–Kyouta-

–Kaaaaaaaaaai!!!!!!- me levantei e sai correndo em direção à casa. Subi as escadas e bati à porta de Kai. – É melhor você abrir essa porta.... AGORA!

– Vai me dizer que não queria. - disse ele com voz irônica.

– Cale a boca e abra logo essa porcaria de porta! – ela se abre e eu entro com o ar mais furioso que consigo fazer.

– Para com isso, tá? Você não vai me atingir assim.

– Talvez eu te atinja te dando um soco – eu falei tentando lhe atacar, mas ele desviou e soquei a parede.

– Para com isso, cara! Até quando você vai agir desse jeito?

– De que jeito?! Você viu o que fez?

– Vi. Eu tentei trazer você de volta! Desde aquele tempo, você nunca mais olhou na minha cara. Só está fazendo isso agora porque não quer constranger Amelie, como se ela fosse pensar que você não tem coração em não falar com o próprio irmão. Para com isso, Kyouta. Você não é assim. O que aconteceu com você?

– Eu sou fraco, é isso. Dependi de você para me defender, não sou como os outros da família, não sou como você! Nunca vai saber como é isso, porque sempre preferiram você, o prodígio, o gêmeo mesmo sendo mais novo sempre foi o melhor.

– O melhor? Não. Pude ter os poderes, facilidade nas lutas, mas nunca inteligente como você, nem tão responsável. Naquelas idas à campina para ver as ninfas... você sempre me alertava. “Não fique muito exposto, elas podem nos descobrir”. “Cuidado com maus espíritos”. Era sempre você.

Olhei o chão e permaneci assim por alguns segundos... até que ouvimos gritos.

–Amy-

Paralisada. Enquanto Kyouta gritava correndo atrás de Kai foi assim que eu fiquei. Nunca pensei que Kai fosse capaz de fazer algo assim. Constrangedor, com certeza. Senti o rosto queimar e fechei os olhos. De repente senti algo frio envolver minhas pernas. Abri rapidamente os olhos e vi algo que realmente não gostaria de ver nunca. A criatura me levantou do chão e me ergueu. Gritei a plenos pulmões, só deu tempo de ver Kai e Kyouta saindo da casa correndo, até que a criatura esguichou um gás verde. Desmaiei.

–Kai-

– Merda! – foi tudo o que consegui dizer naquela hora. Duas criaturas enormes com Amelie em suas garras andando em direção à floresta Norte. Kyouta entrou em casa correndo, e rapidamente saiu com duas espadas nas costas e uma aura sombria. Tentei falar mais alguma coisa.

– Onde você vai?

– Atrás dela.

– Você nem sabe pra onde eles foram além da floresta, como vai segui-los?

– Rastro de veneno, óbvio.

– Será que...

– Lógico que foi ele. O dia está próximo.

Houve um minuto de silêncio antes que ele começasse a andar em direção à parte Norte.

– Irei com você.

– Não.

– Você sabe contra o que possivelmente teremos que lutar... vou com você. Ir sozinho será suicídio.

– Então, vamos cometer suicídio juntos?

– Claro!

Ele apenas se virou e me entregou uma das espadas. Fomos juntos em direção ao rastro de destruição.

– O que acha que vai acontecer?

– Simples: vai chegar o dia da Lua sangrenta, ele vai se fortalecer, e vai ressurgir com o ritual. E depois disso ela será...

Kyouta olhou o chão enquanto andava. Pude perceber lágrimas se formando em seus olhos.

– Isso não vai acontecer! Prometo.

– Cuidado com promessas...

– Eu prometo! – disse fazendo um furo na palma da mão com uma das presas. Estendi a mão para Kyouta. – é sério, cara. Juro.

Ele olhou para o sangue que escorria, e em seguida para sua própria mão. Fez um furo idêntico e aceitou a mão que eu lhe estendia, fazendo contato entre os nossos sangues. O juramento estava feito. Íamos resgatar Amelie e impedir a profecia... custe o que custar.