Essence of Time escrita por Seraphina Morgenstern


Capítulo 5
The Hero's Sacrifice


Notas iniciais do capítulo

De novo, eu não deveria estar postando... Mas vocês não me ouvem mesmo.
Boa leitura!



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Luke, Thalia, Percy e Grover se encontravam tentando desesperadamente alcançar o topo de uma colina. Eles corriam e corriam, corriam do exército de monstros atrás deles.

– Depressa! – Gritou Luke, alarmado.

Os quatro correram, o mais rápido que podiam. Mas era difícil, por causa de Percy, que tinha um horrível machucado sangrento na perna. Minha perna só pode ser amaldiçoada, pensou ele. Mas estava atrasando seus amigos, e sabia disso.

– Vão! – Ele parou e gritou para os outros. – Eu vou distraí-los!

– Percy, não! – Thalia gritou, avançando, tentando impedi-lo. Luke a segurou, olhando para Percy, com lágrimas nos olhos.

– Percy, não seja idiota. – Disse. – Você não vai sozinho.

Percy os olhou tristemente, antes de a tristeza ser substituída por determinação.

– Vão. – Ele repetiu firmemente. Ele se virou para Grover. – Leve-os para um lugar seguro enquanto eu contenho os monstros.

– Mas... – Grover tentou protestar, mas ao ver o olhar de Percy, ele viu que o menino não mudaria de idéia.

– Não, Percy, você não pode fazer isso! – Insistiu Thalia, desesperada. – Nós temos de fugir!

Percy se virou para ela.

– Estou cansado de fugir, Thalia, de viver como um animal caçado. – O pequeno de oito anos, olhou para ela, com uma seriedade, que nenhum menino tão jovem teria. – Se vou cair, que seja lutando. – E correu para os monstros.

– Ei! – Gritou. – Eu estou aqui! Venham me pegar!

Ciclopes, cães infernais, e as Três Fúrias correram atrás dele, urrando furiosamente. Até que um o alcançou, gritando em triunfo, balançando seu bastão. Ele atingiu o menino na barriga, e ele gritou, sendo jogado para longe.

– Percy! – Thalia tentou correr até ele novamente, sendo segurada por seus amigos. – Soltem-me! – Eles não responderam, nem a soltaram.

Percy se levantou, passando a mão pelo cabelo, sentindo algo viscoso e quente. Olhou para a mão. Ela estava coberta de sangue. Mas ignorou. Convocou seu arco, e, sem mirar, atirou. Ele ouviu o grito de um monstro, mas estava muito escuro para ver. Preparou outra flecha, mas o arco foi repentinamente arrancado de sua mão, voltando para a forma de colar.

Percy ergueu sua faca, pronto para lutar, e salvar seus amigos, nem que ele tivesse que morrer para isso. Ele não temia a morte.

Ele pulou, e conseguiu fincar sua faca na barriga de um ciclope, que se desfez em pó dourado. Derrotou um cão infernal; as Fúrias Megera e Alectó. Por um momento, Percy acreditou que teria alguma chance. Mas então se sentiu sendo empurrado com força para trás, e ele voou novamente. Engasgou.

Engasgou, porque algo longo, frio e afiado o perfurou pelas costas, atravessando-lhe o corpo e ressurgindo em seu estômago. Ele foi levantado do chão, horrorizado e sentindo a garganta se encher de um líquido com sabor salgado que era tão repugnante que o fez cuspi-lo. Sentiu-se ser jogado para longe, e bater com força no solo duro.

Percy sentiu como se todo o seu corpo paralisasse. Sua visão estava embaçada, as bordas negras ameaçando dominar. Os sons estavam distorcidos, e ele pôde ouvir apenas vagamente os berros de seus amigos. Ele não podia se mexer enquanto a vida escorria de seu corpo, apenas sentir a dor excruciante, e esperar que acabasse. Observando o céu noturno pontilhado de estrelas e deixando um último suspiro escapar, Percy se permitiu pensar que, pelo menos, ele havia salvado sua família, enfim deixando uma única lágrima cair, levando com ela todas as suas esperanças de viver.

– Percy! – Os monstros tinham ido embora. Thalia, Luke e Grover correram para seu amigo mais novo, parando imediatamente ao vê-lo.

Ele estava caído no chão, e seus olhos de ouro e prata, geralmente belos e brilhantes, estavam opacos e sem vida. Sua pele estava mais pálida do que normalmente era, a luz do luar não a iluminava como antes fazia. Sangue escorria de sua barriga, formando uma poça no chão, saindo também como um filete de sua boca. Seu corpo estava imóvel, mas uma única lágrima ainda descia por sua têmpora, perdendo-se em seu cabelo negro emaranhado com sangue.

– Não! – Thalia gritou, correndo até ele. Ajoelhou-se ao seu lado, ignorando a grande poça de sangue, com lágrimas nos olhos. – Vamos, Percy, por favor. Nós estamos tão perto... – Ela quebrou em lágrimas, sacudindo o corpo sem vida do garoto, como se isso fosse acordá-lo.

Mas ela sabia a verdade.

Percy nunca iria acordar.

Enquanto Thalia mergulhava na própria desgraça, Percy começou a sentir um formigamento nos pés, e, muito lentamente, ia deixando de senti-los.

Luke se ajoelhou, chorando também, juntamente com Grover.

Ele se foi, Thalia. O loiro deveria dizer. Tinha que dizer. Estava acabado. Eles tinham perdido seu irmãozinho, para sempre. Agora, seu ódio e raiva estavam voltados para si mesmo. Não protegera Percy. Não cumprira sua promessa. E estava tão triste.

Ele abriu a boca, decidindo, com toda a dor do mundo, que diria as palavras que iriam provocar o desequilíbrio entre sua família, que iriam declarar a morte de seu membro mais importante. Mas quando abriu a boca, o que saiu foi um suspiro de horror.

– Thalia! – Ele chamou aos sussurros.

Tentando piscar as lágrimas para longe, Thalia seguiu seu olhar, mas o que viu apenas fez com que novas lágrimas viessem.

– Não... – Ela balbuciou. O que ela via era estranho e não deveria acontecer, mas não havia tempo para pensar na razão.

Porque o que ela olhava eram os pés de Percy, que iam lentamente se desfazendo em pó de ouro, como todos os monstros que haviam derrotado.

Aquela seria a segunda vez que o veriam partir.

– Não! – Thalia gritou, se levantando e dirigindo-se para o céu. – Zeus! Pai! Não deixe que ele morra, por favor! Por favor, eu nunca lhe pedi nada!

No início, nada aconteceu, fazendo Luke suspirar.

– Thalia...

Ele foi interrompido por um forte som de trovão, iniciando uma chuva pesada. Luke, Thalia e Grover observaram, com admiração e choque, quando os dedos de Percy se alongaram, transformando-se em raízes, perfurando o chão. Eles achavam um milagre, mas para Percy, ainda vivo, a dor apenas triplicou. Do corte em sua barriga, um pinheiro começou a florescer, crescendo mais e mais. A grama começou a envolver o corpo, os cabelos prendiam-se ao chão, a pele e as roupas negras se tornavam madeira. Quando estava completo, os três jovens restantes ainda podiam ver o rosto adormecido e calmo de Percy, entre as raízes na base da árvore, finalmente em paz e livre da dor.

Thalia sorriu entre as lágrimas. Ele estava salvo. Seu irmão, enfim livre da dor de viver num mundo em que eles são os animais, e os chamados monstros são os homens. Viver sendo caçado, sempre fugindo, num mundo em a segurança é uma ilusão, uma mentira para enganar os tolos que pensam que podem ser livres. Liberdade não existe. Pode ter existido, mas foi tomada pelos deuses, trancada numa masmorra para lá ficar. Mas Percy estava livre. Ele nunca mais teria que passar por isso. Ele estava seguro.

– Obrigada, pai. – Ela disse, sorrindo para o céu. – Nunca poderei te agradecer.

Ela não via que aquilo não era o que ela queria.

Luke sentiu todo o ódio que uma vez sentiu por seu pai, por sua mãe, por Grover e si mesmo se voltando para Zeus. Ele deveria tê-lo salvado! Ele poderia tê-lo curado, mas ao invés disso, ele transformou Percy numa árvore, de tal forma que Luke nunca mais poderia falar com seu querido irmãozinho, curar seus ferimentos e dizer que tudo ficaria bem, dizer que logo teriam uma casa segura viver felizes para sempre. Apenas um conto de fadas, mas Percy era um garotinho que, embora tivesse sido forçado a crescer, ainda acreditava em finais felizes. Agora ele se foi. Para sempre, lembrado apenas como um estúpido pedaço de madeira coberto de folhas. Luke tinha perdido o único que tinha prometido proteger. E a culpa era dos deuses. Eu os odeio, pensou ele. Vou ver o Olimpo destruído, tijolo por tijolo. É culpa deles que Percy está morto. É culpa deles que eu o perdi.

Ele não via quão egoísta estava sendo.

Grover olhou para o pinheiro, lágrimas caindo de seus olhos culpados. Talvez se ele tivesse insistido mais, Percy ainda estaria vivo. Ele segurou um soluço. Tentando afastar a neblina sobre os olhos, ele notou algo brilhando no chão. Abaixando-se, ele apertou a mão em volta do punho da faca de Percy, com força. É tudo culpa minha, pensou. Dessa vez, ele não pôde segurar o soluço que irrompeu de sua boca.

Thalia olhou para ele, preocupada.

– Você está bem, Grover?

Grover assentiu, guardando a faca no bolso.

Luke pôs a mão sobre o ombro de Thalia. Ele havia visto muito bem o que Grover havia pegado.

– Vamos, Thalia. – Ele disse. – Chegamos em casa.

Enquanto se afastavam, o vento balançou as folhas do pinheiro. Thalia podia jurar que era Percy, acenando para eles.


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Notas finais do capítulo

Er.... Não me matem? Gostaram? Odiaram? Comentem!
Seven kisses for you!