Desejo e Reparação escrita por Ella Sussuarana


Capítulo 7
Dark is the sky


Notas iniciais do capítulo

Gente, quando vocês estiverem lendo: CALMA! Vocês não estão lendo a fic errada. Explicações nas notas finais.



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– Parte extra I -

Dark is the sky

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Onze anos e cinco meses no passado

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Bright are the stars that shine

Dark is the sky

I know this love of mine

Will never die

Dois sujeitos dançavam ao redor do cômodo, debaixo de cinco velas que flutuavam logo abaixo da metade que sobrara do teto destruído. Elas eram como estrelas brilhantes numa noite sem luar.

Música fluía, como a brisa fria da noite que adentrava pelos buracos das janelas e agitava o pó e as cinzas, fazendo-as levantar voo e bailar, como se imitassem os passos da mulher e do homem, presos em seu breve momentâneo de felicidade.

O papel azul que recobria a parede fora carbonizado, da mesma forma que o tapete pertencente a uma das famosas dinastias chinesas, que as cortinas de veludo alvo com detalhes florais em fios de ouro e que os outros adereços suntuosos que um dia compuseram a sala. O esqueleto das vigas, milagrosamente, sobreviveu às chamas, mas não sem imperfeições que denunciassem ao inferno a que sobrevieram – algumas estavam inchadas na base, onde o metal se expandira, deixando marcas de bolhas grandes e pequenas; outras estavam retorcidas em ângulos agudos, ameaçando despencar ao menor sopro.

And I love her – cantou a mulher. Beijou a lateral da bochecha do homem e sussurrou no seu ouvido, como se fosse um segredo: – É a minha música preferida.

– Eu sei, queria Sophia.

Ele beijou-a e rodopiou-a. Ela riu e roubou-lhe mais beijos.

Bright are the stars that shine

Dark is the sky

Estavam tão absortos no momento, que não notaram uma sombra alongando-se pelo chão. Ela não seguia os seus movimentos; tinha vida própria, arrastava-se, sorrateira, para a região mais escura do cômodo, próximo á uma lareira inutilizável, onde cobertores foram jogados encima de dois colchões. Em meio ao pano, dois brilhantes olhos abriram-se, como se pressentissem que algo malévolo aproximava-se com a intenção de machucá-lo.

I know this love of mine

Will never die

And I love her

A música extinguiu-se. O CD arranhou ao ser tocado de trás para frente, gerando o barulho de estática. O bebê chorou, erguendo seus pequenos braços e pernas. As luzes piscaram duas vezes antes de também se extinguirem, e as cinco velas despencaram no chão.

O negrume encobriu a imagem da mansão decante e do casal, apenas pelo tempo suficiente para que eles retirassem suas varinhas dos bolsos das calças e as erguessem, as suas pontas brilhando uma pálida luz azul.

À esquerda, cresceram outros dois pontos de luz, revelando as feições de dois homens – o mais alto era loiro, alvo, possuía um longo nariz fino e um par de olhos azuis glaciais; o segundo, de estatura baixa, tinha cabelos pretos, pele bronzeada, olhos escuros e uma horrenda cicatriz avermelhada que rasgava a sua pele da sobrancelha ao queixo, no lado esquerdo do rosto.

– Lacar, você não vai nem ao menos fingir que está feliz em nos rever? – falou o loiro. – E como está a nossa adorável Sophia? Lembra-se da última vez que nos encontramos? Foi em Paris, estava chovendo muito, muito forte, e havia corpos desabando do céu.

– Lucius, Daniel, por favor... – sussurrou Lacar, segurando na mão da mulher para reconfortá-la.

– Nós já o demos alguns anos a mais, meu amigo. O Lorde queria torturá-lo até que perdesse todo o vestígio de lucidez, na noite em que você desertou. Porém, convencemo-nos a nos deixar caçá-lo e abatê-lo como um animal depois de fazê-lo ver a sua bela Sophia ser torturada até perder todo o resquício de sanidade, como fizemos com os amigos dela, os Longbottom – disse Lucius, aproximando-se do casal a passos largos. Antes que pudessem reagir, ele completou. – Eu recomendaria nos entregar as suas varinhas ou... – Apontou para o canto da sala, próxima à lareira, onde uma forma negra ascendia.

As velas voltaram a acender, como se nunca tivessem se apagado. Em frente ao que restara da parede à esquerda, uma grande bolha negra flutuava, em seu interior, o grito de um bebê poderia ser escutado, mesmo que no exterior o som não fosse propagado.

– Eu não gostaria de machucar o seu filho, Lacar – falou Lucius, encarando o velho amigo nos olhos. Lacar abriu a boca para pedir clemência, mas com um movimento de mão do loiro, calou-se, observando a bolha que envolvia o vivo tornar-se menor. – Cale-se! Isso é pessoal, Lacar! Você foi o meu melhor e mais fiel companheiro desde que éramos crianças, mas isso foi antes de ela o envenenar contra mim, contra os seus iguais de sangue! Eu não ficaria surpreso se ela o tiver dado de beber uma poção do amor e o estiver mantendo preso junto a ela!

– Entendo que você queira se vingar da minha traição não àquele-que-não-deve-ser-nomeado, mas a você próprio, meu amigo. Não há perdão para o que fiz. – Ele fitou a mulher ao seu lado, seus curtos cachos castanhos, seus olhos da cor de âmbar, seu rosto fino, seu nariz arredondado. Ela era tão linda, e ele a amava, com ou sem poção do amor. Então, desviou os seus olhos na direção da redoma de sombras que prendia o seu único filho. Ele sempre soube que esse momento chegaria. – O seu ódio é direcionado completamente a mim. Mate-me, torture-me, humilhe-me, mas poupe a minha família, por favor. Seja um homem melhor que eu fui.

– Acontece, meu amigo, que eu não sou um bom homem – sorriu de forma cruel. – Contudo, eu ofereço perdão à você e clemência ao seu filho. Você poderá voltar à nossa Ordem, após que ficar esclarecido que você estava sob o efeito de uma poção do amor. o Lorde ficará contente de o ter de volta, você é um bruxo formidável e brilhante. Tudo o que você precisa fazer é se redimir diante de mim. – O seu sorriso cresceu, transparecendo o deleite que o homem estava tendo no momento. Ele já havia esperado tempo demais por isso e tinha ensaiado cada sílaba. – Eu quero que você torture a sangue-ruim e, depois, a ofereça à Nagini.

Lacar olhou para o filho e para a mulher. Se ele negasse, o filho morreria. Se aceitasse, jamais poderia conviver com a sua consciência novamente.

Suspirou, exasperado.

Havia uma única escolha, no fim. E não era nenhuma daquelas duas.


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Notas finais do capítulo

Ao final de cada parte da fic, terá um capítulo extra contando, paralelamente, a história dessas três personagens (Lucius Malfoy, Lacar e Sophia). Pode parecer confuso agora, mas é muito isso é importante para que vocês entendam o final da história. Então, fiquem atentos, porque nesses capítulos extras apareceram dicas bem sutis sobre o que acontecerá no presente da Hermione e do Draco.

Dito isso, espero que tenham gostado e não tenham desistido da fic :X