Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 29
Capítulo: 28 - Acho que precisamos conversar


Notas iniciais do capítulo

HELLO PEOPLES DO WORLD TODO! Como vão you? dfghjk.
Depois de muuuuuuuuito esforço, estou aqui trazendo mais um capítulo para vocês.
Eu espero que gostem :3.



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Bella

Um zumbido chato e irritante fez com que eu despertasse do sono profundo – e aparentemente sem sonhos – no qual me encontrava. Querendo desligar o maldito barulho, eu abri os olhos minimamente para acostumá-los com a claridade. Sentei-me na cama, e espreguiçando-me, olhei o ambiente ao meu redor. À medida que meus olhos foram notando que aquele quarto não era o meu, os fatos da noite anterior passaram como um flash na minha cabeça, fazendo-a doer no final.

Arfei, levando uma das mãos a cabeça. Olhei para todos os lados à procura de Edward, mas ele não parecia está em lugar nenhum. O barulho irritante ainda soava por todo quarto e eu acabei percebendo que vinha do despertador em cima do criado mudo. Ele indicava que já eram sete horas da manhã. Estiquei-me para desligar o maldito aparelho e no processo notei que estava nua.

Apenas soltei um suspiro profundo e me joguei de volta na cama, sentindo um sorriso crescendo lentamente por meus lábios. Eu lembrava nitidamente do que acontecera na noite passada e não estava nem um pouco arrependida, mesmo que corresse o risco de ser rejeitada. Eu tinha me aventurado, tinha me expressado e me jogado no que eu sentia. Como uma tola apaixonada, eu estava feliz por essa primeira noite. E eu tinha esperanças que Edward confessasse que se sentia assim também.

Ansiosa para encontrá-lo, eu enrolei o lençol firmemente em meu corpo e saí a passos rápidos para o meu quarto. Joguei-o no chão mesmo e fui para o banheiro, a fim de escovar os dentes e tomar um banho rápido.

Cerca de vinte minutos depois eu descia as escadas, saltitante. A casa estava silenciosa, denunciando que nem Anne, nem as meninas tinham chegado ainda. Caminhei até a cozinha e encontrei Edward de costas para entrada, fazendo algo no fogão. Ele usava uma camisa preta de mangas curtas juntamente com uma calça moletom de mesma cor.

Engoli em seco, sentindo meu coração bater mais forte no peito e o nervosismo tomar conta de mim.

— Bom dia.

Ao escutar minha voz, Edward olhou rapidamente para trás, mas não deu para pegar sua expressão.

— Bom dia. Sente-se ai que o café da manhã já está saindo. – falou com a voz tranquila.

Um pouco hesitante, sentei-me em um dos bancos da cozinha.

— Você não precisava fazer isso. – sussurrei.

— Eu gosto. – ele deu de ombros, ainda de costas para mim. – Pode pegar os pratos e os talheres no armário, por favor?

Eu me levantei e busquei os pratos e os talheres no armário, distribuindo-os pelo balcão. Estava me contorcendo para falar sobre a noite passada, eu precisava saber se ela tinha significado alguma coisa para Edward, porém eu obriguei-me a ficar calma e esperar um pouco mais.

Com destreza, Edward virou dois ovos fritos com bacon nos pratos e foi buscar uma jarra de suco na geladeira. Pegou-a e trouxe mais dois copos.

Nós nos sentamos e ele finalmente olhou para mim com um meio sorriso nos lábios. Sorri nervosamente para ele.

Peguei os talheres para fazer a refeição, mas assim que coloquei a primeira garfada na boca, percebi que a comida não desceria tão fácil. Eu estava surtando e precisava colocar pra fora.

— Chega! – exclamei, largando os talheres no prato.

Edward parou de comer também, olhando-me confuso e um pouco amedrontado.

— Eu não aguento comer com este elefante gordo me rodeando. Nós precisamos falar sobre ontem. – fui direta, torcendo as mãos escondidamente em meu colo.

Edward soltou um suspiro e franziu a testa.

— Eu não sei nem como começar a me desculpar sobre isso, Bella. Sério, eu acordei hoje me sentindo a pior pessoa do mundo. – ele parecia está com raiva de si mesmo.

Eu apenas fiz uma careta.

— Porque você se sentiria a pior pessoa do mundo, Edward?

Ele olhou-me descrente.

— Eu não fui cavalheiro com você. Eu fui praticamente um louco te atacando daquele jeito, enquanto você estava lá para me ajudar. Não sabe o quanto me arrependo por isso...

Levantei-me abruptamente do banco, interrompendo aquele discurso ridículo do Cullen.

— Eu não vou deixar que você estrague uma das noites mais incríveis da minha vida. – a boca de Edward foi praticamente ao chão, mas eu não deixei espaço para uma replica. – É isso mesmo que você ouviu Edward. A noite passada foi ótima para mim e sabe por quê? Porque eu coloquei sentimentos nela. Não foi apenas sexo. Foi mais.

— Bella do que você está falando? – Edward soltou sobre a respiração.

— Estou falando que me apaixonei por você. – confessei e se possível, Edward ficou ainda mais pasmo. – Eu realmente detestei você no inicio, você era tão estúpido com seus filhos! – sorri sem humor. – Mas você tinha que ter um coração escondido em algum lugar, e quando finalmente decidiu mostrá-lo, eu fiquei encantada. Eu me apaixonei. – passei a mão pelos cabelos. – Talvez eu tivesse que ter dito isso a você antes de qualquer coisa, mas ontem eu tive uma chance e não pude deixar escapar.

Edward levantou-se do seu banco também, saindo do estado de torpor o qual se encontrava. Ele atacou seus cabelos com as mãos enquanto andava para lá e para cá.

— Você não pode ter dito isso, Bella. Diga-me que não disse isso. – ele parou, olhando-me de forma angustiada.

Olhei estupefata para ele.

— Você quer que eu minta?

— Eu quero que você diga que tudo isso é loucura, porque tudo isso é uma loucura! – exclamou, alterado. – Por favor, não estrague isso que nós temos.

— Eu não quero estragar, eu apenas quero melhorar. – aproximei-me dele, mas Edward deu um passo para trás. – Eu sei que de alguma forma podemos dá certo juntos, Edward. Apenas dê uma chance.

Ele riu sem nenhum traço de humor.

— Uma chance? Uma chance para que, Isabella? Para eu ferrar com a minha vida? – sorriu friamente. – Eu já tomei desse copo o suficiente para aprender a lição. Eu não vivo mais histórias de amor. Eu não me apaixono. – ele frisou bem a última frase, fazendo com que minha respiração ficasse irregular. – Nós poderíamos ter continuando na nossa amizade, estávamos perfeitos dessa forma, mas você fodidamente teve que estragar tudo com sentimentos estúpidos! – gritou. Eu me retraí, tentando engolir as lágrimas que queriam escorrer por meu rosto. – Eu vou me casar amanhã e estou satisfeito com minha escolha, porque essa é a vida que eu quero para mim! Se você pensou que dizer essas coisas para mim faria com que eu mudasse de ideia, temo em lhe dizer que estava redondamente enganada. – terminou com a voz cortante, seu rosto endurecendo e qualquer vestígio de angústia foi embora.

Naquele momento eu percebi que estava de volta com o velho Edward. E mais uma agulha foi espetada com força em meu coração.

Ele saiu da cozinha a passos rápidos, deixando-me para trás na minha própria miséria. Eu sabia que corria o risco da rejeição, mas não esperava que ela fosse tão intensa dessa forma. Sem aguentar mais o peso do meu corpo, eu caí sentada no chão, sentindo as lágrimas fluírem livremente pelo meu rosto.

Ele não sentia nada por mim. Ele chamou meus sentimentos de estúpidos. Ele ainda casaria com aquela megera.

Um soluço irrompeu, fazendo com que meu peito doesse com mais intensidade e mais lágrimas escorressem por meu rosto. Eu não aguentaria viver naquela casa quando Tanya viesse morar aqui. Eu não aguentaria suas ordens, seus caprichos e muito menos vê-la perto de Edward.

De repente essa casa estava me deixando sufocada e tudo que eu queria era fugir. Tomada por aquele sentimento, eu tomei uma decisão: eu iria embora. Demitir-me-ia agora mesmo. Eu tentei não pensar muito nas crianças, pois eu sabia que iria dá para trás e eu simplesmente não podia dá para trás. Eu precisava ir embora.

Levantei-me do chão e corri pelas escadas enquanto limpava as lágrimas do meu rosto. Abri o closet e peguei minha mala, jogando-a em cima da cama. Peguei todas as minhas roupas e as tirei do cabide, jogando-os no chão. Sem me preocupar muito com a organização, soquei tudo dentro da mala, e com um pouco de esforço, consegui fechá-la. Em outra mala, coloquei apenas os calçados.

Peguei minha bolsa menor e coloquei apenas meus pertences menores e o álbum de fotos que eu tinha comprado para por as fotos com as crianças.

Em cima da minha penteadeira tinha um bloquinho de notas juntamente com uma caneta. Rabisquei rapidamente um bilhete, avisando sobre a minha demissão e dizendo para ele nem pensar em me afastar das crianças. Colei o aviso no espelho só para deixar mais visível e rapidamente saí do quarto, tentando fazer o mínimo possível de barulho.

Enquanto passava pelo jardim, fui surpreendida por Pietro, que segurava um ramalhete com as minhas flores preferidas. Ele tinha um sorriso no rosto, porém ao notar melhor minha expressão ele foi morrendo aos poucos.

— Aconteceu alguma coisa, Bella? – perguntou com a preocupação evidente na voz.

Sem conseguir me conter, abracei Pietro apertadamente. Um pouco confuso Pietro colocou os braços ao redor de mim segundos mais tarde. Senti as lágrimas pinicarem em meus olhos, mas não as deixei cair.

Eu iria sentir falta dele, da Jess, da Bree, da Anne... De todos os empregados bons daquela mansão. Não é como seu eu nunca mais fosse vê-los, mas não será mais a mesma coisa.

— Vou sentir sua falta. De todos vocês. – murmurei para Pietro, soltando-o logo em seguida.

— Bella, o que está acontecendo? Estou ficando assustado. – seus olhos estavam arregalados para mim.

— Eu apenas não vou mais trabalhar aqui, Pietro, não se preocupe. – forcei um sorriso. – Agora preciso ir. Até mais.

— Fique com isto, pelo menos. Acabei de colher. – sorriu amorosamente para mim, entregando-me as tulipas.

Peguei-as enquanto agradecia. Acenei rapidamente para Laurent e parti da mansão. Busquei o celular em meu bolso e disquei para o número da única pessoa que eu poderia falar no momento.

Hey, B! Está empolgada para me contar as novidades, hein? Não são nem oito horas. – o sono estava evidente na voz de Jake.

— Será que você pode vim me buscar na esquina da mansão? – minha voz saiu baixa, vazia.

Meu tom não passou despercebido pelo meu amigo.

Que voz é essa, little B? – questionou. – Não gostei nenhum pouco dela.

— Apenas venha me buscar, Jake. Contarei tudo. – suspirei, olhando para os meus pés.

Chego aí em vinte minutos.

Anne

Cheguei à mansão Cullen dez minutos antes do horário estipulado pelo senhor Edward. Eu adorava trabalhar neste lugar, por isso sempre estava aqui quando podia.

Passei por Laurent (o segurança diurno) e Tyler (o motorista). Eles conversavam animadamente sobre algum assunto e quando me notaram, acenaram alegremente com um ‘’bom dia’’. Eu sorri para eles e os cumprimentei de volta. Já dentro da casa, encontrei Jéssica fazendo o seu trabalho com fones de ouvidos, e ela cantarolava baixinho. Revirei os olhos e aproximei-me dela, puxando um dos fones.

— O que... Oi Anne! – sorriu ao me reconhecer. – Como está hoje? Um pouco atrasada?

— Estou ótima e não, não estou atrasada. O senhor Cullen falou que era para que eu chegasse mais tarde, já que as crianças não estão em casa.

— Não? E para onde elas foram? – uniu as sobrancelhas.

— Alice veio buscá-las. – sorri, ao lembrar-me da moça doce que era a irmã do Edward.

— Ah, sim. Então Bella também foi dispensada, hm? – tirou os fones de ouvidos, guardando-os em seu avental. – Não a escutei por aqui hoje.

Meu rosto se contorceu em confusão. Ontem mesmo antes de sair, vi que Bella e o Edward tinham ficado em casa, e eu não fiquei sabendo de dispensa nenhuma.

— Hmm... Tem algo errado, não é? – Jessica fez uma careta. Ela provavelmente leu a minha expressão.

— Provavelmente... – antes que algo mais pudesse ser dito, Edward aparece na sala a passos rápidos, pronto para mais um dia de trabalho.

— Bom dia, senhor Cullen. – Jessica e eu o saudamos.

Ele deu um sorriso um tanto forçado.

— Bom dia. Anne será que pode ficar com as crianças hoje quando Alice vier trazê-las depois das aulas? – pediu-me um tanto hesitante.

— Claro, senhor. – assenti. – Aconteceu alguma coisa grave? – perguntei, deixando que a preocupação me dominasse.

— Digamos que fiquei sem babá. – suas palavras saíram vazias e isso me preocupou mais ainda. – Tenham um bom dia. – despediu-se de nós.

Jessica e eu nos entreolhamos assim que Edward não podia mais ser visto.

— O que aconteceu? Bella não iria se demitir; iria? – Jessica perguntou, mesmo sabendo que eu não tinha resposta para isso.

— Não sei, mas algo me diz que aconteceu alguma coisa. E não foi pequena. – balancei a cabeça. – Enfim, vamos voltar ao trabalho que é a nossa função aqui. Onde está Bree?

— Ela ligou para avisar que iria se atrasar um pouco. Parece que teve algum contratempo com a universidade.

Assenti com a cabeça.

— Ok. Estou indo para a cozinha para ver o que vai precisar comprar. Quando ela chegar, mande-a para lá, tudo bem? – Jessica assentiu. – Ótimo.

[...]

A lista de compras já estava feita e agora eu preparava o cardápio para o jantar de hoje. Fiquei na dúvida entre dois pratos e senti falta de Bella para ajudar-me. Ela sempre sabia o que escolher.

Soltei um suspiro no mesmo momento que o telefone da casa tocou. Levantei-me do balcão da cozinha e rapidamente fui atendê-lo.

— Residência Cullen, bom dia. – cumprimentei formalmente.

Anne? Aqui é Esme. Sabe dizer-me se Edward está em casa? Ligo, ligo para o celular dele, mas não consigo retorno. – suspirou. Dava para notar que estava um tanto frustrada.

— Ele não está em casa, dona Esme. Saiu faz um tempo já para ir à empresa. Ele parecia um pouco chateado esta manhã, talvez tenha desligado o celular.

Outro suspiro.

Sabe falar o porquê da chateação?

— Eu não sei ao certo. A única coisa estranha do dia foi fato de Bella ter sido possivelmente demitida. – confidenciei.

Eu não era uma senhora de fazer fofocas, mas Esme era mãe do Edward. Ela era uma pessoa maravilhosa e sempre sabia o que dizer ao filho, mesmo que na maioria das vezes ele não a escutasse. Às vezes Esme ligava para mim para conversarmos sobre seu filho, já que ela sabia que eu gostava muito de Edward e era bem atenta em relação a ele.

Bella demitida? Porque ele faria isso? Aconteceu alguma coisa? – sua voz soou preocupada.

Agora foi a minha vez de suspirar.

— Eu não faço a menor ideia. Alice veio ontem buscar as crianças e quando fui embora, Bella ainda estava na casa. Edward não me falou nada sobre uma dispensa e quando o questionei se tinha algo de errado hoje mais cedo, ele apenas comunicou que não tinha mais uma babá.

Oh, céus! Eu tinha colocado tanta fé que ela seria a chave para a felicidade do meu filho. – lamentou-se.

Eu lamentei também. Tinha muita esperança que Edward e Bella ficassem juntos, porque eu nunca vi o senhor Edward dá tantos sorrisos quando estava na companhia dela. Ela era definitivamente a alegria em forma de pessoa, e eu não conseguia enxergar alguém melhor para ajudar a cicatrizar todas as feridas do coração de Edward. Trabalho para os Cullen há muito tempo, primeiro na casa de Esme e Carlisle, até ser mandada para cá (Esme gostaria de alguém de confiança com seu filho) e sei as mudanças que ocorreram.

— Acho que algumas pessoas colocaram dona Esme. – sorri tristemente. – Mas eu acredito que nem tudo está perdido.

Oh, você é sempre tão otimista Anne! Estou torcendo para que esteja certa. – pausou. – Agora preciso ir. Talvez eu descubra alguma coisa com Alice. Ligarei em breve.

— Estarei esperando. Tchau e tenha um bom dia!

Tenha um também, minha querida.

Encerramos a ligação e não deu nem dois segundos para Jessica, Bree e Pietro invadirem a cozinha. Seus olhos estavam mais arregalados que o normal.

— O que aconteceu?

— Conta para ela, Pietro. – Jessica falou, cutucando-o.

Pietro pigarreou e de um passo a frente. Ele contou toda a história de como tinha visto Bella ir embora fragilizada esta manhã. Meu estado de confusão se atenuou e eu andei de um lado para outro pela cozinha, remoendo a história.

— Talvez devêssemos ligar para Bella. – sugeriu Bree.

Balancei a cabeça.

— Ela não vai falar. O que quer que tenha acontecido está recente e acho que Bella não vai querer falar sobre isso.

— O que me intriga também foi ela falar que irá sentir falta de todos. Como assim? Ela não vai mais vim aqui? – Jessica expôs seus próprios pensamentos. – Eu vou dá o dia de hoje para ela, mas amanhã vou atrás. Bella é uma garota muito legal e não pode ficar assim porque Edward Cullen foi um babaca.

Nós três olhamos espantados para Jessica, que apenas levantou uma sobrancelha como se dissesse ‘’o que?’’.

— Vocês acham mesmo que o Cullen não está envolvido? Ah, sim, ele está. Até os dentes, atrevo-me a dizer. – bufou, cruzando os braços.

— Mas tem a questão da universidade. Lembra que ela comentou isso com a gente? – intervém Bree.

— Meu sexto sentido diz que Edward está envolvido e, meus queridos, ele não é de falhar.

Bella

— Oh, meu Deus, Bella! Estou definitivamente sem palavras e envergonhado. – Jacob soltou depois de eu derramar toda a trágica história em seus ouvidos.

Estávamos no apartamento de Jacob. Ele estava sentado no sofá, enquanto eu estava deitada no mesmo com a cabeça em seu colo. Ele passava a mão nos meus cabelos carinhosamente.

Eu funguei.

— Porque você está envergonhado? – perguntei, virando a cabeça para captar sua expressão.

Ele tinha a testa franzi e um olhar triste.

— Eu incentivei você ir atrás dele e agora você está arrasada. – suspirou.

— A culpa não foi sua, Jake. Eu sabia o risco que corria ao confessar meus sentimentos, mas eu decidi corrê-los. E não me arrependo nenhum pouco disso. – sorri fracamente, voltando a olhar para frente.

Meu amigo fez uma careta.

— Esse Edward é um idiota, hein?! Como ele tem esse doce de pessoa para ele e a dispensa por aquela loira azeda? Sério, B, não sei como ele aguenta. Passei apenas poucas horas falando com ela sobre a festa e não aguentei a arrogância e exigências dela. Estava quase mandando ir tomar um banho bem gelado, para não dizer outra coisa. – bufou, cruzando os braços.

Eu ri fracamente. Jacob era uma das melhores pessoas do mundo.

— Mas quer saber? Eles se merecem! Duas pessoas prepotentes e idiotas. – resmungou, voltando a passar a mão por meus cabelos. – Você vai arrumar um homem que realmente vai te dá valor, B. E eu só quero rir da cara do Edward quando ele perceber a grande burrice que fez ao te ver feliz.

Afaguei a perna de Jake, sentindo-me um pouco consolada por suas palavras.

— Obrigada por isso, Jake. – falei referindo-me tanto as palavras como ao colo amigo.

— Amigos são para isso mesmo. – ele deu de ombros. – Mas vamos passar para outras coisas. O que você vai dizer a Alice e ao seu irmão quando eles perguntarem o porquê de você ter saído da mansão?

A pergunta de Jacob pegou-me de surpresa e eu acabei por sentar ereta. Eu não tinha pensado nisso quando tomei a decisão de juntar meus panos para ir embora. E também, refletindo um pouco agora, não me sinto disposta em contar a verdade para Alice e Emm. A carga emocional já tinha sido demais para um dia.

— Eu não pensei nisso. – confessei. – E nem estou com cabeça para pensar agora.

Jake apenas afagou minha cabeça.

— Bom, o que acha de falar que vai para NYU? O vínculo que você tinha com o seu emprego já foi desfeito. – deu-me a sugestão.

Olhei para ele, sorrindo um pouco com a ideia. Eu queria muito ir para NYU e agora não tinha nada que me impedisse. Era só juntar o útil ao agradável e seguir a minha vida. Algo me diz que o Cullen também gostaria de deixar os outros de fora da nossa aventura.

— É uma ótima ideia, Jake. Depois falarei com meu irmão sobre isso. – baixei a cabeça. – Por enquanto, pretendo ficar um pouco em off. Se eu for atrás do meu irmão agora, ele irá notar meu estado de espírito.

Jacob deu um sorriso doce.

— Você pode ficar aqui por quanto tempo quiser. – beijou minha testa.

— Obrigada. Tudo que eu quero agora é dormir. – no momento em que fechei a boca, minha barriga roncou. – E comer, pelo visto.

Minhas bochechas ganharam um tom avermelhado e meu amigo gargalhou.

— Parece que tem alguém se rebelando ai dentro. – cutucou minha barriga com o dedo. – Falando nisso... – seus olhos se estreitaram em minha direção. – Você se preveniu nessa sua aventura louca, sim, Isabella? Porque acho que você não vai querer um baby Cullen daqui a nove meses.

Fiz uma careta.

— Claro que nos prevenimos! Estávamos um tanto bêbados, mas ainda tínhamos alguma coerência. E ainda assim, tomo anticoncepcional. Acho que não tem risco de um baby Cullen. – abracei o meu corpo.

— Vem, vamos esquecer Edward Cullen por um momento e dá algo para o seu estômago ficar feliz.

[...]

Estava em um sono leve, sem sonhos, quando uma luz fez com que eu despertasse. Irritada com a claridade, abri os olhos para enxergar o que estava acontecendo para ter aquela luz me incomodando.

— HEY! VAMOS ACORDAR. – Jake gritou animadamente, jogando-se ao meu lado na cama.

Não pude deixar de notar seus trajes de saída e muito menos o cheiro bom de gente que acabou de sair do banho que emanava dele.

— Vai sair? – minha voz saiu um pouco rouca.

— Estou indo para a boate. Tenho uns negócios para resolver. – sorriu. – E falando neles, você tem que me contar o que achou do clube.

Sorri.

— Vai fechar contrato? – ele apenas assentiu. – Então está fazendo um bom negócio. O La Noche Cubana é um lugar muito agradável, Jake. Os funcionários são profissionais e gentis, e o espaço é grande

— Isso é ótimo! – beijou-me na têmpora. – Eu vou te arrastar muito para lá e nós vamos dançar salsa, ok? – cutucou minhas costelas, fazendo-me rir involuntariamente. – E também estava pensando em usar a área de cima para voltar a dá aulas de dança.

— Aulas de dança? – arqueei as sobrancelhas.

— Sim. Lembra que eu te contei sobre isso? – assenti. – Então, quando fiquei sabendo que existe um espaço na parte de cima do clube, essa ideia voltou a atormentar minha cabeça.

— Isso parece bom, Jake. – elogiei, realmente apreciando a ideia.

— Quero te fazer um pedido. – falou seriamente, fazendo com que eu franzisse a testa. – Quer ser minha parceira? Estou pensando em fazer alguns dias aulas para danças em casais e outros para quem gosta de dançar sozinho.

Arqueei as sobrancelhas, sendo pega de surpresa pela ideia, mas também maravilhada. Eu gostava muito de dançar, então não tinha como ter outra reação.

— Claro que pode contar comigo! Só peço que tenha paciência, pois sou um pouco desordenada e tombos podem ocorrer.

A risada fluiu naturalmente entre nós e eu confesso que isso me pegou de surpresa. Meu estado melancólico não combinava muito com ela.

— Você vai se sair muito bem, B. – bateu levemente em minha testa. – Agora preciso ir. Você vai ficar bem sozinha?

— Ficarei. – beijei sua bochecha.

Alice

— ISA!

Essa foi à primeira coisa que meus sobrinhos gritaram assim que colocaram os pés dentro de casa. Eu apenas revirei os olhos com um sorriso brincando em meus lábios. A minha melhor amiga maluca tinha-os como poucos.

— Senhorita Alice. – Anne chegou à sala, cumprimentando-me de forma nervosa.

Estreitei os olhos.

— Está bem, Anne? – questionei, passando a mão por onde um dos meus filhotes tinha chutado. Eles andavam fazendo muito disso ultimamente.

— Estou. E a senhorita e os bebês? – sorriu.

— Estamos ótimos, obrigada. – retribuí o sorriso.

— Onde está a Isa, Anne? – perguntou Lily, descendo as escadas, acompanhada dos irmãos.

Anne mexeu as mãos nervosamente por seu uniforme, fazendo com que eu ficasse alerta. Algo estava muito errado por aqui.

— Eu não sei muito bem o que aconteceu, mas o senhor Edward disse apenas que tinha que procurar uma nova babá. – contou, olhando de mim para as crianças.

Aquela notícia pegou-me totalmente de surpresa. O que aconteceu nesta casa?

— Ela foi embora? – a voz de Melanie saiu em um fraco sussurro.

Anne não soube o que responder. Minha sobrinha primogênita nos deu as costas e saiu correndo para o andar de cima novamente.

— MEL! – gritei, mas eu sabia que não iria adiantar de nada.

Lily, Liam e Peter sentaram-se no sofá, cabisbaixos. Minha testa enrugou-se em preocupação.

— Não sabe mais de nada, Anne? – questionei e ele apenas negou com a cabeça.

Irritada, saquei meu celular da bolsa e rapidamente disquei o número de Bella. Minha irritação intensificou-se ao saber que o maldito aparelho estava desligado.

— Droga! – resmunguei. – Vamos tomar um banho, ok, crianças? Deve haver alguma explicação para isso.

— A explicação é que a Isa abandonou a gente. – Liam fungou.

— Ela não abandonou a gente. Ela prometeu! Prometeu! – Lily falou com a voz elevada, seus olhos azuis enchendo-se de lágrimas.

— Shh, meus amores. Apenas vamos tomar o banho, ok?

Eles se agarraram as minhas pernas e eu senti meu coração se quebrar um pouco com a angústia deles.

Edward

Se eu pudesse descrever este dia em uma única palavra essa seria merda. Era um dia de merda.

Eu não conseguia esquecer a briga ocorrida mais cedo, o que fazia com que eu também não conseguisse me concentrar no meu trabalho. Tudo girava em como eu era um cretino e tinha magoado Bella. E, provavelmente, magoaria meus filhos. Eu bem sabia que eles não iriam receber muito bem a notícia que Bella não era mais a babá deles. E nem sabia como contar-lhes o porquê de ela ter ido embora – nem para qualquer outra pessoa. Eu estava em um maldito fogo cruzado.

Olhei de relance para o meu celular em cima da mesa, e pelo que contei ser a décima vez nesta manhã, resisti à tentação de ligar para Bella, implorando-a para não deixar o seu cargo. Eu sabia que não seria justo.

Derrotado, levantei-me para fitar, através das grandes janelas de vidro, a movimentada Nova Iorque.

Não posso negar que uma parte do meu cérebro também insistia em lembrar-me da última noite. Por mais que a bebida corresse por meu corpo, eu me lembrava de todos os detalhes: os toques, as palavras desconexas, o cheiro, os olhos cor de chocolate brilhando como uma luz incandescente.

Era perturbadora a forma como aquilo me afetava. Eu não queria que nada me afetasse. Bella era incrível, mas não era para mim.

— Porra! – xinguei.

Peguei meu paletó jogado sobre o sofá e saí a passos rápidos da minha sala. Na recepção, minha secretaria estava presa em alguma ligação.

— Cancele os últimos compromissos de hoje. Estou indo embora. – avisei e voltei a caminhar, sem esperar por uma resposta.

Cerca de quarenta minutos depois, eu estava estacionando meu volvo na garagem da minha casa. Antes que eu pudesse abrir a grande porta de madeira, eis que a mesma é aberta por uma Anne bastante séria. Acho que ele deve ter ouvido o motor do carro.

— Olá Anne.

— Olá, senhor Cullen. A senhorita Alice lhe aguarda em seu escritório.

Meus olhos se arregalaram e o sangue fugiu do meu rosto. Será que Alice já estaria sabendo? Melhor, será que todos já estariam sabendo? Ao ser bombardeado por aquelas perguntas, que estavam momentaneamente sem respostas, senti-me fraco e um tanto temeroso.

Afrouxando a gravata, subi lentamente os degraus da escada, preparando-me para evidente fúria da minha irmã. Seria cômico, se não fosse trágico, o medo que eu estava sentindo de uma pessoa com um metro e cinquenta.

Assim que abri a porta do escritório, a primeira coisa que visualizei foi minha irmã encostada na grande janela de vidro, observando os últimos raios de sol desapareceram no horizonte.

— Finalmente você chegou. – sua voz saiu calma, baixa. Ela não olhou para mim.

Eu não gostei.

— Tudo bem, Alice? Onde estão meus filhos?

— No quarto. Coloquei-os para assistir um filme. – subiu os olhos, neutros de qualquer emoção, para mim. – E eu é que pergunto Edward. Está tudo bem?

— Claro. Porque não estaria? – minha voz vacilou um pouco no final.

— Ah, por que a Bella foi embora misteriosamente dessa casa? – deu de ombros, o sarcasmo evidente em sua voz. – Estou sentindo a atmosfera estranha desde que coloquei os pés nessa casa, Edward, e algo me diz que algo nada bom aconteceu.

— Bobagem, Alice. – sorri nervosamente, sentando-me no pequeno sofá. – Está tudo bem. Bella apenas decidiu dá outro rumo a sua vida. – eu não conseguia falar a verdade a ela.

Alice olhou-me ceticamente.

— Saindo da mansão do nada? Sem avisar a ninguém? Sem conversar com as crianças? – atirou-me perguntas, ficando de frente para mim. – Não quero que minta para mim, quero que me diga a verdade. O que aconteceu entre você e Bella?

Seu olhar perigoso para mim fez com que eu recuasse um pouco, desviando o olhar.

— Eu preciso beber. – murmurei, afastando-me de si atrás de uma bebida.

— Então é isso? Você acha que vai me enganar com essa história?

Nervoso, coloquei uma dose de uísque de qualquer forma no copo.

— O que você quer saber, Alice?

— A verdade!

— Quer saber a verdade? – tomei o copo em um gole só, sentindo a bebida queimar minha garganta. – Então eu vou lhe dizer a verdade. Bella e eu transamos ontem à noite. Ela está apaixonada por mim. – ri sem humor. – Apaixonada, Alice! E eu até agora estou me perguntando o porquê. – balancei a cabeça. – Nós brigamos hoje de manhã e ela decidiu que não poderia mais trabalhar nesta casa.

Peguei o bilhete amassado em meu bolso, jogando-o em cima da mesa. Totalmente perplexa e sem palavras, Alice aproximou-se do local para pegar o papel. Eu lembrava nitidamente das palavras, pois a reli mil vezes para poder encaixá-las no meu cérebro.

‘’Você fez uma escolha, e agora estou fazendo a minha: ir embora dessa casa. Eu não me afastarei das crianças, e, por favor, nem pense em fazer isso. Elas se tornaram uma parte de mim que você não pode arrancar. Você não pode arrancar nada de mim.

Adeus,

Bella.’’

Minutos se passaram lentos e silenciosos, enquanto eu tomava mais uma dose de uísque e Alice parecia perdida em seus próprios pensamentos.

— Antes que eu comece a surtar, posso saber como vocês foram parar na cama? – perguntou, olhando para mim com um misto de raiva e confusão.

Com um suspiro, sentei-me novamente no sofá e indiquei o lugar vago ao meu lado para que minha irmã fizesse o mesmo. Assim que ela tomou o seu lugar no assento, eu praticamente vomitei toda a história em cima dela.

Contei-lhe de como Bella me convenceu a ir ao La Noche Cubana, como nós dançamos animadamente, como ela foi gentil comigo ao querer cuidar do meu estado caótico e de que como acabamos embolados um no outro. Lógico que poupei os detalhes sórdidos, minha irmã parecia perdida demais só com isso. Por último, contei-lhe com mais detalhes sobre a briga ocorrida pela manhã.

— É totalmente plausível o motivo de Bella ter ido embora. – foi a primeira coisa que Alice falou. – Na situação dela, eu faria a mesma coisa. Imagina a tortura que seria ver a pessoa que você ama casando-se com outra? – a palavra ‘’ama’’ fez com que eu me retraísse. Acreditava cegamente que Bella não tinha chegado aquele nível.

— Minha cabeça parece uma pilha! – ela se levantou do sofá, andando de um lado para o outro. – Estou chateada, decepcionada, e por incrível que pareça, esperançosa. – ela fitou-me com todo tormento em seus olhos. – Edward, por favor, diga-me que pensou cuidadosamente sobre a noite anterior. Diga-me que analisou todos os sentimentos.

— Que sentimentos, Alice? Ontem a noite foi um erro. Você não escutou nada do que eu disse? – alterei-me.

— Sim, eu escutei tudo e eu consigo ver algo que você não consegue! – tocou-me o braço, aflita. – Eu sei que suas experiências amorosas não foram as melhores...

— Não vamos começar com esse assunto de novo. – balancei a cabeça, distanciando-me dela. – Vá para casa, Alice. Não se meta nessa história.

Não querendo mais prolongar aquela discussão, apenas dei-lhe as costas, saindo do escritório.

Ao chegar ao meu quarto, tranquei bem a porta para não ser incomodado por ninguém. Minha cabeça estava um turbilhão mil vezes pior do que estava pela manhã.

Caminhei debilmente até as portas do meu closet, fitando minha imagem através das portas espelhadas. Eu estava elegante no terno caro, tinha a barba feita e os cabelos bem cortados. Mas nada daquilo mostrava como eu estava no meu interior: caótico. Era um contraste quase que gritante.

— Você é patético. – sussurrei com a voz vazia para o meu reflexo.

Bella

Estava largada no sofá do apartamento de Jacob, assistindo um filme qualquer na televisão, quando a campainha do apartamento foi tocada.

Estranhando, por não ter recebido nenhuma ligação da portaria, levantei-me cautelosamente para olhar pelo olho mágico. Não era para menos, afinal estava sozinha em casa e Jacob não tinha falado sobre.

Ao observar a imagem meio desfocada de Alice, tive duas reações. A primeira foi à confusão: o que Alice estaria fazendo ali? Mas assim que meu cérebro trabalhou (questão de alguns segundos mais tarde), meu coração acelerou, levando-me a segunda sensação: nervosismo. Seria possível que Alice soubesse de alguma coisa que aconteceu durante as últimas horas?

Reunindo a coragem quase inexistente que ainda circulava pelo meu corpo, abri a porta em um rompante, deparando-me com uma Alice bastante séria.

— Acho que precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

E agora o babado vai ser forte fghjkl!
Espero que não queiram matar o Edward ~não muito~, o bichinho já está em sua própria poça de sentimento. Para acalentar a todos, o próximo capítulo é o tão esperado casamento (???) e todas as emoções maravilhosas que vem com ele!
Na primeira postagem que eu fiz da fic, esse Edward tinha sido bem mais pesado, porém vendo minha história, não achei muito sentido em fazê-lo assim, então peguei mais leve nessa reescrita, e tenho que confessar que adorei!
Se eu estiver esquecendo de alguma coisa, me avisem, pois depois de passar de segunda passada até hoje indo direto pro colégio pra fazer prova, pode deixar uma pessoa um tanto desorientada.
Beijos e espero que vocês não me abandonem nos rewiens!!!!