Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 35
Padrinhos




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“Querida Hermione,

Por favor, não esqueça do nosso jantar de hoje. Sei que fazem apenas alguns dias que não nos vemos, mas você vive trancada nesse escritório e meu futuro marido só aparece em casa para dormir, estou me sentindo sozinha e preciso muito conversar com você.

Não precisa trazer nada, você sabe, e não precisa se preocupar em deixar Rose com o Malfoy. Teddy está passando uns dias aqui e acho que vai ser ótimo os dois brincarem um pouco. Na verdade, seria bom se ele viesse junto. Estou precisando conversar com ele também.

Tome cuidado para não se perder no labirinto de papéis desse escritório e nos vemos à noite.

Com carinho,

Gina.

P.S.: Se quiser mesmo trazer algo, poderia trazer aqueles doces da loja trouxa que comemos outro dia, aqueles brancos ou os em forma de morangos. Eu ficaria bem feliz. ‘’

Hermione sorriu ao ler a carta de Gina, acariciando a coruja branca. Rabiscou uma resposta e alimentou Pichi antes de manda-la para casa novamente. Olhou para a mesa vazia a sua frente e seu sorriso morreu: fazia quase uma semana que não via Harry, que saia com os aurores para missões todos os dias, deixando-a sozinha naquele maldito escritório, analisando papéis que, no momento, não serviriam para nada.

Voltou para o trabalho, torcendo para que o relógio da parede andasse mais rápido e agradecendo a Mérlin quando ele marcou cinco horas. Com um aceno rápido da varinha, guardou o trabalho feito e pegou suas coisas, aparatando em uma padaria trouxa. Era a segunda vez naquela semana que Gina lhe escrevia, comentando sobre os doces, e, se ela estivesse certa, não era bom ignorar essa vontade da amiga.

Quando chegou em casa, encontrou Rose brincando com Bichento no tapete, com brinquedos espalhados por toda a sala, enquanto George os observava do sofá. Assim que se despediram, depois do ruivo explicar que Fred tivera um compromisso de última hora e não conseguiria trazer Rose a tempo, as duas subiram para o banho, onde a ruivinha contava em detalhes, e palavras criadas por ela mesma, como havia sido o dia.

─ Adivinha onde vamos hoje à noite?! ─  Hermione arrumava os cabelos de Rose em uma trança enquanto a ruivinha assistia um desenho qualquer na televisão.

─ Onde, onde, onde, mamãe? ─ a pequena se virou, sorrindo animada.

─ Num lugar que você adora e que tem uma pessoa que está morrendo de saudades de você.

─ Tia Gina! ─ Rose exclamou, gargalhando logo em seguida. ─ Mas ela não vai cozinhar, né mamãe?




─É exatamente por isso que você é minha melhor amiga! ─ Gina recebeu a caixa de doces, que Hermione lhe entregara, com os olhos brilhantes.

As duas foram para a cozinha, enquanto Rose e Teddy espalhavam brinquedos pela sala, e começaram a conversar, como sempre faziam. Ficaram apenas alguns dias sem se ver, mas com o casamento se aproximando e a animação de Gina, assunto nunca faltava. Os convites já estavam quase todos entregues, a decoração quase pronta e seu vestido escolhido, bem como o terno de Harry. Faltava decidir o vestido de Rose, que estava muito contente com a ideia de  se vestir como uma princesa no casamento da tia, mas esse era um detalhe que precisavam discutir quando Júlia estivesse presente, o que, nas últimas semanas, era impossível, já que a garota estava em outro país, numa série de desfiles.

Faltava também um detalhe importante, que Gina e Harry vinham adiando há algumas semanas: os padrinhos de casamento. Harry não abria mão de Rony, Gina não abria mão de Luna e os dois não abririam mão de Hermione. Portanto a decisão, que precisou de alguns ajustes e algumas discussões entre o casal não poderia ser mais fácil: Luna e Neville, Rony e a nova namorada, que quase ninguém conhecia, e Hermione e Malfoy. Fazer o noivo aceitar o último que foi a parte complicada, mas Gina conseguira, e esse jantar serviria para duas coisas. Fazer o convite e fazer com que Harry e Draco conseguissem, pelo menos, ficar na mesma sala sem matar um ao outro. Mas, como elas podiam ver, nenhum dos dois estavam ali.

A resposta de Hermione fora simples: Emergências.

Demorara um pouco para se acostumar com as saídas e faltas repentinas do amigo, mas sabia que sua profissão era baseada nisso, bem como sabia que ele apareceria em casa nos momentos mais aleatórios. Apesar disso, adorava a ideia de Draco ser uma medibruxo e por ser tão bom naquilo que fazia. Sabia que, de certa forma, para o amigo, era uma maneira de compensar tudo o que havia feito e deixado de fazer antes, e adorava ver essa evolução dele.

Já a resposta de Gina, Hermione sabia de cor e não a agradava nem um pouco. Ele ainda estava em missão com o Ministério e, como sempre nessas semanas, não tinha hora para voltar. Ela confiava cegamente no amigo, era óbvio, mas não conseguia controlar o peso que sentia no coração por saber que era, no geral, proibida de ajuda-los. Era a muito custo que não reclamava sobre essa decisão, mas tinha que esperar a poeira baixar, afinal, se Harry – ou qualquer um – soubesse que ela continuava tendo pesadelos e ainda era perseguida por tonturas, era provável que voltaria ao hospital.

Mudaram de assunto rapidamente e logo, Draco minutos antes de Harry, os dois rapazes chegaram. O loiro um tanto tenso e desconfortável, enquanto Harry estava evidentemente cansado. Ainda de uniforme, Draco foi até a sala com Rose e Teddy, disfarçando o desconforto por estar na casa de Harry, enquanto Gina e Hermione arrumavam a mesa.

O jantar começara tenso, afinal não era comum ver Harry Potter e Draco Malfoy na mesma mesa, mas Rose logo deu um jeito de quebrar o clima, fazendo com que os dois conversassem, para a surpresa de todos, sobre filmes de princesa. Enquanto discutiam quem era melhor entre Aurora, Branca de Neve e Cinderela, Gina e Hermione se seguravam para não rir. Já estavam na sobremesa quando a ruiva cutucou Harry, entregando-lhe o convite especial.

Hermione viu o amigo pigarrear e, com uma expressão indecifrável, começar:

 ─ Então, eu acho que já ficou meio óbvio o motivo disso tudo, não é?! Quer dizer, é óbvio desde sempre, mas eu preciso dizer em voz alta porque faz parte da coisa toda. ─ Harry riu, enquanto Gina colocava na mesa uma grande caixa branca, seguida pelo convite de Harry. ─ Espero que vocês aceitem, e acredite Malfoy, é tão estranho para mim quanto para você.

Dentro do envelope, o convite da cerimônia do casamento de Gina e Harry, com uma foto dos dois, com os olhos brilhantes, as mãos grudadas e a felicidade nítida a quilômetros de distância. As letras em dourados traziam uma mensagem sobre o amor e sobre celebrá-lo, fazendo Hermione sorrir com o resultado do trabalho das duas. Assim que terminou de lê-lo, uma seta surgiu, em faíscas, apontando para a caixa, que abriu com Draco.

Dentro dela, duas penas douradas, rodeadas por chocolates e doces bruxos. Em letras brilhantes, assim que tocadas, as penas escreveram no ar : “Aceitam ser nossos padrinhos e tentar colocar juízo em nossas cabeças?”

Hermione olhou para Draco, que sorriu para ela, concordando. A garota sorriu, levantando a abraçando Harry, dizendo em seguida:

─ Nunca achei que viveria para ver Draco Malfoy ser seu padrinho de casamento.

─ Então vocês aceitam? ─ Harry perguntou, sorrindo nervoso.

─ É claro, Potter. Quem melhor para colocar juízo nessa cabeça de minhocas.


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