“Merda. Eu nunca fui de sorrir no meio da rua. Mas foi só você chegar e dizer umas coisinhas bonitas aqui outras ali, para as pessoas na rua perceber o quanto idiota eu era.” -I need you. (via dreams-1)

  Chegaram as férias de verão. Eu havia recuperado boa parte das minhas notas, mas em algumas matérias ainda faltava um número considerável de pontos.

—E lembrem-se, crianças: as férias de verão são para se prepararem para as provas finais. As mais importantes do ano. Ah sim, um conselho para quem está precisando de pontuação: estude muito.

Suspirei baixinho e após o sinal bater, recolhi minhas coisas em direção à saída. Fui para meu trabalho, levei papai na sua visita diária ao hospital e assim que cheguei a minha casa tomei um banho e comecei os estudos.

Nicholas Linehan bateu na porta.

—Pode entrar! –gritei.

Para minha surpresa não era meu pai e sim Spencer.

—Estudando?

—Sim... Já estou me preparando para minha rotina dessas férias.

—Vai ficar aqui?

—Como assim?

—Em Lynn, oras!

—Ah sim... Nem tenho outro lugar para ir. Você vai estudar comigo não é? –disse me deitando em seu colo.

—Claro, mas estava pensando em estudar em outro lugar.

—Na sua casa? É. Pode ser.

—Na verdade estava pensando em passarmos as férias em Miami e estudarmos por lá.

—Pirou, Spencer? Eu não posso viajar para o sul do país, pagar avião, estádia e nem deixar meu pai.

—Em relação a isso não se preocupe, meu amor.

Levantei do colo de Spencer, ficando em frente a ele e levantando uma sobrancelha.

—Explique-se, Senhor Kutcher.

—Meus avós nos deram um presente. Eles sempre fizeram isso para mim e para minha irmã, todos os anos. Porém este ano com o nascimento da filha, minha irmã não poderá viajar então você que vai viajar no lugar dela e isso é apenas uma desculpa, porque você iria de qualquer forma.

—Mas e o dinheiro? Meu pai?

—Já está tudo pago e seu pai ficará com meus avós. Sem problema algum.

—Ok e quem disse que o Senhor Linehan irá concordar com isso?

—Enquanto você estudava aqui em cima eu conversei com ele e ele aceitou. Meu avô o levará todos os dias para os exames e consultas diárias.

—Sério?

—Sim!

Pulei em seus braços o abraçando.

—E quando vamos?

—Hm... estamos na quarta-feira, então sábado.

—Ok! Ah, Spencer...

—Sim?

—Eu nunca andei de avião.

—Que?!

***

Estava mais que ansiosa para a viagem, para ver a praia –Lynn fazia muito frio e a praia não é lá essas coisas–, para sentir o calor da Flórida e principalmente ficar um bom tempo com Spencer.

Eu arrumava as malas –que Elizabeth havia me emprestado, quando meu pai adentrou meu quarto.

—Oi, querida.

—Olá, papai. Tudo bem?

—Sim e você? Ansiosa?

—Demais!

—Hm... Por favor não se apaixone por Miami, está bem?

—Não se preocupe, papai. Lynn é meu lugar! Posso viajar o quanto for, sempre irei querer voltar para as minhas raízes.

—Sei. Bem, pelo o que eu sei lá faz muito calor.

—Aham. –concordei.

—Vai precisar de algumas roupas novas, não?

—Eu vejo isso por lá. Deve ser a um preço mais acessível.

—Ok, mas se gostar de algo por aqui não hesite em comprar.

—Obrigada, pai.

—De nada, querida.

Realmente eu havia comprado uma ou outra roupa em Lynn. Roupas de tons claros, acreditem ou não.

***

Alguns dias antes da viagem fui até Alex.

—Eu vou viajar...

—Está bem. –ela respondeu simplesmente.

—Não vai começar a xingar?

—Não, não vou mais te chantagear. É sem graça. Se você gosta do Spencer apesar de tudo, não vou me interferir e nem atrapalhar mais.

—Uau! O que aconteceu com você?

—Sei lá, Taylor! Só cansei.

—Tudo bem então... Está tudo bem? –aproximei de Alex e coloquei a mão em seu ombro.

—Não, não está! Minha mãe me odeia cada vez mais, ela contou a Phill sobre Michael...

—Sério!? Como o Phill reagiu?

—Ele ficou calado. Simplesmente saiu andando e nunca mais apareceu.

—Você foi atrás dele, Alex?

—Claro que não. Não quero nada com ele.

—Ok... Vai ficar em Lynn? Com aquele cara?

—Sim, com o Michael.

—Por que continua com ele? Ele te maltrata, bate, dorme com outras na sua frente...

—Porque eu gosto dele, caramba!

—Mas Alex, você está cada vez mais magra, seu cabelo está sem vida, está pálida e bebe vinte e quatro horas por dia!

—Chega, Taylor! Anda, vai para sua viagem de uma vez! Não sou criança.

—Mas age como tal.

—Olha, me deixa sozinha, está bem? É o que preciso. Eu vou arranjar um jeito.

Alex chorava. Voltara a ser a Alex que fingia ser forte, que não fazia mal aos outros para se sentir bem. Parecia finalmente ter virado gente!

—Tudo bem. Quando eu voltar te ajudarei, ok?

Ela correu e me abraçou bem forte, encharcando minha blusa de lágrimas logo em seguida.

***

O carro estava cheio naquele começo de manhã. Peter foi dirigindo com meu pai ao lado e, Spencer, Elizabeth e eu fomos no banco de trás, estávamos indo em direção ao aeroporto mais próximo de Lynn.

Assim que chegamos nos despedimos de todos com abraços apertados e depois de longas horas esperando finalmente era hora de entrar no avião. Estava com medo. Afinal, acidentes aconteciam e eu sempre fui ímã para problemas e tragédias. A aeromoça nos deu os avisos em caso de acidente, turbulências e afins enquanto eu apertava cada vez mais forte a mão de Spencer.

Depois de suar frio, arrancar um pedaço da pele de Spencer, respirar fundo mil vezes e fechar os olhos bem forte o avião levantou voo. Suspirei aliviada.

—Pronto. Já passou, não precisava desse medo todo.

—Fica quieto, Spencer.

—Aé? Já que é assim a senhorita já vai começar a estudar. Pode pegar o livro de livro de química, uma folha, lápis...

—Ok, Spencer! Já sei!

***

Informo a todos que química não ajuda o tempo a passar, mas ao menos relembrei e aprendi metade da matéria do ano. Quando finalmente cheguei na metade do livro e mais da metade de um caderno que havia levado, pedi a Spencer para finalmente poder dormir. Escondi o rosto em seu peito e adormeci.

—Taylor, acorde.

—Hm?

—Já chegamos e olha que você perdeu o pouso, que é a pior parte da viagem inteira. Na minha opinião, claro.

—Pelo menos isso!

Ele riu.

—Anda, vamos. Você deve estar com fome. Iremos comer algo no aeroporto.

—Ok então...

Depois de ter saciado a fome e pegado nossas malas, Spencer chamou um táxi e no percurso até o apartamento alugado por Peter e Elizabeth fui vendo o pouco que dava de Miami. As luzes me chamaram muita atenção, os edifícios altos, o mar que toda hora aparecia no meu campo de visão, pessoas andando alegremente nas ruas de biquíni ou roupas leves... Fazia calor até de noite!

O táxi parou em um prédio não muito alto e era relativamente perto da praia, possuía dez andares e era de um tom cinza, quase como se fosse prata.

—Uau!

—Ande, loira. Vamos subir. Conhecer nosso pequeno apartamento. Ver como é a cama...

—Spencer!

Ele riu alto.

Aquele “apartamento” era realmente incrível. Ao abrir a porta, podíamos ver uma sala não muito grande, mas com um frigobar, um micro-ondas, sofá e uma tv em uma das paredes. Uma porta levava ao quarto, que era enorme. Havia uma cama box, um armário grande e uma porta, que levava ao banheiro. Nele víamos, além do habitual, uma banheira e prateleiras com potinhos de sais coloridos e outra porta, que nos levava de volta à sala e tudo tinha cores claras como amarelo, branco e azul.

Pulei na cama box e Spencer presenciou a cena rindo.

—Vai ficar aí rindo igual bobo ou vai deitar aqui comigo? –perguntei.

—Os dois.

Revirei os olhos e soltei uma risada logo em seguida, quando Spencer jogou-se ao meu lado.