Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 62
Acordado




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As noites de Fred pareciam passar cada vez mais devagar. O ruivo não tinha mais a mesma facilidade para pegar no sono como antigamente, e toda as vezes que finalmente conseguia fechar os olhos, flashes do que seriam memórias dos últimos meses lhe assombravam: noites mal dormidas, discussões com George sobre besteiras na loja, passar tempo demais com Júlia quando sabia que deveria fazer qualquer outra coisa e a terrível sensação que lhe vinha no peito toda vez que Hermione era assunto – essas eram as piores. Lembrava-se nitidamente de cada palavra errônea que havia dirigido à garota, e de cada batalha interna que havia travado antes de deixar as palavras escaparem, mas não lembrava, em momento algum, de ser a pessoa no controle desses momentos todos. Era como se algo maior o guiasse a fazer o que fazia, dizer palavras contrárias as que o ruivo realmente gostaria de dizer.

Aquela noite não era muito diferente para ele. A quinta-feira havia se arrastado como nunca, e os últimos dias de outubro, ao contrário do restante do mês, seguiam o mesmo caminho. As vendas na loja aumentavam cinco vezes mais do que em qualquer época do ano com a chegada do Halloween, e eles estavam trabalhando com a corda toda, e para Fred, todo esse movimento era um grande alívio: se conseguisse se manter focado no que realmente importava no momento, sua mente não fugiria para a confusão onde se encontrava, dividido entre buscar uma resposta para toda essa loucura ou deixar as coisas como estavam, mesmo sabendo, dentro de si, qual a decisão que deveria tomar. Rolando na cama pela décima vez, e ainda sem conseguir dormir, Weasley bufou, jogando as cobertas para o lado e saindo da cama grande demais para ele, caminhando descalço até a cozinha vazia. Observando a casa vazia e escura, pela primeira vez em meses, ele se sentiu sozinho, e se surpreendeu que a pessoa que menos lhe fazia falta era a própria noiva.

No começo as coisas com Júlia não podiam ter sido melhores. Claro que ela havia chego na sua vida em um momento não tão agradável, mas de certa forma, havia ganho espaço na vida de Fred como um ponto de fuga, onde podia esquecer tudo e todos, onde podia, principalmente, parar de pensar em Hermione do outro lado do oceano. Ele sabia que não era a coisa mais correta a se fazer, mas quando parou para pensar nas consequências, já era, de certa forma, tarde demais: os dois estavam envolvidos demais para terminar de qualquer jeito, e toda vez que o momento lhe parecia propício para terminar, algo o impedia – ficava confuso demais para fazê-lo, como certa ocasião em que, o que era para ser o fim, acabou se tornando um pedido de casamento. Fred bufou ao lembrar de como as coisas eram em relação a modelo: do jeito dela, como ela achava que poderia ser melhor para ela, e Fred se adaptaria. No começo não era ruim, mas com o passar dos anos, conforme o tempo passava, as coisas não melhoraram para nenhum dos lados, e isso era suficiente para alimentar seus pensamentos naquele momento. Sem muita vontade, o ruivo encheu um copo com água, tomando pequenos goles enquanto seu olhar se perdia na escuridão que a pequena fresta na janela transparecia. O vento era forte e ele podia ver pequenas folhas voarem das árvores, enfeitando o chão logo em seguida, e de certa forma, aquilo lhe trazia um pouco de paz.

Longos minutos depois e cansado de ficar em pé, Fred largou o copo sobre a pia, arrastando-se para o quarto novamente e preparando-se para deitar quando uma luz na janela lhe chamou a atenção. Pegou a varinha e aproximou-se, abrindo a cortina e vendo uma pequena lontra flutuando na noite escura. Com o coração batendo duas vezes mais rápido, ouviu atentamente o patrono de Hermione, vestindo um moletom sobre o pijama e aparatando sem pensar duas vezes, encontrando a morena na cozinha, os cabelos presos num coque bagunçado, com fios soltos em todo lado, o pijama confortável no corpo e a expressão cansada no rosto, observando a mamadeira girar dentro do micro-ondas.

— Oi. — Fred cumprimentou em voz baixa, assustando-a ao entrar na cozinha.

— Oi, Fred. Ela está lá em cima. — os dois esperaram o forno apitar, a morena carregando a mamadeira preferida de Rose, antes de subirem para o quarto da ruivinha, que estava enrolada no meio de alguns cobertores, abraçada em Mack e Nina. Entrando primeiro, Hermione sentou-se na ponta da cama, sorrindo fraco ao convidar Fred a se juntar a elas, o que ele não demorou muito a fazer.

— Ouvi dizer que alguém está precisando de um abraço, é verdade? — o ruivo brincou, arrancando um sorriso de Rose, que esticou os braços para o pai e o abraçou, pequenas lágrimas brotando ao se acomodar no colo do ruivo, que logo sentou-se na cama colorida.

Embora estivesse quente, Rose tremia de frio por causa do que Fred suspeitou ser febre. Acomodou a filha em seus braços e passou a mão pelos fios ruivos que estavam cada vez mais longos, tentando conversar e animar a pequena, que pela primeira vez em muito tempo não tinha muitas palavras para dizer. Suspirando e vendo que Rose estava entretida o suficiente, Hermione saiu do quarto, caminhando lentamente até o banheiro e ligando a torneira da banheira, enchendo-a lentamente com água quente. Havia percebido que a filha não estava completamente bem desde a noite anterior, mas como a pequena passaria o dia com Draco, sabia que se tivessem algum problema relacionado a saúde dela, estaria em melhores mãos com ele, e não estava errada. A ruivinha havia acordado com febre alta e dor de garganta, e não reclamou ao ser cuidada por Malfoy, o que já tinha ajudado com o passar do dia: a febre já havia diminuído um bom pouco, assim como a dor, da qual Rose já não reclamava, e apesar disso, ela ainda não havia dormido. Assim que a banheira encheu, a morena pegou um roupão felpudo e uma toalha grande e macia, voltando ao quarto e fazendo sinal para Fred, que ainda estava com a filha no colo. Após algumas reclamações e relutância, os dois conseguiram dar um banho rápido em Rose, que desistiu de lutar assim que o sono começou a bater, relaxando pela primeira vez no dia depois de ficar embaixo da água morna por alguns minutos.

Fred ajudou a pequena com o pijama enquanto Hermione usava a varinha para secar os cabelos de Rose que haviam molhado quando Bichento escorregara da borda da banheira, caindo com tudo na água e molhando o trio, que se divertiu por alguns momentos. Entregando a mamadeira ainda morna para a filha e deixando-a com o pai, Hermione foi atrás do gato alaranjado, que rolava em um dos tapetes do banheiro para tentar, sem sucesso, secar-se. Com a varinha, ajudou o felino e deixou-lhe uma tigela com leite para bebericar, ajeitando o restante da bagunça com a varinha e voltando para o quarto de Rose, encontrando-a deitada com Fred, um sorriso fraco no rosto e os olhos lutando para manterem-se abertos, não demorando muito para pegar no sono, ainda segurando a mão do ruivo, que sorria apesar de preocupado.

Ficaram em silêncio, observando Rose por longos minutos antes de lembrarem-se da presença um do outro, Hermione saindo do quarto em meio a um bocejo, que não passou despercebido pelo rapaz, que veio atrás.

— Já te disseram que, às vezes, dormir faz bem? — o ruivo brincou, arrancando um sorriso fraco da morena.

— Desculpe ter chamado desse jeito. — Hermione comentou, voltando para a cozinha e servindo duas xícaras com chá. — Eu sei que é tarde, mas Rose insistiu tanto e, bem, você sabe que eu não lhe tiraria da cama se não fosse por ela, então…

— Ah, não se preocupe com isso. É o mínimo que eu posso fazer, e eu não estava dormindo mesmo. — Weasley deu de ombros, sorrindo.

— Já te disseram que, às vezes, dormir faz bem? — Hermione debochou, rindo com o rapaz, escorando-se na pia em seguida. — O que anda lhe tirando o sono, senhor Weasley?

— Um pouco de tudo, honestamente. — o ruivo desviou seu olhar do da garota, suspirando ao completar: — Mas nada com que você tenha que se preocupar.

— Como quiser. — Hermione deu de ombros, observando o vento que cortava a noite escura, algumas folhas voando sem direção, conforme o ar frio as levavam. Suspirando e sabendo que não tinha mais nada a perder, questionou depois de incômodos instantes de silêncio: — Quando foi que as coisas ficaram tão…estranhas entre nós?

— Ao mesmo tempo que decidimos que complicar tudo invés de tornarmos mais simples. — Fred voltou a olhá-la, agora em silêncio. — Acho que somos adultos agora, não tem mais volta.

— Quem diria que chegaríamos a esse ponto, não é mesmo.

— Realmente, quem diria que algum dia seríamos adultos?! — Fred forçou um sorriso, conseguindo fazer com que Hermione sorrisse brevemente. — Eu preciso me desculpar, e nós dois sabemos disso, mas nada do que eu possa dizer vai mudar alguma coisa, e além disso…

— Nós não vamos fazer isso hoje, Fred. — Granger o cortou, afastando-se da pia e aproximando-se do ruivo. — Sinceramente, eu não tenho cabeça para reviver tudo isso essa noite, não com tudo o que está por vir. E nós dois sabemos onde isso vai dar se continuarmos…. — Hermione parou de falar ao sentir as costumeiras facas lhe torturando de dentro para fora, desta vez mais forte que nunca. Curvando-se para frente, sentiu o rapaz tentar amparar-lhe, o que fazia com que dor aumentasse cada vez mais.

— Hermione, eu… Tem alguma coisa que eu possa fazer, ou…?

— No armário… ao lado da geladeira… — a morena sussurrou, a respiração pesada. — Tem um frasco cor de rosa. — de relance, viu Fred correr até o armário, usando a varinha para pegar o frasco certo e entregando a garota em seguida, ajudando-a a ingerir o líquido cremoso. — Obrigada. — Hermione sorriu fraco assim que conseguiu respirar, sentindo a dor diminuir gradativamente.

— Eu não sabia que ainda estava tendo dores. — o rapaz comentou, ajudando-a a ir até a sala, onde sentaram, o silêncio tomando conta por alguns minutos.

— São quase diárias, e eu poderia dizer que estou me acostumando a elas se não fosse pela intensidade com a qual as dores vêm, cada vez mais fortes. Mas nada com o que eu não possa lidar, Draco conseguiu uma poção para a dor que realmente funciona, então o que resta é esperar que passe.

— Já conseguiram descobrir a origem? Quer dizer, o que ou quem está causando isso?

— Temos uma suspeita do que pode ser, mas…

— Mas? — o ruivo incentivou, sentindo algo dentro dele lhe dizendo para parar. Era como um aviso de território proibido, a mesma sensação que ele lembrava sentir toda vez que chegava perto de Rose ou de Hermione, e as vezes, até da própria família, e agora que parecia estar “acordado”, algumas coisas o levavam a pensar que seus problemas de memória e os problemas de Hermione pudessem ter o mesmo culpado, ou pior, culpada.

— Nada com que precise se preocupar. — Hermione sorriu, tentando levantar e dando as costas a o ruivo, que a seguiu andar acima.

— Você sabe que eu não lembro de absolutamente nada além de brigar com você pelos últimos três meses, não sabe? Literalmente. — Hermione parou na metade do caminho, ainda sem olhar para o ex namorado mas já sentindo o coração acelerar. — Eu imagino que George já tenha lhe dito isso, porque sei que estão trabalhando juntos em alguma coisa secreta do Ministério da Magia, mas é verdade. E sei que isso tem ligação com os ataques a você e a esse último ataque ao ministério, e sou a última pessoa do mundo a querer dizer isso, mas acho que nós dois sabemos quem está por trás disso. — o ruivo passou as mãos pelos cabelos, bagunçando-os e bufando em seguida. — Eu não sei no que eu nos meti, mas eu preciso de ajuda, Mione. Porque acho que eu….Eu não… Merda, eu não tenho controle de mim mesmo.

— Fred.

— E eu não sei mais o que fazer, porque ao mesmo tempo que eu estou tentando fugir disso, tem uma voz na minha cabeça dizendo pra pegar a varinha no meu bolso e machucar você, pegar Rose e fugir para Nova York, como eu deveria ter feito duas semanas atrás. Então eu acho que sim, é algo com o que eu deva me preocupar. — respirando fundo, Hermione simplesmente deu alguns passos até o rapaz, abraçando sem dizer nada, sentindo-o relaxar depois de um tempo em seus braços. Nenhum dos dois saberia dizer por quanto tempo ficaram daquele jeito, mas sabiam que aquele abraço dizia muito mais do que qualquer palavra, pelo menos naquele momento.

 

(…)

 

— Obrigada por ter vindo passar a noite comigo e com a mamãe, papai. — Rose sussurrou para Fred, os braços ao redor do pescoço do ruivo enquanto passeavam pelo Beco Diagonal, o café da manhã em mãos, antes de irem para a Gemialidades Weasley.

— Eu é que agradeço por ter me chamado, princesa. Eu sei que não fui o melhor pai nos últimos meses, mas você sabe que eu te amo mais do que tudo, não é mesmo? — Fred soltou Rose um degrau acima dele, abaixando-se o suficiente para olhar a filha nos olhos assim que chegaram em frente a loja, sem saber o que responder quando a pequena completou:

— Eu sei papai, mas as vezes, você parece duas pessoas diferentes. E eu gosto bem mais do papai que você está hoje. — a ruivinha abraçou o pai mais uma vez antes de perceber onde estavam, correndo para dentro da loja e cumprimentando o tio, que a recebeu de braços abertos.

Ainda era cedo e George havia recém aberto, então ainda podiam aproveitar alguns minutos de diversão completa com Rose antes de terem que redobrar a atenção sobre a pequena, que passaria o dia com eles. A febre dela havia melhorado durante a noite, e Fred havia conversado com Hermione sobre passar o dia com a filha, e ela, apesar de receosa, não recusou o pedido – sabia que teria um longo dia no ministério, nada mais justo do que deixar os dois ruivos se divertirem. Já passava das dez quando o trio encontrou Gina no balcão, fingindo estar magoada por não ter sido convidada para a brincadeira, e não demorou muito para a moça se juntar a eles, passando um tempo com os três antes de subir com Rose para o apartamento dos gêmeos, procurando algo que pudessem almoçar. Desistindo ao encontrar a geladeira quase vazia, mandou um patrono a Harry, convidando-o a almoçar com eles e pedindo que trouxesse o mais importante com ele, o almoço, não demorando para receber a resposta positiva do marido. Gina ia voltar para a loja quando viu, pela janela da sala, Hermione, Rony e outros três aurores aparatando em frente a loja, um mandado nas mãos da garota e a expressão séria estampada no rosto do grupo. Distraindo a pequena com um logro qualquer, a ruiva suspirou – estavam chegando cada vez mais perto de pegar Júlia, e se a suspeita deles sobre a poção do amor estivesse certa, em dois dias, quando o baile finalmente chegasse, estariam livres da modelo e suas tramas.

No andar de baixo, os ruivos receberam os aurores sem grandes surpresas: George sabia o que estavam procurando, e depois da última noite, Fred sabia que poderia esperar qualquer ação vinda do ministério, e enquanto estivesse “acordado”, faria o possível para ajudar, custe o que custasse. Deixou o irmão acompanhar os aurores até o estoque enquanto ficou com Rony e Hermione, que lhe explicaram porque precisavam verificar as caixas, detalhando o que dizia o mandado, palavras as quais ele não prestara atenção. Pensando na noite anterior, deu dois passos para mais perto do balcão, ficando de frente para a garota, e sentindo a mesma sensação ruim que sentira anteriormente, além de uma forte dor de cabeça, mas ao mesmo tempo que segurava-se para não pegar a varinha, sentia-se cada vez mais no controle de si mesmo, e perguntou-se se a garota poderia ter algo a ver com isso. 

A busca no andar de baixo não demorou muito, e logo os aurores estavam saindo da loja, entregando um relatório para Hermione, que se despediu dos gêmeos brevemente. Não tinham mais o que enrolar em relação àquele assunto, as dezenas de caixas com os frascos de poção do amor que estavam armazenadas no estoque da Gemialidades estavam vazias, e os frascos que ainda restavam estavam vazios ou pela metade. Assim que saíram do Beco Diagonal e voltaram ao ministério, Hermione se despediu de Rony e foi direto para o escritório que dividia com Harry, naquele momento vazio. Sentou-se em silêncio por longos minutos antes de bagunçar os fios que haviam se soltado da trança, respirando fundo antes começar a trabalhar nos últimos relatórios, sem saber se quem trabalhava mais rápido era seu cérebro ou a pena que corria pelos pergaminhos, dando-lhe a certeza de que a culpada por seu tormento estava cada vez mais perto de ser pega. 

 

(...)

 

Quando a noite do baile finalmente chegara, Hermione conseguia sentir a tensão pairar sobre o ministério da magia como fumaça de um vulcão em erupção. Além de suspeitarem dos ataques sucessivos contra a morena, se Júlia tivesse mesmo atacado o Ministério, seria condenada por isso, então a pequena guerra já não era mais pessoal: Kingsley queria que a garota finalmente pudesse ter um pouco de paz antes de assumir seu lugar como Ministra da Magia, mas também queria pegar o culpado por colocar a população bruxa em estado de alerta novamente. Ela, Ron e Harry haviam acabado de sair de uma reunião com os aurores que estariam de guarda na festa antes de aparatarem nos jardins d’ A Toca, onde gnomos ainda corriam sob o pôr do sol na tarde fria do último dia de outubro, e não demoraram muito na breve visita ao casal Weasley, que ficaria em casa com as crianças naquela noite. Conversando por pouco tempo, logo a morena se despediu, indo para o apartamento de Draco, onde haviam combinado de se arrumarem, ou melhor, de Hermione ajudar o loiro a se arrumar, já que o personagem que ele escolhera como fantasia exigia trabalho árduo com os cabelos do rapaz.

 

Sem perceber o tempo passando, faltavam poucos minutos para o horário que tinham combinado com Harry no teatro onde o baile aconteceria. Ainda dando risada com o amigo por conta de bobagens que conversavam, Hermione foi até o banheiro do quarto do rapaz, usando alguns feitiços simples para fazer a maquiagem e penteado da princesa que Rose tanto insistira que ela fosse. Sorriu ao terminar, não demorando muito para voltar ao quarto e trajar o vestido amarelo, a varinha bem guardada em uma das dobras de tecido perto de sua cintura, logo indo ao encontro de Malfoy na sala, sorrindo para ele antes de entrelaçar suas mãos e aparatar. 

 

A decoração do teatro estava impecável: simples, porém com cada mínimo detalhe pensado para aquela ocasião, onde quem deveria brilhar eram os convidados. Não demorou muito tempo para a dupla encontrar os amigos, Harry e Gina com fantasias combinando e Rony vestido de alguém que a garota não reconheceu; o trio havia combinado de tentar se divertir durante os momentos que teriam, e pela expressão divertida dos amigos, Mione sabia que era o que pretendiam fazer, e não estava errada: conseguiram aproveitar quase duas horas do baile a fantasia antes dos gêmeos chegarem, anunciando que a verdadeira diversão estava para começar. 

— Me concede essa dança? — Fred estendeu a mão para Hermione, arrancando-lhe um sorriso ao reconhecer o trabalho de Gina e Rose: suas fantasias se completavam, a sutil sugestão da irmã havia sido o príncipe de Bela, personagem a qual a morena representava, e mesmo sabendo que estava brincando com fogo, não podia desperdiçar o que poderia ser um dos únicos momentos que teriam juntos. — Você está linda.

— Não faça isso. — Hermione sussurrou, desviando o olhar do rapaz, girando graciosamente em seus braços conforme os acordes guiavam. 

— Mas está. — o ruivo sorriu, os olhos brilhando pela primeira vez em meses. — E eu sei que não deveria dizer isso, mas,por Mérlin, Hermione, nenhuma veela chega a seus pés. 

— Por que está fazendo isso? — Hermione questionou, respirando fundo antes de encarar as orbes verdes mais uma vez.

— Porque Mérlin sabe quando isso tudo vai acabar, e se essa for a última vez que eu puder falar por mim mesmo, quero que saiba que por mais que eu tenha falhado feio com você nesses últimos tempos, ainda estou apaixonado por você. E sei que é a coisa mais sem noção do mundo para se dizer agora, mas eu preciso terminar essa noite acordado, sabendo que eu finalmente falei o que precisava, e deixando você saber que eu estou pronto para lidar com as consequências. Que eu quero recuperar todo esse tempo perdido com você, com Rose, que quero me desculpar por ter sido tão idiota anos atrás, e por não ter nos dado uma chance de funcionar, porque eu sei que teríamos dado certo. Eu ainda amo você e tenho certeza que, não importa o que aconteça daqui para frente, eu vou amar você até o fim dos tempos. — a voz de Fred foi diminuindo gradativamente, terminando em um sussurro quando ele aproximou seu rosto do da garota, sentindo sua respiração alterada. — Desculpe ter levado tanto tempo para dizer isso. 

— Com licença. — a morena sussurrou, afastando-se do rapaz em direção ao jardim, aproveitando o vento frio para respirar fundo, ainda sentindo os batimentos fora de compasso, batimentos esses que só aumentaram quando a voz de Júlia soou em alto e bom tom atrás dela:

— Foi uma declaração e tanto, fico feliz que tenha a ouvido antes de eu acabar com você.


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Notas finais do capítulo

Feliz 2020!!



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