Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 45
Júlia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/525367/chapter/45

—Júlia...

—Não, Hermione. Desta vez sou eu quem vai falar. — a morena encarava Hermione sem ao menos piscar, enquanto esta tentava pensar em alguma maneira de contornar a situação, ou ao menos amenizá-la. — Eu sei muito bem o que você andou fazendo nessas últimas semanas, ou melhor, vocês.

— Eu não sei do que você está falan...

— Ah, me faça o favor de não negar isso, por Mérlin. — Júlia soltou uma risada irônica, segurando a varinha com mais força e dando um passo para frente, para mais perto de Hermione e de Rose, que agora parecia despertar, para o maior desespero da garota. — Não negue que você e Fred vinham se encontrando quase diariamente, sem ao menos tentar disfarçar! O que foi, achou mesmo que eu não ficaria sabendo que meu noivo ia todos dias até o Ministério? Me diga, Hermione, o que Fred Weasley iria fazer no Ministério da Magia se não fosse ver você? Eu ainda sei ligar os pontos, mas não se preocupe, não quero detalhes sobre o que faziam, o seu olhar preocupado confirma qualquer suspeita que eu tinha.

— Júlia, por favor. — Hermione sussurrou, torcendo para que a filha permanecesse parada ou voltasse a dormir, mas sabia que Mérlin não seria tão bondoso com ela. Pelo canto do olho, viu Rose se mexer na cama, o suficiente para chamar atenção de Júlia, que inclinou a varinha na direção da ruivinha.

— Eu nunca quis ser a vilã da história, Hermione. Sejamos sinceras, essa história não precisa de uma vilã, mas vocês duas não me deixaram outra alternativa. — ela suspirou, agora dando pequenos passos pelo quarto. — As coisas com Fred nunca foram fáceis, você sabe. Eu levei meses para conquista-lo, e quando as coisas começaram a se encaixar, quando ele finalmente me pediu em casamento, você, o maldito fantasma dele, reapareceu e trazendo mais um problema para mim. Afinal, quem imaginaria que você voltaria com uma filha?! Mas até aí tudo estava bem, eu conseguia lidar com isso, com um fantasma, mas não com uma filha dele. Não com mais essa competição. Porque, no momento em que eu descobri que Rose era filha dele eu soube que você seria muito mais que um fantasma, você seria real e seria impossível competir com isso. E aí que veio a ideia daquele dia, do suposto filme que eu estava gravando aqui e quis a participação de vocês. — Júlia parara de andar, encarando Hermione de uma nova posição, a varinha ainda apontada para a ruivinha que agora assistia tudo em silêncio, mas com medo no olhar. — Mas você suspeitou, não é?!

—Onde quer chegar? — Hermione perguntou, aproveitando um momento de distração da outra moça para se aproximar de Rose, mesmo sabendo que não seria grande ajuda. Sentia sua respiração alterada, mas tentava manter-se controlada – oposto de seus pensamentos, que voavam a mil por hora. — Era uma armação, o tempo todo, não era?

— Claro que era. Eu precisava me livrar de você, e sabia que o único jeito de nos encontrarmos sem suspeitas era desse jeito, afinal se eu te enfeitiçasse em qualquer desses nossos almoços em família, as pessoas perceberiam logo que algo não estava normal com você. Mas é claro que Fred atrapalharia meus planos, e tive que inventar uma desculpa qualquer de última hora. As coisas teriam sido muito mais fáceis se tudo tivesse dado certo naquele dia: eu teria lhe explicado o que quero, teria usado Confundus ou até mesmo Imperio e estaríamos resolvidas, não estaríamos nisso agora, Hermione. Nada do que aconteceu nas últimas semanas seria real, e estaríamos vivendo nossas vidas muito bem, longe uma da outra. Mas não tem problema, porque vamos resolver isso agora. — a morena suspirou, sorrindo em seguida e olhando Hermione nos olhos. — Você vai se afastar do meu noivo, vai fazer de conta de ele não existe, assim como fez por esses quatro anos. Não me interessa o que você vai fazer, como vai fazer, que se dane. Eu não ligo. Fred vai deixar de existir para você, de agora em diante, e você vai acabar se tornando uma mera lembrança na vida dele, como deveria ter sido desde o começo, desde quando você o deixou. Você vai fazer isso, começando hoje, neste momento, e vou lhe dizer o motivo, minha querida. — a varinha da garota voou para Rose, que assistia o corpo da mãe tremer, sabendo, dentro da própria cabecinha que aquilo tudo não daria muito certo. Nunca havia gostado muito da amiga do pai, ainda mais depois dos dias que havia ficado com eles enquanto Hermione estava internada, mas o fato dela apontar um objeto estranho para elas e estar deixando a mãe tão nervosa não poderia ser bom, e, apesar do medo, Rose sentia-se brava por tudo aquilo. — Você vai fazer exatamente o que eu estou lhe dizendo, porque do contrário, sua querida Rose também será apenas uma lembrança na sua memória.

— Você não vai encostar um dedo na minha filha, Júlia. — Hermione deu alguns passos a frente, ignorando a varinha agora voltada para si. — E nós duas sabemos muito bem disso.

— Assim como sabemos que você não está em posição de fazer ameaças, Granger. Eu acabo com você com um pensamento ou menos e faço parecer um ataque de comensais foragidos, dando trabalho para o resto da vida dos seus amigos. — Júlia riu outra vez, atingindo Hermione com um tapa. — Você não é tão assustadora quando está desarmada, não é? Espero que estejamos entendidas, Hermione Granger. Seja uma boa menina mais uma vez que nada disso será necessário, okay?

— Você acha mesmo que isso vai dar certo? — Hermione não fez esforço para segurar a língua, mesmo sabendo que irritaria ainda mais a modelo que a ameaçava. Aquilo era loucura e, por maior que fosse sua raiva naquele momento, sabia que a morena estava falando sério e não arriscaria a segurança de Rose nem se morasse com o ministro da magia e seus mil e tantos aurores.

— Eu tenho certeza, Hermione. E sabe por que? Porque assim como você, sua filhinha também vai se tornar um grande nada na vida do Fred, porque eu vou dar a ele tudo o que você tirou. Cada momento, cada mínimo detalhe, tudinho. — ela levou a mão até a barriga, acariciando-a por alguns segundos e sorrindo em seguida. — Não se preocupe, eu vou esperar minha cunhadinha se acostumar com a ideia para contar. O que me lembra: eu não preciso dizer o que acontece se você contar para alguém, não é? — as duas se encararam por longos segundos antes de Hermione assentir brevemente e ouvirem Molly chamar todos para o almoço, no andar de baixo. — Vamos lá, Mione. Começamos nosso combinado a partir de agora.

Júlia sorriu, virando-se de costas e caminhando calmamente até a porta, parando em seguida e voltando-se para Hermione novamente: — A propósito, me desculpe pelo tapa. Você realmente não me deve nada, e quem deveria receber o tapa é Fred, mas eu não podia perder a oportunidade de fazer o que tenho vontade desde o dia em que lhe conheci. E mais uma coisa: como está seu machucado, onde a maldição atingiu? — a morena piscou e voltou ao corredor, descendo as escadas com um grande sorriso no rosto. Sabia que seu plano daria certo pelo simples fato de ter ameaçado a futura enteada e pelo breve falhar no olhar de Hermione. Suspirou e, já na sala, foi até Fred, beijando-o brevemente. Ignorou os olhares de Malfoy, que conversava com Harry em um canto da sala, e tratou de começar uma conversa sobre qualquer coisa com Fleur. Sorriu ainda mais quando Hermione e Rose chegaram na sala, as duas em silêncio e a pequena com marcas de lágrimas no rosto. Viu a ruiva correr para o colo de Malfoy, sendo seguida por Hermione, que logo depois de deixar as coisas com o loiro e cumprimentar Harry, seguiu para a cozinha, ajudando Molly com qualquer detalhe. Sentiu-se feliz, por um momento, sabendo que, por ora, as coisas estavam como havia planejado: Hermione fora de seu caminho e Fred, finalmente, só seu.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como Se Ainda Fosse Real" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.