POV Annabeth

Demorou muito tempo para conseguir acordar todas as meninas e convencê-las a sair hoje à tarde. E, quando finalmente, todas aceitaram, já era uma da tarde. Teríamos que correr um pouquinho. Como estava muito quente, tomei um banho bem gelado e coloquei a roupa mais confortável que vi pela frente, um short jeans e uma regata azul estampada. Deixei meus cabelos soltos e coloquei uma sapatilha.

Três horas em ponto estávamos todas no parque.

–Esse parque é gigante! – Piper disse – Como vamos achá-los?

–Nenhum deles atende o celular – Thalia disse bufando, como se não quisesse estar lá. É... Ela não queria.

–Onde um grupo de meninos estariam se estivessem em um parque? – Perguntei como se fosse óbvio.

As meninas me olharam curiosa e eu bufei.

–Jogando bola! – eu disse. Como elas não pensaram nisso?

Fomos andando por aquele parque gigante. Tinha árvores e mais árvores (sério?), crianças brincando, pessoas andando de bicicleta. Era um lugar muito bonito, poderia vir aqui mais vezes.

Quando chegamos perto das quadras, logo avistamos os meninos jogando. Eles não estavam dando tudo de si, apenas jogavam por diversão, como se fizesse aquilo todos os dias e não cansassem. Ao redor deles, um monte de meninas assistia ao jogo. Provavelmente elas eram da escola, mas eles nem pareciam estar notando ou dando bola. Chegamos perto e logo eles nos avistaram. Pararam com o jogo e vieram ao nosso encontro.

–Oi Annie – Percy disse ofegante, já que estava correndo. Seu cabelo estava todo bagunçado, o que o deixava com um ar mais bonito ainda. Ele tinha um sorriso muito largo no rosto. As meninas que estavam assistindo ao jogo, logo saíram andando, com cara de inveja e raiva, fiquei contente, muito contente.

–Oi Percy – eu disse um pouco tímida. Nem liguei para os outros meninos, por mais rude que isso possa ser.

Ficamos nos encarando por um tempo, até que, para acabar com o silencio, ele disse:

–Vamos?

Fiquei o encarando por um tempo.

–Para onde? – eu disse, pelo o que eu sabia, já estávamos no parque.

–Para um lugar mais calmo, onde não tem muita gente. Tem uma vista bem bonita – Percy disse e começou a andar, segurando uma cesta na mão.

Fomos à frente, enquanto o resto do pessoal nos seguia. Andamos por uns sete minutos. Andamos tanto, que eu não saberia voltar para a entrada do parque. Subimos um morrinho e chegamos. Era um lugar aberto, sem muitas árvores. Tivemos sorte de não estar muito sol, se não iríamos torrar.

Luke pegou uma toalha bem grande e estendeu na grama, Jason fez o mesmo com outra toalha, dando para todo mundo se sentar. Tinha bastante gente. Eu, Thalia, Piper, Silena, Laura, Percy, Luke, Jason, Charles, Nico e Leo. Não sei aonde os meninos encontraram tanta comida. Tinha salgadinho, refrigerante, bolo, chocolate, bolacha, suco e todas essas besteiras que adolescentes comem.

Passamos a tarde toda assim, comendo e rindo de coisas idiotas. Os meninos faziam palhaçada, principalmente Leo, e todo mundo ria. Com o tempo, o sol foi diminuindo, os assuntos acabaram e o barulho acabou. Cada um ficou conversando em grupinhos, ou aproveitando para deitar na grama e relaxar.

–Annie? – Percy disse me tirando de meus pensamentos.

–Oi – eu disse sorrindo.

–Você quer dar um passeio?

POV Laura

Eu realmente não queria estar naquele local. Sim, foi divertido, mas eu ainda estava me sentindo estranha. Terminei com meu namorado. Sim, aquilo era triste para qualquer pessoa. Mas, quando eu queria desabafar com alguém, não tinha coragem de falar com Nico. Mas nos falávamos. Ele não deveria querer me ouvir. Mas tentei, ao máximo, me divertir.

–Esse bolo está uma delicia – disse – Você não quer um pedaço?

Ofereci para Silena. Ela apenas negou com a cabeça sorrindo.

–Um bolinho não mata ninguém – eu disse rindo – Eu não vi você comer nada! Está uma delicia!

–Não estou com muita fome – Silena disse e se virou para conversar com Charles, os dois estavam se dando muito bem.

–Rainha da bateria – ouvi Leo me chamar me fazendo rir – Como você está?

–Rainha da bateria?

–Não é assim que se chamam aquelas mulheres que sambam no Brasil?

Eu ri, ri muito.

–Eu não sambo! – eu disse. Odeio esse estereótipo.

–Mas ainda sim é uma rainha – ele disse me fazendo sorrir – Você está bem?

Concordei com a cabeça.

–Obrigada por ontem Leo, você me conhece bem.

–Acho que você não sente nada por aquele menino! – ele disse – Você vai perceber.

–Eu não sinto. Apenas não consigo agüentar saber que um garoto que fala coisas tão lindas, sinta isso por aquela menina. Que o trata mal e pisa nele. Parece que é um desperdício!

Ele riu um pouco. Do outro lado da toalha, senti olhares sobre mim. Era Nico. Desviei o olhar, com raiva. Não sei o porquê.

Conversamos mais um pouco.

–Lembra quando levamos uma bela bronca quando saímos correndo pelo pátio da escola? – Leo perguntou sorrindo.

Não tem como não lembrar. Cheguei aos Estados Unidos há quatro anos, mas só fui fazer amizade com o Leo dois anos depois. Nossa amizade foi muito forte, ele era meu único amigo. E aprontávamos muito. Com o tempo, nos distanciamos um pouco, pois fiz amizades com Piper e Silena e ele com Jason.

–Quer relembrar? – eu perguntei me levantando. Ele fez o mesmo e saiu correndo. Sai correndo atrás dele. Todos nos olharam surpresos e começaram a rir. Corri atrás de Leo, descalça, que nem uma louca e pulei em suas costas, mas ele não esperava e acabou caindo, me levando junto. Rimos com aquilo. Comecei a rolar pela grama morro a baixo, sem conseguir parar e ele foi junto. Depois de rir muito, muito mesmo, ele me levou de volta em suas costas, já que sou preguiçosa.

–Vocês são loucos juntos – Silena disse rindo. Todos acompanharam, menos uma pessoa. Fingi não perceber.

–Acho que temos que ir – Annie disse se levantando.

Arrumamos as coisas e nos despedimos de todos. A única coisa que falei com Nico foi “Oi” e “Tchau”, o que me chateou um pouco. As meninas me levaram para casa e eu fiquei sentada em minha cama, lendo um livro o resto do dia.

De noite, quando fui pegar meu fone em minha mochila da escola, encontrei um papel que não estava lá antes, no meio do meu caderno. Abri, curiosa.

“Queria poder ter coragem
Mas sinto que não é o momento
Olho as paisagens
E vejo um incrível silêncio

Para mim o sol não tem mais calor
E a noite não é mais tão bonita
Para você quero falar tudo
Que atrapalha minha vida”

Fiquei encarando aquilo por um tempo. Quem teria escrito isso?