Essence of Time escrita por Seraphina Morgenstern


Capítulo 31
It's about Luke...


Notas iniciais do capítulo

.........................Hm..................Notas finais...?



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É incrível como os seres humanos são capazes de enrolar a mente deles em volta das coisas e encaixá-las na sua versão de realidade. Quíron contara isso a Thalia muito tempo atrás. Como de costume, ela só deu bola para sua sabedoria muito tempo depois. Depois de cinco anos dentro do acampamento, ela jpa havia esquecido o quando os mortais são burros.

De acordo com as notícias de Los Angeles, a explosão na praia de Santa Monica tinha sido causada quando um sequestrador enlouquecido disparou uma espingarda contra uma viatura da polícia. Ele acidentalmente atingiu um tubo principal de gás que se rompera durante o terremoto. Esse sequestrador enlouquecido (também conhecido como Ares) era o mesmo homem que abduzira Thalia Grace dos braços de sua mãe em 1999, junto com dois outros adolescentes novaiorquinos, e os trouxera até o outro lado do país em uma odisseia de terror que durara 5 anos. A pobrezinha da Thalia Grace, afinal, não era uma criminosa internacional. Ela causara uma comoção naquele ônibus da Greyhound em New Jersey tentando escapar do seu sequestrador (e depois, testemunhas chegaram a jurar que tinham visto o homem de roupa de couro no ônibus – "Por que não me lembrei dele antes?"). O homem enlouquecido causara a explosão no Arco de St. Louis. Afinal, nenhuma garotinha poderia ter feito aquilo. Uma garçonete preocupada de Denver vira o homem ameaçar seus sequestrados do lado de fora do seu restaurante, chamara um amigo para tirar uma foto, e notificara a polícia. Finalmente, a corajosa Thalia Grace (Thalia estava começando a gostar dessa menina que, de bônus, tinha o mesmo nome que ela) subtraíra uma espingarda do seu sequestrador em Los Angeles e lutara contra ele, espingarda contra rifle, na praia. A polícia chegara bem a tempo. Mas, na espetacular explosão, cinco viaturas da polícia foram destruídas e o sequestrador fugira. Não houve mortes. Thalia Grace e seus dois amigos estavam em segurança, sob custódia da polícia.

Os repórteres os forneceram essa história inteira. Os semideuses apenas assentiram e se fizemos de chorosos e exaustos (o que não foi difícil), e representamos o papel de crianças vitimizadas para as câmeras.

– Tudo o que eu quero – disse Annabeth, com lágrimas nos olhos – é ver o meu pai de novo. Toda vez que o via na tevê, eu sabia... de algum modo... que tudo ia dar certo. E eu sei que ele vai querer recompensar uma por uma todas as pessoas desta linda cidade de Los Angeles...

A polícia e os repórteres ficaram tão comovidos que passaram o chapéu e levantaram dinheiro para três passagens no próximo avião para Nova York. Depois que chegaram, a imprensa local aguardava por eles do lado de fora da segurança, mas conseguiram escapar graças a Annabeth, que os atraiu para longe com o seu boné dos Yankees invisível, gritando:

– Eles estão lá, perto da sorveteria! Venham! – E depois se juntou a Thalia e Grover na área de retirada de bagagem. Separam-se no ponto de táxi. Thalia disse a Annabeth e Grover para voltar à Colina Meio-Sangue e contar a Quíron o que acontecera. Eles protestaram, e era difícil deixá-los partir depois de tudo que passaram juntos, mas Thalia sabia que tinha de cumprir essa última parte de sua missão sozinha. Se as coisas dessem errado, se os deuses não acreditassem nela... Thalia queria que Annabeth e Grover sobrevivessem para contar a verdade a Quíron. Embarcou em um táxi e seguiu para Manhattan.

Trinta minutos depois, Thalia entrou no saguão do Edifício Empire State. Ela deve ter parecido uma criança abandonada, com suas roupas esfarrapadas e sua cara toda arranhada. Ela não dormia havia pelo menos vinte e quatro horas.

Thalia foi até o guarda na mesa da recepção e disse:

– Seiscentésimo andar.

Ele estava lendo um livro enorme com a figura de um feiticeiro na capa. Thalia não curtia muito fantasia, mas o livro devia ser bom, porque o guarda levou algum tempo para erguer os olhos.

– Esse andar não existe, garota.

– Eu preciso de uma audiência com Zeus.

Ele lhe deu um sorriso vago.

– O quê?

– Você me ouviu.

Thalia já estava quase concluindo que aquele cara era apenas um mortal comum. Os conselheiros do acampamento sempre deixavam Quíron para lidar com o recepcionista quando eles vinham nos solstícios de verão, e Thalia nunca prestara atenção se era sempre o mesmo recepcionista.

Mas era melhor começar a correr antes que ele chamasse a patrulha da camisa de força, quando ele disse:

– Sem hora marcada, nada de audiência, garota. O Senhor Zeus não atende ninguém sem aviso prévio.

– Ah, eu acho que ele vai abrir uma exceção.

Thalia tirou a mochila das costas e abriu o zíper. O guarda olhou para o cilindro metálico lá dentro sem entender o que era por alguns segundos. Então seu rosto empalideceu.

– Isto não é...

– Sim, é. – Garantiu Thalia. – Você quer que eu o tire e...

– Não! Não!

Ele se ergueu atabalhoadamente da sua cadeira, tateou em volta da mesa procurando um cartão-chave, e o entregou para Thalia.

– Insira na fenda de segurança. Certifique-se de que ninguém mais esteja no elevador com você.

Thalia fez o que ele lhe disse. Assim que as portas do elevador se fecharam, ela enfiou o cartão na fenda. O cartão desapareceu e um novo botão apareceu no quadro, um botão vermelho que dizia 600. Apertou e esperou, e esperou. Havia música tocando. "Raindrops keep falling on my head..." Finalmente, plim. As portas se abriram. Thalia saiu e, como sempre, tentou não dar atenção ao fato de que estava em um estreito caminho de pedra no meio do ar, e, abaixo dela, se encontrava Manhattan, da altura de um avião.

Diante de Thalia, degraus de mármore branco subiam em espiral pelo meio de uma nuvem até o céu. Do topo das nuvens se erguia o pico decapitado de uma montanha, o cume coberto de neve. Na encosta da montanha havia dúzias de palácios com vários níveis – uma cidade de mansões – todos com pórticos de colunas brancas, terraços dourados e braseiros de bronze brilhando com mil fogos. Estradas se enroscavam de um jeito maluco até o pico, onde o maior dos palácios resplandecia contra a neve. Jardins precariamente encarapitados floresciam com oliveiras e roseiras. Thalia pôde distinguir um mercado a céu aberto cheio de tendas coloridas, um anfiteatro de pedra construído em um lado da montanha, um hipódromo e um coliseu do outro. Era uma cidade grega antiga, só que não estava em ruínas. Era nova, limpa e colorida, como Atenas deve ter sido há dois mil e quinhentos anos.

Hum, pensou Thalia. Nada que ela já não tivesse visto.

No caminho pra o salão de reuniões que Thalia já havia visto várias vezes, Thalia passou por algumas ninfas das florestas que deram risadinhas e lhe atiraram azeitonas do seu pomar. No mercado, mascates se ofereceram para vender ambrosia-no-palito, um escudo novo e uma réplica genuína do Velocino de Ouro em tecido cintilante, conforme anunciado na tevê Hefesto. As nove musas afinavam seus instrumentos para um concerto no parque enquanto uma pequena multidão se reunia – sátiros, náiades e um bando de adolescentes de boa aparência que talvez fossem deuses e deusas menores.

Ninguém parecia preocupado com uma guerra civil iminente. De fato, todo mundo parecia estar num estado de ânimo festivo. Vários se voltaram para ver Thalia passar e cochicharam entre si. Ela subiu pela estrada principal rumo ao grande palácio no pico. Era uma cópia invertida do palácio no Mundo Inferior. Lá, tudo era preto e bronze. Aqui, tudo rebrilhava em branco e prata. Thalia se deu conta de que Hades deve ter construído o seu palácio para se parecer com este. Ele não era bem-vindo no Olimpo, exceto no solstício de inverno, então construiu seu próprio Olimpo embaixo da terra. A despeito da sua má experiência com ele, Thalia sentiu pena do cara. Ser banido deste palácio parecia realmente injusto. Era de deixar qualquer um amargo.

Degraus levavam a um pátio central. Além dele, a sala do trono. Sala não é exatamente a palavra certa, honestamente. O lugar fazia a Grande Estação Central parecer um armário de vassouras. Colunas maciças se erguiam até um teto abobadado, que era decorado com constelações que se moviam. Doze tronos, construídos para seres do tamanho de Hades, estavam arrumados em um U invertido, exatamente como os chalés do Acampamento Meio-Sangue. Uma enorme fogueira crepitava no braseiro central. Os tronos estavam vazios com exceção de dois no fim: o trono principal à direita e um imediatamente à sua esquerda.

Thalia aproximou-se dos dois deuses com as pernas tremendo um pouco, estapeando-se mentalmente por ter medo. Havia acabado de enfrentar o deus da guerra, e, antes disso, Hades. Ela conhecia aqueles que estavam a sua frente. Eles não iriam machucá-la, ela estava certa. Os deuses estavam em forma humana gigante, como Hades estivera, mas Thalia mal podia olhar para eles sem sentir um formigamento, como se o seu corpo estivesse começando a queimar.

O deus da direita lembrou Thalia de um catador de praia de Key West. Usava sandálias de couro, bermudas caqui e uma camisa marca Tommy Bahama toda estampada de coqueiros e papagaios. Sua pele tinha um bronzeado escuro e as mãos eram marcadas de cicatrizes como as de um velho pescador. O cabelo era preto, e seu rosto tinha um ar taciturno. Mas os olhos, verde-mar, eram rodeados de rugas que diziam que ele também sorria muito.

Lorde Poseidon, ganhador do prêmio de “Best Uncle”.

O da esquerda, Thalia conhecia bem. Zeus, o Senhor dos Deuses, usava um terno risca-de-giz azul-escuro. Estava sentado em um trono simples de platina maciça. Tinha uma barba bem aparada, cinza-mármore e preta, como uma nuvem de tempestade. Seu rosto era orgulhoso belo e severo, os olhos tinham o tom cinzento da chuva.

Quando Thalia se aproximou dele, o ar estalou e senti cheiro de ozônio. Os deuses não estavam se movendo nem falando, mas havia tensão no ar, como se tivessem acabado de discutir. Thalia aproximou-se do trono de Zeus e se ajoelhei aos seus pés.

– Pai.

Thalia não ousou olhar para cima. Seu coração estava disparado, ela podia sentir a energia que emanava dos dois deuses. Já havia ido para o Olimpo várias vezes, e estado na presença dos deuses também. Mas nunca teve de falar com eles, nem mesmo seu pai. Quíron os trazia para observar as reuniões de solstício, não para conversar com seus pais.

– Thalia. – A voz de seu pai retumbou em seus ouvidos. – Minha filha. Você está de volta, no prazo. Estou certo de que tem uma grande história para contar.

– Thalia. – Falou Poseidon, a sua direita. – Olhe para o seu pai, menina. – Relutante, Thalia olhou para cima, para os olhos cinzentos de seu pai, surpresa ao ver orgulho ali, orgulho dirigido a ela. – Conte a ele a sua história, Thalia.

Então Thalia contou tudo a Zeus, exatamente como havia acontecido. Tirou da mochila o cilindro de metal, que começou a fagulhar na presença do Deus do Céu, e o pôs aos seus pés. Houve um longo silêncio, quebrado apenas pelo crepitar do fogo no braseiro.

Zeus abriu a palma da sua mão. O raio voou para dentro dela. Quando ele fechou o punho, os pontos metálicos fulguraram com eletricidade, até ele ficar segurando o que parecia mais um relâmpago clássico, um dardo de seis metros feito de energia com centelhas chiantes que fez os cabelos de Thalia se eriçarem.

– Sinto que você diz a verdade, minha filha. – Murmurou Zeus. – Mas não é nada típico de Ares fazer uma coisa assim.

– Ele é orgulhoso e impulsivo. – Disse Poseidon. – É coisa de família.

– Senhor? – Thalia chamou. Ambos disseram: – Sim?

– Ares não agiu sozinho. Outra pessoa – ou outra coisa – teve a ideia.

Thalia descreveu os sonhos de Annabeth e os dela própria, e a sensação que tiveram na praia, o momentâneo hálito do mal que parecera parar o mundo e fizera Ares desistir de matar Thalia.

– Nos meus sonhos – disse Thalia –, a voz me disse para levar o raio ao Mundo Inferior. Ares insinuou que também estava tendo sonhos. Acho que ele estava sendo usado, assim como eu, para começar uma guerra.

– Você está acusando Hades, afinal? – Perguntou Zeus.

– Não. – Disse Thalia. – Quer dizer, pai, estive na presença de Hades. A sensação na praia foi diferente. Era a mesma coisa que senti quando cheguei perto daquele abismo. Aquela era entrada para o Tártaro, não era? Alguma coisa poderosa e maligna está se agitando lá embaixo... alguma coisa ainda mais antiga que os deuses.

Poseidon e Zeus se entreolharam. Eles tiveram uma rápida e intensa discussão em grego antigo. Thalia só pegou uma palavra. Pai. Poseidon fez algum tipo de sugestão, mas Zeus o cortou. Poseidon tentou discutir. Zeus ergueu a mão, zangado.

– Não vamos mais falar disso. – Disse Zeus. – Preciso ir pessoalmente purificar este raio nas águas de Lemnos, para remover a mácula humana do seu metal. – Ele se levantou e olhou para Thalia. Sua expressão se suavizou. – Você me prestou um grande serviço, minha filha. Poucos heróis poderiam ter conseguido tanto.

– Eu tive ajuda, senhor. – Disse Thalia. – Grover Underwood e Annabeth Chase...

– Hum. – Murmurou ele, como resposta. – Muito bem. O Olimpo os agradece. Você me fez orgulhoso, Thalia.

– Ahn... obrigada, senhor. – Disse Thalia, numa perda de palavras.

Um trovão sacudiu o palácio. Com um clarão ofuscante, Zeus se foi. Thalia estava sozinha na sala do trono com Poseidon.

– O seu pai – suspirou ele – sempre teve um talento especial para saídas teatrais. Acho que ele teria se saído bem como o deus do teatro.

Um silêncio constrangedor.

– Senhor – disse Thalia – o que havia naquele abismo?

Poseidon olhou atentamente para Thalia.

– Você não adivinhou?

– Cronos. – Suspirou Thalia. – O rei dos Titãs.

Mesmo na sala do trono do Olimpo, longe do Tártaro, o nome Cronos escureceu o ambiente, e fez o fogo no braseiro não parecer mais tão quente nas costas de Thalia. Poseidon segurou o seu tridente.

– Na Primeira Guerra Mundial, Thalia, Zeus cortou o nosso pai Cronos em mil pedaços, exatamente como Cronos fizera com seu próprio pai, Urano. Zeus lançou os restos de Cronos no mais escuro abismo do Tártaro. O exército dos Titãs foi dispersado, sua fortaleza na montanha sobre o Etna, destruída, seus monstruosos aliados foram expulsos para os cantos mais distantes da Terra. E, contudo, Titãs não podem morrer, não mais que nós, deuses. O que resta de Cronos ainda vive de algum modo hediondo, ainda consciente em seu sofrimento eterno, ainda com fome de poder.

– Ele está se curando. – Disse Thalia. – Ele vai voltar.

Poseidon sacudiu a cabeça.

– De tempos em tempos, no decorrer das eras, Cronos se agita. Ele entra nos pesadelos dos homens e exala pensamentos malignos. Desperta monstros inquietos das profundezas. Mas sugerir que ele pode erguer-se do abismo é outra coisa.

– É o que ele pretende, tio. É o que ele disse.

Poseidon ficou em silêncio por um bom tempo.

– O Senhor Zeus encerrou a discussão sobre o assunto. Ele não permitirá que se fale de Cronos. Você completou a sua missão, criança. É tudo o que precisa fazer.

– Mas... – Thalia se interrompeu. Discutir não iria adiantar nada. – Como... como queira, tio.

Um leve sorriso brincou nos lábios dele.

– A obediência não lhe vem naturalmente, não é?

– Não... senhor.

Ele soltou um bufo/risada, se ergueu em toda a sua altura e pegou seu tridente. Então tremeluziu e ficou do tamanho de um homem normal, em pé diante de Thalia.

– Você precisa ir, criança. - Disse ele.

Thalia engoliu em seco e respirou fundo. Acabou, pensou ela.

– Vou deixá-lo, então. – Thalia se inclinou, desajeitada. – Não... não vou incomodá-lo de novo.

Ela estava a cinco passos de distância quando ele chamou:

– Thalia. – Ela se virou. Havia uma luz diferente em seus olhos, um tipo flamejante de orgulho. – Você se saiu bem, filha de Zeus

Enquanto Thalia caminhava de volta pela cidade dos deuses, as conversas se interromperam. As musas pararam seu concerto. Pessoas, sátiros e náiades, todos se voltavam para Thalia, os rostos plenos de respeito e gratidão, e quando ela passava eles se ajoelhavam, como se fosse algum tipo de heroína.

~~~~~~~PJO~~~~~~~

Em seu sonho, Annabeth estava olhando para o imenso vale do Acampamento Meio-Sangue. A noite era bonita, a lua cheia iluminava tudo, a falta de nuvens no céu noturno permitia a visualização de belas estrelas. Ficou admirando a visão por um tempo, até saltar quando alguém falou ao seu lado.

– Hey.

Annabeth sacou sua faca, pronta para lutar, mas interrompeu seu movimento de ataque ao ver quem estava lá.

Era um garoto, e Annabeth tinha que dizer, era um ótimo exemplar. Sua pele pálida parecia refletir a luz do luar. Seu corpo era musculoso o suficiente para lutar, mas magro o suficiente para ser esguio como uma cobra. Ele vestia roupas negras, decoradas com símbolos prateados que não faziam nenhum sentido. Seu cabelo negro esvoaçava com a brisa. O mais surpreendente eram os olhos: eram de ouro puro com um fino anel de prata. Havia algo neles, como raiva ou frieza má, mas seu sorriso era genuíno. Ele deveria ter no máximo quatorze anos.

Parecia familiar, mas Annabeth não conseguia se lembrar de onde.

– Quem... Você... – Annabeth balbuciou incoerentemente, mas ele não estava olhando para ela. Seu olhar estava voltado para a faca em sua mão.

– Oras, Annabeth. – Ele disse, enfim encontrando seus olhos e dando um sorriso malicioso. – Você não se lembra de mim? Você realmente não sabe quem eu sou?

Annabeth arregalou os olhos, lembrando-se então da primeira vez que o vira, num pesadelo em que ele a salvara de cair no Tártaro. Mais importante, lembrou-se da voz irritante que salvara sua vida inúmeras vezes. Não pode ser, ela pensou. Tentou balançar seu torpor para longe, e perguntou hesitantemente:

– Percy?

Ele sorriu um pouco, antes de sua expressão se tornar séria de novo.

– Annabeth, precisamos conversar. – Disse ele, dando um passo para mais perto dela. – É sobre Luke. Ele...

Seja lá o que ele queria dizer, Annabeth não descobriria naquela noite. Os olhos dele se moveram para algo atrás de Annabeth, surpresa e horror repentinos brilhando neles.

Virando-se, Annabeth viu o enorme pinheiro de Percy erguendo-se sobre ela. Mas não fora isso que chamara a atenção do garoto. Era que, bem ali ao pé do pinheiro, estava um Luke Castellan deprimido.

Luke parecia mais velho, e mais cansado. O brilho da lua deixava seu cabelo num com acinzentado, que, juntamente com a cicatriz, o deixava parecer um homem velho. Em suas mãos, ele segurava com objeto cilíndrico de metal. Tristeza irradiava de seus olhos azuis.

– Eu sinto muito, Percy. – Ele murmurou. – Por favor, me perdoe.

Ele fincou o objeto que segurava no tronco da árvore, num ponto baixo perto da base.

Annabeth ouviu um grito doloroso atrás dela, e se virou para Percy novamente. Ele estava de joelhos, segurando o pescoço com uma expressão de dor. Annabeth tentou se aproximar para ajudá-lo, mas descobriu que não podia mais se mover. Seus olhos de ouro e prata mostravam surpresa, e ele abriu a boca, mas nenhum som saiu. Quando ele tirou as mãos do pescoço, Annabeth pôde ver o vergão de cor esverdeada, um verde que visivelmente se espalhava por suas veias.

Veneno.

Annabeth pôde ver Luke indo embora com o canto do olho, mas ainda estava de olhos fixos em Percy. Ele esticava a mão para ela, com a boca ainda aberta, como se tentasse lhe dizer alguma coisa, mas ele não precisava dizer nada. Ela já sabia o que seu envenenamento significava. Já sabia a profundidade da traição de Luke.

O sonho terminou com o grito de dor de Percy.


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Notas finais do capítulo

...So...
I'M SO SORRY! Sério, gente, eu realmente não queria atrasar tanto! Eu tive quatro razões bem razoáveis para a minha demora colossal:
1) eu tive um bloqueio mental;
2) eu tava morrendo de medo de reprovar em química e comecei a estudar tanto que "OMG" deixou de ser "Oh My God" e se tornou "Oxigênio e Magnésio";
3) eu tive apendicite... segunda cirurgia do ano... fazer o quê...;
4) despite do esforço e da vontade de agradar os leitores usados no último capítulo, eu recebi apenas 6 comentários. ... Isso aí. 6! De 102 pessoas, 6 comentaram. Tipo, eu falei que postava com 7 reviews, e, de 102 pessoas, NEM ISSO EU TIVE! EM MESES DE AUSÊNCIA! Então, eu acho que eu tenho tanto direito de ficar com raiva quanto vocês...
Anyway, eu espero que vocês tenham gostado do chapter. Eu realmente tentei agradar vocês... ~sai com os ombros caídos~
...seven kisses for you...