Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 24
Reconciliação?




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―Hermione, querida! ― Molly recebeu a garota de braços abertos, aliviada por ela estar bem. A ruiva mais velha analisou Hermione dos pés a cabeça, reparando nos cortes e olheiras que eram evidentes no rosto cansado da garota. ― Que bom que está bem. Eu preparei o jantar, e por favor, passe a noite aqui, você precisa descansar. Imagino como está sua cabeça depois disso.

― Muito obrigada, Sra. Weasley, de verdade. ― a garota retribuiu o abraço, tentando assimilar tudo o que havia sido dito, e forçou um sorriso.

― Ela está lá em cima, querida. Brincando com Gina, no quarto. ― a senhora sorriu, antes de soltar Hermione e, com um olhar, encorajá-la.

A garota sabia que Rose nunca havia sido tirada de perto da avó, que a criança ruiva que havia visto na praça, dois dias atrás, era apenas uma atriz, e que sua pequena estava bem esse tempo todo. Foi uma das primeiras coisas que Júlia tinha deixado claro, e Hermione pôde respirar tranquila depois disso. Mesmo assim, desde que Rose nascera, Hermione nunca havia passado mais que algumas horas longe da filha, e, a cada degrau que subia, sentia o coração apertar cada vez mais. Tinha certeza de que Molly e Gina tinham cuidado muito bem dela, mas precisava saber, ver com os próprios olhos, como a ruivinha estava. Talvez fosse isso que chamavam de ‘’preocupação de mãe’’.

Sentia os olhos pesados e dores em todo o corpo, sabia que sua aparência não era a das melhores, mas nada disso a impediu de pegar a filha no colo e abraça-la bem apertado quando a pequena correu até ela, com um sorriso enorme no rosto.

― Mamãe! Você voltou!

― Oi, meu amor. Que saudade que eu estava de você. ― a garota abraçou a pequena, beijando o topo de sua cabeça.

― A tia Gina disse que não, mas eu achei que você tivesse me abandonado, mamãe. Mack também achou. ― a ruivinha disse, escondendo o rosto envergonhado no pescoço da mãe logo em seguida.

Hermione sentiu o coração apertar ainda mais e conteve as lágrimas que ameaçaram sair antes de levantar, cuidadosamente, o rosto da filha. ― Rose, eu nunca vou abandonar você, okay? Nunca, não importa o que aconteça. A mamãe ama você muito, Rose.

― Eu também amo a mamãe. Mas me promete uma coisa? ― a ruivinha disse, ficando séria e surpreendendo Hermione. ― Nunca mais faz isso, mamãe.

― Eu juro de dedinho. ― a morena riu, abraçando a filha e sorrindo como se os últimos dias não tivessem existido.

Não demorou muito para o jantar ficar pronto e Molly chamar todos para provar a deliciosa torta de frango que ela havia feito, torta que todos – principalmente Rose -  aprovaram. A pequena ainda não tinha desgrudado da mãe, e não iria fazê-lo tão cedo, já que, depois do jantar, enquanto todos conversavam e colocavam novidades em dia, ela dormiu agarrada no pescoço de Hermione, que não tirava da cabeça a ideia de uma cama quentinha e macia, e talvez um chá para tontura.

A morena se despediu de todos, agradecendo-os inúmeras vezes por terem cuidado de Rose por esses dois dias, que para ela pareciam uma eternidade, e aparatou para casa, Rose em seu colo, abraçada em Nina, e a bolsa de Rose em um braço. Assim que chegaram, acomodou Rose em sua própria cama, deixando as coisas da pequena misturadas com as suas, e foi para o banheiro, aproveitando cada minuto do banho quente e relaxante. Vestiu um pijama e calçou as pantufas em formato de coelho e desceu até a cozinha, pensando em um chá que a ajudasse a dormir melhor.

Assim que chegou na sala, empunhou a varinha e, por pouco, não lançou um feitiço em Draco, que estava parado em frente a porta, com os braços cruzados.

― Então você some por dois dias e quando volta, eu sou o último a saber?

― É muito bom ver você também, Malfoy. ― os dois se abraçaram e conversaram por alguns minutos, tempo suficiente para que o chá do doutor Malfoy ficasse pronto.

― Hey, eu sumo por dois dias e quando volto, você faz chá para mim e vai embora. É isso? ― a garota riu, segurando a xícara fumegante com as duas mãos.

― Preciso voltar ao trabalho, Granger. Eu sei que me ama, mas acho que consegue ficar mais algumas horas sem mim. ― o loiro sorriu, se despedindo da amiga com um abraço e prometendo voltar logo.

Hermione terminou o chá e subiu para o quarto, onde Rose ainda dormia na mesma posição em que havia sido acomodada. A morena não conseguia nem pensar nas coisas que haviam passado pela cabecinha de Rose quando Hermione não voltara para pegá-la na casa dos Weasley’s. Se para ela havia sido difícil, não imaginava como havia sido para a ruivinha, que nunca havia ficado tanto tempo longe da mãe.

As duas dormiram até tarde do outro dia, e Hermione se deparou com a filha dormindo abraçada nela, assim que abriu os olhos. Acariciou os fios ruivos por alguns minutos e decidiu acordar Rose para matar a saudade uma da outra. Passaram o dia brincando e rindo, e Hermione aproveitou quando Draco chegou, alegando que faria o jantar, para ajeitar a bagunça que Gina havia feito no quarto de Rose. Arrumou o monte de pelúcias jogas pelo quarto e desceu para terminar a noite com os dois pestinhas, que já haviam feito o jantar.

No sábado, depois de muita insistência, as duas apareceram na casa dos Weasley’s. O sol estava se pondo quando Hermione deixou a filha correr atrás dos gnomos nos jardins que ameaçavam florescer logo, e se juntava a Molly e Gina para tentar organizar a festinha de aniversário de Rose, que não estava muito longe de acontecer. Normalmente, ela não fazia nada extraordinário, já que era somente ela, Rose e Draco, mas esse ano, com os novos amigos, que Rose não sabia serem sua família, Hermione decidiu fazer algo maiorzinho. Era o terceiro aniversário dela, e ela estava empolgada para comemorá-lo com as pessoas que havia conhecido, os amigos da mamãe que eram ainda mais legais do que pareciam.

Quando anoiteceu, depois de serem expulsas da cozinha por Molly, Gina e Hermione foram para a sala, onde Rony e Harry discutiam quadribol e Rose brincava no chão. Ficaram um bom tempo rindo, conversando e respondendo algumas perguntas (― O que é uma vassoura, mamãe?) de Rose, quando um barulho estranho fez a pequena chorar e os quatro presentes na sala gargalharem com a expressão de susto dos gêmeos, que haviam aparatado na sala.

Depois de acalmar Rose, que havia corrido para o colo da mãe e cumprimentar os gêmeos, todos voltaram a conversar normalmente, rindo de bobagens. Rose estava encarando os gêmeos desde que se acalmara e Hermione já havia entendido que ela estava tentando descobrir quem era quem, mesmo que ainda fosse quase impossível para ela. A garota sorriu e olhou para Fred, que não demorou muito a entender a dúvida da pequena e a ajudou com a difícil decisão:

― Você ficou dias sem me ver e eu ainda não ganhei um abraço, assim você me deixa triste princesa. ― o ruivo fingiu estar magoado antes de receber um abraço de urso da filha, que mostrava um sorriso quase maior que o rosto. Os dois brincaram um pouco e logo foram chamados para um jantar fabuloso, servido pelo casal Weasley.

Depois de comerem, Gina e Hermione ficaram na cozinha, organizando e limpando a louça suja, enquanto o resto da família ia para a cozinha, e as duas colocavam as novidades em dia. A ruiva estava cada vez mais ansiosa para o casamento e já compartilhava algumas ideias que havia tido, envolvendo decoração e a disposição dos convidados e, enquanto falava, mencionou até mesmo o vestido de Rose. Hermione sorria ao ver a amiga tão empolgada e feliz e se deixou levar pela felicidade de Gina, rindo de algumas de suas ideias malucas. Na sala, George e o Sr. Weasley se juntaram a Harry e Rony e discutiam sobre quadribol, enquanto a Sra. Weasley tricotava um suéter novo e Fred e Rose brincavam.

― Acho que está na hora de irmos, não é Rose? ― Hermione sorriu, vendo a pequena bocejar pela quinta vez em um curto espaço de tempo.

― Ainda é cedo, Hermione. E os dois estão se divertindo, não é?! ― Molly disse, sussurrando a segunda parte para que somente a garota ouvisse. As duas olharam Fred e Rose brincando e a garota não pôde deixar de sorrir. Toda vez que via os dois se divertindo, sorrindo e brincando juntos, se arrependia um pouco mais por ter escondido a verdade por tanto tempo.

― Eu sei, mas a mocinha ali vai passar o dia com os avós amanhã, e se não dormir agora, não vai conseguir aproveitar o dia. ― Hermione respondeu, vendo que deixara a filha em dúvida. Ela adorava os tios e tias, mas também adorava os ‘’outros’’ avós e o tempo que ficavam juntos. Mas, ao mesmo tempo que queria ir, queria ficar e aproveitar um pouco mais o tio Fred. Então, teve uma ideia brilhante:

― Mamãe, o tio Fred pode ir pra casa com a gente? ― Rose perguntou, os olhos brilhando e deixando, tanto Fred quanto Hermione, sem reação, e todo o resto da família em silêncio.

― Rose, eu... É... Eu não... ― Hermione não conseguia terminar uma frase que fizesse sentido. Não sabia o que Fred havia achado da pergunta, mas não podia simplesmente dizer não, logo de cara, do mesmo jeito que não podia dizer sim.

Ela olhou para o ruivo por alguns momentos e quando abriu a boca para responder, se surpreendeu com a resposta.

― Se não tiver problema para você, Hermione...

― Não. Quer dizer, pode sim, eu... desculpe. Claro que pode. ― Hermione sentiu o rosto corar e pensou em uma breve desculpara para poder respirar fundo. ― Eu vou pegar as coisas de Rose lá em cima, e já volto. E você, mocinha, ajude Fred a arrumar essa bagunça.

Se despediram de todos e, assim que chegaram em casa, Rose correu para o quarto, deixando Fred e Hermione sozinhos, em um silêncio constrangedor.

― Acho que você já sabe o que ela quer. ― disse Hermione, depois de um tempo olhando para o nada.

― Sim. ― Fred sorriu, parecendo preocupado. ― Será que poderia me ajudar dessa vez? Sei que deveria ser mais fácil, já que já fiz isso antes, mas parece que, quanto mais passo tempo com ela, mais vou decepcioná-la se fizer algo errado.

― Fred, eu já te disse. Rose é uma criança e ela adora você. Para decepcioná-la, vai ter que fazer algo muito sério, e não ficar nervoso quando for coloca-la na cama. Não precisa se preocupar, não com isso. Agora vamos, antes que ela venha até aqui nos arrastar.

Hermione foi com a filha até o banheiro, ajudando-a com o pijama e a escova de dentes, que ainda era grande para a mãozinha de Rose. Amarrou o cabelo da filha para trás, o que tornaria um pouquinho mais fácil para arrumá-lo na manhã seguinte e foi com ela até o quarto, onde Fred já esperava as duas. A ruivinha se jogou na cama e colou os braços no corpo, esperando que Hermione a cobrisse, como fazia toda noite. Assim que estava quentinha e confortável, e pequena se virou para Fred, que apenas sorria com toda a situação.

― Tio Fred, conta uma história pra mim? ― essa simples pergunta fez com que o rapaz tremesse dos pés à cabeça, sem saber o que fazer. Hermione sorriu e empurrou Fred até sentá-lo na cama, onde entregou-lhe o livro preferido de Rose. A garota observou os dois até o fim da história, que Rose aplaudiu com um sorriso no rosto.

― Agora está na hora de dormir, okay? ― Hermione sorriu, dando um beijo na filha e desejando boa noite, gestos repetidos por Fred, e desligou a luz, saindo do quarto.

Os dois voltaram para a cozinha e Hermione resolveu preparar um café enquanto pensava em alguma bobagem para quebrar o silêncio da casa.

― Você se saiu bem hoje. Não tão ruim quanto achava, foi?

― Eu ainda não entendo como dar boa noite para ela pode ser tão aterrorizante. ― Fred riu, enquanto Hermione pegava as xícaras. ― Ela é tão inteligente que tenho a impressão de que ela vai me corrigir se eu fizer algo errado.

― Não duvide disso. Ela me surpreende a cada dia. ― a garota riu, servindo café nas duas xícaras e sentando em frente ao rapaz, logo em seguida. ― Não quero nem imaginar quando for mais velha.

― Acho que vamos ficar loucos. ― o ruivo riu, tomando um pouco do café.

― Fred, eu sei que pedir desculpas nunca vai ser o suficiente para o que eu fiz, que não vai recuperar o tempo perdido, mas eu não tenho orgulho do que eu fiz. Me pareceu a coisa certa a se fazer no momento, mas eu vejo o quanto foi errado, e se eu pudesse mudar isso, eu...

― Hermione ― o rapaz interrompeu, largando a xícara branca na mesa. ― Eu não vou negar que fiquei com raiva quando você me contou, que eu pensei em inúmeras coisas ridículas e que culpei você por ter sido egoísta e por ter escondido. Mas eu parei para pensar que, se tem alguém errado nessa história, esse alguém sou eu. Fui eu quem pirou quando você me contou desse estágio, fui eu quem foi egoísta e estúpido ao te dizer que não queria que fosse, porque eu não queria perder você. E olha no que isso tudo virou? Você se viu obrigada a esconder Rose esse tempo todo porque eu fui egoísta a ponto de não querer que você vivesse sua vida, que você aproveitasse uma das melhores oportunidades da sua vida. Eu sei que você suspeitava estar grávida quando me contou sobre o estágio, quando conversei com minha irmã, ela me contou. Sabe o quão idiota eu me senti por ter feito você esconder isso de mim? Era um bebê, Mione. Algo que nós dois queríamos, talvez não naquele momento, mas já havíamos tocado no assunto. E eu fui idiota demais ao reagir como um adolescente que não consegue o que quer. Então, se alguém tem que pedir desculpas aqui, sou eu.

― Fred, por favor. ― Hermione sussurrou, contendo o choro preso na garganta. ― Não faça isso. Nós dois erramos, eu sei, mas éramos jovens, não tínhamos certeza de quase nada, e eu não culpo você por ter reagido daquela maneira. ― ela respirou fundo, indo até o rapaz ― Mas agora já foi, já está feito e nos resta lidar com as consequências. Eu sei que esse não é um bom momento para você, que as coisas estão bastante confusas em relação a tudo, mas por favor, não carregue mias esse fardo, Fred. Não se culpe por isso.

Hermione o abraçou sem pensar, as mãos tremendo e o coração batendo mais rápido do que deveria, e mesmo assim, deixou-se aproveitar o momento. Sentiu o cheiro de Fred, o cheiro do perfume amadeirado ir até sua mente e trazer lembranças e se deixou aproveitar o abraço, do qual sentia mais falta do que imaginava. Deixou-se também ser beijada, assim que o abraço se desfez.


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