Minhas Asas escrita por Bia


Capítulo 1
Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui estou eu (de novo, cof, cof) com uma fanfic Maleval! Ela será dividida em duas partes, yay! Mas, infelizmente, galerê, não sei quando que vai sair a próxima parte ahgjkanahsada sou péssima com datas, sorry. Mas provavelmente ela vai chegar logo, hahahaha :3
Enfim, o capítulo não ficou tão curtinho, já que consegui me sentir mais à vontade com a escrita na terceira pessoa; realmente, era uma questão de treino...
Estou super nervosa, então me digam - com sinceridade, amo críticas (Barbara feelings) - o que vocês acharam.
Sem mais delongas, boa leitura, 'praguinhas' :33



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- Então, minha senhora, o que você está sentindo? - perguntou o doutor, um duende de idade avançada, rechonchudo e com cara de quem gosta de aproveitar uns cogumelos nos fins de semana. Cruzou as pernas miúdas, esperando ansioso uma resposta de sua paciente.

E sua “paciente”, no caso, era Malévola. Isso mesmo. A poderosíssima ex-rainha do Reino de Moors, estava, pateticamente falando, sentindo-se doente. Porque, claro, não havia outra explicação para aquele tipo de coisa.

O ‘consultório’ do doutor era o interior de uma árvore colossal, bem no centro da floresta. O teto era feito de folhas verdinhas, enroscadas em metros e metros de galhos robustos. Alguns raios de sol invadiam por entre as folhas, pousando de forma gloriosa no manto negro da fada. Ela encontrava-se sentada em um galho retorcido, as mãos sobre o colo.

Pensou um pouco antes de responder a pergunta.

- Recentemente, venho sentindo meus lábios racharem com facilidade. Minhas mãos estão cada vez mais frias, trêmulas e suadas. Meus batimentos cardíacos estão descompassados… Minha temperatura corporal vem aumentando. Até sinto que emagreci… - Disse ela, tocando seu abdome de forma sutil. - Venho também sentindo-me cada vez mais ansiosa. Meu apetite diminuiu, falando nisso.

A cada informação dada, o doutor anotava tudo em uma folha de palmeira. Resmungava coisas, erguia as sobrancelhas, estralava a língua, pensava em coisas e desfazia tudo, repensando-as… Malévola estava ficando apreensiva. Será que aquilo que sentia tinha cura?

O doutor parou o que estava fazendo e olhou-a por cima dos óculos.

- Senhora, você tem dificuldade para dormir?

- Vez ou outra, sim - respondeu ela, prática.

Ele escreveu isso em sua folha.

- No geral, com quem você passa mais tempo?

- Com Aurora.

Aurora…” repetiu o doutor, baixinho, anotando também.

- E com quem mais?

- Diaval - respondeu novamente, sua praticidade obviamente explícita.

- Diaval? - perguntou ele, olhando-a - é seu servo?

- Sim. Ele é muito útil - disse, olhando à sua volta.

O doutor, mesmo não dizendo, percebeu claramente que as pupilas de Malévola se dilataram. Após essa reação, não precisou de mais informações para detectar o ‘problema’.

- Senhora, já sei o que se passa. - Disse ele com tranquilidade, retirando do rosto os óculos com lentes ovais. Malévola olhou-o, inexpressiva, mas ainda assim esperançosa - mas, infelizmente, não há remédio para seu problema.

Ao ouvir aquilo, o pequeno pontinho de esperança dentro de si foi esmagado. Olhou-o com ceticismo.

- O quê? Por quê? - perguntou, a voz milimetricamente controlada. Que tipo de doutor era aquele, no final das contas?!

- Bom… - O senhor grunhiu, levantando-se apoiado aos braços da cadeira, com dificuldade. - Há séculos trabalho no ramo da medicina, senhora, e no dia em que encontrarem a cura para a paixão, juro por tudo o que é sagrado: suicidarei-me aqui! - apontou de forma firme para seus pés.

Enquanto a fada processava tudo o que havia ouvido até então, o duende foi arrastando os pés até o outro lado da sala, vasculhando alguns potes em cima de uma mesa suja.

- Espere um segundo… O senhor está dizendo que estou… Apaixonada? - Malévola, completamente cética, perguntou. Virou-se para olhar o doutor, que ainda vasculhava em meio aos potes.

- Sim - respondeu ele, sereno, sem se abalar. Enquanto falava, continuava a procurar plantas rugosas para colocar em seu remédio para gota. - Provavelmente é alguém próximo a você, eu suponho…

Malévola obviamente não conseguiu digerir toda aquela informação. Ficou um tempo encarando o tronco da imensa árvore, ouvindo o triscar que os recipientes que o duende utilizava para preparar seu remédio fazia. Até que, cansada psicologicamente, decidiu levantar-se. Limpou sua roupa à base de tapinhas sutis e olhou de forma amistosa para o velho doutor, que virou-se para ela segurando um pote feito de madeira, completamente embolorado, recheado com um conteúdo verde gosmento.

- Acho que não há mais nada a fazer. Mesmo não concordando com sua resposta, agradeço por seus serviços. Tenha um bom dia - encerrou, suas asas atrás de si impacientes para voar.

- Senhora… - Chamou o doutor uma última vez. - Pode não parecer, mas… Eu já vivi milênios demais para me dar ao luxo de errar. E também… Que mal há em se apaixonar de vez em quando? - Ele arqueou as sobrancelhas - namorar emagrece¹.

A ex-rainha dos Moors ficou alguns segundos sem dizer nada. Apenas acenou com a cabeça um cumprimento sutil e saiu com passos leves.

****

Em vez de voar, decidiu caminhar para esfriar a cabeça. O chão de terra por onde pisava estava coberto de flores, grama verdinha, insetos saltitantes; estava um dia absurdamente bonito, com raios solares trazendo graça ao local. As árvores balançavam quase em sincronia, um brisa suave batendo glamorosamente no manto de Malévola enquanto caminhava.

Os habitantes de Moors cumprimentavam sua ex-rainha com o mesmo respeito de antes, mas cada vez mais encantados pela fada.

Malévola tentava cumprimentar a todos com acenos educados, mas sua cabeça estava matutando e se chocando em um pensando insistente: “que diabos de sentimento é este?”.

Seu médico disse de pés juntos que era paixão, mas não achava que era. Não achava que era porque da última vez que se denominou “apaixonada”, o sentimento havia sido diferente. Era como se algo estivesse apertando seu coração constantemente; era… Sufocante, angustiante.

Caso, de fato, estivesse “apaixonada”, entraria em algo completamente novo. Malévola havia virado uma cachoeira de ansiedade, de suspiros desnecessários e de pensamentos sem nexo. Parou um pouco de andar quando chegou em uma conclusão.

Será que nos sentimos diferentes a cada vez apaixonados? Deve ser porque as pessoas são diferentes… Caso o sentimento fosse igual, não haveria muita graça…” pensou, imersa em hipóteses sem muito fundamentos. Sentiu-se empalidecer.

O.k., ela acabara de admitir que poderia estar, de fato, apaixonada.

Estava completamente imersa em pensamentos, não notando nada à sua volta. E teria continuado assim se um objeto não identificado - negro e cheio de penas - não tivesse se chocado contra sua orelha direita violentamente, fazendo-a levar um susto colossal.

Atirar algo em uma pessoa não era uma maneira muito legal de fazê-la voltar à realidade.

Retesou-se, tensa, e acabou por abrir as asas por puro reflexo, fazendo um pobre senhor goblin que passava por ali voar para algum ponto próximo. Aquilo eram asas.

- Oh, céus… - Grunhiu baixinho, meio perdida. Malévola olhou em volta depois de alguns instantes, procurando pelo objeto. Por fim achou-o no chão, próximo a seus pés, encolhido como uma bola de golf. Percebeu de imediato que era seu criado. Inclinou-se para frente e capturou aquele bolinho de penas, colocando-o no meio de suas mãos, na altura de seu rosto.

- Diaval! - chamou-o, exasperada. Um bico negro e afiado apareceu por entre as plumas negras do corvo, seguido por olhos miúdos, que encararam sua senhora.

Diaval deu um grasnido fraco e dolorido. Fora atacado por um falcão não havia nem sete segundos e acabou escapando em meio à batalha. Infelizmente, uma de suas asas fora danificada, e ele caíra de encontro à uma árvore.

Fora rebatido como uma bola de tênis.

Soltou outro grasnido, algo que significou um ‘tá doendo’. A ex-rainha esbanjou um sorriso bonito. Fez um sinal para que Diaval voltasse à sua forma humana. Observou atentamente enquanto uma névoa negra se formava em volta do criado, por fim revelando o homem.

Diaval estava em um estado deplorável. Suas roupas estavam rasgadas, o cabelo geralmente bem arrumado estava todo sujo de terra, galhos e folhas. O rosto estava arranhado e as mãos meladas de seu próprio sangue.

Olhou, aflito, para sua sempre encantadora ama, que não esbanjou nenhuma expressão ao vê-lo.

- Ah, senhora, peço desculpas... Não deveria aparecer assim à sua frente... - Quando viu que Malévola não disse nada a respeito de sua aparência, sorriu internamente. Lembrou-se de alguns dias atrás, onde, por pura ousadia, chegou bem próximo a ela e jogou em sua cara o fato de ela estar com ciúmes de Aurora. - Deveria?

A fada apenas olhou-o de cima a baixo com um ar de superioridade, os olhos semicerrados. Não disse nada a seu respeito e ignorou-o, passando por ele com passos leves.

Diaval relaxou os ombros, seguindo-a com os olhos.

- Obrigado, senhora, é sempre bom ouvir sua opinião - grunhiu ele, tanto pela dor da queda, quanto pelo fato de que estava sendo absolutamente ignorado.

De todas as formas, seguiu-a meio manco, a mão direita pressionando um ponto em seu outro braço, tentando aliviar sua dor.

- Notícias de Aurora? - perguntou sua ama, andando e virando um pouco sua cabeça para olhá-lo.

- Nenhuma. - Disse, ainda dolorido - Phillip está sendo cordial o suficiente. Não precisa se preocupar. - Ele retirou sua mão de cima do machucado, vendo-a toda pintada de vermelho. Fez uma careta dolorida - ainda estou procurando motivos para termos tanto sangue…

Malévola deu um sorriso discreto, parando de andar e virando-se completamente para ele. Àquela altura, já estavam longe o suficiente do centro da floresta.

- Vá tratar de seus machucados. Está me dando arrepios te ver todo estropiado desse jeito.

Ele assentiu com a cabeça.

- Obrigado, senhora. Ah, já ia me esquecendo… Peguei estas para você - e, dizendo isso, enfiou sua mão limpa no bolso e retirou de lá quatro cerejinhas. Pareciam deliciosas (e estavam, na realidade; olfato de pássaro nunca mente).

Malévola não soube ao certo o que foi aquilo, mas sentiu um peso enorme no peito. A cachoeira de ansiedade voltara. Aceitou as frutas de bom grado, vendo Diaval anuir e andar meio desajeitado pelo caminho de terra, indo em direção a um doutor.

A fada comeu uma das frutinhas, pensando consigo mesma que estavam mesmo boas. Sentiu novamente o peito apertar. Deus, o que era aquele sentimento? Pensou novamente no estado deplorável em que seu servo se encontrava, em todo o trabalho que provavelmente teve para pegar as cerejas. Pressionou dois dedos em seu pulso, percebendo que seus batimentos cardíacos se aceleraram ao pensar nisto.

Por apenas cinco segundos, Malévola pensou no improvável: estava apaixonada por seu fiel Homem-Corvo e servo, Diaval.

Mas a ideia pareceu tão absurda a ela, que seu cérebro fora completamente obrigado a exclui-la e por no seu lugar a ideia de que Malévola estava cansada demais para pensar em coisas como amor (ou corvos) e que precisava de algumas horas de sono para aliviar seu estresse.

E foi assim mesmo - com cara limpa, inexpressiva e algumas cerejas saborosas no bolso - que Malévola decidiu dar-se uma pausa.

O caminho para o amor nunca será fácil, no final.


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Notas finais do capítulo

Oi, again!
Bom, e aí, o que acharam? Estou curiosa para saber a opinião de vocês, hehehehe *u* Ah, sobre a notinha: galero, namorar realmente emagrece UHEUHEUHEHUEHUEUE Sério, já foi comprovado... Acho que é porque a pessoa se cuida mais, e tal... Mesmo assim, não deixa de ser curioso...
Bom, por agora é só!
Até ♥