Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 60
Investigações




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A primeira semana de outubro fora mais chuvosa impossível, fazendo com que o mau humor se espalhasse pelo Ministério da Magia. As investigações relacionadas ao suposto ataque estavam a mil por hora e todos os aurores que não estavam focados nisso auxiliavam no que era possível: as paredes já estavam em seus devidos lugares, bem como as estantes e papéis que haviam sido perdidos, mas metade do andar onde Harry, Rony e Hermione trabalhavam estavam, ou internados no St. Mungos, ou em casa de repouso, afastados por conta dos ferimentos que haviam adquirido. O trio, por sua vez, trabalhava dentro da sala, agora com as paredes três vezes mais reforçadas, mais do que nunca. Hermione havia exposto a linha do tempo que havia feito mais uma vez, e ainda haviam muitas lacunas a serem preenchidas, afinal, apesar de terem detalhes importantes, muita coisa ainda estava em aberto, e a garota sabia que isso era uma das coisas que lhe tiravam o sono – isso e a dor que não a abadonara nas últimas duas semanas.

— O almoço chegou, detetives. — George bateu antes de entrar, deixando três embalagens em cima da mesa de Harry, a única que ainda tinha algum espaço e apoiando-se em uma cadeira, analisando os amigos e o irmão. — Vocês não acham que está na hora de uma pausa, não? Sem querer ofender, mas vocês estão horríveis.

— Já ouvi isso tantas vezes essa semana que não me ofende mais. — Hermione forçou uma risada, aceitando o copo de suco que o ruivo oferecia. — Obrigada. Conseguiu algo?

— Nada muito concreto, mas ela volta em doze dias, então se vocês forem fazer algo que envolva Fred, é melhor fazer rápido.

— Nós sabemos, e para ser sincero, temos um projeto de plano, mas… — Harry começou, suspirando no final da frase. 

— Mas? 

— Mas não sabemos se vai mesmo funcionar. — Hermione concluiu, levantando de onde estava e analisando o quadro mais uma vez. — Quer dizer, quem sabe se isso tudo vai mesmo atraí-la? Quem é que sabe do que ela gosta? 

— De ser o centro das atenções. — Draco entrou no escritório, largando o jaleco em uma cadeira qualquer e indo até Hermione, abraçando-a por alguns instantes. — Como está? 

— Na mesma. — ela suspirou, aceitando o frasco de poção anestésica que o rapaz que estendia. — Mas falando sério, vocês a conhecem desde que ela é Fred começaram a namorar. O que ela gosta? 

— De desfilar. E de ser o centro das atenções, como Draco disse. — George respondeu, começando a entender a linha de raciocínio da amiga, e percebendo detalhes aos quais nunca haviam dado devida atenção. 

— E o que mais? De onde ela vem? —a morena foi até o quadro, abrindo espaço para a biografia de Júlia, que era uma grande página em branco. — Onde ela estudou? Quem é a família dela? Gente, qual o sobrenome dela? — ela agora encarava os amigos, surpresa com as reações deles, que pareciam procurar fundo nas próprias mentes. Até mesmo George não sabia o que responder, para maior indignação e preocupação de Hermione. 

— Vocês a conhecem há o que, três anos, e não sabem nada dela a não ser o nome e que ela namora o cabeça de cenoura? — Draco questionou, cruzando os braços e não conseguindo segurar um sorriso. — Que tipo de família vocês são? 

— Isso nunca pareceu importante, e nunca falamos sobre isso quando ela estava presente. — Rony comentou, confuso. 

— Acho que Fred não é o único que está sendo enfeitiçado nessa história toda. A grande questão é por quê? 

—Nós vamos descobrir. — Harry concluiu, bagunçando os cabelos ao ver Hermione estremecer, curvando-se para frente disfarçadamente, mas não o suficiente para ele não perceber. — Mas acho que por hora, já temos trabalho a fazer e acho que podemos fazê-lo em casa. 

Em pouco tempo, todos se despediram, Rony e George aparatando para a loja, onde tentariam encontrar alguma informação útil, e Draco voltara ao hospital, deixando Harry e Hermione para trás, em um silêncio incômodo, mas o rapaz não sabia o que fazer: ver Hermione sofrer por consequência do feitiço que a torturava a todo momento não lhe deixava confortável, e o fato de não poderem fazer nada para reverter a situação só piorava tudo. Faziam duas semanas desde o ataque ao ministério, que havia sido abafado, usando a desculpa de treinamento de uma das turmas de novos aurores, e fazia todo esse tempo que o machucado de Hermione não melhorava e não parava de doer, e embora Malfoy e outros medibruxos buscavam algo que pudesse ao menos fazer com que a dor fosse embora, Harry era obrigado a assistir a amiga ficar cada vez pior: as olheiras estavam cada vez mais escuras e profundas, provavelmente resultado das noites mal dormidas, e a garota havia perdido peso demais para o curto período de tempo que havia se passado. 

— Você sabe que me olhar desse jeito não vai mudar a situação, não é? — Hermione questionou sorrindo, embora ainda sentisse fortes pontadas do lado esquerdo do corpo. 

— Eu sei, mas é agoniante. Hermione, me desculpe, mas ver você desse jeito…

— Nós dois já sabemos que já foi pior, Harry. — a garota voltou a olhar para o moreno, ainda com o sorriso fraco no rosto. — Nós vamos encontrar uma solução para tudo isso, e assim que pegarmos o responsável, essa dor vai embora também. Agora sente-se aqui do meu lado e me conte como está James, sei que vocês já tem quase tudo pronto para o nascimento dele. 

(....)

A manhã de Fred, ao contrário do restante, havia sido boa até demais. Depois de perceber que não havia nada além do habitual suco de pêssego na geladeira da casa que dividia com Julia, resolveu tomar café com a mãe na casa dos Weasleys, onde encontrou a mais velha Weasley assando biscoitos com Rose, que estava com metade dos cabelos brancos de farinha. Rindo ao se deparar com a situação, deu um beijo na mãe e logo se juntou a brincadeira, demorando mais do que o esperado para conseguir algum contato com a filha -  empecilho que ele resolveria depois; e não demorou muito para a bagunça de verdade começar, terminando um bom tempo depois, com três fornadas de biscoitos das mais diversas formas na forno, espalhando o ótimo cheiro da receita de Molly pela casa e pelos jardins, chamando a atenção de alguns gnomos já entocados por conta do frio. 

Assim que se limparam, Fred foi com Rose até a sala, ajudando a pequena a espalhar alguns brinquedos e passando algum tempo com ela, que agora estava mais radiante que ele jamais a vira: o sorriso que Rose estampava era sincero, como se aquele gesto fosse a coisa mais importante do mundo, e Fred não pode deixar de ficar feliz, mesmo que algo dentro de si lhe incomodasse um pouco: por mais que se esforçasse, não lembrava de ter feito isso nos últimos tempos, e as últimas lembranças, um tanto borradas, que tinha da filha, que lhe parecia um pouco menor na época, eram ainda do casamento de Harry e Gina. Deixando o pensamento de lado por um tempo, aproveitou os últimos minutos antes de ter que ir para a loja, permitindo-se abraçar Rose pelos longos minutos em que ela lhe segurava, como se quisesse guardar a lembrança para sempre. 

Ainda sentindo os pequenos braços da filha ao redor de si, o ruivo se despediu da mãe, prometendo que voltaria ainda essa semana para o jantar, estranhando o olhar que ela lhe dirigia. Aparatou até o próprio escritório na loja, sentando-se por um longo tempo e tentando clarear os próprios pensamentos: sentia-se tonto, sem saber direito o que devia fazer a seguir, era como se faltasse a ordem de alguém para seu dia realmente começar. Bagunçando os cabelos, Fred começou a organizar os papéis espalhados, parando ao encontrar uma cópia da mais recente edição do Profeta Diário, onde na capa, estava estampada uma foto do Trio de Ouro conversando entre si, como se trabalhassem em algum projeto secreto, o que iniciava a reportagem. Ignorando ao ver que havia sido escrito por Rita Sketter, o rapaz voltou a mexer nos papeis, bufando ao perceber que não conseguia focar em mais nada além da foto que acabara de ver, e se deu por vencido ao pegar os papéis novamente, lendo as palavras vagas que levantavam suspeitas a um ataque ao ministério da magia. Assim que terminou a leitura, Fred voltou a olhar para a foto, observando Hermione que, para ele, era a que mais estava diferente do que lembrava-se: os cabelos mais longos e ondulados, a fisionomia muito mais cansada, caracterizada pelas olheiras fundas e o corpo ainda mais magro que o comum, e a expressão de dor que não deixava seus olhos. Suspirando e ouvindo a voz do irmão no andar de baixo, o ruivo guardou as coisas com um aceno de varinha, e desceu as escadas em silêncio, sorrindo ao ver Rony junto a George, que parou de falar ao reconhecê-lo. ignorando, cumprimentou os dois e puxou conversa sobre o tempo, logo acabando com a pequena tensão que havia se formado, e deixando os irmãos mais  confortáveis, o suficiente para, horas depois, abordarem o ruivo sobre Julia e seu passado, e recolhendo informações importantes para o que precisavam. 

Assim que a noite caiu, os gêmeos se despediram, indo para suas devidas casas. Não demorou muito para Fred se jogar no sofá ao chegar, um copo de uísque de fogo em uma das mãos enquanto sua mente viajava longe. Aos poucos, repassava o dia em sua cabeça e conseguia lembrar-se de cada detalhe, mas quando pensava no dia anterior, nada lhe vinha a memória. uns poucos borrões da loja e de alguns clientes que atendera, mas nada muito concreto. Secando o copo e largando-o em um canto qualquer, o ruivo foi até o banheiro, ligando o chuveiro e despindo-se enquanto a água esquentava, bufando consigo mesmo. Passou longos minutos embaixo d’ água, deixando-a cair sobre as costas e relaxar os músculos que ele tensionava mesmo sem querer - algo estava errado, ele sabia. Só lhe faltava entender o que. 

Enrolado na toalha macia, o rapaz foi sem pressa até o quarto, parando em frente ao guarda roupa, observando uma das fotos que Hermione havia lhe dado de Rose ainda pequena. Sorriu para a pequena que abraçava Bichento, que estava rabugento como sempre, e guardou a foto novamente, deitando-se em seguida: descobriria o que estava acontecendo, de um jeito ou de outro.

 

(.....)

 

— Você acha mesmo que um baile de Halloween é a melhor ideia para findar isso tudo? — Rony questionou, observando as anotações de Hermione no fim da folha que lia.

— Vai chamar atenção, e é o que queremos. Então... — Hermione deu de ombros, o copo de café em mãos e os cabelos de Rose em outra, enquanto a filha dormia no sofá, aninhada em Hermione. O trio havia desistido das reuniões no escritório, e estavam reunidos na casa da garota, copos de chocolate quente espalhados pela mesa de centro, lutando com a pilha de papéis pelo espaço.

— Então é isso. — Harry concluiu, suspirando e pegando uma pena. Com um breve bilhete, avisou aos editores do Profeta e pediu-lhes que já começassem os anúncios: uma festa sempre era bem vinda, e reunir o máximo de gente possível era o que precisavam naquele momento.

— Essa confusão já durou tempo demais, não é mesmo? — Hermione suspirou, acenando a varinha para recolher a bagunça que haviam feito ao ver os amigos levantarem e vestirem os casacos. Ainda era outubro, mas o frio já havia chego com tudo.

— Já sim, mas estamos cada vez mais perto de colocar um fim nela. — o ruivo respondeu, abraçando Hermione antes de se despedir. — Fred está cada vez mais perto da realidade, e logo isso tudo vai terminar. Agora vá descansar, teremos um longo dia de divulgações amanhã.

O trio se despediu a logo Hermione subiu para o quarto com Rose, colocando-a na cama e dando-lhe um leve beijo antes de desligar a luz do quartinho da filha, caminhando até o seu em seguida. Jogou-se na cama e ficou encarando o teto, pensando e mil e uma coisas ao mesmo tempo. Suspirando pela centésima vez no dia, Hermione desligou as luzes e fechou os olhos, tentando dormir e tirar da cabeça todos os problemas que acumulavam, sabendo de uma coisa ao certo: toda aquela bagunça estava, finalmente, chegando ao fim.


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