Essence of Time escrita por Seraphina Morgenstern


Capítulo 6
The beginning is just a small gold thread


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar dia 17, mas como eu sou má, decidi programar para quarta-feira. Muahahahaha...
Boa leitura!



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Annabeth se via em uma pequena caverna mais ou menos escura. A terra parecia estranhamente macia sob seus pés, refletindo a pouca luz aqui e ali com cacos de vidro. Annabeth sentia grande dificuldade em respirar, como se o próprio ar que respirasse queimasse seus pulmões. Estar ali enchia seu coração com um medo profundo. Ela esperava que uma criatura assustadora com garras e olhos vermelhos brotasse do chão e a fatiasse como presunto.

Algo na visão macabra chamou sua atenção. Annabeth observou enquanto um pequeno fio de ouro rodopiava em volta de si mesmo. Enquanto girava, crescia cada vez mais, adquirindo forma.

Antes de acordar, tudo o que Annabeth pôde ouvir foi o choro de um bebê.

Annabeth, acorde!

Annabeth saltou para frente, e viu que Grover a sacudia pelo ombro.

Já chegamos ao museu. Disse ele. Vamos, levante-se!

Annabeth, de má vontade, se levantou, respirando fundo. Não podia ser tão ruim. Era apenas uma excursão. A um museu. Com o Sr. Brunner, o seu professor favorito. Ela deveria estar adorando, não é? Iriam ver algumas coisas sobre gregos, romanos, e essas coisas. Sua área, ela sempre havia gostado desse assunto. Mas por que, então, ela não conseguia tirar da cabeça o horrível pressentimento de que algo ruim aconteceria?

Annabeth abanou a cabeça pára afastar estes pensamentos. Sua madrasta certa vez havia dito que pensamentos ruins atraem coisas ruins. Sempre parece ser verdade no seu caso. Coisas ruins sempre aconteciam com ela. Achava que era a pessoa mais azarada do mundo.

Afinal, ela era Annabeth Chase. Tinha doze anos de idade, cabelo louro e olhos cinzentos como uma tempestade. Era muito inteligente, ao ponto que chega a ser assustador, já que é muita inteligência para uma menina da sua idade. Se não tivesse dislexia e TDAH, todos provavelmente a chamariam de nerd.

Ia de escola em escola todos os anos, parecendo se afastar cada vez mais de casa. Às vezes, pensava que era essa a intenção de seu pai, afastá-la. Mas ela sabia que não era isso. Só queria saber como, exatamente, sabia disso. Oh, certo, que frase perfeita queria saber como sabia. Idiota.

Mas, enfim, ela estava agora numa excursão com a Academia Yancy, para o Metropolitan Museum of Art, em Manhattan, afim de observar velharias gregas e romanas. Iria com sua turma de sétimo ano, com mais vinte e sete crianças alucinadas em um ônibus escolar amarelo. Sr. Brunner, seu professor de latim, estava guiando a excursão, junto com a Sra. Dodds.

O Sr. Brunner era um sujeito de meia-idade em uma cadeira de rodas motorizadas. Tinha o cabelo ralo, uma barba desalinhada e usava um casaco surrado de tweed que sempre cheirava a café. Talvez algumas pessoas não o achassem legal, mas ele contava histórias e piadas, e deixava os alunos fazerem brincadeiras em sala. Também tinha uma impressionante coleção de armaduras e armas romanas, e, portanto, sua aula era a mais interessante de todas.

A Sra. Dodds era outra história. Ela era aquela professorinha de matemática da Geórgia que sempre usava um casaco de couro preto, apesar de ter cinquenta anos de idade. Parecia má o bastante para entrar com uma moto Harley bem dentro do seu armário, e odiava Annabeth. Tinha chegado à Yancy no meio do ano, quando sua última professora de matemática teve um colapso nervoso.

Annabeth olhou para seu melhor amigo e o único que parecia compreendê-la sobre as esquisitices que aconteciam em sua vida. Ele era magrelo e chorava quando ficava frustrado. Embora nunca tivesse repetido o ano (que ela soubesse, pelo menos), era o único no sétimo ano que tinha espinhas e uma barba rala começando a nascer no queixo. E, ainda por cima, era aleijado. Tinha um atestado que o dispensava da Educação Física pelo resto da vida, porque tinha algum tipo de doença muscular nas pernas. Andava de um jeito engraçado, como se cada passo doesse, mas Annabeth nunca havia se deixado enganar por isso. Ele já havia ultrapassado suas expectativas depois do primeiro dia de enchilada na cantina.

De qualquer modo, Nancy Bobofit estava jogando bolinhas de sanduíche que grudavam no cabelo castanho cacheado dele, e, embora Annabeth quisesse muito revidar, ela não podia. Mesmo que fosse uma ótima aluna, ela já estava sendo observada, sob o risco de ser expulsa. Sua fama de azarada e atraente de problemas (embora nem sempre fosse culpa sua) era conhecida até pelo diretor da escola (e provavelmente por todo o país). Então, se alguma coisa ruim, embaraçosa, ou até moderadamente divertida acontecesse durante a excursão, seu pai seria forçado a jogá-la em algum outro internato para moleques problemáticos.

O problema, é que ela não estava se lembrando nisso na hora.

Eu vou matá-la. Murmurou. Já havia aguentado Nancy por tempo demais para suportar.

Grover tentou acalmá-la.

Está tudo bem. Gosto de manteiga de amendoim.

Com ketchup? Ela ergueu uma sobrancelha loura.

Antes de responder, ele se esquivou de outro pedaço do lanche de Nancy.

Agora chega. Annabeth começou a avançar para atacar a outra menina, mas Grover a puxou de volta para perto.

Você já está sendo observada. Ele a lembrou, sussurrando. Sabe que será culpada se acontecer alguma coisa.

Ela assentiu a contra gosto, lembrando-me de suas intenções de ser boa nesta excursão. Mas agora ela achava que deveria ter acertado Nancy quando podia. Nenhuma expulsão poderia ser pior do que a encrenca em que estava prestes a se meter.

Depois que entraram no museu, o Sr. Brunner liderou o passeio. Ele foi na frente em sua cadeira de rodas, conduzindo-os pelas grandes galerias cheias de ecos, passando por estátuas de mármore e caixas de vidro repletas de cerâmica muito velha preta e laranja.

Annabeth ficava alucinada só de pensar que aqueles vasos e pinturas haviam sobrevivido por dois mil, três mil anos.

O Sr. Brunner os reuniu em volta de uma coluna de pedra com quatro metros de altura e uma esfinge no topo, e começou a explicar que aquilo era um marco tumular, uma estela, feita para uma menina mais ou menos da sua idade. Contou-lhes sobre as inscrições laterais. Annabeth estava tentando ouvir o que ele tinha a dizer, porque o assunto era bastante interessante, mas todos ao seu redor estavam falando, e cada vez que ela dizia para calarem a boca, a Sra. Dodds a olhava de cara feia.

Não era de se admirar que, desde o primeiro dia em sua escola, a Sra. Dodds tinha adorado Nancy Bobofit, e concluído que Annabeth tinha sido gerada pelo diabo. Ela lhe apontava o dedo torto e dizia: Agora, meu bem, com a maior doçura, e ela sabia que ia ficar detida depois da aula por um mês, mesmo que a razão fosse insignificante.

Certa vez, depois que ela fez Annabeth apagar as respostas em antigos livros de exercícios de matemática até meia-noite, a menina disse a Grover que achava que a Sra. Dodds não era gente. Ele olhou para ela, muito sério, e disse:

Você está certa, como sempre.

O Sr. Brunner continuou falando sobre a arte funerária grega.

Finalmente, Nancy Bobofit, abafando o riso, falou sobre o pobre sujeito nu na estela, e Annabeth se virou e disse:

Quer calar a boca?

Ela obedeceu, mas, infelizmente, Annabeth não prestou muita atenção ao seu tom, então acabou saindo mais alto do que ela pretendia.

O grupo inteiro ficou em silêncio total. O Sr. Brunner interrompeu sua história.

Srta. Chase disse ele , fez algum comentário?

Ela sentiu seu rosto queimar de vergonha.

Não, senhor. Disse.

O Sr. Brunner apontou para uma das figuras na estela.

Talvez possa nos dizer o que esta figura representa.

Olhou para a estátua e sorriu, se lembrando perfeitamente dela.

É o Titã Cronos devorando seus filhos, os deuses.

Sim. Respondeu o Sr. Brunner. E ele fez isso porque...

Cronos era o Rei Titã. Annabeth disse. E ele não confiava nos deuses, devido a uma profecia que dizia que eles iriam derrubá-lo. Então, para evitar sua própria queda, ele devorou os deuses. Mas a esposa de Cronos, Reia, escondeu seu filho mais novo, Zeus, e deu a Cronos uma pedra para comer no lugar dele. Quando Zeus cresceu, ele enganou o pai, Cronos, e o fez vomitar seus irmão e irmãs...

Eca! Disse uma das outras meninas atrás de Annabeth.

...e os deuses se rebelaram, declarando uma guerra contra os titãs. Continuou. E os deuses venceram.

Por alguma razão, houve risadinhas atrás de dela. Ela ouviu Nancy Bobofit murmurar para uma amiga:

Como se fôssemos usar isso na vida real. Como se fossem falar nas nossas entrevistas de emprego: Por favor, explique por que Cronos comeu seus filhos.

E por que, Srta. Chase, parafraseando a excelente pergunta da Srta. Bobofit, isso importa na vida real?

Se ferrou. Murmurou Grover.

Cale a boba. Chiou Nancy, o rosto ainda mais vermelho do seu cabelo.

Pelo menos Nancy também fora enquadrada. O Sr. Brunner era o único que a pegava dizendo algo errado. Tinha ouvidos de radar.

Annabeth pensou na pergunta dele. Qual era a resposta? Fez uma careta. Odiava não saber das coisas. Enlouquecia-a e a deixava ainda mais curiosa do que normalmente ela era.

Obrigou-se a encolher os ombros, e disse, de dentes cerrados:

Não sei, senhor.

Entendo. Sr. Brunner quase sorriu pelo seu desconforto, como se tivesse descoberto algo. Bem, você está certa, Srta. Chase. Zeus deu a Cronos uma mistura de mostarda e vinho, o que o fez vomitar as outras cinco crianças, que, é claro, por serem deuses importais, estavam vivendo e crescendo, sem serem digeridos, dentro do estômago do titã. Os deuses derrotaram o pai, cortaram-no em pedacinhos com sua própria foice, e espalharam os restos no Tártaro, a parte mais escura do Mundo Inferior. E com este alegre comentário, é hora do almoço. Sra. Dodds, quer nos levar de volta para fora?


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Notas finais do capítulo

Capítulo chato parecido com o livro, mas o próximo vai ser mais legal, eu prometo. Eu sei porque já escrevi. ;-D
Seven Kisses for You.