Colegas de Quarto escrita por raggedy man


Capítulo 7
A Hippie


Notas iniciais do capítulo

EU NÃO DISSE QUE IA POSTAR HOJE?
PROMESSA CUMPRIDA.



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Outono era uma época maravilhosa em New York. As arvores com folhas laranja e com o tempo agradável, era um dos melhores climas que o estado podia oferecer. Nem muito quente, nem muito frio… O clima perfeito para qualquer coisa e o que Lily mais gostava. Aquela manha especial era conhecida como uma das melhores manhas que o ano podia oferecer.

Mas não para todo mundo.

Lily acordou naquela manha de sábado com a maior dor de cabeça que já tivera. Não lembrava muito do que havia acontecido, mas tinha certeza que havia álcool no meio. Sentou-se em sua cama e finalmente abriu os olhos. Mesmo sua janela estando fechada, alguma luz entrava no quarto queimando seus olhos.

– Eu nunca mais vou beber. – Ela murmurou deitando-se novamente.

– É, nem eu. – Uma voz rouca ao seu lado disse. Lily olhou assustada para o lado e exprimiu um grito. James olhava para ela apavorado do mesmo jeito.

O garoto tentou lembrar o que havia acontecido na noite passada. Ele tinha certeza que houve uma briga com Emmeline e que havia bebida. Muita bebida. Mas... Lily? Ela estava lá, mas não haviam feito nada... Que ele lembrasse.

– O que aconteceu ontem à noite? – Ela murmurou deitada ao lado dele, olhando para o teto.

– Eu não sei. – Ele respondeu. – Eu sei que... Nós bebemos e depois... – Ele a olhou lembrando-se do que aconteceu. – nos beijamos. Ah meu Deus.

– Ah meu Deus. – Ela repetiu. Lily olhou para o peito nu do amigo. – Nós...

Tanto o rosto de James quanto o dela ficaram vermelho. Ele, colocou a mão debaixo do lençol e passou a mão em seu corpo. Uma expressão de alivio invadiu seu rosto. James negou e Lily sorriu aliviada. Mas esse sorriso não durou muito.

– Se não aconteceu nada... Por que você está na minha cama sem camisa e eu só de roupa íntima?

James não sabia responder. A memória dele só ia do momento que ela entrara na porta até o momento do beijo. Por um segundo, sentiu-se horrível, pois traíra a namorada. Mas por um momento muito mais longo, sentiu-se horrível por não lembrar como era o beijo da ruiva. Por não lembrar o que havia acontecido depois. Por não saber o que havia perdido.

Perdido nesses pensamentos, acabou não respondendo Lily, a fazendo ficar mais assustada.

– Marlene. – Lily disse subitamente. – Eu preciso da Marlene.

– Eu não acho que... – James tentou falar, mas ela já estava gritando.

– MARLENE. MARLENE!

Um alto barulho da cozinha se fez e passos rápidos foram ouvidos em direção ao quarto dela. A porta se abriu abruptamente e Marlene de pijama entrou com um olhar preocupado. Ao ver os braços de James em volta o ombro dela e a rosto assustado da amiga, ela o encarou.

– O que você fez?

– Nada! – Ele respondeu confuso.

– Fora. Agora.

– Por que ela está...

– AGORA!

O moreno levantou da cama, apreensivo e se vestiu. Antes de deixar o quarto, olhou Lily preocupado e se retirou do cômodo. Marlene ocupou o lugar que ele estava e abraçou a ruiva.

– O que aconteceu?

– Eu não sei, eu não me lembro! – O olhar de pânico no rosto de Lily era evidente. Seus olhos estavam desesperados e seu corpo tremendo. Marlene apertou o abraço.

– Está tudo bem, Lily. Você está bem, ok? – Ela disse com uma voz calma, tentando relaxar a amiga. – Eu vou pegar alguma coisa para comer e já volto, ta?

Lily concordou e Marlene saiu do quarto, se direcionando para a cozinha. James ainda estava sem camisa e apenas de shorts, fazendo alguma coisa no fogão. Marlene pigarreou e o moreno olhou para ela.

– O que realmente aconteceu? – Ela perguntou calma.

– Eu não sei. – James disse se virando para terminar de cozinhar. – Tudo que eu lembro é que estávamos bebendo na sala e eu a beijei. Depois disso, minha mente está em branco. Eu juro que não fiz mal a ela.

– Eu sei. Eu acredito em você. – A loira se direcionou à geladeira e pegou algumas coisas que a amiga comia pela manhã. – Lily só está assustada. Isso já vai passar… Só tente não falar com ela. Saia com Remo, Sirius, sozinho… Ok?

Ele concordou e Marlene voltou para o quarto.

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A campainha tocava sem parar. Já havia vinte segundos e Sirius tinha certeza que a pessoa do outro lado da porta já havia tocando mil vezes. Não que ele contara, é claro.

Chegara muito tarde em casa ontem e tudo que ele menos queria era ter que ouvir aquele barulho irritante. Por que a campainha de seu apartamento tinha que ter aquele som? Era a mesma coisa com o telefone. Por que tão barulhentos?

Lentamente, se levantou da cama e foi para a sala. Não fazia ideia o porquê James, Lily ou Marlene não estavam lá ainda. Eles sempre eram os primeiros a correrem para atender a porta, enquanto Sirius nem sequer pensava no assunto.

Quando chegou à porta, já havia passado mentalmente os xingamentos que faria a pessoa irritante do outro lado. A abriu e se deparou com uma garota baixa, de cabelos loiros bagunçados e mechas rosas e roxas por todo o cabelo. Ela estava com um macacão jeans amassado, duas malas enormes e seus lindos olhos castanhos olhavam Sirius com fúria.

– Ele se machuca e eu tenho que saber por uma garota chamada Marlene? – Ela entrou no apartamento e apontou um dedo para o peito do moreno. – Por que ele não me ligou? Por que ninguém pegou o telefone e me avisou exatamente o que aconteceu? Você faz ideia de como eu estava preocupada? Você tem ideia de como eu estou furiosa com você e o Potter? E quem é essa tal de Marlene? Se ele arranjou outra garota, eu juro que eu vou…

– Ei, calma Dorcas! – Ele finalmente conseguiu uma brecha para abrir a boca. – Remo não tem nenhuma outra garota e eu liguei para você, mas seu celular mudou e Remo se recusou a passar o novo por que não queria te preocupar.

Ela continuou o olhando brava. Sirius lentamente saiu da sua frente e puxou suas malas para dentro de casa. Dorcas ainda estava brava.

– Ele está no quarto do James. Lembra onde é?

Sem obter nenhuma resposta, a loira foi em direção aos quartos atrás de seu namorado.

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Após fazer a amiga voltar a dormir, Marlene conseguiu sair de casa. Seu turno no trabalho começava daqui alguns minutos e ela não podia se atrasar. Não que ela se importasse, odiava seu trabalho com todas as forças, mas tinha que se sustentar e ajudar os amigos a pagar o aluguel do apartamento.

Mesmo com Sirius e James dizendo que não tinha problema nenhuma ela deixar de pagar o aluguel, que eles pagariam para ela até ela conseguir um emprego melhor, Marlene não aceitava. Era uma questão de orgulho, ela admitira. Como ela poderia andar sob seus próprios pés com alguém sempre a sustentando? Não era justo com as pessoas e nem com ela.

Desde os seus treze anos, alguns anos depois que passara a morar com os pais de Lily, Marlene sentia que era um estorvo na vida dos Evans. Apesar de nunca reclamarem de sustentar a garota, a não ser a irmã irritante de Lily, Petúnia, e de sempre a tratarem como uma filha, a loira sempre sentira que incomodava mais do que ajudava.

Em certo ponto de sua vida, isso fora verdade. Quando se rebelou na sua adolescência, podia se lembrar das inúmeras vezes que o Sr. Evans iria buscar a garota na delegacia de polícia por estar na rua até de madrugada, bebendo ilegalmente, fumando e até uma vez por invadir a casa de uma garota com quem não se dava bem. Lembrava-se também das vezes que a Sra. Evans chorara aliviada quando ela chegava as cinco e meia da manhã de uma longa festa que havia ido sem avisar. Marlene sempre soube que os fazia sofrer devido sua rebeldia.

Mas nenhuma vez eles a maltrataram ou a expulsaram de casa. E ela jurara que não dependeria de ninguém.

Chegou na lanchonete e foi rapidamente para trás do balcão e começar a atender alguns clientes. Ficou distribuindo falsos sorrisos por uma hora e meia, quando reconheceu sua próxima cliente.

– Um café para viagem, por favor.

– Sra. Potter!

– Marlene? O que faz aqui? – Perguntou olhando surpresa para a garota.

– Eu trabalho aqui.

Dorea olhou surpresa para Marlene. Não esperava por essa.

– Você ainda não arranjou um trabalho de moda? – Ela perguntou. Marlene negou com a cabeça. – Mas isso é um absurdo! Uma jovem tão talentosa como você não serve para ficar trabalhando atrás de um balcão de uma lanchonete.

– Obrigada, mas não há nada que eu possa fazer. Minha ex chefe deixou claro para a cidade toda que eu sou um desperdício.

– Você sabe que pode processá-la, certo?

– Sim, eu sei, mas acho que não vale a pena. – Respondeu enquanto terminava de servi-la. – Ela é rica demais e tem mais influencias do que eu.

– Entendo… - Ela pegou o café que pediu e um papel, onde anotou um endereço. – Aqui está o endereço do meu escritório. Passe lá para conversarmos, ok?

– Ok. Muito obrigada, Dorea.

A senhora sorriu e saiu do estabelecimento. Marlene guardou o papel no bolso com um pequeno sorriso. Talvez sua sorte estava para mudar.

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– Pode começar a se explicar.

Remo e Dorcas estavam sozinhos no quarto de James, discutindo. Bem, não exatamente discutindo. Dorcas gritava e Remo apenas a olhava. Ela estava diferente. Não muito diferente, ainda era Dorcas Meadowes, a vegetariana bipolar que amava todos os seus amigos, arte e a natureza. Mas ela estava mais madura e Remo ficou triste ao não estar ao lado dela.

– Eu saí do ônibus a noite e comecei a andar para o meu apartamento. Acabei não vendo que alguém estava me seguindo e quando ele me assaltou e eu recuse a entregar minha carteira, ele me esfaqueou e saiu correndo. – Remo disse olhando para a namorada. – Não achei que era importante te ligar só para te assustar, uma vez que eu estou bem.

– Você pensa que o que, não é importante avisar sua namorada que foi esfaqueado? – Dorcas gritava com Remus. – Ou que eu não sou tão importante para saber o que acontece quando você se machuca?

– Doe, tente entender…

– Entender o que? Que você não vale a pena? Que você tem problemas demais para ficar comigo? Eu já ouvi isso milhares de vezes e já disse que eu não ligo. – Ela exclamou ainda nervosa. – O que eu ligo é algo acontecer com você. É eu estar do outro lado do planeta e não saber que você se machucou.

Remo ficou em silêncio. Ela tinha razão. No que ele estava pensando? Ele sabia que ela não receberia essa notícia muito bem, mas não havia pensado em como ela se importava com ele. Ou o que aconteceria se ele tivesse morrido. Como os amigos deles a avisariam estando com o telefone errado? Como seria quando ela voltasse para descobrir que o namorado dela havia morrido e ela não poderia ir ao enterro dele e se despedir?

Remo segurou a mão dela e a puxou para perto.

– Desculpe. Eu não quis atrapalhar você na França. Você estava tão animada de poder pintar que eu não pensei direito. – Ele beijou a testa dela. – Não queria estragar Paris para você.

– Você é um idiota.

– Eu sei.

– E muito burro por pensar que iria estragar Paris.

– Eu sei.

– E fica muito sexy com cicatrizes.

– Eu… O que? – Ele olhou para ela. Dorcas sorriu maliciosamente o beijou.

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Lily acordou no meio da tarde com dor nas costas. Não deveria ter dormido tanto assim, acabaria perdendo o sono a noite e no dia seguinte estaria parecendo um zumbi. Pelo menos o dia seguinte era um domingo, o que lhe poupava a maquiagem que teria que usar no trabalho ser em grande quantidade.

Ela se espreguiçou e sentou na cama, esperando os pontos brancos sumirem de sua visão. Lily então lembrou-se do que havia acontecido mais cedo, mas não começou a se desesperar de novo. Sabia que não havia acontecido nada demais, mas sabia também que passara a impressão errada a James, ao agir como se ele tivesse feito algo errado.

Levantou-se então e trocou de roupa. Iria falar com James e explicar o porquê estava daquele jeito de manhã. Ele merecia aquilo. Quando abriu a porta de seu quarto, viu que a alguém havia acabado de ir para a sala. Pelo perfume, ela percebeu que se tratava de James.

Fechou a porta do quarto e foi para sala, onde a encontrou bagunçada com inúmeras fotografias no chão, e o moreno as arrumando em uma caixa que estava ao seu lado.

– Oi…

Ele olhou para trás e deu um pequeno sorriso.

– Lily.

– Estou incomodando? – Perguntou apontando para o trabalho que ele estava fazendo. – Eu posso falar com você outra hora.

– Não, de forma alguma! – Respondeu. – Eu só estava arrumando essas fotos que eu deixei no quarto do Sirius. Como ele saiu para correr, resolvi terminar logo com isso.

Ela se sentou ao lado dele, deixando-o nervoso. Ela não parecia nervosa, ele reparou, apenas envergonhada. Mas ele não sabia o porquê.

– Então… Eu queria me desculpar pelo jeito que agi hoje cedo. – Ela disse olhando nos olhos castanhos dele. – Eu me assustei e… Não vai acontecer de novo.

– Você não precisa se desculpar. – Ele a confortou. – Acontece com todo mundo.

– Não. Não acontece. – Lily suspirou. – Quando eu tinha 11 anos, eu tinha um amigo. Eu era a única amiga dele. Quando tínhamos 15, ele começou a ir para o lado negro da força. – James sorriu levemente com a referência ao filme Star Wars. – Com os amigos novos que ele fez, ele começou a beber, fumar, se drogar e ficava agressivo. Eu era a única que conseguia o controlar. Ou foi o que eu pensava. – Lily suspirou. – Um dia, ele estava pior do que normalmente por que tinha experimentado algo novo. Não sei o que era. E ele começou a se declarar para mim e dizer que me amava. Quando eu não respondi, ele começou a me atacar.

– Lily…

– Ele era mais forte que eu, então não consegui fazer nada a respeito. – Ela continuou – Ele conseguiu injetar algo em mim e começou a me beijar. No dia seguinte, eu acordei sozinha no apartamento, nua e sem nenhuma lembrança do que havia acontecido.

– E por isso que quando você acordou hoje…

– Eu me lembrei do que havia acontecido e fiquei com medo que tivesse acontecido de novo. Eu sei que parece ser ridículo que na minha idade, eu…

– Não! Não, de forma alguma. – Ele disse passando os braços em volta do ombro dela. – Isso é perfeitamente normal. – Lily relaxou por ele não ficar ofendido e James deu um beijo em sua testa. – Desculpe por ter te beijado e ter acordado seminu na sua cama.

– COMO É QUE É?

Os dois olharam para a porta enquanto Emmeline os encarava furiosa.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Beijos e até o próximo!