Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 15
Gnomos.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/525367/chapter/15

Já fazia uma semana desde que Fred havia tido uma noite de sono bem dormida. Ele simplesmente não conseguia parar de pensar em Hermione e Rose, e em toda essa confusão. Sua cabeça tentava processar o fato da ruivinha que ele tanto adorava ser sua filha, o fato de Fred ser pai. Era tudo simplesmente maravilhoso e, ao mesmo tempo, assustador, afinal, a pequena faria três anos em poucas semanas e a cada dia, ficava ainda mais sapeca.

Fred se achava meio idiota por não ter desconfiado de tudo no primeiro momento que a viu: os cabelos ruivos e os olhos azuis eram exatamente iguais aos que ele via, toda vez que olhava para um espelho, mas estava surpreso pela volta de Hermione, e ainda mais pela volta de Hermione com uma filha, que não se deu a oportunidade para parar e pensar sobre o assunto. Afinal, sua ex-namorada não era esse tipo de garota. Sabia melhor que ninguém que Hermione não sairia por aí com qualquer um, engravidar de qualquer um, então, estava fora de cogitação.

Hermione. O rapaz tentava com todas as suas forças fazer seu cérebro se voltar contra ela, fazer sua mente entender que a culpa de tudo isso era dela e somente dela, mas seu coração não permitia, não depois da conversa – aos berros – que tiveram n’ A Toca. Ele achava a maior estupidez do mundo a garota ter escondido Rose por todo esse tempo, mas a conhecia bem o bastante para saber que, no coração dela, foi o certo a se fazer: deixar que ele vivesse sua vida, assim como ela esperava que Fred a deixasse viver a sua durante os três anos. Como se ele conseguisse tirá-la dos seus pensamentos por um minuto.

Durante os primeiros meses, Fred não era uma companhia agradável nem para ele mesmo. Suas respostas eram curtas e grossas, e ditas apenas quando necessário. Trabalhava trancado o dia inteiro e, em casa, se trancava no quarto outra vez. Demorara bastante para voltar a ser o Fred que todos conheciam, e demorou ainda mais para se deixar aproveitar a companhia de Júlia, que o fazia – ou ele dizia a si mesmo que sim – muito bem.

Talvez fosse por isso que não ‘’dera bola’’ para Rose logo de cara: por se sentir traído. Em nenhum momento, desde que descobrira a verdade, parara para pensar na vida de Hermione durante esses três anos, como havia sido para ela ter Rose e cria-la sozinha. Toda vez que chegava perto de pensamentos como esse, fazia questão de reprimi-los e dizer a si mesmo que não tinha culpa na história, mesmo sabendo muito bem que, se não tivesse sido tão idiota com Hermione se tratando da viagem, os dois poderiam ter tido uma história totalmente diferente neste exato momento, e nenhum deles precisaria fingir estar bem sem o outro.

...


Hermione estava parada na mesma posição há quinze minutos e isso estava deixando Harry um tanto preocupado.

Ela ainda não havia uma sala exclusiva, então usava a de Harry, que a dividia de bom grado. Hermione já tinha terminado de analisar uma enorme pilha de papéis e documentos importantes, e agora se encontrava parada, olhando para o chão, como se fosse a coisa mais linda que ela já havia visto em todo o mundo.

Depois de sete tentativas mal sucedidas, Harry atirou uma bolinha de papel na amiga, que pareceu sair da bolha de pensamentos onde estava presa.

― Terra para Hermione? ― Harry resolveu brincar quando a garota finalmente o olhou. ― Pode me dizer onde estava, mocinha?

― Desculpe, Harry. Eu estava pensando. ― ela respondeu sem graça, se arrumando na cadeira e soltando os cabelos do coque bem feito no topo da cabeça. ― Você tinha perguntado algo?

― Sim. ― o moreno riu. ― Você vai ao almoço n’ A Toca no domingo, não vai?

― Não sei, Harry. Eu estava pensando em ficar um pouco em casa, sabe?! Ainda tenho coisas da viagem para desencaixotar, e preciso começar a organizar a festa da Rose... Por quê?

― Seria demais te pedir que fosse? ― Harry olhou para a amiga um tanto suplicante. ― Eu meio que preciso que você vá, é importante.

― O que você está aprontando, Harry Potter? ― Hermione devolveu o sorriso maroto do amigo.

― Você verá. Mas promete que vai pensar com muito carinho e que vai aparecer lá, para dar um oi, pelo menos? Você pode fingir que o Fred não existe, se quiser.

― Que tal uma troca justa? Você me conta o que está aprontando e eu penso se vou ou não? ― Hermione riu, sendo acompanhada por Harry.

― De jeito nenhum! E leve Rose, por favor.

...


Todos os Wealey’s estavam devidamente presentes no almoço n’ a Toca. Molly sorria mais que nunca, assim como Arthur; era como se os dois soubessem que algo muito empolgante estava prestes a acontecer e apenas os dois soubessem. Os garotos estavam no jardim conversando sobre qualquer coisa e Gina estava com Hermione no quarto. As duas aproveitavam esse tempo para colocar toda e qualquer novidade esquecida em dia, recuperando o tempo perdido daquelas semanas sem se falar.

O almoço ainda não estava pronto quando resolveram se juntar aos outros no jardim, onde a mesa era arrumada. A Sr. Weasley dava os últimos toques nos pratos enquanto Gina e Hermione arrumavam os pratos e copos na mesa, sendo interrompidas por uma Rose muito empolgada:

― Mamãe, mamãe, mamãe, mamãe? ― a pequena veio correndo até onde Hermione estava, chamando a atenção de todos, inclusive de Fred, que ainda evitava a morena. ― A gente pode adotar um nomo? O tio Rony disse que eles moram aqui, aí eu pensei em pedir para a mamãe para a gente ter um nomo em casa para poder brincar comigo e com o Bichento quando a gente vem ver o tio Rony, a tia Gina, o tio Jorge, o tio Fred, o tio Harry, os meus vovôs e as minhas vovós, e o tio Draco e aí ele não vai mais ficar sozinho, porque ele não gosta de ficar com a Mack. A gente pode, mamãe? Você deixa? Por favor?

― Rose, meu amor, se acalme, por favor. ― Hermione conseguiu dizer, assim que a filha terminou o discurso dito em menos de um minuto. Ela respirou junto com a pequena, tanto para mostrar como se acalmar, quanto para conseguir fazê-lo. ― O que você quer adotar?

― Um nomo, mamãe. Olha! ― a ruivinha saiu correndo atrás de um gnomo que brincava no jardim coberto de neve. Quando Hermione percebeu que a filha queria levar um gnomo para casa, fuzilou Rony com o olhar antes de chamar Rose para perto de si outra vez. ― A gente pode, mamãe?

― Rose, meu amor, eu não sei se é uma boa ideia. O tio Rony fala demais, e eu sei que parece bem legal ter um gnomo em casa, mas você acha certo tirar ele de perto da família dele? Eles vão sentir falta do gnomo, meu amor. ― Rose parecia desapontada, embora mostrasse entender um pouquinho. ― E você vai poder brincar com eles toda vez que vem aqui, o que acha? Assim, vai poder brincar com vários, e não só um.

― Tudo bem. ― ela disse, voltando a correr, e dando a oportunidade de Hermione respirar fundo enquanto os amigos seguravam o riso.

―Sério, Rony? ― Hermione se virou para o amigo, que se encolheu. ― Justo os gnomos?

― Ela viu e quis saber, Mione. Não achei que ela iria querer adotar um.

A garota apenas suspirou, ainda reprimindo um sorriso, mas sentiu medo quando a pequena voltou correndo, a expressão de quem teve uma ideia brilhante:

― Mamãe, e se nós levarmos três nomos? Eles não vão se sentir sozinhos.

― Quem está com fome? ― Molly entrou no jardim, trazendo consigo vários pratos de comida, distraindo Rose do assunto gnomos, pelo menos por um momento. A ruivinha correu para a mesa gritando ‘’Eu!’’, e antes de ir atrás da pequena, Hermione apenas jogou a cabeça para trás, rindo sozinha.

Não percebeu o olhar que estava recebendo de Fred, e só lembrou de sua presença quando o rapaz sentou ao lado de Rose, a deixando no meio dos dois, com a expressão decidida e um meio sorriso no rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!