Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 61
Outubro




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A notícia do baile oferecido pelo Ministério da Magia havia se espalhado mais rápido do que um pomo de ouro num jogo de quadribol. Por cada rua que passava, ou cada loja que entrava, Hermione ouvia murmurinhos sobre o assunto, sobre as expectativas ou sobre as fantasias que seriam usadas, e por um lado, a repercussão a deixava feliz: a ideia era chamar atenção, e haviam conseguido com sucesso, o mundo bruxo não falava de outra coisa. 

Faltavam poucas semanas para a noite do baile chegar, e todos os planos já estavam devidamente traçados: Júlia estaria de volta um dia antes, e os Weasleys já haviam convencido Fred a ir ao baile, garantindo a presença do casal no evento, o que deixava Harry um tanto mais aliviado: se fossem arriscar tudo, que fosse para valer. O trio, e todos os outros autores envolvidos na trama estavam trabalhando nos últimos detalhes para que tudo saísse como o planejado, e não faltava muito mais para tudo estar quase perfeito, e Harry não podia esperar para voltarem a ter um pouco de paz nos dias, ainda mais com o pequeno Potter, que estava cada vez mais perto de chegar, para alegrar a vida do rapaz. 

Os dias passavam voando, e assim que a última reunião teve fim, o trio aparatou para a casa dos Weasleys, onde jantariam, a pedido de Molly, que estava na cozinha com a neta e Teddy, as duas crianças com enormes sorrisos no rosto, gargalhando ao mexer nos próprios pratos, e Fred lhes fazia companhia, sentado um pouco mais afastado enquanto cortava alguns legumes, mas, mesmo assim, gargalhando com as crianças. Cumprimentando a todos, Harry e Rony jogaram-se no sofá, as pastas e capas logo esquecidas em um canto da sala, enquanto Hermione subia até o antigo quarto de Gina, encontrando a amiga e Claire sentadas na cama, a ruiva dobrando algumas roupinhas e guardando-as de volta no embrulho brilhante que pousava ao seu lado. Dando um abraço em cada uma, a morena logo se juntou as garotas, sorrindo enquanto conversavam sobre James, que chutava cada vez mais, e estava cada vez mais agitado, levando a mãe quase a loucura, juntando os acontecimentos que iriam seguir. Depois de longos minutos conversando num clima agradável, as três voltaram para a sala, juntando-se a família, que ria de uma das histórias dos gêmeos, Fred já reunido com as crianças enquanto Molly fazia sua mágica com as panelas, e não demorou muito para todos serem chamados para a mesa, onde desfrutaram de uma refeição tão maravilhosa como todas as feitas pela matriarca ruiva, num jantar tranquilo, sem nada que pudesse estragar o clima bem ‘’família’’.

— Draco não vem, Hermione? — Molly questionou, servindo o prato de Rony mais uma vez e fingindo não ver o prato da garota quase intocado.

— Provavelmente está preso em alguma emergência no hospital, os finais de semana sempre são mais agitados. — a morena respondeu, sorrindo fraco ao ver a atenção de todos voltarem a si. — Mas acho que assim que ele conseguir, aparece por aqui. Ontem mesmo ele me disse que estava com saudades de sua comida.

— Ele dormiu na sua casa? — Gina questionou, largando o copo de suco de abóbora na mesa, sorrindo ao ver Fred baixar o olhar do outro lado da mesa.

— Sim, tia Gina. — Rose respondeu antes que Hermione pudesse processar a pergunta. — Ele até me contou uma história de princesa antes de dormir.

— Isso ainda é uma coisa que eu não consigo imaginar. — Ronald sorriu, engolindo antes de prosseguir. — Draco Malfoy contando histórias de princesas para Rose. — uma gargalhada se espalhou pela mesa, dando oportunidade para logo mudarem de assunto, aproveitando o clima leve que pairava na casa.

Pouco tempo depois, Hermione já se oferecia para ajudar com os pratos, ignorando os vários nãos que recebia de Molly, e recolhendo-os enquanto a ruiva movimentava a varinha para servir os pratos de sobremesa. Assim que terminaram de organizar tudo, a louça passou a lavar-se sozinha, enquanto as duas sentavam por breves momentos, Hermione para aliviar a dor e Molly para lhe fazer companhia, sorrindo maternalmente ao segurar a mão da garota que vira crescer.

— De quanto em quanto tempo sente essa dor, querida?

— É relativo, para ser sincera. — Hermione respondeu, respirando fundo. — Tem dias que a dor não passa por um momento sequer, e tem dias que parece que a cicatriz simplesmente esquece de doer. É como se o que a controlasse, esquecesse que tem trabalho a fazer - não que eu esteja reclamando desses dias, claro. — as duas sorriram, a mais velha abraçando Hermione.

— Vai dar tudo certo, você vai ver.

— Espero que sim. — Granger suspirou, ainda sorrindo fraco.

— Fred perguntou de você hoje. — Molly levantou, procurando uma bandeja e arrumando os pratos nela. — Não sei dos detalhes do que vocês estão tramando, mas está funcionando. Ele tem passado algumas tardes aqui, e está bem diferente do que antes, e… — a voz da ruiva quebrou, e Hermione percebeu que ela contia algumas lágrimas. — Ele está voltando ao normal, Hermione. E isso, por si só, já é uma dádiva.

— Hey, será que as duas mocinhas podem parar de fofocar e servir esse doce maravilhoso logo? — Gina apareceu na porta da cozinha, chamando atenção das duas que se abraçavam. — James está com fome.

Rindo do comentário da ruiva, Hermione acompanhou-a de volta a sala, o braço entrelaçado com o dela e sentando ao lado do casal, juntando-se a conversa sobre para qual casa de Hogwarts os pequenos iriam.

O restante da noite não demorou a chegar, e já passava das nove quando Draco aparatou no meio da sala dos Weasleys, assustando a todos, que conversavam distraídos. Com uma expressão confusa no rosto, procurou por Hermione olhando-a nos olhos antes de falar:

— Minha mãe está no hospital.

— O que aconteceu, querido? — Molly levantou-se, preocupada. O restante da casa ficou em silêncio, buscando a resposta do loiro, que ainda encarava Hermione.

— Ela está no hospital. — Draco repetiu, arrancando um breve sorriso de Hermione, que havia entendido o recado. Cissa havia feito com que ela prometesse não contar nada ao rapaz, que ela mesma contaria as novidades para o filho, e agora a situação começara a fazer sentido.

— Ela está no hospital. — Hermione repetiu, seu sorriso aumentando ao ver a confusão dos ruivos. Harry já sorria também, entrelaçando sua mão a de Gina, que ainda não entendia nada.

— Desculpe, será que alguém pode explicar…? — Rony questionou, tirando o loiro dos próprios devaneios.

— Minha mãe está no hospital, e… — Draco balbuciou mais uma vez, ainda sem reação enquanto Hermione levantava, caminhando até ele e pousando uma mão levemente sobre seu rosto.

— E é real. —a morena completou, sorrindo.

— Você disse que era apenas um projeto, que nada disso seria possível até o ano que vem, e…

— Você age como se não conhecesse Hermione, Malfoy. Quando é que ela deixa algo para depois? — Harry sorriu, vendo o loiro sorrir de verdade pela primeira vez em muito tempo, acalentando o coração de Hermione.

— Eles aceitaram? O conselho aceitou? — Malfoy questionou boquiaberto, passando as mãos pelos cabelos antes de abraçar Hermione, tirando-a do chão. — Você não existe!

— Estou aqui na sua frente, provando o contrário. — Hermione sorriu, ainda segurando a mão de Draco. — Eu te disse que faria de tudo, e ela já cumpriu sua pena. Está mais que na hora de poder desfrutar desse novo mundo, não acha?

— Então esse era seu projeto secreto? — Rony sorriu, finalmente entendeu a situação, esclarecendo para o resto da família em seguida. — Cissa não está mais em prisão domiciliar?

— Não, ela não está. — a garota confirmou, arrancando um sorriso de toda a família. — E você deveria voltar para aquele hospital, até porque, você está no meio do plantão, e não devia deixar sua mãe esperando! — os dois se abraçaram mais uma vez antes de Draco se despedir, desculpando-se pela maneira abrupta pela qual chegara e prometendo a Molly que logo viria para uma visita de verdade, comentando da saudade que sentia da comida da senhora ruiva.

Não demorou muito para as conversas voltarem à sala, preenchendo o vazio que se instalara por alguns instantes, indo até tarde, quando os Potter se despediram, puxando a fila: não demorou muito para Ron e Claire darem boa noite, despedindo-se de todos com um abraço, e logo foram seguidos por Hermione e Rose, que mesmo contrariada por ter que ir para casa, deu um abraço em cada um, demorando-se no pai que retribuiu o abraço com a mesma intensidade. Com um breve “boa noite”, Hermione despediu-se, aparatando na sala da própria casa e indo com a filha para o segundo andar, ligando a torneira da banheira enquanto procurava o pijama da pequena em meio a bagunça que haviam feito mais cedo, enquanto se arrumavam para o jantar - ou melhor, enquanto Rose e Draco se arrumavam, já que o loiro era quem havia passado o dia com a pequena, hoje mais sorridente que nunca.

O banho não demorara muito, até porque, as duas estavam cansadas demais para se prolongar em qualquer outra coisa além da própria cama. Hermione suspirava só de pensar no que estava se aproximando-se com a chegada do final de semana, que além do frio, trazia consigo o Baile à Fantasia que o Ministério da Magia estava proporcionando, em comemoração aos anos de paz que seguiam desde a Segunda Guerra bruxa. Minutos depois de colocar Rose na cama, os cabelos recém-secos e o pijama de corujas devidamente vestido, Hermione foi para a cozinha, a varinha servindo um copo de café, que, embora para a maioria das pessoas servisse para acordar, para ela estava tendo efeito contrário. A xícara tinha acabado de encher quando Granger ouviu leves batidas na porta, deixando a varinha a postos ao caminhar até ela e abri-la lentamente, deparando com Fred do lado de fora, o casaco provavelmente esquecido n’ A Toca e ele usava as pantufas que deixara na casa da mãe para os dias que passava lá, o que deu a entender que ele não dormiria na própria casa naquela noite.

Ainda um pouco surpresa, a morena abriu a porta, deixando Fred e o vento frio entrarem, abraçando o próprio corpo ao fechá-la. Convidou-o para a cozinha e alcançou-lhe a xícara, cheia até a borda, servindo outra para si mesma, e parando em frente ao ruivo, que carregava Mack em uma das mãos.

— Desculpe aparecer assim, mas Rose deixou Mack no meio da bagunça que fizemos com o resto dos brinquedos, e sei que ela dorme com o bichinho, então…— Fred deu de ombros, entregando a pelúcia para Hermione, que sorriu ao pegá-la, largando a xícara em seguida.

— Obrigada. Ela estava tão cansada que nem percebeu, mas sei que vai ser a primeira coisa que ela vai procurar quando acordar. — a garota respondeu, ainda com o pequeno sorriso no rosto.

— É melhor eu ir. — Fred comentou, largando a xícara em cima da bancada, ainda pela metade, após longos minutos de um silêncio incomodo. — Eu só vim para entregar Mack mesmo, e já está tarde, vocês precisam descansar.

— Obrigada por ter vindo. — Hermione caminhou com o ruivo até a porta, os dois encarando-se por um longo tempo antes dele questionar:

— Eu ainda posso aparatar aqui? Quer dizer, eu até pensei em fazer isso antes, mas…

— Eu não ia restringir isso, você sabe. — Hermione deu de ombros, abraçando a si mesma mais uma vez ao sentir a fria brisa vinda de fora. — Apesar de toda a confusão, eu disse e repito, você é o pai dela. Não tem porque eu querer te privar da vida de Rose.

— Eu sei, e eu realmente queria me desculpar por tudo isso, principalmente sobre aquele último jantar n’ A Toca, mas sei que não tem nada que eu diga que vá reverter a situação.— Weasley suspirou, enfiando as mãos no fundo dos bolsos. — Eu só queria que soubesse que eu sinto muito, e vou fazer o possível para reverter esse tempo perdido. Só preciso descobrir o que está acontecendo antes. Bom, boa noite, Hermione.

— Espera. — a garota pediu, sentindo o coração acelerar o ritmo. — Como assim “descobrir o que está acontecendo?” Do que está falando?

— Não é… não é nada demais. — Fred suspirou, passando uma das mãos pelos cabelos ruivos bagunçados, desarrumando-os ainda mais. — Eu só estou um pouco confuso, e… Quer saber, eu não vou te incomodar com isso. Você já tem coisa demais para se preocupar, ainda mais com o baile chegando. Eu agradeço, de verdade, mas é melhor deixarmos assim.

— Fred…

— Boa noite, Mione. É melhor eu ir. — o ruivo forçou um sorriso antes de aparatar, voltando antes que a garota pudesse ter qualquer reação. — Sua vizinha me viu entrar, se ela não me vir sair acho que vai complicar para seu lado, então é melhor eu sair pela porta da frente.

— Você pode dormir aqui. — a garota deu de ombros, olhando para as íris verdes do rapaz parado em sua frente. — Você é pai da minha filha, é normal que tenha passado a noite aqui. E ela não tem nada a ver com isso, Harry diz que ela consegue ser pior que a tia Petúnia. — os dois riram brevemente antes do ruivo se despedir mais uma vez, saindo pela porta da frente antes de desaparecer na rua escura e fria, até demais para os dias de outubro em que estavam: normalmente o frio de verdade chegava na metade de novembro.

Suspirando sem entender direito a importância dos comentários de Fred, Hermione desligou as luzes com um aceno de varinha, subindo as escadas sem pressa e parando em frente ao quarto da filha, pousando a corujinha ao lado da pequena e saindo do quarto em silêncio, indo até o banheiro. Sem muita pressa, tomou um banho quente, sentindo o corpo relaxar enquanto a água caía em suas costas, levando parte da preocupação com ela. Enrolada na toalha felpuda, soltou os cabelos longos ao ir até o quarto, procurando pelo pijama comprido mais grosso, confortável como pelúcia e vestiu-o, jogando-se na cama em seguida.

Tinham quatro dias até o baile – outubro havia passado voando, e Hermione não sabia se devia se sentir grata ou preocupada com isso – e tudo que se relacionava ao Ministério já estava resolvido, mas o que se tratava de si mesma, isso ainda estava uma bagunça. Sabia que se Gina soubesse que ela ainda não tinha escolhido a fantasia, ouviria poucas e boas, mas isso ela poderia deixar para outro momento, estava mais preocupada com o objetivo de tudo aquilo: Julia e a verdade que viria a tona. Se dependesse de Hermione, um confronto direto seria suficiente, não precisariam de um baile e centenas de pessoas envolvidas para obter as verdades que já tinham: as origens da modelo revelaram o que Hermione precisava para dar um fim naquela confusão toda, e embora ainda não entendesse o verdadeiro motivo de tanto ódio, tinham provas suficientes até o momento.

Desligando as luzes, a morena se ajeitou na cama, fechando os olhos antes de ser transportada para o sonho que, pela primeira vez, não lhe deixou triste; bem pelo contrário, aproveitou a lembrança pelo tempo que durou, acordando apenas quando os raios de sol invadiram o quarto, passando pelas frestas da cortina entreaberta. Demorou-se na cama, antes de perceber a pequena coruja na janela, pairando perto do vidro. Curiosa, levantou-se e caminhou até ela, abrindo-a o suficiente para deixar a pequena ave entrar, desfrutando da água e petiscos que Hermione tinha pendurado para as correspondentes que tinha.

O pequeno envelope que a coruja cinza carregava não lhe era conhecido, por isso usou um feitiço de proteção antes de abri-la, encontrando uma petição de sua advogada dento dele. Confusa, Hermione puxou o papel para fora, não acreditando no que lia, e sentindo pequenas lágrimas brotarem nos olhos. Sorrindo, vestiu-se rapidamente e indo até a cozinha, onde encontrou Draco, que havia acabado de chegar do plantão, os olhos pesados e a expressão cansada, embora sorrisse ao ver a amiga, que o abraçou, entregando o envelope em seguida. Sem ter que dizer mais nada, a morena aparatou no Ministério, as mãos trêmulas ao chegar na sala que dividia com Harry, que ainda não estava ali. Rabiscando um bilhete, correu até a lareira e, usando a rede de flu, foi para o Beco Diagonal, caminhando rapidamente até a Gemialidades Weasley, que abria as portas lentamente. Sorriu antes de dar o primeiro passo, cumprimentando George ao passar, indo em busca de Fred, o envelope pardo ainda em mãos enquanto subia até o escritório dos rapazes.

— Eu tive a impressão de que te veria hoje. — o ruivo sorriu ao vê-la chegar, o coração acelerado. — Entre, sei que vai querer conversar.

(…)

De volta no ministério, horas depois, Hermione já estava mais calma, tranquila com a notícia que recebera, e conversava com Harry sobre o baile, que estava cada vez mais próximo. Discutiram sobre a fantasia do casal, que iam vestidos de algum personagem que Harry achara engraçado na TV, e esperavam Rony chegar com os relatórios da última avaliação da turma de aurores que treinava, para ajudar-lhe com os pareceres finais. O trio tentava, acima de tudo, desfocar do problema maior, mas tudo parecia levar-lhes a isso, as dores de Hermione inclusive: não eram mais tão contínuas, mas eram cada vez mais fortes, mais intensas todas as vezes que voltavam, e ela já não estava muito feliz com a situação. E, a cada vez que vinham, ficava mais difícil de disfarçar. 

Suspirando ao terminar sua parte dos relatórios, separando os aprovados dos alunos que precisariam de uma segunda prova, Hermione caminhou até a janela, observando o sol lá fora, as folhas voarem com o vento forte, atípico de outubro. Sorriu para os amigos ao ouvir Harry chamar seu nome, respondendo que iria procurar a fantasia na manhã seguinte, mas que não sabia qual seria. Engataram em conversas aleatórias, rindo por longos minutos como não faziam há tempos, e aproveitando a companhia um do outro até uma das estagiárias entrar timidamente na sala, deixando duas pastas com Harry, uma delas confidencial. Sem conter a curiosidade, o moreno abriu-a, executando os feitiços para que os amigos pudessem ver o arquivo também, olhando rapidamente as folhas antes de passá-las adiante, olhando com expectativa para Hermione, que não demorou a sentar, logo fazendo a pena correr pelas folhas, enchendo-as de anotações e riscos, e não contendo a cara de surpresa quando terminou de analisar os papéis, alcançando-os a Harry e Ron, que logo se juntaram a ela na expressão surpresa. 

— Espera aí. — Ron começou, bagunçando os cabelos. — Quer dizer que ela é filha do… 

— Dolohov. — Harry completou, tirando o óculos e passando as mãos pelo rosto, tentando absorver a novidade. — Júlia é filha de Dolohov. 

— Desde quando comensais da morte tem filhos? — o ruivo questionou, jogando-se na cadeira e largando a varinha sobre a mesa. 

— Desde sempre, como acha que Malfoy nasceu. — Harry comentou, voltando a pegar os papéis. — Mas afinal, o que isso pode significar? Quer dizer, ser filha de um comensal da morte por si só já é complicado, mas Malfoy é a prova viva de que nem tudo está perdido. Mas o que aconteceu pra ela ter tanto ódio de nós, de Hermione principalmente? 

— Eu apaguei a memória dele. — a garota comentou, os braços cruzados sobre o peito, e o coração acelerado. — Isso causou problemas com Voldemort naquela época, ouvi alguma coisa sobre isso assim que a guerra acabou, digamos que o Lorde das Trevas não gostou muito disso, e houveram consequências. 

— Ele morreu em batalha, não morreu? — Harry questionou, voltando a observar a amiga mais atentamente. A expressão cansada já havia voltado ao seu rosto, e seus ombros caíram uns centímetros, e por um momento, tudo o que o rapaz queria era estar de volta a Floresta do Deão, onde estavam longe de tudo, e, de certa forma, salvos. Suspirou ao ouvir a resposta:

— Sim. 

— Então temos que acrescentar vingança a nossa lista de razões? — Rony bufou, revirando os olhos. 

— Em primeiro lugar. — Harry e Hermione responderam em uníssono, sabendo que teriam mais trabalho para fazer nos próximos dias. 

Não demorou muito para o ruivo ter que voltar para suas aulas, deixando os dois na sala que dividiam, sentados um de frente para o outro em silêncio. Sem conseguir entender a expressão da amiga, Potter foi até a mesinha que tinham no canto da sala, enchendo uma xícara com café e entregando-a para Hermione, que agradeceu com meio sorriso. 

— Eu disse para Draco uma vez, e ultimamente isso me vem muito a cabeça. — a morena começou, suspirando pela milésima vez naquela manhã. — Eu não deveria ter voltado de Buenos Aires. 

— Hermione. — Harry repreendeu, segurando a mão livre da amiga. 

— É sério, Harry. Nós estávamos bem lá, e mesmo que eu estivesse morrendo de saudades, as coisas seriam mais fáceis. Nada disso estaria acontecendo. 

— E Rose não conheceria a própria família. — foi o argumento usado, fazendo com que o olhar da garota desviasse dos olhos verdes de Harry.

— Eu só… eu só não queria que tudo isso estivesse mesmo acontecendo. Harry, se isso tudo for mesmo por vingança, eu… — Granger baixou a cabeça, o rosto entre as mãos. 

— Você não tem culpa de nada.

— Harry, fui eu quem apagou a memória dele. 

— Mas não é sua culpa ele ter lutado do lado errado da batalha, Mione. A escolha foi dele, e as consequências viriam, você sabe. 

— Eu sei. — a garota findou, levantando-se e saindo da sala sem mais delongas. Precisava de um tempo para pensar, absorver o que acabaram de descobrir. Caminhou apressada pelos corredores do Ministério, saindo pelo portão principal e aparatando na própria casa, largando suas coisas em qualquer lugar antes de começar a procura em meio de seus livros, procurando qualquer informação que pudesse ser útil e usando todo o autocontrole que tinha para não aparatar em Nova York, diretamente na fonte causadora de todos os seus problemas.


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Notas finais do capítulo

Feliz natal, meus amores! Com esse capítulo, deixo a notícia de que, dessa vez de verdade, temos apenas mais cinco capítulos!
Aproveitem as festas, nos lemos em breve!



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