Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 16
Capítulo: 15 - Sorvete e... Desmaio?


Notas iniciais do capítulo

Olá amores! Cheguei com mais um (big) capítulo.
Boa Leitura!



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Bella

Os raios de sol adentravam as janelas da mansão iluminando o ambiente da tarde de quinta feira. As crianças ainda estavam no colégio e eu só ia buscá-los daqui à uma hora. Aproveitei o tempo livre para recolher as roupas sujas dos pestinhas e levá-las para serem lavadas.

Cantarolei uma música qualquer enquanto levava o cesto com as roupas. Chegando à área de serviço, encontrei Jéssica procurando alguma coisa em meio às roupas sujas.

— Hey Jess! O que procura? — perguntei despreocupadamente.

A loira teve um susto.

— Merda Bella! Quer me matar de susto garota? — colocou a mão no peito, respirando com dificuldade.

— Reformulando a minha pergunta... — semicerrei os olhos, cruzando os braços — O que você está aprontando?

Jess pigarreou ajeitando os cabelos.

— Nada — deu de ombros.

— Desembucha Jess — a encarei.

Ela mordeu os lábios.

— Está bem. Está bem — suspirou — Estava procurando uma cueca do senhor gostosão — soltou uma risadinha maliciosa.

Olhei chocada para ela.

— Jess! — repreendi — Isso é coisa de gente tarada — coloquei as mãos na cintura.

— Então eu sou uma tarada de primeira — piscou um olho e eu lhe atirei uma blusa enquanto ria — Você nunca viu uma cueca do Cullen. Elas nunca aparecem por aqui. Tive sorte de pegar uma boxer vermelha certa vez e Bella... — ela gemeu com uma cara de safada — Era tão cheirosa que me deixou excitada.

— Isso é nojento e psicótico — comentei com uma careta.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Ah Bella! Conta outra! — bufou revirando os olhos — Você nunca imaginou aquele gostoso na sua cama te mandando gemer o nome dele.

Sem dúvidas nenhuma Jessica era uma depravada. Revirei os olhos colocando o cesto no chão.

— Não tenho sonhos eróticos com o meu chefe.

Ela me olhou descrente.

— Mentira! Toda empregada já um com seu chefe gostosão! — indignou-se.

— Bom. Talvez eu não seja uma empregada comum — dei de ombros e meu celular tocou — Com licença — pedi já me retirando.

— VOCÊ VAI SONHAR COM ISSO! ESSA NOITE! — gritou Jessica.

Ignorei. Peguei o celular do bolso e vi o nome do Emm na tela.

— Hey maninho! Já está com saudade? — atendi brincalhona.

Você se acha né formiga? — respondeu e eu podia jurar que tinha um sorriso estampado no seu rosto.

Ri alto.

— Eu não me acho. Sou mesmo — dei de ombros — O que te leva a ligar para a minha humilde pessoa?

A mamãe ligou — murmurou.

Minha expressão sorridente murchou um pouco. Falar da minha mãe era um pouco complicado. Não que eu não gostasse dela, eu a amo, mas as coisas são difíceis entre a gente.

— O que ela queria? — sussurrei, brincando com um babado da minha blusa.

Queria saber sobre nós. Como estávamos, o que estávamos fazendo, como vão as coisas. Ela disse que estava com saudades e que logo vinha passar uns dias para passar conosco — ele suspirou — Ela me pareceu estar bem.

— Bom... — falei em falta de resposta melhor.

Ah, não faz assim Bella — ele quase choramingou — Eu sei que é complicado, mas vamos encarar os fatos. Fomos nós que escolhemos.

— Eu sei Emmett, mas sei lá — engoli em seco — Ela topou em ir pro outro lado do oceano com uma pessoa que ela mal conhecia na época, em vez de ficar conosco — suspirei — Mas eu não vou ficar remoendo isso. Mais alguma coisa?

Claro! — falou divertido cortando o clima tenso na conversa. Um sorriso leve brotou em meus lábios — Não terminamos aquela conversa de ontem e falando em ontem... O Cullen foi hein? E ainda levou a Tanya junto. Lily estava espetacular — tagarelou louco para fofocar. Meu irmão não tem vergonha na cara.

— Lily foi espetacular mesmo — sorri lembrando-me da pequena — Enquanto ao fato do meu patrão levar a noiva cobra dele foi a única coisa que não me agradou na noite.

Hmm... — murmurou maliciosamente — Essa sua raiva pela Tanya não é amor platônico pelo chefe não né, Isabella?

Gargalhei alto com a besteira do meu irmão.

— Meu Deus! Você nunca vai parar de falar bobagens seu galanteador de 1,99? Claro que não tenho!

Ele também riu.

Ok. Ok — suspirou — E como fica a nossa conversa?

— Olha Emm, eu realmente não sou uma boa cupida — sorri amarelo — Você lembra-se daquela vez que você me pediu ajuda para conquistar a Lauren.

Como posso esquecer? Quase matei a menina intoxicada com camarão porque não sabia que ela era alérgica e eu fui na sua onda de "camarão ser romântico".

— E então? O que vai fazer?

Infelizmente, você é minha única saída.

— Ou não — sorri sapeca lembrando-me de quem poderia nos ajudar.

O que você quer dizer com isso?

[...]

— Sério isso? — falou Emmett descrente olhando para as crianças a sua frente.

— Claro. Não conheço mentes mais mirabolantes do que essas — dei de ombros.

— Só para deixar bem clalo: Desculpa tio Emm, mas esse negócio de cúpido não é comigo — Liam falou e Peter concordou com ele.

— Quem entende dessas coisas é a Lily que é a sensível de nós. Ela até já tem uma ideia — Mel deu de ombros.

— Qual? — perguntou Emmett curioso olhando para a menininha que girava na cadeira do seu escritório.

— Convide ela para um jantar romântico. Seja cavalheiro e não solte cantadas idiotas — lancei um olhar carregado de escárnio para o meu irmão que deu um sorrisinho amarelo — Elogia a tia Rose, ela é linda — Emmett e Liam sorriram abobalhados, assentindo para a garotinha — Converse sobre coisas legais e tente descobrir as coisas que ela gosta. Assim você conquista ela — piscou um olho para Emmett — Você e a tia Rose vão fazer um casal tão lindo. Me chama para ser a dama de honra do casamento? — piscou os olhos freneticamente.

— Claro — ele afagou os cabelos de Lily — E obrigado pelas dicas.

Reprimi uma risada ao pensar a que ponto nós chegamos. Pedir conselhos a uma menina de cinco anos. Bem inteligente por sinal.

— Onde você vê essas coisas? — perguntei curiosa.

— A tia Alice me disse algumas coisas — deu de ombros — Ela não quer que eu caía na cantada de qualquer um quando eu crescer.

— Inteligente da parte dela — aprovou Emmett — Talvez eu devesse usar isso com você — olhou para mim.

— Ih qual é Emm? Só maior de idade e vacinada.

As crianças riram da minha resposta. Emmett fez uma careta.

— Acho melhor nós irmos. A vovó vai embora hoje e ela quer se despedir de vocês — olhei para as crianças que assentiram.

— Só uma coisinha — Liam levantou o dedo e olhou para Emmett — Cuida bem da tia Rose, pala seu plopio bem — semicerrou os olhos de um jeito mafioso que fez o bundão do meu irmão engolir em seco.

Melanie, Lily e Peter caíram na gargalhada. Eu apenas revirei os olhos. Emm pigarreou, tentando fazer pose de machão. Nos despedimos de Emmett, mas antes, de fato, irmos...

— E se não funcionar Lily? — perguntou meu irmão.

— Isso é uma chance quase nula, mas se acontecer... Se jogue aos pés dela ou então mude de país — deu de ombros.

Ri baixinho da cara de espanto dele.

[...]

— Aw, meus amores! — sussurrou Esme abraçado aos quatro netos — Vou sentir tanta falta de vocês.

— Fica com a gente vó — pediu Lily.

— É — concordou Liam.

— Não dá. Quem vai cuidar do vovô?

— Traz ele para cá — falou Peter.

Esme riu.

— As coisas não são tão fáceis assim — acariciou os cabelos de Peter e beijou o topo da cabeça de cada um — Agora vão tomar banho enquanto eu falo com Bella.

Eles assentiram e saíram correndo.

— Sem correria! — gritei praticamente para nada.

Esme sorriu enquanto me fitava.

— Sente-se aqui, querida — pediu no momento em que se sentou no sofá.

Fiz o que foi pedido e a esperei falar.

— Eu quero agradecer por está cuidando tão bem dos meus netos. Muito obrigada Bella, você é um anjo para eles.

— Não precisa agradecer Esme. Esse é o meu trabalho, sem falar que eu adoro as crianças.

— Eu sei — ela sorriu e suspirou. Pegou em minhas mãos e eu percebi que ela queria falar algo além de me agradecer.

— Algum problema Esme? — indaguei.

— Não, eu só... — respirou fundo — Queria que não achasse que meu filho é um monstro sem sentimentos. Edward não tem a culpa total de ser assim — soltou um suspiro triste.

— Eu... Eu não acho isso — apenas desorientado, completei mentalmente.

— Bella, se lembra quando Alice, Carlisle e eu chegamos a Forks? — assenti — Nós tínhamos vindo de Londres, pois Carlisle não aguentava mais a pressão que a sua mãe, Elizabeth, colocava. Ela falava que Carlisle não sabia administrar uma empresa, que seria a perdição da família. Realmente, ele nunca levou jeito para coisa, o sonho de Carlisle era se tornar um grande médico, não um empresário — ela sorriu levemente — Carlisle queria recomeçar a vida em um lugar distante de Londres, então sugeri para que voltássemos a Forks, o lugar onde nasci. A cidade nos pareceu perfeita, íamos nos mudar com os nossos filhos, e então veio o pedido.

Esme fez uma pausa breve e continuou:

— Elizabeth pediu para que deixássemos Edward por um tempo com ela, para ensiná-lo como governar uma empresa, já que ela viu uma nova chance para a empresa em Edward. Na época, Carlisle não viu problema, pois segundo ele, sua mãe conseguia reconhecer de longe o talento para os negócios e achou que com Edward seria fácil, ele até gostava de ver a avó trabalhar — balançou a cabeça — Um pouco contrariada, eu permiti que Edward passasse alguns anos com Elizabeth para se adaptar a rotina da empresa — engoliu em seco — O primeiro ano foi fácil, Edward era bem concentrado e estava prestes a entrar em uma universidade, mas quando completou dezessete anos, conheceu uma garota em uma pequena comemoração que seus amigos fizeram. Eles tiveram um curto relacionamento, pois Eleanor morreu quase um ano depois, deixando Edward com uma criança para criar.

— Melanie... — sussurrei involuntariamente, lembrando-me do que Edward me contara na praia.

— Sim. Minha querida Melanie — sorriu amorosamente — Edward e Eleanor, apesar de jovens, eram fascinados por Melanie e a amavam mais que tudo — ela deu um sorriso amargo — Claro que Elizabeth pirou quando descobriu que Edward, um pré-universitário, engravidou uma garota. Ela começou a falar que aquilo não ia ser futuro para ele, que histórias de amor nunca davam certo e você acaba se machucando no final. Lembro-me quando Edward me ligou no meio da noite assustado com a ira da avó. Nunca pensei que Elizabeth pudesse ser tão fria daquela forma — engoliu em seco, seus olhos levemente marejados — Eu quis buscar meu menino, mas Edward falou que não precisava que ia mostrar para a avó que era capaz de se tornar um grande empresário, mesmo com uma filha para criar. Os meses se passaram e chegou o dia do nascimento de Melanie. Carl, Alice e eu viajamos para Londres, para conhece-la. Aquele dia foi o dia mais feliz e triste da vida do meu filho — ela fungou, tentando segurar as lágrimas — Edward começou a enxergar sentido nas coisas em que a avó dizia e viu que ela tinha razão. Eu tentei tirar aquilo da cabeça dele, mas Edward sempre foi muito teimoso. Assim que Mel completou um ano, ele ingressou na universidade e passou a viver para os estudos e futuramente para o trabalho.

Esme que olhava para o nada, perdida em lembranças, olhou para mim. Os olhos vermelhos. Tentou dá um sorriso que saiu forçado.

— Apesar de ter se casado com a mãe de Peter e dos gêmeos, ele não a amava. Apenas gostava dela. Não era algo como ele e Eleanor. O que foi até porque... — balançou a cabeça — Você sabe o que ela fez? — perguntou-me

— Abandonou Edward e as crianças — minha voz saiu baixíssima.

Esme concordou.

— Edward ficou chateado por ela ter sumido. Principalmente pelas crianças. Eu sei que meu filho as ama mais do que tudo, mas ele tem dificuldade em demonstrar sentimentos e prefere ficar por fora. Ele acha certo assim — bufou — Enfim, ainda acho que Edward poderá ser feliz um dia. Eu preciso que ele seja. Preciso ver um sorriso verdadeiro no rosto do meu filho. Preciso me sentir-me menos culpada por tudo que fiz... — sua voz embargou no final e eu abracei. Segundos depois senti lágrimas quentes em meus ombros, enquanto Esme me envolvia com os seus braços.

— A culpa não é sua, Esme. Você sempre quis o melhor para Edward, ninguém podia prever o que iria acontecer com Eleanor. Foi uma fatalidade que Edward não soube lidar e ainda mais as coisas que a avó dizia não ajudaram em nada — expus minha opinião — Eu também acredito que ele pode ter um final feliz. Eu sei que Edward tem um bom coração. E que vai perceber que ao seu redor existem pessoas que o amam e que querem apenas o seu bem.

Soltamo-nos e ela enxugou as lágrimas do seu rosto.

— Obrigada por me escutar Bella e se não for pedir muito, quero te fazer um pedido — fitou-me seriamente — Além das crianças, cuida do Edward também. Tenta aproximá-lo das crianças, mostrar que ainda existem coisas boas.

— Eu...

— Por favor, Bella.

Apenas assenti, sem encontrar as palavras. Ela me abraçou mais uma vez e se foi. Fiquei um tempo, sentada na sala, tentando encaixar aquela história na minha cabeça. Meu patrão teve uma história de vida bem difícil, mas nada que não possa ser consertado.

— ISA! — o grito das crianças me tiraram daquele transe.

Segundos depois, Liam, Lily, Mel e Peter apareceram correndo no meu campo de visão.

— O que eu falei sobre ficar correndo por dentro de casa? — fiz uma expressão brava. Eles deram um sorriso amarelo.

— Mas, estamos com fome! — exclamou Lily e os outros concordaram.

— Com fome? Que tal tomarmos um sorvete?

E não, não fui eu quem disse isso. A porta da frente foi fechada e a nossa frente apareceu o autor da frase com um sorriso torto no rosto. Edward.

Olhei para as crianças e percebi que elas olhavam espantadas para Edward. Minha expressão deveria está parecida com a delas.

— Porque estão olhando como se eu fosse um Alien? — perguntou divertido, se sentando em um dos sofás.

Liam ia abrir a boca para falar algo, mas lancei-lhe um olhar reprovador que ele ficou quieto com um bico no rosto.

— O senhor essa hora por aqui? — indagou Lily.

— E ainda nos chamando para tomar sorvete? — continuou Peter.

Edward soltou um suspiro e jogou seu paletó em cima do sofá se agachando em frente às crianças.

— Eu apenas quero passar um tempo de qualidade com os meus filhos – sorriu – Vamos?

Lily, Peter e Liam se animaram rapidamente e correram para trocar de roupa, entre gritinhos e risadas. Sorri momentaneamente, pois ele murchou assim que meus olhos se cruzaram com Melanie de braços cruzados.

— Que coisa é essa? Como chega aqui chamando a gente para tomar sorvete como se fosse a coisa mais normal do mundo? — ela falou furiosa.

— Melanie...

— Não fale mais nada — interrompeu Mel em um sussurro, antes de sair da sala.

Ainda agachado no chão, o chefinho baixou a cabeça com um suspiro. Suspirei também, caminhando para o seu lado. Afaguei-lhe o ombro em consolação. Ele levantou a cabeça, olhando para mim com um sorriso fraco nos lábios.

— De tempo ao tempo, senhor Cullen– ele assentiu, levantando-se do chão.

— Bom, se me der licença, vou trocar de roupa. Acho que seria estranho tomar sorvete com três crianças de terno – fez uma caretinha, provocando uma risada minha.

[...]

Quando Edward e as crianças se foram, tratei de procurar Melanie. Coloquei o dedo indicador nos meus lábios. Para onde a Mel foi? No quarto, não estava, pois eu teria visto. Pensei, pensei e... Ah! Um estalo foi feito em minha mente. Caminhei rapidamente para área do jardim, local onde ficava a casinha em que o Snoop estava.

Abri a porta e encontrei Mel no chão com Snoop em seu colo. Ela olhou assustada para porta, mas ao perceber quem era ficou aliviada.

— O que faz aqui? — sussurrou.

— Quero saber direitinho o motivo da revolta da sala — fui direto ao ponto. Não gosto de ficar enrolando. Só quando for extremamente necessário. Ou embaraçoso.

Ela me olhou com uma sobrancelha arqueada e depois bufou.

— Porque eu sou assim. Agora já pode sair — falou grossa.

— Af! Calma senhorita impaciência — fiz um biquinho me sentando ao seu lado.

— Você só tem tamanho, sabia? — sussurrou enquanto acarinhava as orelhas do Snoop.

— Gosto de ser assim. É bastante original — empinei o nariz, pegando a bolinha de pelos amarelados com orelhas caídas. Snoop colocou a língua para fora enquanto balançava o rabinho.

— E você ainda não o queria... — murmurou a menina sapeca.

Revirei os olhos, colocando o Snoop em meu colo.

— Não vamos fugir do assunto — a olhei. Ela bufou e cruzou os braços. Eita garotinha difícil! — Eu sei que não é fácil que de uma hora para a outra o seu pai quer ser realmente um pai, mas, ele quer Mel. Ele está tentando. Ele quer uma chance. Seus irmãos me pareceram bem felizes — dei de ombros.

— Meus irmãos são muito bobos e sentimentalistas. Só espero que o Edward não os decepcione — suspirou — Ele é uma inconstante, Isa. Ele pode está assim agora, mas, e amanhã? Quem garante? Meu pai não tem uma atitude dessas há cinco anos. Desde que Angeline o deixou. E eu pensava que ela iria melhorar as coisas – deu um sorriso amargo.

Abracei Mel pelos ombros, a trazendo para perto de mim. Eu a entendia. Também tinha meus medos com relação ao Cullen, mas eu também sentia que ele queria melhorar.

— Eu te entendo Mel, mas também o entendo — suspirei — A vida não foi um mar de rosas para o seu pai.

— Por quê? — perguntou curiosa.

— Quando você ficar maior entenderá.

Ela bufou, não gostando da resposta vaga, mas ficou quieta.

[...]

Era cinco horas da tarde quando o chefinho chegou com os gêmeos e Peter em casa. Mel e eu estávamos assistindo um filme infantil na sala.

Edward mantinha um sorriso torto no rosto enquanto Lily lhe contava alguma coisa em meio a mordidas em um algodão doce grande demais para ela. A garotinha estava posta confortavelmente em seus braços. Peter e Liam estavam conversando entre si e comendo algodões doces igualmente enormes. Peter tinha um em perfeito estado na sua mão vaga.

— Olá garotas – cumprimentou Edward, colocando Lily no chão. Ela correu para o meu colo.

— Olá – respondi educadamente, diferente de Mel, que virou o rosto.

Edward soltou um pequeno suspirou e olhou para Peter, piscando logo em seguida. Satisfeito, o garotinho sorriu e andou até Melanie.

— Trouxemos algodão doce para você, Mel – anunciou contente, entregando-lhe o pacote transparente com o conteúdo rosa.

— Eu não quero – falou com uma carranca no rosto.

Lancei-lhe um olhar reprovador, o qual ela fez questão de ignorar.

— Melanie, não seja mal educada, meu amor – falei calma, tentando amansar a fera.

O que veio a seguir foi totalmente o contrário do que eu esperava. Mel levantou-se do sofá com uma expressão furiosa voltada para Edward. Ele arregalou os olhos, espantando por tanta raiva.

— Afinal, o que você quer, Edward? — Melanie colocou as mãos na cintura – Isso é algum tipo de estratégia para agradar a sua noiva?

Edward lançou-lhe um olhar sofrido, passando as mãos pelos cabelos.

— Senhorita Swan, poderia nos dar licença? — pediu sem me olhar.

Rapidinho, me levantei da sala e subi para o meu quarto... Ou, apenas me escondi nas escadas. Qual é, estou curiosa. O que será que ele vai falar?

Edward

— Eu sei que pode ser muito estranho que de uma hora para a outra eu esteja tentando ser... Legal com vocês — suspirei dando inicio ao assunto. Eu sabia que tinha que lidar com aquele tipo de pergunta mais cedo ou mais tarde — Nunca fui um bom pai e admito isso, mas eu realmente quero mudar. E não é por causa da Tanya — olhei diretamente para Melanie ao falar isso — Quero me aproximar de vocês, quero participar da vida de vocês, quero ser amigo, quero brincar, cuidar e fazer tudo que um pai de verdade faz. Quero consertar todos os anos que me mantive ausente. — suspirei — Tolamente, eu pensei que vocês seriam melhores sem mim. Perdoem-me por tudo.

Eles ainda me fitaram, chocados, mas Lilian foi a primeira a sorrir para mim e se jogar nos meus braços. Abracei o corpinho pequeno da minha filha mais nova, sentindo o cheirinho agradável de tutti-frutti que ela possuía.

— Eu te perdoo papai. O senhor não fez de propósito — sussurrou — Só nunca mais pense que não precisamos de você.

— Concordo com a Lily — murmurou Peter. Lilian deu espaço para Peter me abraçar. Abraçamo-nos apertadamente – O dia de hoje foi muito, muito bom e eu quero que repita.

Ele me soltou e foi para perto de Lilian. Liam me olhou ainda incerto e eu estendi os braços com um sorriso no rosto. Ele sorriu e correu para me dá um abraço.

— Eu te amo. Não deixa a gente de novo — murmurou apenas para eu ouvir.

— Não vou cometer o mesmo erro. E eu amo você também — murmurei de volta fechando os olhos e percebi que algo quente desceu do meu rosto.

Oh Céus! Eu estava chorando! Nunca mais havia chorado em minha vida.

Assim que Liam me soltou eu olhei para a pessoinha que faltava. Minha pequena Melanie. Ela olhava para mim incerta, insegura e com os olhos vermelhos.

— Eu não sei se posso confiar em você — murmurou e saiu correndo.

— MELANIE! — gritei, mas antes de correr atrás dela, uma mãozinha me deteve. Era Lilian.

— Deixe-a papai — pediu — Eu conheço a Mel. Ela só precisa de um tempo.

Assenti e voltei a me abaixar e abraçar aos meus outros três pequenos que corresponderam me abraçando fortemente. Como eu senti falta de um abraço assim, cheio de amor e carinho. Ali eu percebi que meus filhos precisavam de mim. E que eu também precisava deles.

— Eu te amo papai — falaram juntos.

— Eu também amo vocês. Nunca mais duvidem disso — sussurrei, beijando o rosto de cada um.

Bella

Depois de escutar a cena que ocorreu no andar debaixo, funguei. Oh Droga! Eu estava chorando! Argh, às vezes eu realmente sou uma manteiga derretida.

Limpei meus olhos rapidamente e escutei passos subindo a escada. Sem pensar duas vezes, corri como uma louca para o meu quarto. Entrei no banheiro para jogar um pouco de água na cara, quando duas batidinhas foram escutadas, seguidas de um chamado.

Senhorita Swan?

OMG! Era ele! Será que ele percebeu que eu estava escutando? Droga! O que eu faço? O QUE EU FAÇO?

— Senhorita Swan? Esta aí? — voltou a chamar.

Engula seu medo Isabella e enfrente a fera, ordenou minha mente. Respirei fundo uma trocentas vezes e estufei o peito para abrir a porta.

— Sim? — perguntei despreocupadamente ao homem à minha frente.

Ele franziu cenho.

— A senhorita está bem?

Minha postura ‘’machona’’ se desfez e eu curvei os ombros. Deveria está parecendo uma doida.

Mas, você é uma, querida. Minha consciência fez questão de lembrar.

Cala boca! Pedi irritada e tratei de responder ao Cullen que esperava por uma resposta minha.

— Cl-cl-aro. Porque não estaria? — balbuciei, dando um sorrisinho em seguida. Escorei-me na porta, o que não foi boa ideia, pois ela estava aberta e eu quase fui de cara ao chão.

Sorte a minha que meu querido chefinho me segurou pelo braço. Olhei para Edward que tinha um sorriso torto no rosto, seus olhos mostravam diversão.

Droga! Esse... Esse... Cretino se divertindo à minha custa!

— Tem certeza?

— Absoluta — soltei-me do seu aperto fraco, sentindo estranhos choques pelo meu corpo.

Eu, hein? Ele era o que? Aquele carinha que fazia o super choque?

— Algum problema? — perguntei em um tom formal.

— Quero conservar com a senhorita por um minutinho. Pode me acompanhar? — apontou com a cabeça para o corredor.

— Posso — dei de ombros.

Caminhamos em silêncio até o seu escritório. Edward ofereceu o sofá para sentar-me e eu aceitei sem cogitar. Ele se sentou em cima do seu gabinete.

— Bom. Senhorita Swan, aconteceu alguns eventos desagradáveis durante a nossa estadia na casa de praia da minha irmã — começou cruzando as mãos sobre seu colo.

Engoli em seco. Eita porra, era agora que eu me estrepava.

— Sim — assentiu, esperando pela continuação.

— Ela ficou com algumas paranoias na cabeça, falando que a senhorita tinha ajudado as crianças a sabotá-la. Isso se confirma?

— Nem um pouquinho — menti na cara de pau — A sua noiva deve ter alguma implicância contra mim, senhor Cullen. Acho que ela me odeia por conta do episódio do bolo — fiz uma falsa cara de tristeza.

— Hmm, não é para tanto — murmurou Edward — Desculpe-me por ter que perguntar isto, mas ela me azucrinaria pelo resto da vida se eu não o fizesse.

— Sem problemas, senhor Cullen. — cruzei as pernas — Deseja mais alguma coisa?

— Apenas agradecê-la pelo apoio. Você foi de fundamental ajuda. Apesar de que Melanie ainda está arredia. Acho que... Não aceitou muito bem a ideia de me ter por perto — suspirou.

O chefinho caminhou até uma estante de bebidas. De lá, tirou um uísque e colocou em um copo. Pegou alguns cubos de gelo dentro de um balde para os mesmos e tomou um gole.

— Ela ainda vai se render; pode confiar — ele soltou uma risada baixa com o meu comentário e assentiu.

— É tudo que eu quero — sussurrou, olhando para o líquido do copo em suas mãos — Não desejo mais ocupar o seu tempo, senhorita Swan. Está liberada.

— Ok, mas qualquer coisa é só me chamar — mostrei assistência, afinal, eu prometi que cuidaria de todos aqui.

Ele assentiu e eu finalmente me retirei do recinto.

[...]

Duas semanas depois...

— Sério? – perguntei descrente para Alice que estava ao telefone.

Seriíssimo, minha amiga. Tanya ligou pra mim uns dois dias depois do episódio lá na praia, marcando algo para o final de semana. O encontro aconteceu em um lugar super chique e foi ela quem pagou a conta – rimos sem misericórdia.

— O que ela falou?

Ah, ela fez um drama! Começou pedindo desculpas, que não era a intenção ser tão mal educada, mas estava se sentindo muito humilhada e não conseguiu se segurar. Eu, como a boa cunhada falsa que sou para não arrumar problemas com o irmão, a consolei, falando que não havia problemas e que as crianças tinham sido malvadas mesmo. Ela ainda teve a audácia de pedir conselhos de como melhorar a relação com eles. Eu juro Bells que eu tive vontade de dizer ‘’só sumindo da vida deles, meu bem’’ – rimos outra vez.

Alice poderia ter aquela cara de anjinho, mas só quem a conhecia sabia a capetinha que ela era.

— Alie, você é cruel – decretei e ela tentou imitar uma risada sinistra.

Só com quem merece meu bem. Bom, no fim das contas, até que a comida do lugar estava boa, aposto que meus filhos fizeram a festa. Ah, falando em filhos, ela também começou a me babar, falando sobre isso e... – e a baixinha despencou a falar. Com ela era assim, só precisava de um pequeno incentivo para soltar o verbo.

Ficamos conversando por mais alguns minutos até ela falar que precisava ir cuidar das coisas do trabalho. Encerrada a ligação, tratei de tomar um banho e passar mentalmente como tinha sido as duas últimas semanas.

Edward Cullen estava realmente empenhado a mudar. Ele participava do café da manhã e do jantar das crianças. Só não do almoço, já que elas faziam isso no colégio. Quando tinha tempo livre, vinha para casa e inventava uma brincadeira qualquer com eles.

Lily, Peter e Liam haviam me contado tudo sobre aquele dia no sorvete. Eles me falaram que foi engraçada a cara perdida que o pai fez quando começaram a escolher os sabores, falando ao mesmo tempo, ou quando algum deles se sujava e ele tentara limpar. Lily o denominou de trapalhão. Eles estavam realmente contentes, com exceção de uma pessoa, é claro. Uma pessoa, muito cabeça dura que sempre que tinha esses momentos em família, se distanciava. Melanie ainda tinha medo e eu via que Edward tentava incluí-la, mas a garota nunca deixava. E isso causava a tristeza do Cullen, mesmo que ele escondesse isso. Eu ficava com Melanie, isso — claro — quando ela deixava.

Na minha humilde opinião, acho muito saudável essa aproximação do Cullen. Ficava feliz em observá-los brincar. Era uma cena fofa e estranha ao mesmo tempo. Não é algo que eu esteja acostumada.

Saí do banheiro, vestindo a roupa selecionada para hoje e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo bem feito. Desci para piscina, pois tinha que ficar de olho nas crianças.

— ISAAAAA! O LIAM PEGOU MINHA BOIA! — berrou Lily quando apareci.

— Liam, devolva a boia da Lily! — ordenei para o garotinho que dançava com a boia, fazendo pouco da irmã.

— MANDA ELA VIM PEGÁ! — gritou do outro lado da piscina.

— Eu vou bater nele, Isa. Eu vou — falou decidida e marchou até o irmão.

E a super babá entra em ação!

— Deixe-os, Isa! Vai ser divertido — sorriu diabolicamente Melanie que estava deitada confortavelmente em uma das espreguiçadeiras, de óculos escuros, chapéu na cabeça e um biquíni preto de caveirinhas.

Peter estava lendo um livro sentado em uma espreguiçadeira que estava em baixo da sombra.

— Não posso deixá-los se matar.

— Chata! — resmungou.

Corri até onde os dois já discutiam enquanto faziam da boia um cabo de guerra.

— Meus amores, por favor, não briguem — pedi calma, mas parece que eles haviam ficado surdos e continuaram a briga.

— Solta sua chata!

— Não. A boia é minha.

— Mas a minha estolou!

— Problema seu.

— Crianças... — tentei mais uma vez e fui acertada pela boia.

— Olha o que você fez seu paspalho! — esbravejou Lily.

— A culpa foi sua, feiosa — Liam lhe deu a língua.

A garotinha grunhiu, e antes que batesse no irmão, a peguei pela cintura.

— Chega de briga. E de feridos — sussurrei a última parte colocando Lily em meu colo — Liam, me dá essa boia? — estendi a mão com a cara brava.

Ele resmungou algumas coisas que eu não entendi e me entregou a boia sentando-se na beira da piscina.

— Tudo bem com o seu rosto? — perguntou Lily preocupada passando as mãozinhas pequenas pelo mesmo.

— Tudo amorzinho — a coloquei no chão — Toma. Vai brincar — devolvi a boia a ela que sorriu.

— Ah, Isa — falou antes de correr para piscina — Está parecendo uma boneca — piscou um olho e pulou na água.

Franzi o cenho, mas deixei para lá. Aproximei-me do Liam e ele semicerrou os olhos para mim.

— Saía daqui, sua tlaidola — resmungou.

Dei um sorrisinho sapeca e o peguei no colo, enchendo seu rosto de beijos. Ele tentou se fazer de difícil, mas não resistiu aos meus encantos e começou a rir quando lhe fiz cosquinha.

— Que menino mais abusado! — exclamei divertida.

— Para! — pediu em meio às gargalhadas.

Uma música começou a tocar. Estranhando, coloquei Liam no chão e olhei para onde as meninas estavam. Lily e Melanie dançavam animadamente e Peter as observava enquanto fazia bolinhas de sabão.

— Oba! Vem Isa — chamou-me Liam animado e me arrastou pela mão.

Eles dançavam de um jeito amalucado e eu entrei na onda, afinal, não tinha ninguém vendo mesmo. Requebrei os quadris, remexi os braços, joguei os cabelos e até tentei cantar a música. As crianças riam do meu crazy attack.

Assim que girei, avistei o Cullen escorado na árvore nos observando de longe. Como meus pés ficaram cruzados e eu já não tenho o equilíbrio muito bom, o perdi e fui com tudo para o chão.

Ótimo! Agora eu morro de vergonha, falei em pensamento ainda com a cara no chão. Senti que se aproximavam de mim e minha respiração ficou acelerada.

Droga, o que eu faço? O QUE EU FAÇO? E então, naquele momento de desespero, a primeira ideia que me veio a mente foi fingir desmaio. E foi isso que eu fiz.

Se quiserem abrir um buraco e me enfiar dentro eu não me importo não, tá?


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Notas finais do capítulo

Babys, o que me contam sobre esse capítulo? Na primeira postagem, ele foi divido em dois, mas achei a junção deles com algumas alterações bem melhor. Agora é com vocês e a caixa seduzente de rewiens :D.
Beijos e até a próxima!