Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 29
Malfoy/Weasley




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/525367/chapter/29

―Vocês são as pessoas mais estranhas que eu conheço. ― Draco se jogou no sofá, cansado do plantão que começara ainda na noite anterior. Havia perdido as contas de quantos pacientes havia atendido nas últimas vinte e tantas horas, e tudo o que mais desejava nesse momento era um bom banho e sua cama. Mas infelizmente, teria que passar mais algumas horas acordado.

―Eu não entendo você, de verdade. ―Hermione cortava os legumes para o jantar e olhava para a sala, indignada. ―Quando lhe contei o que aconteceu, jurei que nunca mais falaria comigo, e agora está me xingando porque não falei mais com ele. Quer, por favor, decidir?

Ouviu o amigo dar risada enquanto tampava a panela, e logo viu o loiro escorado na porta da cozinha, o jaleco e os sapatos esquecidos na sala.

―Não sei porque ficou tão magoada, como esperava que eu reagisse? Você me conta que passou a noite com seu ex, que está bem comprometido, por acaso, e espera que eu diga o quê?

―Primeiro, não fizemos nada além de dormir, e antes que se esqueça, Rose estava junto. E não fale como se eu não soubesse que isso é errado, nem me olhe com essa cara. Não vou usar Rose como desculpa, se é seu argumento. ― a garota suspirou, se apoiando na pia. ―Fiz aquilo porque quis, e fiz sabendo que era errado. Mas já foi, Draco, já passou, e nós sabemos que isso não vai se repetir. Fred vai casar em menos de três meses, vai ser feliz com Júlia, construir uma família como sempre quis, e não vou ser eu quem vai atrapalhar. É claro que ele e Rose vão se ver o tempo todo, mas não vai passar disso.

―Por que será que eu tenho a impressão de que isso não vai acontecer? ― o loiro sorriu, indo até a panela e provando seu conteúdo. ―Acha mesmo que vocês vão conseguir se ver e simplesmente não sentir nada?

―Nada é impossível. ― Hermione respondeu, tirando a colher da mão do amigo.

―Se você diz. ― o loiro deu de ombros, indo até o armário e pegando o sal. ―Mas isso é motivo para ignorar o Weasley por três semanas?

―Você me confunde, sabia. ― Hermione protestou, vendo o amigo das seus toques no jantar. ―E não estou ignorando, só estou evitando criar expectativas.

―Estamos falando de você ou dele? ―o loiro riu ao receber um cutucão e suspirou, sua noite seria mais longa que imaginava.

 

 

―Sabe, Weasley, embora eu soubesse que esse momento chegaria, não consigo entender o que estamos fazendo aqui. ―o rapaz loiro, que havia jantado com Hermione e dado uma desculpa qualquer para sair mais cedo que o normal, tentava entender a situação em que havia se metido.

Estava com Fred em um pub na Londres trouxa, em uma avenida um tanto movimentada. Os dois haviam marcado esse encontro há duas semanas e, embora sem saber o motivo, estavam ali, sentados em frente ao bar e esperando os drinks que o loiro se encarregara de pedir.

―Acredite, Malfoy, também estou tentando entender. ― os dois esboçaram um sorriso, voltando a ficar em silêncio quando o garçom chegou com os copos, que durou por alguns minutos, antes de Fred continuar, pousando o copo com a bebida que, se não fosse o momento, teria apreciado ainda mais. ― Acho que preciso lhe agradecer, você sabe, por esse tempo que passa com Rose e, ahn, por tomar conta delas...

―Hermione é minha amiga, Weasley. Não que ela precise, mas tomar conta dela é uma obrigação. Li no manual de como ter amigos. ― o loiro soltou, tentando aliviar a tensão da conversa. ― E não fale como se fosse um sacrifício passar um tempo com sua filha. Ela é, como dizem, a mistura perfeita de vocês dois, e isso me rende boas risadas, convenhamos.

Draco bebericou o líquido em seu copo, anotando mentalmente que deveria vingar-se de Hermione por momentos assim.

―Espere até ela conhecer a loja, aí saberá o que é rir. ― Fred entrou na linha do rapaz ao seu lado, imaginando se a bebida já começara a surtir efeito ou era coisa de sua cabeça. ― Mesmo assim, você foi o único em quem Hermione confiou durante essa coisa toda, e nós dois sabemos que fui o responsável por isso, então obrigado.

―Você sabe que os dois têm culpa nisso, não é? ― o loiro disse, pedindo uma segunda rodada ao garçom e suspirando logo em seguida. ―Não que eu tenha direito de julgar ninguém, mas vocês dois foram muito idiotas em relação a tudo isso. Vendo de fora, percebe-se de longe que é verdade. ―acenou para o garçom quando recebeu o copo cheio outra vez e completou, antes de mandar a bebida forte garganta a baixo: ―E ainda são, se quer saber.

―O que quer dizer?

―Weasley, Weasley, Weasley. ― Malfoy suspirou, divertido e irritado ao mesmo tempo. ―Pensei que fosse mais inteligente, e não adianta me olhar com essa cara. Estou em missão de paz aqui. Mas, qual é, não pode ser tão burro ou cego a esse ponto. Não é humanamente possível.

―Se leu isso num livro, Malfoy, está precisando rever suas indicações. Tenho certeza de que uma missão de paz não começa assim. ― o ruivo sorriu, vendo que Malfoy não usava o tom arrogante que costumava na escola, anos atrás. Foi aí que entendeu um pouco o motivo de sua proximidade com Hermione, mas ainda faltava um bom motivo para aceitar completamente. Ou alguns copos a mais de bebida. ―Mas ainda não entendi onde quer chegar.

―Okay ― o médico soltou o copo, virando-se para Fred. Suspirou e pensou em pedir a garrafa de vodka logo, suspeitava que a conversa ia longe, mas resolveu começa-la primeiro. ―Vamos fingir que não temos todo esse passado de ódio e blábláblá, e por um momento, você finge que gosta de mim, e fingimos que somos amigos, e eu pergunto: Você ama aquela tal de Júlia? Seja sincero comigo, Weasley.

―Ahn, eu…

―Porque, de novo, quem sou eu para julgar alguém, mas até onde eu sei você vai casar com ela, certo? ―viu o ruivo assentir, tentando acompanhar. ― E, segundo aquelas histórias que eu leio para a sua filha toda noite, você, normalmente, se casa com a pessoa que você ama, certo? Certo. Então, se nós vamos continuar essa conversa, preciso saber se você ama essa tal de Júlia. E de uma garrafa de vodka.

 

 

Fred tentava se lembrar qual havia sido a última vez que ficara bêbado e, depois de um tempo, percebeu que Draco tentava lembrar o mesmo. Haviam perdido a conta de quantos copos já tinham tomado ou do tempo que passaram ali dentro, mas conforme a bebida entrava, mais fácil era para os dois conversarem. Trocaram de assunto segundos depois da pergunta de Draco, passando a conversar sobre qualquer coisa, literalmente. Por um momento, pareciam amigos de infância, e não antigos inimigos, e descobriram que o outro não era tão ruim quanto imaginavam. Isso, ou o álcool estava fazendo efeito.

―E então, Weasley. Já decidiu? ― Malfoy resolveu terminar o assunto quando o resto de sua sanidade gritara que era hora de ir para casa, onde sua cama lhe esperava.

―Sinceramente, eu não sei. ―o ruivo olhava para um ponto fixo na parede, tentando controlar a própria mente. ― Eu achava que sim, até porque fiz o maldito pedido. Mas então Hermione voltou, e Rose apareceu, e não sei de mais nada. Quer dizer, ela me fez muito bem durante esses dois anos que nos conhecemos, até fez parecer que superei Hermione.

―E superou?

―A bebida na minha cabeça quer dizer que não, mas vou te responder o que digo a todos, que é sim.

―Engraçado. ― Draco baixou o copo pela última vez, rindo baixo. ― Hermione diz a mesma coisa, mas uma vez por mês ela some durante a noite, enquanto eu brinco com Rose, e vai para a janela do quarto, olhando a lua. Imagino que saiba o que isso quer dizer. ― e continuou sem esperar resposta: ―E acho que é por isso que você deveria descobrir se você ama aquela garota, Fred. Porque vocês vão casar daqui pouco tempo, e, honestamente, não me parece ser com ela que você quer passar o resto da vida. Eu sei que você ainda gosta da Hermione, e sei o que andaram fazendo. ― o ruivo encarou Draco, os olhos um tanto arregalados. ―Hermione não tem pra quem contar, sobra pra mim. ― ele deu de ombros, levantando. ― Mas como nós comentamos no início dessa noite, é minha obrigação tomar conta dela, e nós dois sabemos que, em relação a você, e eu ainda não entendo porquê, ela fica toda abobada. Então, por favor, não a machuque ainda mais. Vocês dois ainda estão juntando os pedaços da última vez, e sabemos que se isso acontecesse de novo, seria mil vezes pior por causa da ruivinha que vocês geraram. Não sou seu amigo para lhe dizer essas coisas, mas pense bem antes de beijá-la outra vez, e, honestamente, espero que faça isso sem uma aliança no dedo. ―Draco deu tapinha no ombro do ruivo e pagou a conta com o dinheiro trouxa que carregava, enfim encontrando utilidade para um monte de papel. Saíram do pub e não precisaram ir muito longe para poder aparatar; já era madrugada e os londrinos dormiam, resultando em ruas desertas.

―Na próxima vez que conversarmos sobre isso ― o médico bocejou, lembrando da cama macia que lhe esperava ― me lembre de pedir algo mais forte.

Os rapazes sorriram e, com breves acenos de cabeça, se despediram, aparatando para suas casas. O loiro teria o dia de folga, e o usaria para dormir, então não se preocupava muito; já Fred teria um longo dia na loja de logros, onde começariam a reorganizar a disposição das mercadorias nas prateleiras, e sua noiva voltaria no fim do dia de mais uma de suas viagens a trabalho, e teriam muita coisa para organizar em relação ao casamento. Suspirou e se jogou na cama, tirando apenas o calçado e o casaco mais grosso antes de adormecer, pedindo que Mérlin o ajudasse, antes que ficasse louco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como Se Ainda Fosse Real" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.