Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 56
Feliz aniversário




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/525367/chapter/56

Acordar na manhã seguinte não havia sido uma tarefa simples para Hermione, que enrolou, deitada na cama, o máximo que conseguiu antes de finalmente criar coragem para sair da cama e tomar um banho, arrumando a bagunça que ela e Draco haviam feito na noite anterior. Sem conseguir conter um sorriso ao lembrar das últimas horas, a garota secou os cabelos com um aceno de varinha, vestindo a calça e o suéter que havia separado para a ocasião: seu almoço de aniversário que Gina estava organizando. 

 

─ Oi você. ─ Hermione se abaixou no meio do corredor, pegando Bichento no colo e acariciando o gato alaranjado enquanto descia para a cozinha, já vestida porém com as pantufas infantis que tinha desde sempre. Em poucos minutos, o café estava pronto e a morena estava sentada na bancada, a xícara fumegante ao seu lado enquanto folhava o Profeta Diário. Pelo canto do olho, viu uma joaninha pousar no batente da janela, arrancando-lhe um sorriso - nada anormal até ali. Não demorou muito para terminar o café e o jornal, jogando a bagunça na pia e indo até a sala, suspirando ao ver as pastas do Ministério espalhadas pela mesa de centro: sabia que precisava trabalhar em cima deles, mas o caminho para qual as pistas estavam lhe guiando não ajudavam-na a criar ânimo para isso. Pela primeira vez na vida, Hermione desejava não estar certa. 

 

─ Eu não acredito que você estragou minha chance de te fazer uma surpresa ainda na cama. ─ Draco comentou, largando a pasta no sofá e tirando o jaleco sujo de uma gosma que Hermione preferiu não saber o que era. 

 

─ Não é minha culpa se você some no meio da noite. ─ a garota riu, indo até o rapaz e abraçando-o.

 

─ Feliz aniversário, Granger. ─ o loiro desejou, segurando a garota em seus braços por mais alguns minutos antes de beijar-lhe a ponta do nariz, arrancando um riso dos dois. ─ Pronta para sua super festa? 

 

─ Definitivamente não, mas estou super pronta para comer a comida da Sra. Weasley. ─ Hermione riu, finalmente soltando Malfoy e pegando a bolsa de Rose, que já estava arrumada no sofá desde a noite anterior.  ─ Vamos? 

 

─ Claro. ─ os dois deram as mãos, aparatando nos jardins d’ A Toca, observando as poucas plantas que ainda viviam ali, as que o frio ainda não tinha matado. Sem pressa, Draco e Hermione se dirigiram para dentro da casa onde todos os ruivos, Harry e os pais de Hermione estavam reunidos, conversando sobre casualidades e com algumas bebidas em mãos. 

 

─ Mione! ─ Gina chamou a atenção da família, correndo até a amiga e abraçando-a, desejando-lhe felicidades. ─ Feliz aniversário! 

 

─ Obrigada. Você fez tudo isso? ─ a morena comentou, observando os balões e toda a decoração espalhadas pela casa. 

 

─ É claro que sim, você não quis uma festa de arromba, mas eu não podia deixar seu aniversário passar em branco. 

 

─ Você não existe. ─ as duas se afastaram, Hermione sentindo Harry e Rony abraçarem-na em seguida.  

 

Depois de muitos abraços, a dupla recém chegada juntou-se aos demais, sentando na sala confortável e quentinha da casa dos ruivos, Rose pulando para o colo da mãe rapidamente. Não demorara muito para Molly voltar para a cozinha, arrastando a mãe de Hermione junto com ela, assim como Arthur arrastara os rapazes para o galpão, mostrando os artefatos trouxas nos quais trabalhava atualmente, deixando Hermione, Claire, Gina e Júlia na sala de estar, em um silêncio um tanto quanto incômodo. Cerca de uns dez minutos depois, com um sorriso irônico no rosto, a modelo retirou-se ainda em silêncio, subindo para o quarto que os gêmeos ainda utilizavam quando estavam por ali. 



─ Ah, finalmente. ─ Gina sorriu, aproximando-se de Hermione e Claire e lançando seu melhor olhar Weasley. ─ Então, mocinha. 

 

─ Como foi a noite? ─ a namorada de Rony completou, aumentando o próprio sorriso e arrancando um revirar de olhos de Hermione, que apesar de tudo também sorria. 

 

─ Foi maravilhosa. Dormi a noite toda. 

 

─ Ah pode parar. ─ Gina comentou, ainda sorrindo. ─ Nós sabemos que vocês foram juntos para casa, Mione. Não tente nos enrolar. 

 

─ E fomos mesmo, mas não tem nada para enrolar Gina. Nós fomos para casa e dormimos. Simples assim. 

 

─ Você é a pessoa mais sem graça desse mundo. ─ as três riram com a expressão emburrada da ruiva, que cruzou os braços ao se encostar no sofá. Sem mais delongas, as três engataram em conversas aleatórias, fofocando sobre casualidades até entrarem no assunto James Sirius Potter e a ruiva arrastar Claire para o andar de cima, enquanto Hermione ia até a cozinha, sentando-se com a mãe e Molly por alguns minutos, até Rose chamar a senhora Granger para ver um gnomo tremendo de frio do lado de fora, deixando as outras duas sozinhas. 

 

 ─ Como está, querida? Já faz um tempo desde a última vez que você veio para uma visita. 

 

─ A medida do possível, tudo certo. ─ Hermione sorriu sem graça, inventando qualquer desculpa para não ter que contar a realidade, que estava mesmo evitando estar ali mais que o necessário. ─ Tenho trabalhado bastante, King me deu alguns casos mais complicados nos últimos tempos. 

 

─ Ouvi dizer que ele tem grandes planos para você. ─ Molly parou de mexer na panela, sorrindo para Hermione. 

 

─ Kingsley é criativo, cheio de ideias para todo mundo. Mas e você, como está? Rose ainda não lhe deixou maluca? 

 

─ Ah querida ─ a ruiva sorriu ─ eu criei sete filhos, não é a sua que vai me enlouquecer, embora eu preciso dizer, ela é mais pestinha que os gêmeos juntos. 

 

─ Cissa costuma dizer que ela apronta tanto quanto Draco quando criança, e isso por si só já é bastante. ─ as duas riram, Molly saindo da cozinha logo em seguida, lembrando-se do embrulho que tinha para entregar a Narcisa Malfoy. 

 

Subindo as escadas e encontrando Júlia no meio do caminho, a senhora foi até o próprio quarto, procurando o embrulho prateado que havia feito. Minutos depois, ao descer de volta para a cozinha, parou para conversar com as meninas no antigo quarto de Gina, sobressaltando-se ao ouvir a voz de Fred, vinda do andar de baixo, gritando um xingamento que ela nunca havia aturado. Quando chegaram na cozinha, os rapazes já faziam seu caminho de volta e todos tinham semblantes preocupados ao encontrar Fred e Hermione de frente um para o outro atrás da mesa da cozinha, gritando um com o outro. 

 

─ Que direito você acha que tem para falar esse tipo de coisa para mim, Fred? 

 

─ Como assim que direito?! Eu sou o pai da Rose. Eu decido com quem ela pode ou não andar, Hermione. 

 

─ Você decide? Desde quando você é capaz de decidir alguma coisa? Você não se presta a ver sua filha e quer decidir com quem ela pode viver ou não?! Você nem sabia da existência dela para começo de conversa. 

 

─ E isso foi culpa de quem?! ─ Fred levantou o tom de voz, sem perder a postura embora no fundo, aquela frase tinha mexido com ele. ─ Não fui eu quem fugiu para o outro lado do mundo para seguir sonhos impossíveis. 

 

─ Eu não precisaria ter fugido se você não tivesse pirado como uma garotinha. Nós já tivemos essa conversa mil e uma vezes, e você já deveria ter decorado toda ela. Você quer ser um ótimo pai? Ótimo, seja. Mas não se meta na minha vida. 

 

─ Eu me meto quando isso afeta minha filha. ─ o ruivo deu um passo à frente, apontando o dedo para Draco, parado atrás da garota, junto com o resto da família. ─ Quando você deixa minha filha conviver com esse Comensal da Morte de merda. 

 

─ Então é sobre isso que esse seu showzinho é? Ciúmes do Draco? ─ Hermione questionou incrédula, também dando um passo à frente. ─ Você está noivo e tem coragem de fazer um show por causa dele? 

 

─ Isso não tem absolutamente nada a ver com ciúmes. Tem a ver com quem você deixa conviver com Rose. Ou você acha que eu quero minha filha envolvida com gente que nem ele? ─ Fred falou com certo nojo na voz, acendendo em Hermione a luz que faltava para ligar os pontos que precisava para concluir sua investigação. 

 

─ E desde quando você é melhor que alguém para falar alguma coisa? ─ a garota provocou, sentindo o coração acelerar. ─ Você não sabe nem quando comeu que chega, Fred. O que te faz pensar que sabe o que é melhor para a sua filha?! 

 

─ Wow. Ele deve te comer muito bem toda a noite para você deixar de lado tudo o que ele te fez não é mesmo? ─ o ruivo estava trêmulo, os punhos cerrados ao prosseguir: ─ Ou você esqueceu de tudo o que ele te fez passar? Das torturas pelas quais você passou enquanto ele assistia e dava risada da sua cara? Da noite fatídica naquela mansão? Dar para ele deve ser maravilhoso a esse ponto não é?! 

 

─ Honestamente, ─ Hermione prosseguiu apesar do olhar de espanto de todos os presentes na cozinha da sala confortável e apesar do sorriso discreto de Júlia. ─ é maravilhoso. ─ a garota falou pausadamente, aproximando-se ainda mais, encarando Fred Weasley nos olhos. ─ Mas você sabe o que é ainda melhor? O fato de Draco estar lá, toda santa noite, durante os últimos quatro anos. 

 

O que aconteceu a seguir durou meia fração de segundo: se possível, Hermione encarou o ruivo ainda mais próximo enquanto via a mão direita dele se erguer no ar, pronta para atingir a garota no rosto e enquanto as outras nove varinhas presentes no recinto se erguiam em direção à ele, prontas para agir a qualquer momento. Sem esperar muito mais viu, de relance, o brilho nos olhos de Fred se perder por alguns segundos e aquilo foi suficiente para fazê-la desabar por dentro, dando a Hermione a certeza que ela não queria.  Controlando para não demonstrar nenhuma reação, a morena deu as costas ao ex namorado, e saiu da cozinha, caminhando firme até os jardins antes de aparatar e finalmente deixar as lágrimas caírem, desabando ao ser recebida com um abraço por Narcisa, que caminhou com ela para a sala de estar da Mansão Malfoy. 

 

(...)

 

─ De todos os lugares do mundo, esse é o último onde eu pensaria te encontrar. ─ a voz de Harry ecoou na sala agora silenciosa, sobressaltando Cissa e arrancando um sorriso de Hermione, que largava o prato de bolo que a mais velha havia servido. 

 

─E ainda assim foi o primeiro onde você veio. ─ Granger virou-se para o amigo, vendo um pequeno sorriso se formar no rosto de Harry ao se aproximar. 

 

─ Você esqueceu o presente de Cissa e, bem, estávamos preocupados. 

 

─ Hermione está de aniversário e eu quem ganho presente? ─ Malfoy riu, recebendo Harry com um abraço e indicando-lhe o sofá para que se acomodasse. ─ Sinta-se em casa, Harry. Quer alguma coisa, um pedaço de bolo talvez? Os elfos me ajudaram, mas fiz a maior parte sozinha. ─ sem esperar uma resposta, Cissa foi até a cozinha, deixando os outros dois a sós. 

 

─ Como ele está? ─ Hermione perguntou depois de alguns instantes de silêncio, sem olhar o amigo nos olhos. 

 

─ Em silêncio. Chega a ser assustador. ─ o moreno suspirou. ─ Mas foi com Rose para casa, ela estava assustada e não quis saber de mais ninguém além dele, Fred principalmente. 

 

─ Ela o chama de pai agora, não é de se duvidar que se grudem. ─ Granger sorriu fraco, finalmente levantando o olhar. ─ Mas não acho que tenha sido por isso que você veio atrás de mim. 

 

─ Eu vim pra ver como você está, e pra descobrir o que você percebeu nele que te fez agir como uma maluca. 

 

─ Eu descobri a peça que faltava no nosso quebra cabeça, Harry. ─ Hermione levantou, caminhando até a lareira e suspirando. ─ E é por isso que precisamos de uma reunião amanhã, eu, você e o ministro: vamos colocar um ponto final dessa história. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como Se Ainda Fosse Real" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.