Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 57
Trio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/525367/chapter/57

—Espera um minutinho, Hermione. Volte a fita porque eu acho que me perdi — Harry interrompeu a amiga, desencostando as costas da cadeira e aproximando-se da comprida mesa de reuniões. — Você acabou de dizer qu..

— Eu sei que é uma acusação séria e é por isso que chamei vocês para essa reunião. — a garota passou a mão pelos cabelos soltos, respirando fundo ao encarar o ministro. — O senhor sabe que eu não diria tudo isso se não tivesse certeza, mas para poder provar e levar isso adiante, vou precisar do mandado, King. Quer dizer, se eu ainda puder permanecer no caso, e...

— É claro que você permanece no caso, senhorita Granger. Se eu achasse que não fosse profissional suficiente para isso, não estaríamos trabalhando juntos. — o ministro comentou calmamente, tentando assimilar as palavras da garota juntamente com Harry, percebendo como tudo se encaixava no contexto final.

— E como procedemos daqui em diante? — Harry questionou, ajeitando os óculos no rosto.

— Precisamos de provas concretas e precisamos investigar mais a fundo, descobrir se tem mais alguém envolvido nisso ou se existem outras vítimas – uma possibilidade que eu gostaria de descartar. Infelizmente, nós vamos ter que envolver o resto da família, — Hermione virou-se para Rony, que permanecia calado até o momento. — George principalmente.

— Desde que não coloque ninguém em perigo, estou dentro. — o ruivo sussurrou depois de breves instantes de silêncio na sala de reuniões, arrancando um breve sorriso do ministro, que logo se levantou.

— Vou deixá-los trabalhar em cima disso nos próximos dias. Vou deslocar aurores para suas turmas, senhores Potter e Weasley, e Martha pode lhe ajudar com a papelada do dia-a-dia, senhorita Granger, pelo menos até ela sair de licença ou vocês resolverem isso. Por favor, assim que tiver o mandado, encaminhe uma coruja para minha sala que o assinarei. — Kingsley foi em direção a porta, parando antes de sair e voltando-se para Hermione: — Eu tenho uma resposta para sua proposta da semana passada, se puder passar na minha sala ao fim do dia, conversaremos melhor. Bom trabalho aos três.

O silêncio tomou conta do recinto após a saída do ministro e Hermione não sabia como poderia tentar melhorar o clima estabelecido. Sabia que os próximos dias não seriam os melhores, mas se tudo corresse como o esperado, pelo menos estaria trabalhado com os amigos.

— Desde quando você sabe de tudo isso? — Rony questionou, analisando as anotações de Hermione sobre o caso.

— Eu suspeitava a alguns dias, estive analisando os dados mais a fundo e todas as datas batiam, inclusive a do último ataque. — inconscientemente, a garota levou a mão até a costela esquerda, tocando levemente o ponto que muitas vezes lhe causava dor. — Mas só confirmei isso tudo ontem, enquanto Fred... Gritava todas aquelas coisas. Não era ele.

— Você acha que... você acha que é Imperio?

— Eu não sei, Rony, mas os olhos dele, o que ele disse...

— Já tivemos experiências demais com essa maldição para não reconhecer os efeitos, não é mesmo? — Harry suspirou, tomando um gole de café e pegando a pasta mais próximas.

— Vocês não fazem ideia do quanto eu quero estar errada sobre isso. — a garota suspirou, arrancando um sorriso dos amigos e sorrindo de volta ao sentir Rony apertar sua mão ao comentar:

— Ah, nós fazemos!

O trio se permitiu rir antes de começar o trabalho, de volta a sala que Harry e Hermione dividiam, utilizando todo o espaço de podiam para espalhar as evidencias e deixar o caso mais visual. Montando a linha do tempo, cada acontecimento, sua consequência e suas lacunas, nenhum dos três viu a hora passar, parando apenas quando a noite já caia do lado de fora, e Martha batia suavemente na porta, uma das mãos acariciando a barriga já grandinha enquanto a outra carregava pastas com o brasão do ministério da magia.

— Estes precisam de sua assinatura, senhorita Granger, mas são todos para quarta-feira, não precisam ser feitas agora. — sorrindo com a cena que via, a secretárias deu as costas ao trio, fechando a porta após lembrar: — O ministro a espera, Hermione. Além do mais, acho que vocês já passaram da hora há algum tempo.

— Droga, eu tinha esquecido disso! — a morena desceu da mesa onde estava sentada, fechando as pastas intocadas e colocando-as na gaveta que trancou logo em seguida. — Continuamos amanhã, até porque eu não consigo pensar em mais nada com clareza. — pegando a bolsa e o casaco, e jogando um beijo aos amigos Hermione saiu da sala, voltando instantes depois para pedir: — Será que vocês conseguem ficar com Rose por mais alguns minutinhos? A reunião com King não vai demorar.

— Ela está com Gina? — Rony questionou, vestindo o próprio casaco. — Achei que Draco estava com ela.

— Era para ser, mas não conversamos ontem e ele não deu sinal de vida hoje pela manhã, e sua mãe estava com dia cheio também, então...

— Será um prazer, Mione. Teddy está lá, você sabe que os dois se adoram. — Harry respondeu, acenando para a amiga que saiu apressada depois de agradecer. Tentando ao máximo não parecer atrasada enquanto passava pelos corredores, Hermione foi até a sala do ministro, respirando fundo e soltando o coque bagunçado antes de bater na porta, ouvindo um breve ``entre`` em seguida.

— Boa noite, Hermione.

— Desculpe lhe fazer esperar, não tínhamos percebido que era tão tarde. — a garota comentou, indo até a mesa de King, sentando-se de frente para ele.

— Eu levei sua proposta adiante, e os conselheiros não ficaram muito felizes com isso, talvez você gostaria de saber. — Kingsley foi direto ao ponto, folheando uma pasta enquanto conversava com Hermione. — Mas consegui que todos a analisassem mesmo assim.

— Eu sei que foi atrevimento de minha parte propor isso, mas estava dentro do que combinamos quando me mandou para Buenos Aires, e eu achei que estava na hora de tentar.

— E você não estava errada. — King sorriu, fechando a pasta e entregando-a para Hermione. — Apesar de não gostarem muito disso, eles aprovaram, Hermione. É claro, ainda existem algumas restrições e ela ainda terá um acompanhante durante o primeiro ano, que fará relatórios quinzenais, tanto para você quanto para mim. Quando esse período terminar, haverá outra reunião entre o conselho e eles decidem se voltam atrás na decisão ou se a mantem como você a vê nesta proposta.

— O.. o conselho... Eles aprovaram? — Hermione questionou incrédula, levando as mãos a boca e desculpando-se pelo choque em seguida, assim que o ministro confirmou a afirmação. Sentia seu coração pulando de alegria e quase não conseguiu conter o sorriso: era uma ótima notícia e precisava conta-la imediatamente.

— A decisão se torna válida a partir do dia primeiro, então você tem até lá para prepara-la para isso. Nós sabemos que mesmo que nos esforcemos para isso se manter em segredo, a mídia vai acabar descobrindo e é melhor que eles descubram isso por você. Agora, Hermione, tem outra coisa sobre a qual precisamos conversar. — o rosto do ministro se fechou, ficando mais sério enquanto ele tirava da gaveta uma pasta lacrada, sem identificação ou brasão, entregando-a para Hermione e suspirando em seguida. — Eu sei que não é o melhor momento para isso, e eu não estou lhe pedindo uma resposta para amanhã, mas quero que pense com cuidado. Sei que lhe parece precipitado, mas você está muito mais apta para isso do que eu jamais estarei, e nós dois sabemos disso embora você relute em aceitar. Você tem Rose e todo esse terror que está acontecendo em sua vida agora, mas por favor, Hermione, considere. Eu sei o que descobriu em Buenos Aires enquanto estudava com todos aqueles medibruxos, e sei que apesar de você não praticar o que aprendeu, é tão boa quando o senhor Malfoy.

— Kingsley.

— Eu não lhe ofereci a bolsa por nada, e sei que isso só acrescenta conhecimento em sua vida, mas não é disso que estamos falando. Você sabe que eu estou doente, e sabe o que pode acontecer daqui para frente. Leve a pasta com você, e guarde até achar que estiver pronta. Estarei esperando sua resposta, seja qual for. — o senhor sorriu calmamente, levantando-se e indo até a garota, despedindo-se: — Agora levante daí e vá contar a novidade! Algo assim não acontece todo dia!


(...)



       — Nós estamos esquecendo alguma coisa.

— Calma aí. Só o feitiço é suficiente? Quer dizer, — Rony levantou, o copo de café em uma das mãos enquanto a outra segurava a pena com a qual escrevia. — Julia consegue fazer com que Fred esteja apaixonado apenas com a maldição?

— Não. A maldição é poderosa, mas não cria amor de verdade. — Hermione largou o livro na mesa, levantando-se. — Isso foi o que nos levou a conclusão de que ela está usando uma poção do amor também.

— Amortencia? — Harry questionou, revisando as anotações que a amiga lhe estendia.

— Não. É poderosa demais, já teríamos percebido.

— É claro, se ela está usando o feitiço para que Fred tenha ao menos afeto por ela, a poção deixaria na cara demais. Você é um gênio. — Rony anotou no quadro, ao lado de algumas ideias jogadas. 

— Tem ideia do que pode ser?

— Na verdade, — Hermione suspirou, respondendo aos amigos. — acho que ela possa estar usando a poção dos gêmeos.

—É um ótimo jeito de não chamar atenção e não precisar envolver mais ninguém nisso. Até porque, — Rony continuou, bagunçando os cabelos. — o apartamento deles é em cima da loja.

— Então precisamos do relatório das vendas do produto, e precisamos descobrir se é isso mesmo que Julia está usando. — Harry concluiu, começando a redigir o mandado que precisariam. — A questão é: como ele toma essa poção sem perceber?

— Ela se mistura e se esconde no gosto de aroma daquilo em que é colocada.  — Rony e Hermione responderam ao mesmo tempo, sorrindo ao terminarem e ver Harry com as sobrancelhas arqueadas. — Está no rótulo. — Rony completou.

— Tudo bem. Então precisamos descobrir o que Julia usa para esconder a poção. — Potter anotou na lista, voltando-se para os amigos. — Vocês sabem se tem alguma coisa que Fred come ou toma todos os dias? Acho que George pode nos ajudar com isso sem levantarmos muita suspeita, e Hermione já tem a resposta não é mesmo?! — Harry parou o próprio raciocínio ao ver o olhar da morena brilhar, sinalizando a ideia que ela acabara de ter.

— Suco de pêssego. — Granger sorriu, lembrando-se do momento em que Fred descobrira a nova paixão. — Nós estávamos no meio de uma das faxinas na sede da ordem, e Molly nos mandou até o supermercado que tinha ali perto, e como os meninos não faziam ideia de como funcionava o dinheiro trouxa, fui junto. Fred achou a caixinha divertida e quis provar, e acho que nunca mais deixou de comprar – o mercado tinha uma encomenda só para ele todo mês.

— Tanta coisa deliciosa naquele lugar, e ele gostou justamente do suco numa caixinha colorida. — o ruivo sorriu, lembrando junto com a amiga e anotando a nova informação em seguida. — Então, o que temos até agora: os ataques aconteceram exatamente nas datas em que Julia estava de volta a Londres, incluindo o suposto sequestro de Rose, assim como os feitiços, que tem registro de uso em datas aleatórias, mas nas quais ela estava aqui, incluindo o casamento de Harry e o dia seguinte. Sabemos que ela, ou alguém envolvido, está fazendo uso da maldição Imperio, e que, ao que tudo indica, Fred é a vítima. Temos a lista de ameaças usadas contra você e Rose, mas ainda não temos um motivo concreto para ela estar fazendo tudo isso. Esquecemos algo?

—Sim, que Hermione é uma das vítimas do feitiço de tortura. — Draco invadiu a sala, o livro que havia pego na casa de Hermione em mãos, o jaleco branco sujo de sangue recente. — Ela, e a outra ex-namorada de Fred, Martha.

— Martha, nossa Martha? — Rony questionou, ignorando o clima que entrou na sala juntamente com o loiro.

— Acabei de traze-la da emergência até aqui, com uma marca idêntica a sua. — Draco virou-se para Hermione. — Por sorte, era só a dor. Eu não sei o que você estão planejando com tudo isso, mas Julia não vai esperar muito mais para agir agora. Acho que ela acabou de deixar isso bem claro. — do mesmo jeito que havia chego, Malfoy foi embora, deixando o trio em silencio por alguns instantes.

— Ele ainda não voltou a falar com você? — Harry questionou, sem conseguir ignorar o olhar de Hermione.

— Ele consegue ser mais teimoso que vocês dois quando quer, mas na verdade, não nos vemos desde domingo. Ele tem me evitado. — Hermione suspirou. — Fica difícil fingir um namoro desse jeito.

— Eu sabia! — Rony exclamou, fazendo Hermione perceber o que havia deixado escapar. — Você me deve um galeão, Potter.

— Ah, qual é. Eu não fui o único a pensar isso. — Harry bufou, decepcionado enquanto Hermione olhava confusa para os dois, que logo trataram de explicar.

— Você nos prometeu que não guardaria mais segredos, e Harry e todo mundo pensavam que você e Draco estavam juntos de verdade, mas eu achei que, bem, que você nos contaria. Por mais estranho que isso possa soar, e apesar de eu concordar que vocês parecem mesmo um casal, não acreditei que era real.

— Vocês apostaram? — Hermione não pode deixar de rir, cruzando os braços.

— Você não no deu outra alternativa. — Harry deu de ombros. — Agora faça o favor de dar mais detalhes sobre esse namoro falso. Desde quando estão nisso?

— Umas três semanas. — Hermione suspirou, apoiando-se de volta na mesa. — Foi uma ideia dele para afastarmos Julia o suficiente para podermos investigar sem colocar Rose em ainda mais perigo. E eu sei que Gina sugeriu isso e nós dissemos que era loucura, mas contar para vocês ainda era arriscado. — a garota, suspirou. — Ainda é na verdade. Nossa intenção era terminar sem ter contado para ninguém.

— E que diferença faria vocês estarem namorando escondido de nós? Quer dizer, se a ideia era mostrar para Julia, por que não quando estávamos em família?

— Porque seria mais difícil explicar tudo isso para todos, e além disso... — Hermione olhou para o lado rapidamente, bem a tempo de ver uma joaninha grávida voar para a janela, dando-lhe poucos segundos de raciocínio antes que pudesse soltar um ``merda`` em voz alta, e antes que a parede ao seu lado explodisse, jogando o trio para longe, enchendo a sala de poeira e fumaça e instalando o caos no Ministério da Magia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!