Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 47
Tentativa.




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Hermione adorava passar as férias n’ A Toca, mas desgnomizar o jardim não era, nem de longe, uma de suas tarefas preferidas. Era sábado e a primavera estava em seu ponto alto, enfeitando os jardins da casa de maneira linda e convidativa, tanto para eles, quanto para os gnomos – para eterno ódio da Sra. Weasley. Portanto, quatro ruivos, Harry e Hermione se reuniram naquela tarde maravilhosa para retirar os convidados indesejados dali, de qualquer maneira que fosse possível, divididos em duplas, alguns metros de distância um do outro. Por ironia do destino – ou de Gina – a dupla de Hermione era Fred, enquanto Rony e o outro gêmeo trabalhavam, longe dos dois ou de Harry e Gina.

Apesar de passarem bastante tempo juntos durante os finais de semana, os dois não haviam conversado muito desde que as aulas haviam terminado, afinal o momento nunca era oportuno e os dois haviam tomados caminhos distintos: Fred havia abandonado a escola antes do término do ano letivo e ele e o irmão haviam aberto a Gemialidades Weasley no Beco Diagonal, o que os mantinha extremamente ocupados, e Hermione havia voltado para a casa dos pais, afinal, depois dos acontecimentos no Ministério, ansiava por algum tempo com os pais. A consequência de tudo isso era simples, ou nem tanto: não haviam mais tocado no assunto Sala Precisa ou que acontecera lá dentro, os encontros casuais, repletos de risadas e conforto, e muito menos sobre o beijo que se repetira numa noite, no salão comunal e logo depois de uma das rondas de Hermione. Então era óbvio que o momento era, de certa forma, tenso.

Hermione estava tão concentrada em não pensar nisso que teve que rir de si mesma ao jogar um gnomo a mais ou menos três metros longe de onde estavam. Foi até o serzinho, que apesar de tudo estava tonto com a queda e segurou-o pelos pés outra vez, parando na metade da volta ao dar de cara com o ruivo rindo dela, meio metro atrás.

— Você nunca foi a melhor nisso, mas dessa vez se superou, Mione. — Fred abriu ainda mais o sorriso com o olhar da amiga, e se aproximou, pegando o gnomo dela. — Deixe-me mostrar com se faz isso de verdade.

O gnomo voou cerca de trinta metros antes de cair em um açude, espirrando água por todo lado. Depois do pouso do ser, Fred voltou-se para a garota e fez uma mesura, um sorriso debochado brincando no rosto.

— Viu? É simples.

— Para quem fez isso a vida toda e tem o físico de um jogador de quadribol, acredito que seja. Mas não fui tão mal assim, aquele gnomo foi uma exceção. — Hermione respondeu, cruzando os braços.

—Ou você só não quer admitir que não é boa em tudo. — o ruivo rebateu, passando um braço ao redor dos ombros da garota. — Porém como eu sou um gênio, tenho um plano para terminarmos nossa tarefa mais rápido. Você me ajuda a pegar todos os gnomos, eu uso um feitiço paralisador no qual você vai pensar e depois me livro de todos eles juntos. Quanto mais rápido terminarmos isso, mais rápido poderemos sair daqui e fazer algo divertido. O que me diz?

— Pelo seu comentário e pelo seu showzinho de exibicionismo trinta segundos atrás, você merecia que eu te deixasse aqui fazendo todo o trabalho sozinho, afinal você sabe como se faz. Mas como eu sou uma pessoa legal, vou te ajudar com isso — Hermione sorriu, ficando de frente para o ruivo e sorrindo, antes de sair correndo. — Se conseguir me acompanhar.

Quinze minutos depois, inúmeras mordidas de gnomos e muito cansaço, Fred e Hermione terminaram o perímetro determinado pela Sra. Weasley, deixando os outros quatro um tanto indignados com a rapidez – e por não terem pensado em magia. Depois de avisarem a senhora ruiva, não demorou muito tempo para Fred puxar Hermione para os fundos da casa, sem nem dar tempo para que ela argumentasse. Caminharam por alguns metros em linha reta antes do ruivo puxar Hermione pela mão, sussurrando algo parecido com ”por favor, não vomite”, e os dois aparatarem no alto de um cânion, em um lugar completamente desconhecido para ela.

Antes que pudesse decidir se estava se sentindo enjoada ou confusa, ou apenas surpresa, a visão de Hermione focou em Fred, que colocara uma mão em seu rosto, suavemente.

— Está tudo bem? Você está meio pálida e...

— Nós acabamos de aparatar, não é? — a garota prosseguiu depois da confirmação de Fred. — Harry havia me falado da sensação, mas não achei que fosse tão horrível.

— É bem ruim no começo, mas depois de um tempo você acostuma. Ou pelo menos para de sentir enjoo.

Os dois ficaram alguns minutos em silêncio, sentados em uma pedra, perto da borda do cânion, sentindo a vento brincar ao redor deles. Depois de um tempo – e de muito pensar –Hermione sentiu Fred entrelaçar suas mãos, sorrindo. A garota não entendia metade das coisas que se passavam entre eles, e muito menos os sentimentos que fingia não ter, mas sabia que adorava a companhia do rapaz, sem mais.

— Eu não sabia que essa era sua ideia de diversão. — ela comentou, ainda admirando o horizonte ensolarado, que parecia ser uma marca registrada dos encontros dos dois, se é que podiam chamar assim.

— Tem muita que não sabe sobre mim, senhorita Granger. — o ruivo respondeu, as sobrancelhas erguidas e um olhar penetrante.

— Não sabia que era tão misterioso, senhor Weasley. — ela respondeu, arrancando uma gargalhada do ruivo.

— E não sou, mas eu sempre quis dizer isso. Não podia deixar a oportunidade passar. — os dois riram, embora o rapaz tivesse voltado a ficar sério logo. — Mas nós dois sabemos que eu não te trouxe para um lugar isolado, sem contato com mais ninguém, desarmada e sem saber onde está apenas pela linda vista.

— Falando assim faz parecer que você vai me matar, Fred. — a morena virou-se para ele, em tom de brincadeira. — E por mais tentador que possa parecer a você, eu agradeceria se não o fizesse.

— Com o que eu pretendo fazer, é mais fácil que você me mate, Mione. — Fred se aproximou da garota, acariciando seu rosto levemente e esperando qualquer reação antes de prosseguir com o que tinha em mente. — Eu juro que tentei parar de pensar nisso quando não consegui encontrar uma solução lógica, ou pelo menos algo que me ajudasse a entender porque eu fico tão... Assim quando estou perto de você. Mas nada, simplesmente nada, fez sentido. Eu não sei como as coisas começaram ou como elas chegaram a esse ponto, e eu sei que nós dois parecemos dois estranhos agora, mas não consigo tirar da cabeça o quanto eu gosto de passar um tempo com você, do quanto eu gostei da sua ajuda com os produtos ano passado, do quanto eu gosto de ver e fazer você sorrir e, por Mérlin, eu não consigo tirar da cabeça o quanto eu gostei de te beijar, Hermione. Eu sei que eu só o cara que faz piadas o tempo todo, que não segue as regras, que é o seu oposto. Eu sei que eu não faço ideia de quais sejam seus sentimentos em relação a isso, aos últimos meses, que apesar de toda a tristeza e loucura, foram os melhores para mim por causa de você, e eu não faço ideia do que você vai fazer agora, mas eu realmente preciso e vou te beijar agora. E se você for me jogar desse penhasco, por favor, faça isso depois de me beijar.

O ruivo não demorou meio segundo para juntar seus lábios nos de Hermione depois de terminar de falar, passando uma mão pela cintura dela assim que foi correspondido. Não mentira uma única palavra: ele não entendia absolutamente nada daquilo, nunca havia se sentido daquela maneira por ninguém e não fazia ideia do que ela sentia em relação a isso também, mas ela havia dito uma vez para se deixar levar pelo impulso e ali estavam. Afinal, se ela optasse por jogá-lo do penhasco, as coisas não ficariam piores que isso.

Depois do que poderiam ter sido horas ou dias, Hermione se afastou, as mãos ainda no pescoço do rapaz. Ele hesitou por um momento mas sentiu o coração acelerar ao ver o sorriso da garota.

— O que acontece se eu decidir não te jogar desse penhasco? — Hermione sussurrou, sem se afastar.

— Supondo que você não me mate e que seja maluca o suficiente para aceitar, podemos tentar tornar isso em algo mais... Sólido? Ou não, não sei.

— Me chamar de maluca não ajuda você, sabia disso? — Apesar de tudo, Hermione sorriu, beijando Fred suavemente. — Eu não faço ideia do que você fez comigo, Fred, e eu estou tão confusa quanto você. Mas acho que não vamos entender nada disso se eu te jogar dessa altura, então acredito que a tentativa seja válida.

— O que? — o ruivo piscou várias vezes, sem acreditar naquilo. Estavam envolvidos há pouco tempo, seja lá o que fosse todos aqueles sentimentos, e apesar de ter esperança, Fred nunca achara que Hermione aceitaria isso, ou que os sentimentos – ou confusão – dela fossem recíprocos.

— Aceito sua tentativa de tornar nossa confusão em algo sólido, Fred Weasley. Mesmo que seja a maior loucura do mundo e mesmo que dê errado. Não acho que vá ser fácil, mas não perderemos nada por tentar. — Hermione sorriu, ignorando as borboletas no estômago e seus sentimentos finalmente transbordando. Gina jogaria em sua cara que estava certa o tempo todo sobre Hermione e Fred, mas ela superaria aquilo: apesar de sempre negar as ‘’acusações’’  e insinuações da amiga, sempre concordara com elas. Pensaria nisso depois, teria tempo. Agora ela precisava apenas de mais uma coisa: — Além do mais, Fred, eu também gosto de beijar você.


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