar e logo me virei para ele, desligando o liquidificador.

— Bom dia, Peter. – desejei, sorrindo para ele.

O garotinho de cabelos loiros correu para um abraço antes de responder-me.

— Bom dia. E bom dia, dona Renné. – falou um pouco tímido, olhando para minha mãe sob os cílios.

— Bom dia, menino bonito. E chame-me apenas de Renné, ok? Ou tia Renné, como preferir. – piscou para ele, passando a mão por seus cabelos.

Ele apenas assentiu, ainda sentindo-se tímido.

— Seus irmãos já acordaram? – perguntei, movimentando-me pela cozinha para pegar copos e pratos.

— Só os gêmeos. Mel ainda dorme. – avisou.

— Então a acordem e vão para o quarto. Daqui a pouco vou separá-los para o banho. – disse e ele saiu quase em disparada da cozinha, fazendo-me quase revirar os olhos. Essas crianças adoram correr!

— Eu vou ajeitar a sala para você. – minha mãe avisou, pulando do lugar onde estava sentada.

— Não precisa.

Ela fez uma cara feia para mim, mas não parecia realmente brava.

— Eu não sou uma inválida, Bella. Só quero ajudar.

Suspirei, assentindo para ela com um sorriso. Com outro ainda maior, Renné foi para sala, deixando-me a só com a cozinha/sala de jantar.

Terminei de preparar tudo para o café da manhã e me encaminhei para o quarto, a fim de organizar os pestinhas para o banho. Entrando no local, encontrei os quatros pulando em cima da cama na maior bagunça. Minha mãe estava lá também, guardando algumas coisas que estavam na sala no closet.

— Vamos parando de farra que hoje tem aula. – fui logo mandando e tirei Lily de cima da cama, fazendo com que os outros tomassem o mesmo caminho.

— A gente não pode ficá só hoje em casa? – perguntou Liam com um bico.

— Não, seu moço. Agora vá você e o seu irmão para o banheiro do corredor, enquanto as meninas vão para o banheiro do Emmett.

Os garotos saíram em disparada pela porta, não dando a oportunidade de dá-lhes um carão. Já Mel e Lily olharam para mim, não sabendo ao certo onde era o quarto de Emmett.

Peguei toalhas e sabonetes dos quatro e levei logo as meninas para o banheiro, antes de entregar os objetos para os meninos.

— Lavem-se bem, porque não quero ninguém fedendo. – brinquei com as meninas, que riram – Eu venho aqui fiscalizar.

— Eu já tenho onze anos. – Mel tentou dá uma de gente grande.

— Parabéns para você, agora eu quero um banho bem tomado. Ajude sua irmã com qualquer coisa. – alertei para ela, ganhando um bufo e um ‘’ok’’ em troca.

Marchei para o banheiro do corredor, escutando já os barulhos que Liam fazia. Ao abrir a porta, encontrei Peter debaixo da água, olhando para o seu irmão brincando com o velho patinho de borracha do meu irmão.

— Eu não acredito que Emmett ainda tem isso. – gargalhei, lembrando-me do companheiro inseparável do meu irmão na hora do banho. Só com ele Renné conseguia convencer o porco a tomar banho.

— É legal! Palece com o meu coelhinho de bolacha. – agitou-se Liam, balançando o brinquedo em mãos.

— É parece e borracha, querido. Quando as palavrinhas vão começar a sair corretamente da sua boca? – meu tom de voz foi doce, querendo realmente saber daquilo.

Ele deu de ombros, sem se importar muito com aquilo. Entreguei o sabonete para os dois, tendo que passá-lo no corpo do Liam, já que, assim como Emmett era pequeno, ele não era muito fã da limpeza.

Assim que todos estavam devidamente limpos e prontos para escola – só faltando calçar os sapatos –, levei-os para tomar café da manhã. Cada um tomou um lugar na mesa e começou a se servir do que tinha. Eu apenas fiquei com uma xícara de café feito por Renné e um pedaço de bolo. Sorri com nostalgia, vendo-os interagir um com o outro da mesma forma que era quando estávamos na mansão.

No fim, graças a Deus, eles conseguiram se alimentar sem sujar o fardamento. Mandei-os ir calçar os tênis no quarto enquanto eu colocava a louça suja na pia. Durante o processo, escutei a campainha tocar. Terminei com minha tarefa e antes de voltar para o quarto, deparei-me com minha mãe na soleira da porta.

— Alice está aí. – avisou com um sorriso.

Franzi o cenho.

— Aconteceu alguma coisa?

— Ela disse que levaria as crianças para a escola, já que sabe que você está sem carro.

— Diga para ela esperar alguns minutos que já vamos, ok? – pedi e Renné assentiu, voltando para sala.

Passei para o quarto, encontrando Melanie e Peter com os sapatos nos pés e ajudando os irmãos menores com o cadarço.

— Acho que está na hora dos senhores aprenderem a amarrar o cadarço. – disse para os gêmeos.

— Não sou senhor, sou senhorita. – Lily colocou com uma voz mandona.

Eu sorri para minha pequena garota e beijei sua bochecha gordinha.

— Claro que é, querida.

Seguimos em fila indiana para sala, cada pimpolho carregando sua própria mochila – e no caso dos gêmeos e Peter, lancheira com lanche posto por Alice.

— TIA ALICE! – gritaram os gêmeos, correndo para abraçar as pernas da tia.

— Bom dia, queridos. Dormiram bem? – sua voz era um poço de carinho.

— Dormimos, mas acho que a Mel não muito. – comentou Lily, fazendo uma pequena careta.

Alice olhou confusa – e um pouco preocupada – da sobrinha caçula para a primogênita.

— O que aconteceu? – seus olhos subiram para mim, querendo respostas.

— Eu tive apenas um sonho ruim, tia Alice. Não se preocupe. – Mel disse com um pequeno sorriso, abraçando a tia.

Alice lhe beijou os cabelos, mas seus olhos permaneceram em mim como se dissessem ‘’você precisa me contar melhor isso’’. Eu assenti silenciosamente, vendo Liam se juntar as duas.

— Já que a Isa não está com um carro para levar vocês, eu estou de motorista hoje, tudo bem? Edward vai buscá-los mais tarde. – avisou, sorrindo para os quatro.

— Não precisava ter feito isso. Você deveria está em casa descansando.

Minha amiga bufou.

— Não comece a me tratar como uma inválida. Eu só estou grávida.

De gêmeos. – enfatizei, arqueando uma sobrancelha – Sabe das recomendações.

— Sim, e eu não vou parir no trânsito. – resmungou, arrancando risadas das crianças e até de Renné, que apenas observava a nossa interação.

— Você é fogo, Alice. – balancei a cabeça, vendo que conversar aquilo com Alice não nos levaria a lugar nenhum.

— Mudando de assunto... Quero que vá almoçar lá em casa hoje. Jasper vai passar o dia fora e eu estou de saco cheio de ficar só lá. – fez uma careta, mas logo sua expressão se suavizou ao olhar para minha mãe – Se quiser ir, está convidada, Renné.

Renné sorriu cortês.

— Desculpe-me, querida, mas Emmett já tinha combinado um almoço com os pais de Rose hoje.

— Ah, sim. Conhecerá meus sogros. Garanto-lhes que eles são ótimas pessoas. – piscou um olho – O que é bom, pois não tenho saco para sogros chatos.

— Alice! – exclamei.

— Que foi? Você sabe que eu odiava o pai do Rick. Velho chato. – resmungou, referindo-se ao seu ex-namorado da época do colegial.

Depois de mais uma pérola Alicistica, despedi-me dos cinco, com Alice tagarelando sobre o almoço e sobre colocarmos a conversa em dia.

[...]

Cheguei à casa de Alice por volta do meio-dia. Subi as pequenas escadinhas que me levavam até a porta principal e apertei a campainha, esperando pacientemente que alguém me atendesse.

— Senhorita Bella! Que bom vê-la novamente. – disse Mary, a secretária do lar.

— Oi Mary. É bom te ver outra vez e nada de senhorita, lembra-se? – arqueei uma sobrancelha, sorrindo.

Ela sorriu um pouco tímida.

— É apenas costume, Bella. Entre. A senhora Hale está esperando-a em seu aposento. – abriu passagem para que eu entrasse.

Sorri para ela mais uma vez, antes de ir até o quarto de Alice. Eu tinha estado poucas vezes aqui – já que eu tinha muitas coisas para fazer na mansão e Alice estava sempre trabalhando – mas tinha sido o suficiente para conhecer as duas únicas empregadas de Alice (Mary, que cuidava da manutenção da casa, e Kate, a cozinheira) e a casa por inteiro.

A porta do quarto que Alice dividia com Jasper estava entreaberta, dando-me a visão da baixinha sentada em sua cama com as costas encostadas na cabeceira e as pernas esticadas. Ela estava bastante concentrada olhando algo em seu iPad, sustentando o ‘’peso’’ em sua grande barriga.

— Oi de novo, flor do dia. – falei com um sorriso, chamando atenção da anã.

Alice sorriu gigantemente para mim.

— Bella! Entre e sente-se aqui. Quero te mostrar umas coisas. – bateu no seu outro lado da cama.

Fiz o que foi me pedido, e logo Alice estava mostrando algumas fotos com desenhos de vestidos de noiva.

— Temos que vestir uma noiva para o próximo mês e Rosalie ficou encarregada de desenhar algumas peças. Não estão lindas? – comentou orgulhosamente, parando em um vestido específico – Este é o meu favorito, mas Rose parece indecisa. Às vezes eu tenho que bater naquela mulher para ela saber que os vestidos de noivas dela são deslumbrantes. – tagarelou, mas meus olhos estavam fixos na peça.

Era um vestido simples, mas isso não tirava o crédito de sua beleza. Ele era tomara que caia reto, com uma saia com camadas volumosas e uma faixa no busto, que fazia um laço mediano atrás.

Por um momento, eu viajei em pensamentos. Minha imaginação levou-me a um lindo campo de flores, com muitas pessoas sentadas em cadeiras brancas olhando para trás, olhando para mim. Eu olhei para baixo, fitando-me com aquela mesma peça que eu admirava, concluindo que aquele era o meu casamento. Levantei a cabeça, curiosa para ver quem estaria me esperando no altar, entretanto Alice sacudiu-me, fazendo-me voltar à realidade.

— Terra para Bella! Ainda não estamos prontos para Marte. – brincou, mas seus olhos estavam desconfiados em mim.

— Desculpe-me, Lice. Acho que viajei um pouco. – sacudi a cabeça, dissipando qualquer pensamento que envolvesse o meu suposto casamento – E a propósito, as peças estão divinas. Tenho que dizer que minha cunhada está de parabéns.

— E está mesmo. – concordou Alice, soltando o aparelho – Agora vamos comer, porque eu estou morreeeendo de fome. – exagerou nos ‘’e’’, levantando-se com dificuldade da cama.

Eu ainda dei uma ajuda a minha amiga buchudinha, zoando de que ela estava pesada demais para se locomover por ai.

— Eu só engordei seis quilos, ok? E quando essas belezinhas estiverem respirando com os próprios pulmões, eu voltarei para a minha massa original. – falou determinada, andando feito um pato até a sala de refeições.

— Da forma que você está andando, acho que dará a luz a patinhos, Alice. – tirei sarro mais uma vez, não me contendo.

Ela me lançou o dedo médio, sem parar o seu percurso. Segui o seu caminho, ainda rindo dos meus comentários e das suas reações.

— Quero ver quando for você. Espero que venha trigêmeos para a coisa ficar louca.

Arregalei os olhos para ela, que riu diabolicamente.

— Acho que eu já tenho crianças demais para colocar mais três no mundo, Lice.

Ela fez um sinal de desdém com as mãos.

— Onde cabe dez, cabe vinte. – sentou-se a mesa. – Mary! – chamou, enquanto eu tomava um lugar ao seu lado.

Segundos depois Mary chegou um pouco assustada.

— Sim, senhora Hale?

— Pode mandar Kate trazer a comida. Estamos famintas. – arregalou os olhos dramaticamente – Principalmente Bella, que em breve comerá por quatro.

— Alice! – exclamei.

Mary olhou para mim e depois para minha barriga, tentando encontrar alguma protuberância ali. Corei com o ato. Nem um namorado eu tinha, como engravidaria? Do Espírito Santo?

— Eu não estou grávida, Mary. – tirei sua dúvida, fazendo-a rir timidamente – Alice só está mais louca do que nunca com os hormônios da gravidez.

E como se fosse para provar minha fala, a louca da minha amiga gargalhou, batendo uma mão na mesa. Arqueei uma sobrancelha para Mary, como se dissesse ‘’viu?’’ e ela apenas sorriu, retirando-se do local.

— Eu só não dou uma tapa na tua cara por respeito aos teus filhos. – resmunguei, cruzando os braços.

Alice parou de rir aos poucos, olhando-me dengosa.

— Ow, coisinha fofa da Alice, você sabe que eu te amo, né? Que é a coisinha mais tchutchuca da minha vida, hm? – apertou minhas bochechas e eu logo tratei de tirar suas mãos dali.

Para felicidade de Alice, Mary e Kate logo trouxeram as comidas, desejando um bom apetite antes de sair. Alice disse-me que até convidaria elas para almoçarem conosco – já que a nanica tinha ambas como amigas – mas ela queria falar de assunto sério comigo, como previsto. Ela queria falar sobre Mel.

— Desembucha o que aconteceu. – pediu, enfiando uma alface na boca.

Contei para ela de forma detalhada de como tinha sido a nossa noite até o momento que conseguimos dormir outra vez. Alice apenas escutava tudo, soltando uns ‘’hmm’’ quando necessário. Quando terminei de contar, ela largou o garfo, estalando a língua.

— Vamos ter que mandá-la para um psicólogo antes que isso piore. – concluiu a mesma coisa que eu – Edward estava temendo que isso acontecesse, mas não temos o que fazer. É para o bem de Mel. – sussurrou, abaixando os olhos. O clima triste pairou no ar – Ela é tão novinha Bella e já passou por tanta coisa. Não é assim que uma criança deve viver.

Sentindo-me da mesma forma, abracei os ombros de Alice, tentando nos confortar de alguma forma.

— Mas as coisas vão melhorar agora, Alice. Vamos manter a fé. Edward está melhor e Tanya não nos fará mais mal.

Ela deu um meio sorriso para mim, melhorando o seu humor.

— Tem razão. – voltou a comer e eu também, entretanto ela logo soltou o garfo e voltou a olhar-me – Falando em Edward... Como vocês estão?

A comida desceu com um pouco mais de dificuldade. Eu tinha sido pega de surpresa pela aquela pergunta.

— Tínhamos que está de alguma forma? – desconversei, tomando um copo do suco de laranja.

Alice semicerrou dos olhos.

— Se você não quer que ninguém desconfie do que aconteceu com vocês, é melhor está de uma forma pelo menos tranquila. Lily já percebeu que tem algo de errado com vocês e as crianças se alertaram.

Arregalei os olhos.

— Como sabe disso?

— Elas comentaram mais cedo. Estão achando que o motivo de você sair da mansão foi uma briga com Edward, não universidade. Se o clima continuar estranho, não vai demorar muito para terem certeza disso.

Suspirei, arriando os ombros.

— Alice, eu não posso, não consigo, falar com Edward como antes, agir como se nada tivesse acontecido. É melhor deixarmos como está. Nós ainda nos falamos, quando necessário, e isso é o suficiente. As crianças logo esquecerão isso.

Alice arqueou as sobrancelhas rapidamente, limpando a boca com o guardanapo.

— Se acha isso... – deixou no ar.

O almoço prosseguiu normal, com conversas amenas e com climas mais leves. Porém, o ponto colocado por Alice ainda estava lá, espreitando pelos meus pensamentos. O medo das consequências da verdade vim à tona me incomodava.


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Notas finais do capítulo

Parece que a Mel ainda está assombrada pelo o que aconteceu :|. Mas com a ajuda certa ela sairá dessa. Próximo capítulo teremos o aniversário de Mary Alice Cullen-Hale! Nossa pequena garota estará completando mais um ano de vida, e a festa ainda renderá coisas boas - inclusive, o aparecimento de um novo personagem.
Sei que muitas devem está se perguntando quando vamos ter Beward, então eu peço uma única coisa: calma. O próximo capítulo também trará um Edward tentando ser... Romântico. Ok, chega de spoilers kkkk.
—_________________________
Por hoje é isso gente. Obrigada a todos que estão aí acompanhando firme e forte, mesmo com as demoras kkkkkkk *shame*. Eu não vou abandonar vocês, e espero que não me abandonem também! Por favor, mandem comentários. Vocês são mais de trezentos e ciquenta, não custa nada mandar nem que seja um ''oi'' né?
Mil beijos e até a próxima