Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 26
Melhor aniversário de todos!




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—Hermione, você está me ouvindo? — Gina perguntava pela milésima vez, estalando os dedos em frente o rosto da amiga, tirando-a de seus devaneios.

― Sim, me desculpe, Gina. Eu estava com a cabeça longe. ― a morena respondeu, voltando para a mesa da cozinha d’ A Toca, encarando pilhas enormes de papéis e cinco ideias diferentes para convites de casamento. ―O que dizia?

―Que acho melhor escolher o buquê depois que o vestido já estiver pronto. Queria que houvesse uma conexão entre os dois, e acho que essa seria uma boa maneira para isso. ― a ruiva respondeu depois de uma risada, anotando algumas observações em seu caderninho. Faltavam quatro meses para seu casamento com Harry – e consequentemente, para o que Fred com Júlia – e os preparativos estavam a mil, assim como o nervosismo e felicidade da garota. Sempre sonhara com um casamento perfeito, e sabia que seria, graças a seus amigos e Harry, que a fazia cada dia mais feliz.

―Acho perfeito. ― Hermione respondeu, tomando um gole do café quase frio. ― Assim, pelo menos, conseguimos uma semana até termos que nos preocupar com isso. ― as duas riram, aproveitando o momento juntas. Continuaram assim por horas, organizando o casamento, rindo e aproveitando uma a outra por horas, até Hermione lembrar que estava quase na hora de Fred ‘’devolver” Rose da tarde que passaram juntos.

Porém, se antes já não era fácil estar sozinha em uma sala com o ex-namorado, agora era quase impossível. Por mais que os dois tentassem agir naturalmente, o beijo “acidental” não saía da cabeça dos dois, tornando os encontros mais tensos do que deveriam ser. Ambos sabiam que não havia sido certo, mas não deixaram de se abalar por isso.

Criando coragem para vê-lo, Hermione ajudou Gina com a bagunça espalhada na mesa, empilhando os papéis na ordem em que estavam antes de começarem e se despediu, sendo interrompida pela amiga, que estava cansada da situação mais recente do irmão com Hermione.

―Antes de ir, preciso lhe perguntar algo, Mione. E não se preocupe pela demora, você sabe que Fred ama ficar com Rose. ― a ruiva completou, antes que Hermione abrisse a boca para contestar. A morena assentiu, com meio sorriso estampado no rosto. ― O que aconteceu naquela noite em que Fred foi para casa com vocês?

― O quê? ― Hermione sentiu o coração bater mais forte ao ouvir a pergunta da Weasley mais nova, que a olhava com certa malícia. ― C-como você sabe?

― Ah, qual é, Hermione! Vocês mal se olham desde aquele dia. Talvez os outros sejam desligados demais para notar, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, vocês estavam indo tão bem. Não pareciam mais estranhos quando conversavam, era quase gostoso de ver, e agora, voltaram à estaca zero do nada? Tem que ter algo por trás disso.

― Você precisa mesmo fazer esse olhar de Weasley para cima de mim, Gina?! ― Hermione choramingou, jogando a cabeça para trás.

― Olhar de Weasley?

― Esse olhar que vocês fazem quando querem saber de algo. Chega a ser assustador, porque você sabe que, quando esse olhar aparece, você vai ter que contar. ― as duas riram e a morena suspirou antes de responder: ― Só, por favor, não pire. Nós dois sabemos o erro que cometemos, mas infelizmente, não tem como voltar no tempo para desfazer.

― Sou toda ouvidos. ― Gina cruzou os braços, suavizando a expressão.

 ― Eu e Fred nos beijamos. ― a garota soltou rapidamente, fechando os olhos logo em seguida, o coração batendo mais forte.

― Ai meu Mérlin!

― Eu sei! E nós dois sabemos o quanto foi errado, mas não conversamos sobre isso, e para ser sincera, nem sei que quero falar sobre isso, mas no próximo final de semana é a festinha da Rose, e eu realmente não sei mais o que fazer. Não quero que fique ainda mais estranho para ela.― Hermione desabafou, bufando no final.

Gina abraçou a amiga, reconfortando-a da melhor maneira possível. Foi, definitivamente, uma revelação inesperada, mas estava aprendendo que com Fred e Hermione, não deveria mais esperar por nada. Os dois foram surpreendentes desde o começo, quando ninguém parecia notar que algo estava acontecendo entre a sabe tudo e o cara que inventava logros com o irmão gêmeo. E, por ter visto de fora, Gina suspeitava que nem os dois tivessem reparado no começo, mas não negava ficar extremamente feliz pela aproximação: embora adorasse Fred e suas brincadeiras, sabia que o irmão precisava de um pouco mais de juízo, assim como Hermione precisava ser mais “livre”.  A amizade inesperada dos dois não foi tão surpreendente quanto o beijo no Ano-Novo, ou as noites em que “perdia” a melhor amiga para o irmão, ou mesmo a oficialização do namoro quando a guerra finalmente teve fim. Era incrível como os dois surpreendiam a todos, a todo momento. Tanto no começo, quando no fim da relação, e, quando os Weasley’s achavam que mais nada poderia acontecer, Rose surgiu provando que os dois ainda sabiam como surpreender. A ruiva suspirou, se repreendendo por ainda estar surpresa com o casal – ou ex-casal – mas sabia que não deveria ser fácil para os dois.

Se despediu da amiga, fazendo-a prometer uma conversa sobre isso, mas não conseguiu se conter antes de Hermione aparatar:

― Sabe Mione, vocês deveriam conversar. Vá que numa dessas você não volte a fazer parte da nossa família!

 

...

 

― Você quer fazer o favor de parar quieta só um minuto?!

Hermione andava em círculos pela sala de sua própria casa, respirando fundo e tentando controlar os nervos. Era sábado pela manhã, a neve já havia derretido do lado de fora mas ainda era frio, o que permitia Hermione ainda estar de pijamas e pantufas de bichinho, mesmo com um Draco rabugento em sua frente.

― Se eu conseguisse, estaria deitadinha no meu sofá, Draco, aproveitando essa manhã maravilhosa para dormir, exatamente como minha filha está fazendo. Mas eu estou nervosa, mais nervosa que nunca, e não sei mais o que fazer.

O loiro riu, soltando a xícara e levantando do sofá, segurando a amiga pelos ombros:

― É só uma festa de aniversário, Hermione. Não sei como era no mundo dos trouxas, mas costuma ser bem tranquilo. As pessoas se reúnem, cantam parabéns, comem torta... Acho que você sabe como é. ― ele zombou, recebendo um tapa logo em seguida.

― Você deveria ser comediante de tão engraçado que é, Malfoy. ― a garota respondeu, irônica. ― Eu sei que é só uma festa, mas estou acostumada com esperar pelo pior. ― Hermione soltou um riso pelo nariz, se jogando no sofá logo em seguida.

― Vocês vão contar para ela? ― Draco perguntou, indo até a cozinha, agindo como se morasse ali.

― Sim. Já adiamos isso demais, e ela merece saber. Ontem à noite, antes de dormir, ela me disse que estava muito feliz com a festinha dela, que ela sabia que ia ser tudo perfeito, e sabe o que ela pediu depois? ― Hermione suspirou ― Se poderíamos fingir que o tio Fred era pai dela. Onde ela aprende essas coisas, Draco? Ela tem três anos!

― Sinto em lhe informar, Hermione. ― Malfoy riu, voltando da cozinha. ― Mas acho que ela só vai piorar. Ah, e tem um ruivo na sua escada. ― ele completou, assustando a garota, que deu de cara com um Fred surpreso por ter sido pego. ― Olá, Weasley.

― Malfoy. Hermione, oi. Eu não pretendia invadir desse jeito, mas...

― Tudo bem, nós deveríamos ter te ouvindo entrar, então... ― os três ficaram em silêncio por um tempo até Hermione perguntar: ― Ela ainda está dormindo?

―Sim, um sono bem profundo, devo dizer. Fiquei lá por alguns minutos e ela nem se mexeu. ― Fred riu baixinho, quebrando a tensão do ambiente.

― Por que será que ela dorme assim? ― Hermione continuou a brincadeira, arrancando um riso mais alto do rapaz. ―Ahn, sente-se, por favor. Eu vou acordá-la e, provavelmente tirar esse pijama, então, sinta-se em casa. ― a garota disse, saindo da sala após um aceno para Draco, que tirava o jaleco branco da pasta, e deixando os dois rapazes sozinhos.

Os dois trocaram alguns olhares enquanto o loiro arrumava suas coisas e os dois pensavam em algo para se dizer, afinal, sabiam que precisavam ter uma conversa. Fred abriu a boca diversas vezes, mas não conseguia pensar em nada com sentido para dizer ao rapaz que, até pouco tempo, odiava com todas as forças.

― Não se preocupe, Weasley, já estou de saída. Nos vemos a tarde, e quem sabe, quando estiver livre, possamos ter essa conversa. ― o loiro sorriu, acenando com a cabeça antes de aparatar, deixando para trás um Fred com mil e um pensamentos.

 

...

 

― É o melhor aniversário de todos!! ― a ruivinha gargalhava, brincando com Fred no tapete enquanto Hermione terminava o almoço. Ela havia acordado com a corda toda, animada com a festa e por finalmente estar fazendo três anos; Rose não via a hora de poder mostrar um dedo a mais quando perguntassem sua idade, já que a palavra três não saía da maneira que deveria sempre.

― Foi gentil da sua parte passar o dia com ela. ― Hermione disse antes que Fred aparatasse para casa para se arrumar para a festa que aconteceria em poucas horas. ― É visível o quanto vocês se gostam, e é algo muito bom de ver.

A garota sorriu escondendo o nervosismo, ainda estava de pijama – um pedido da filha – e mesmo sabendo que tinha que se arrumar logo, já que Rose ainda estava dormindo, estava gostando da companhia de Fred. Os dois se despediram e o rapaz prometeu não demorar, afinal ajudaria Hermione com a filha e, antes da festa, contariam a verdade para a pequena. Os dois estavam bastante apreensivos em relação a isso, mas Rose adorava Fred mais que qualquer coisa, e isso forçava Hermione a ser positiva, até porque, embora Fred não soubesse, era o presente que Rose queria de aniversário.

Depois de uma longa soneca da ruivinha, um banho divertido e uma grande enrolação para colocar a roupa, Rose estava pronta, assim como Fred e Hermione. Gina e a Sra. Weasley cuidariam de tudo até que eles chegassem, e Hermione não conseguia se sentir mais grata; elas sabiam como essa conversa era importante para os três, embora nenhum deles soubesse como começar.

Já haviam enrolado um bom tempo quando Hermione decidiu chamar a filha, que brincava no tapete com Bichento, que, pela primeira vez, parecia feliz com as brincadeiras da criança.

― Rose? ― Hermione chamou, sorrindo para a filha. ― Vem cá, um pouquinho. ― ela pegou a filha no colo, vendo Fred se sentar do lado das duas em seguida. Os dois trocaram um olhar encorajador e a garota sorriu antes de continuar. ― Lembra quando a mamãe disse para você o motivo de não ser o papai que buscava você todo dia?

― Sim, mamãe. ― a pequena assentiu, olhando para Hermione. ― Você disse que eu tinha um papai que nem os outros, mas que ele morava bem longe de nós duas e que ele me amava um montão.

Hermione viu Fred engolir em seco, sabendo que aquilo havia mexido com ele, e sorriu antes de prosseguir: ― E você lembra que eu disse isso quando a gente morava na outra casa, não é?! Quando éramos eu e você, e às vezes o tio Draco, certo? ― Rose assentiu mais uma vez, tentando entende a situação toda. ― Então, meu amor, agora que nós estamos aqui, o papai não mora mais tão longe.

― Ele não me ama mais, mamãe? ― a ruivinha deixou escapar, fazendo Fred rir.

― Ama sim, princesa. Ainda mais do que você achava, muito mais.

― Eu não entendo, mamãe. ― Rose olhava de Fred para Hermione confusa, sentindo o nervosismo dos dois.

― Lembra o que você me disse no hospital e o que me perguntou ontem a noite? ― Hermione perguntou, sorrindo, recendo a confirmação da filha. ― O que era?

― Eu queria um papai igualzinho o tio Fred. ― a criança disse, escondendo o rostinho envergonhado no corpo da mãe, que olhou para o ruivo em seguida.

― Então, princesa, o que você acharia se eu dissesse que eu sou seu papai?

Rose levantou a cabeça por um instante, olhando novamente de Fred para Hermione, dessa vez em silêncio. Demorou alguns instantes pensando e não demorou muito para perguntar.

―Você é meu papai, tio Fred? ― o rapaz sorriu, concordando, e antes que pudesse falar alguma coisa, Rose se jogou em seu pescoço, abraçando-o mais forte do que nunca, enquanto também sorria, um sorriso quase maior que o rosto. Os dois sentiram um peso sair do coração ao ver a reação da filha, que não poderia ter sido melhor, e sabiam que, por mais difíceis que as coisas seriam, valeria a pena por Rose, que ainda conseguia fazer tudo melhor e gritou, gargalhando: ― É o melhor aniversário de todos!


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