Desejo e Reparação escrita por Ella Sussuarana


Capítulo 36
IV - Capítulo 34: Ensaio sobre a loucura e a lucidez


Notas iniciais do capítulo

First things first: Essa capítulo é dedicado para a Bela Flor. Muito obrigada de coração pela indicação, ficou maravilhosa, sério, fiquei muito emocionada. Tive que postar essa capítulo incrível em sua homenagem ^^ Espero que goste!!
2 - Preparem o coração, digo apenas isso!



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Parte IV

{Sobre a loucura, o amor e a guerra}

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Capítulo 34: Ensaio sobre a loucura e a lucidez

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– Você parece horrível – disse Draco, ao encontrar Hermione do outro lado da porta do seu quarto, naquela noite.

A resposta dela surpreendeu a todos.

– Eu sei...

Enquanto desciam, em silêncio, a escadaria, Draco olhava de soslaio para ela, e ela mantinha os olhos nos pés. Ele não pode deixar de perceber que o cabelo dela parecia mais selvagem que o usual e que a sua pele estava pálida e quebradiça, e havia grandes círculos escuros debaixo dos olhos dela.

– Pesadelos? – murmurou ele, dando o melhor de si para soar entediado.

– Você não?

A voz dela também estava mais fraca, como se a sua energia estivesse sendo drenada.

– Não com a mesma constância que antes.

– O que quer que esteja nos assombrando resolveu voltar-se contra mim dessa vez.

Eles caminharam pelo corredor escuro, o brilho nas suas varinhas era a única luz visível.

No final do corredor, havia duas bifurcações. Cada um seguiu o seu caminho corriqueiro – Hermione à direita, Draco à esquerda.

Eles não olharam para trás.

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Já deveria fazer uma hora que percorria os corredores de Hogwarts, mas, do jeito que sua mente estava instável, poderia ter se passado somente um segundo. Ela abraçou-se com a mão que não segurava a varinha, sentindo-se, subitamente, desconfortável, como se algo se espreitasse na escuridão e a observasse.

Ela virou-se, apontando a varinha de um lado para o outro, tentando ver para além das sombras. Tudo o que conseguiu foi enfurecer os quadros mágicos que se acordaram reclamando do absurdo daquele excesso de luz numa hora dessas.

Hermione pediu desculpas uma dezena de vezes e seguiu o seu caminho.

Os olhos nas suas costas, de fato, não eram apenas aqueles dos quadros mágicos.

Ela dobrou em outro corredor, subiu alguns lances de escadas e encontrou-se sozinha num grande espaço, no sexto andar.

Debaixo do silêncio de um castelo que dorme, havia o tênue som do farfalhar de folhas sendo amassada por passos rápidos. Como se corressem. Na direção dela.

– Não vá, não vá, não vá – uma voz ecoou pelo espaço, abrangendo-o completamente.

– Hermione – gritou Harry. Mas, ali, ele não estava.

– Hermione – gritou seu pai. Mas, ali, ele não poderia estar.

Ela colocou a cabeça entre as mãos, balançando-se como se para se despregar de uma teia de aranha apenas para se encontrar mais presa no tecido aderente dela. Murmurou sozinha, no escuro – “É só coisa da minha cabeça, não é real. Não é real”.

Mamãe, eu estou com medo!

Abriu os olhos, ao mesmo tempo em que se virava. A luz da varinha não era o suficiente para preencher todo o ambiente, mas era o bastante para que ela conseguisse distinguir as feições de um pequeno garoto vestido em pijamas grandes demais para o seu corpo.

Ele esfregou as lágrimas nos olhos. Ele era tão delicado, uma forma em miniatura perfeita de Draco, mas com traços mais suaves e olhos de uma cor que não era azul gélido.

– Estou com medo que você fique igual o tio Harry.

Ela sabia que deveria falar alguma coisa para tranquilizar o menino. Mas, se falasse, estaria admitindo para si mesmo que o via, que o escutava e que se importava com ele. Isto seria o atestado final da sua loucura.

Ela andou na direção das escadas pela qual subira, pulando dois, três degraus de uma só vez. Precisava sair dali imediatamente!

Não sabia por que estava tão assustada.

Não era real!

Não deveria ter medo do que não existe.

Não é real!

Na pressa de fugir, acabou por perder o equilíbrio quando as escadas moveram-se. Caiu e rolou e rolou e rolou. Por sorte, não despencou para o vazio, pois o lance de escadas em que rolava girou para o lado e uniu-se a uma junção na parede, dando acesso ao quarto andar.

Por exatos quinze minutos, Hermione ficou estirada no chão, sangrando, a cabeça continuava a rolar por lances de escadas imaginárias. Estava tonta, dolorida e possivelmente louca.

Mamãe!

Fechou os olhos com força, tampando os seus ouvidos. O sangue das feridas da mão escorreu por seus cabelos e tingiram a sua face de escarlate.

– Quem é o meu pai? O meu verdadeiro pai!

– Isso não está acontecendo. Você caiu de uma escada e bateu sua cabeça forte nos degraus. Sim, você está delirando. Esta é uma reação perfeitamente normal – assegurou-se Hermione.

– Mamãe? Quando o tio Harry vai acordar?

Hermione ergueu-se com dificuldade, as pernas bamboleavam debaixo de si. Precisou fincar suas unhas na parede para manter-se em pé. Surpreendentemente, sua varinha continuava no aperto firme de sua mão.

Ela sentia a presença do garoto às suas costas, mas não se virou para averiguar se sua suposição era real. Porque ela não era. Ele não era real!

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Draco estava particularmente inquieto naquela noite. E com raiva, o bastante para chutar uma armadura e acabar sendo chutado de volta.

– Você sabe quem eu sou, seu monte de lixo metálico!

No momento em que ele considerava dar outro chute apenas para deixar claro que era que estava no comando da situação, escutou som de passos ecoando pelo corredor.

Ergueu a varinha, esperando encontrar qualquer outra coisa absurda que não Hermione manchada de sangue.

Ele a encarou, sem reação. Ela mancava, os seus cabelos estavam completamente bagunçados e desalinhados, em suas duas bochechas havia um longo traçado vermelho e seu nariz sangrava, os lábios estavam cortados, a testa estava cortada, os braços estavam cortados.

A primeira coisa na qual ele pensou foi – Meu pai.

A segunda coisa na qual ele pensou foi – Não fui eu.

– Pelas barbas de Merlin, Granger! O que aconteceu? – disse ele, esquecendo-se da sua desavença com a armadura e da dor na coxa, onde recebera um chute certeiro e potente.

Ela colocou as mãos nos ouvidos e, nesse momento, ao soltar-se da parede, perdeu o equilíbrio e caiu mais uma vez.

– Faça ele se calar! – gritou ela, visivelmente desesperada e fora de si. Ela balançava a cabeça com força, como se tentasse a arrancar da sua junção com o pescoço. Parecia ser um movimento doloroso e, de fato, o era.

– Quem?

Draco olhou de um lado para o outro, mas não havia ninguém, exceto os dois.

– Você não o vê? – Os olhos dela o pressionavam a responder “sim, sim, eu também os vejo”, porque essa seria a única forma de negar a sua loucura. Se ele não visse o menino, se não fosse capaz de escutar as suas palavras... O que isso significava? Por que somente ela estava sendo atormentada dessa forma?

– O que eu deveria, exatamente, estar vendo? – perguntou ele, caminhando na direção dela com cuidado para não a alarmar nem a fazer correr para longe.

– O menino...

– O menino?

– Meu... – ela não podia se obrigar a dizer a palavra entalada na sua garganta.

– Granger, acalme-se e explique-me o que aconteceu.

Ele ajoelhou-se na frente dela. Com a proximidade, ele podia analisar a profundidade de seus machucados e a loucura gritante nos seus olhos.

– Eu estou enlouquecendo – disse ela, enterrando o rosto nas mãos e, finalmente, permitindo-se chorar.

Draco fitou as suas mãos, sentindo-se completamente perdido. Ela estava chorando. Ele não sabia o motivo. Ela estava sangrando. Ele também não sabia o motivo disso. O que deveria fazer? Segurá-la em seus braços como um bom e gentil cavalheiro e levá-la à enfermaria, onde todas as perguntas continuariam sem respostas e onde os adultos não aceitariam o silêncio com a mesma paciência que os jovens e que os fariam revelar todas as visões que tiveram, inclusive as mais íntimas?

Definitivamente, a roupagem de cavalheiro não lhe caía bem.

A segunda opção também não lhe agradava, mas um sonserino precisava fazer o que fosse necessário para conseguir o que queria.

Muito lentamente, ele esticou as mãos e as depositou sobre os ombros de Hermione, apertando-os levemente. Surpreendentemente, ela não ergueu os olhos para fuzilá-lo. O choro não cessou.

– Não chore – disse ele. A sua voz estava estranha, como se ela não pertencesse a ele, mas a uma armadura de metal inanimada. Quando as palavras não aparentaram surtir a reação esperada nela, ele segurou os braços dela, sem delicadeza, e a puxou para fincar seus pés no chão. – Eu acho que já terminamos por hoje.

Se ela o escutou, não fez menção de deixar registrado que o fez.

Ele suspirou e preparou-se para fazer o que deveria ser feito.

Passou um braço pela cintura dela, mantendo-a firme, e a carregou para o seu quarto. Durante o caminho, obviamente, ocorreram situações em que ela se soltou do aperto dele e tentou se afastar, mas o máximo que ela conseguia caminhar sem se desfazer sobre si mesma eram dois ou quatro passos. Então, Draco a segurava novamente e a puxava para seguir o caminho. Se fosse perguntado, ele responderia que foi uma longa, longa caminhada. E a parte da escada foi desalentadora. Ele teve que resistir à vontade de deixá-la rolar escada a baixo mais de uma vez.

Por fim, eles terminaram no seu quarto, numa cena muito peculiar. De alguma forma, Hermione encontrou o caminho para a grande cama e não sentiu o menor pudor ao deitar-se sobre ela e abraçar-se a um dos muitos travesseiros. Tudo o que Draco podia fazer era encará-la com olhos semicerrados. Estava na hora de acabar com aquela baboseira!

Ele era Draco Malfoy, não um elfo serviçal de uma sangue-ruim!

– Ok, Granger, pare! – falou ele.

Ela parou de chorar. Fungou. Limpou as lágrimas e encolheu-se na cama. O corte na sua testa ainda sangrava e a lateral da sua cabeça estava tão vermelha... Draco engoliu a vertigem e vestiu sua melhor expressão de pura indiferença.

Hermione sentou-se na cama, lentamente, apontou a varinha para a sua cabeça e sussurrou algum feitiço.

– O que você está fazendo? – perguntou Draco.

– Cuidando das minhas feridas – disse ela, recomposta da crise de insanidade que teve um momento atrás.

Draco puxou uma cadeira e a assistiu cuidar de si mesma. Em nenhum momento passou pela sua cabeça oferecer ajuda.

Quando ela abaixou a varinha, ergueu os olhos e, baixinho, perguntou se poderia usar o banheiro para limpar o sangue dos cabelos e da face.

– Eu não posso aparecer no Salão Comunal dessa forma... Harry nunca mais me deixaria em paz se soubesse – suspirou.

Draco permaneceu quieto, observando-a, um dedo deslizando pela borda de seu lábio inferior.

– Malfoy?!

– O que aconteceu com você? – disse ele, de repente.

Ela suspirou, percorreu os cabelos sujos com os dedos sujos e, novamente, suspirou.

– Eu estava delirando – sussurrou ela, encarando a varinha na sua mão.

Houve uma pausa, na qual nenhum dos dois preencheu o silêncio. Apesar disso, Draco deixou claro que estava esperando que ela continuasse; enquanto Hermione deixou claro que não queria ter que explicar a sua loucura.

Ela o fez mesmo assim. Se tivesse alguém que a compreenderia, por mais estranho que isso soasse, seria o Malfoy.

– Eu escutei vozes e vi esse menino. Mais de uma vez. Não apenas hoje. As outras vezes, no entanto, foram vislumbres rápidos, eu nem mesmo cheguei a considerá-los. Além disso, eu estava cansada demais para realmente absorver o que acontecia. Mas, hoje, no Grande Salão, eu o vi nitidamente. – Outra pausa. Draco esperou. Hermione jogou-se na cama, lembrando-se tarde demais a quem ela pertencia e a que propósito era utilizada.

Ela saltou para fora da cama e encontrou uma poltrona próxima para sentar-se. Ainda se sentia fraca demais para ficar em pé, sobretudo quando contava sobre o que acabara de acontecer.

– Ele parece muito com você – murmurou ela de forma quase inaudível.

Ele é o menino? – Draco deu bastante ênfase no “o”. Antes mesmo que Hermione balançasse a cabeça em afirmação, ele já sabia a resposta. Quem mais seria?

– Você já o viu também?

– Apenas em pesadelos – admitiu.

– Ele apareceu diante de mim no quarto andar... Ele parecia tão real... – Seus olhos encheram-se de lágrimas. De onde elas vinham?, perguntou-se Hermione. Não era possível que ainda existissem lágrimas intactas dentro de si. – Ele me perseguiu... Ele estava tão assustado, e ele fazia essas perguntas...

– O que ele dizia?

– Quando Harry iria acordar? Quem era o pai dele? Por que você o abandonou?

Ela ergueu os olhos, e ele afundou os seus no colo.

– O que você falou?

– Nada! Eu não estava tão louca a ponto de falar com algo que nem ao menos era real!

– Mas parecia.

– Mas não era!

Ninguém seria capaz de convencê-la do contrário.

Após um silêncio mais longo, Hermione verbalizou seus pensamentos.

– Você não está tendo pesadelos. – Apesar de ser uma afirmação, soou como uma pergunta.

Porque soou como uma pergunta, ele respondeu.

– Finalmente consigo dormir uma noite inteira. Porém, às vezes, quando estou cansado e sento-me para descansar durante o intervalo entre uma aula e outra, continuo a ter essas visões ridículas...

– Às vezes, eu também. O que você vê?

Ele a encarou da forma mais sarcástica que podia, porque a resposta era óbvia demais para que ele se dignasse a pensar em responder.

– Por que somente eu tenho pesadelos agora? Por que somente eu estou perdendo a minha mente e delirando? – falou ela, visivelmente alterada.

Draco dignou-se a fazer um movimento com os ombros, que poderia ou não significar qualquer coisa. A verdade era que, por baixo da fachada de indiferença, ele se perguntava o mesmo.

Então, ele compreendeu.

E ela também.

Ambos trocaram um olhar alarmado e encararam a porta do quarto com demasiado interesse, como se ela fosse um perigoso artigo mágico.

– Você colocou feitiços de proteção na porta! – Dessa vez, não soou como uma pergunta.

– Logicamente! Não me confunda com aqueles seus dois amigos sem cérebro! Ninguém entra no meu quarto sem que eu saiba e sem que eu queira.

Ela o olhou, confusa. Ela estava no quarto dele, mas... Essa era uma linha de raciocínio que não tinha a menor disposição para seguir.

– Quem está fazendo isso conosco não pode entrar no seu quarto sem que você saiba. – Hermione disse o óbvio.

– O que significa que ele precisa estar presente para nos fazer manifestar as visões. – Draco disse o óbvio.

– Elas não são reais! – Havia júbilo na voz de Hermione, e havia alívio nos olhos de Draco. – Nós precisamos descobrir como nos proteger do que quer que estejam fazendo conosco.

– Talvez seja uma poção – sugeriu Draco, fingindo não ter notado o sujeito no plural que ela usara.

– Talvez seja um feitiço!

Hermione ergueu-se, repleta de energia novamente. Era maravilhoso saber que não estava enlouquecendo e que existia uma explicação lógica para tudo o que vira e ouvira e experimentara.

Mais uma vez, ela perguntou se poderia usar o banheiro para se limpar.

Dessa vez, Draco acenou.

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Mais de uma hora depois, Hermione saiu do banheiro com os cabelos molhados pregados na face que, apesar de estar limpa, não apresentava a mesma felicidade que exibira antes de fechar a porta atrás de si. Ela parecia tão arrasada quanto no momento em que ele a vira mais cedo naquela noite, despencando sobre seus joelhos e chorando.

A toalha sobre os ombros dela ainda estava úmida e suja de sangue.

– Malfoy – sussurrou ela.

Ele, que estava fingindo dormir, entreabriu os olhos e balançou uma mão na direção dela, como se a dispensasse ou a incentivasse a continuar. Quando o assunto era Draco Malfoy, ela nunca estava certa.

Hermione abriu a boca diversas vezes, tentando falar algo que se recusava a escapar de dentro de si, não importava o quanto ela alargasse a boca. O que ela estava a dizer era uma daquelas coisas que não podem ser ignoradas, que uma vez ditas não se pode fingir que nunca as escutou ou que nunca as pronunciou.

– Eu... – tentou ela novamente, encarando o chão. – Eu queria saber se... Bem... Hm... Posso dormir... Aqui?

Quando Draco abriu completamente os olhos e ergueu uma sobrancelha, ele não se lembrou de fingir sentir sonolência. Nem poderia depois de ter escutado o que ela acabara de dizer.

– Eu jamais dormiria debaixo do mesmo teto que você!

Ele não a acusou de “sangue-ruim”, mas, se o tivesse feito, a pontada não teria doído tanto.

Ela suprimiu a vergonha, o orgulho, a vontade de enfrentá-lo e de fugir. Ela o encarou, séria.

– Não é justo que você possa dormir aqui, protegido dos pesadelos, enquanto eu tenho que passar a noite inteira me revirando de um lado para o outro, assustada, com medo, com raiva. – Ela disse isso com uma pontada de histeria no tom de voz. – Eu preciso dormir! Eu não posso mais passar o dia num estado de semiconsciência! Eu não consigo estudar, não consigo comer nem manter uma conversa com os meus amigos. Todo mundo está começando a perceber que há algo de errado comigo e, logo, as minhas notas cairão drasticamente. Eu realmente preciso dormir uma hora inteira em paz, sem sonhos.

Ele compreendia o que ela sentia, vivenciara o mesmo desespero no início daquele ano, antes de receber o posto de Prefeito das Casas de Hogwarts e um quarto só seu, inacessível ao resto do mundo. A necessidade dela já fora a sua. A loucura dela também já lhe pertencera.

Ele sabia que ela seria capaz de fazer qualquer coisa por uma noite inteira de sono, porque ele teria feito o mesmo.

– Isso não sairá de graça – disse ele.

– O que você quiser – foi a resposta dela.

E como ele a apreciava.

– Você não dormirá na minha cama.

– Eu não quero dormir no mesmo lugar que você usa para fornicar com aquelas garotas!

Draco riu curto e seco. Sem humor.

Ele não a queria de forma alguma no seu quarto. Mas a proposta dela era algo muito tentador.

O que você quiser, ela disse sem hesitar.

Sem outra palavra, Hermione deitou-se no amplo sofá de couro negro que havia de frente para a grande lareira, no extremo oposto do quarto. Chutou os sapatos para fora dos pés, jogou a toalha suja numa poltrona próxima, colocou uma almofada debaixo da sua cabeça e fechou os olhos.

Draco afundou na cadeira, suspirando alto. Aquela estava sendo uma longa noite, e ela apenas acabara de esticar ainda mais.

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Não podia dormir. Não podia respirar.

A presença dela era um desconforto doloroso debaixo da sua axila direita. A presença dela era a marca de uma antiga ferida no dedão, que começava a sangrar depois de tanto tempo, sem aparente razão.

Ele revirou-se na cama pelo que parecia ser a milésima vez.

Mentiu quando disse que conseguia dormir uma noite inteira sem transtornos. Apesar de não existirem pesadelos para fazê-lo acordar gritando e suando frio, havia ainda as lembranças deles, que não tinham o mesmo drástico efeito, mas que o deixavam nervoso e o impediam de dormir sem maiores preocupações.

Nessa noite, especialmente, ele não foi capaz de pregar os olhos por trinta minutos seguidos sem que as lembranças de sonho o atormentassem. Cada uma delas era sobre a garota que dormia quietamente e não muito confortável em seu sofá e, em cada uma delas, ela estava incrivelmente nua.

Aquelas lembranças de sonho o faziam sentir duas sensações distintas: Primeiro, era comum sentir excitação e desejo. Segundo, era ainda mais comum sentir raiva de si mesmo por estar ficando tão excitando com um pensamento sobre uma sangue-ruim amiga do Potter!

Rolar na cama só piorava a situação, sobretudo quando o seu membro era pressionado contra o colchão ou contra uma de suas coxas. Ele estava tão excitado.

Queria colocar a mão dentro das calças do seu pijama e aliviar-se, mas jamais faria isso pensando nela. Jamais.

Os pensamentos na sua cabeça não eram reais, sequer pertenciam a ele. Eles foram feitos para enfraquecê-lo, manipulá-lo, coagi-lo. Draco não cederia a eles.

Nas visões que não lhe pertenciam, ele poderia desejá-la. Mas, na realidade, quando estava são e no controle de si mesmo, sentia nojo e desprezo por ela. Nada mais.

* * *

Hermione teve uma maravilhosa noite e um magnífico dia sem sonhos. Ela dormiu por dezesseis horas seguidas.

Acordou com o sol que entrava pela janela a cegando. Ao lembrar-se de tudo o que acontecera na noite passada e de onde, exatamente, estava, pulou no sofá, colocando-se em pé e procurando por sua varinha, que, de alguma forma mágica, ainda continuava atada ao seu aperto.

Ela encontrou Draco a encarando com uma interrogação nos olhos. Ele estava na sua grande cama, sem camisa, lendo um livro sobre feitiços.

Hermione não sabia apontar qual era o item mais bizarro de toda a cena. Provavelmente, o livro.

– Que horas são?

– Como eu deveria saber? – retrucou Draco, sem humor, retornando a sua atenção ao que lia.

Hermione vasculhou o quarto com um olhar. Não havia um único relógio em todo o quarto. Certamente, Draco não se importava com coisas tão vãs e humanas como pontualidade.

– Eu preciso ir – disse ela para ninguém em especial, calçando o seu sapato com pressa para sair dali.

Ela sabia que deveria agradecê-lo por tê-la deixado ficar, mas não conseguia se força a dizê-lo.

– Espere – falou ele, sentando-se. – Eu quero lhe mostrar algo, mas você precisa prometer que não irá fazer um caso sobre isso.

Hermione hesitou, porém concordou. Ela o viu erguer-se, abrir o guarda-roupa e retirar um livro de dentro.

Ela estava tão tensa quanto ele.

Draco o entregou em suas mãos. Ela não precisava ler o título para saber qual livro era.

– Onde você o encontrou?

Draco jogou-se no sofá e esperou que ela deduzisse que deveria fazer o mesmo. Quando ela se sentou, ele contou-lhe toda a história, com pequenas emissões necessárias para não relevar o que as visões lhe faziam sentir. Hermione esperou que ele concluísse sua história. Ela estava muito quieta, muito silenciosa, os olhos fixados nas cinzas da lareira.

Quando ele terminou, Hermione levantou-se, muito lentamente, e andou de uma extremidade a outra do quarto. As mãos massagearam a capa do livro, mas não a abriram. Por fim, ela retornou ao seu lugar no sofá.

– Por todo esse tempo, você teve o livro em suas mãos e nunca considerou me dizer algo sobre isso? – perguntou ela. Não havia acusação no seu tom de voz nem raiva moderada; a voz dela, como a dele, não deixava transparecer emoção. – Eu contei para você sobre o livro, eu compartilhei esse segredo. Eu não tinha o dever, mas o fiz mesmo assim. Obviamente, você é incapaz de demonstrar confiança por qualquer outro ser vivo que não tenha o seu mesmo sangue azul!

– Eu estava tentando descobrir algo sobre ele sozinho – disse Draco, cruzando os braços.

Hermione o encarou nos olhos por mais tempo que qualquer outro ser humano julgava possível. Draco não vacilou, devolveu o olhar na mesma intensidade.

Aquilo se transformou num jogo: quem desviasse primeiro perderia tudo.

Porém, algo peculiar aconteceu. Novamente.

Aos poucos, de forma vagarosa, sem deixar vestígio de mudança, as feições do loiro foram se suavizando. Pelo ponto de vista de Hermione, parecia mais que elas estivessem se desmanchando, enquanto ele lutava para arrumá-las. Primeiro, foi o mais sutil dos movimentos no canto da boca, que, há poucos segundos, estivera apertado em desgosto, mas, agora, cedia e formava uma linha reta, sem expressão. Então, novamente, a ponta do lábio foi repuxada e apertada. Então, novamente, ela cedeu. Dessa vez, aparentava que a sua forma demonstrava o prenúncio de interesse, o que vindo de um Malfoy, significava muito.

Em segundo, foi a expressão nos olhos dele. Ele a olhava como se estivesse rindo internamente, em escárnio, da forma patética como ela se atrevia a desafiá-lo. Contudo, o desdém desapareceu. Ele parecia meramente curioso, como se estivesse entediado demais para mostrar interesse.

As pupilas dele dilataram-se, até esse movimento parecia ser parte de uma drástica e cruel luta interna. Ele aproximou-se dela, então se afastou, e voltou a se aproximar, com cuidado.

Pela visão periférica, ela podia ver o quanto os ombros dele estavam tensos. Ela sentiu a engraçada vontade de depositar uma mão sobre eles para aliviar a tensão. Isso era tão absurdamente ridículo, que ela riu. Não foi um riso comedido, envergonhado de si mesmo, mas uma gargalhada completa, cheia de emoção e de vida.

Ele soltou o ar no rosto dela. Foi assim que ela percebeu o quão perto ele estava. Os cabelos dele caiam sobre a sua testa, misturando-se com os seus; o nariz dele encostava suavemente no dela, toda vez que ele deixava o ar escapar pela boca.

O riso ficou preso na garganta dela. Ela sentiu, abruptamente, a falta de ar. O coração batia rápido, de forma que a pulsação gritava nos seus ouvidos. Porém, se esta era a dela ou a dele, não poderia afirmar.

Novamente, a feição dele se transmutou. Ela não conseguia ignorar o pensamento de que cada linha de tensão na expressão dele denunciava que ele estava indo fazer algo que não lhe agradava nenhum pouco.

Ele irá me beijar, a mente dela gritou em pânico. Chute ele, sua idiota! Não fiquei aí parada como uma daquelas garotas que ele só usa e descarta!

No momento em que ela se preparou para afastá-lo de si aos tapas, a boca dele caiu sobre a dela.

Por um minuto, nenhum dos dois se moveu. Os olhos dela ainda estavam abertos, alargados em confusão, em descrença, em surpresa.

Então, os lábios dele se moveram, lentamente, testando a textura dos dela. Surpreendentemente, eles se moviam delicados, com cuidado.

Hermione sentiu outra engraçada vontade – a de também mover os seus lábios. E foi isso o que ela fez.

Beijá-lo não era estranho nem desconfortável como seria de se esperar. Nos seus pesadelos, ela fizera isso um milhão de vezes diferentes, de forma que o beijar parecia algo tão natural quanto respirar ou cuidar dos seus amigos.

Os lábios dele eram macios sobre os seus, mas também exigentes. Eles diziam – Estou sendo delicado agora para agradá-la, mas eu irei a beijar do jeito que quero, e você irá gostar.

Foi dessa forma que ele abriu os lábios dela com os seus e deixou a língua deslizar para dentro dela. Os olhos de Hermione, que estava em forma de meia-lua, fecharam-se completamente.

Ele a beijou com uma voracidade que ela nunca antes conhecera. As mãos dele agarraram-na pela cintura e puxaram-na para o seu colo. Ele queria devorá-la. E ela estava tentada a deixá-lo.

Ela enrolou as suas mãos nos cabelos dele, sentindo a sua maciez. O corpo dele parecia tão familiar, que era impossível não se sentir confortável próxima dele. Ela pressionou-se contra ele.

A única parte estranha de todo o acontecimento era que ela não conseguia lembrar se isso era mais um de seus afáveis pesadelos ou se era a terrível realidade. A boca dele na sua, as mãos dele acariciando suas costas, a respiração dele na sua bochecha, a testa dele contra a sua, tudo parecia tão certo, tão familiar.

Teria que ser um pesadelo, porque ela jamais iria beijá-lo em plena consciência!

Porque era um sonho, ela deixou as mãos dele erguerem o tecido da sua saia e massagearem as suas coxas. As suas próprias mãos estavam deslizando em direção ao peito nu dele.

Ela sabia que deveria acordar, mas, porque era um sonho, não queria.

Ele retirou a boca da dele por um momento, o suficiente apenas para que conseguissem puxar algum volume de ar para os pulmões. Ele retornou a beijá-la, sem calma, sem delicadeza.

Quando a ponta do dedo dele tocou numa região delicada entre as suas pernas, ela arfou. Sua mente rodopiou, sentindo-se bêbada e sentindo que havia algo muito errado. Com a boca dele na sua e com as mãos dele desenhado padrões na sua pele, ela não conseguia pensar.

Ele mordiscou o lábio inferior dela e os seus dedos acariciaram aquela região delicada e úmida. Movida pelo instinto, ela moveu-se ao encontro dos dedos dele, gemendo baixo. De repente, ela se sentia muito viva e real.

Real, o pensamento rolou por sua mente. Um alerta soou das profundezas de si, um grito baixo, que ela descobriria, mais tarde, ser o seu próprio.

Abruptamente, ela se jogou para fora do colo dele, colocando-se de pé. Deu dois passos trêmulos para trás e precisou segurar na borda da lareira para firmar-se no chão. Ela estava tremendo como um terremoto, como um, ela queria destruir algo.

No sofá, Draco respirava com dificuldade. Ele a fitou por um segundo inexistente, antes de ser abatido pela compreensão. A cabeça dele pendeu para trás, os olhos fecharam-se, uma das suas mãos esfregou o seu rosto com força; enquanto a outra mão esmurrou, com a mesma força, o sofá. Ele soltou uma eloquente frase repleta de ricos xingamentos em diferentes línguas. Uma delas, Hermione percebeu, era latim. Ela não conhecia xingamentos em latim, até aquele momento, claro.

Talvez uma hora tenha se passado até que ambos conseguissem retomar o controle de seus corpos e se sentissem preparados para encarar a terrível verdade.

Ela não conseguia olhá-lo nos olhos, por isso observou um ponto na parede oposta. Sentia o seu rosto arder, febril. Deveria estar pateticamente vermelha. Queria esconder o rosto nas mãos, mas não se deveria demonstrar medo ante a uma cobra.

Respirando fundo, obrigou-se a mover os olhos na direção dos dele. Ele a encarava com o seu típico desprezo, com um ar esnobe e insolente. Se ele havia sido afetado pelo que aconteceu, jamais demonstraria uma reação verdadeira sobre isso.

– Saía daqui – latiu ele.

Ela queria acusá-lo, chutá-lo, esmurrá-lo; deixar bem claro que, se ele tocasse nela novamente daquela forma ou de qualquer outra forma, iria transformá-lo numa lagarta e iria derramar um saleiro sobre ele e iria assisti-lo dissolver rindo escandalosamente e comendo sapos de chocolate. E foi exatamente isso o que ela fez.

Ele a encarou com a mesma raiva vermelha com que ela falava.

Ela pegou o livro que, em algum momento, havia parado no chão e retirou-se do quarto, fazendo questão de fechar a porta com força atrás de si. Desceu as escadas correndo e desapareceu na curva de algum corredor.

Quanto a Draco, ele afundou no sofá, de olhos fechados, punhos pressionados ao lado do seu corpo. Ele estava sentindo muito de uma só vez, precisou de todo o seu autocontrole para permanecer impassível diante dela. Agora, no entanto, ele desmoronava.

Ele fizera o que prometera jamais fazer.

Havia um gosto agridoce na sua boca.

Ela era tão suave e doce...

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Naquela manhã, Hermione estava particularmente mal-humorada. Contudo, segundo seus dois melhores amigos, se fosse considerada toda a péssima semana repleta de noites mal dormidas que a garota estava tendo, aquela era uma manhã como qualquer outra em Hogwarts.

– Hermione – chamou-a Harry, após a aula de Poções. Rony o seguiu de perto, mas não perto o bastante para que Hermione pudesse voltar a sua nítida raiva contra ele. Ela tinha um olhar completamente louco.

– O que você quer? – falou ela, sem se dar o trabalho de se virar ou de interromper o seu caminho. – Estou ocupada.

– Eu e Rony estamos preocupados com você.

– Eu nunca estive melhor! – disse ela, com um tom azedo na voz.

Rony deu um largo passo para trás. Harry olhou para ele, pedindo ajuda. Mas, Rony era inteligente o bastante para saber quando não brincar com um cão espumando raiva.

– Nós estávamos pensando em falar com o Malfoy – falou Harry, tomando o cuidado de dar um passo para trás.

Hermione parou e virou-se, encarando-o como se ele tivesse acabado de falar que Rony havia se transformado num ursinho de pelúcia laranja de três metros de altura.

– O quê?

Harry repetiu, apesar de Rony lançar um gritante olhar de advertência. Não diga nada, vamos sair daqui enquanto ainda podemos.

– Por que você faria isso? Por acaso se esqueceu de que ele é o inimigo, de que ele está conspirando com Dolores para destruir a escola, que ele é um porco imundo preconceituoso cheio de si?!

– Não – murmurou Rony.

– Você não está bem, Hermione. Se você não nos diz o que está acontecendo, precisamos descobrir de outra maneira. Essa ideia não me agrada, mas, gostando ou não, ele também está fazendo parte disso.

– Ele não tem nenhuma parte nesta história!

– Hermione, ele também está tendo visões e pesadelos. Se nos unirmos, podemos descobrir o que está acontecendo e, então, fazê-los acabar.

– Eu não irei colaborar com esse absurdo!

– Eu sei que você não gosta dele tanto quanto o resto de nós, mas, às vezes, é necessário colocar as diferenças de lado por um bem maior, para fazer o que é certo.

– Boa sorte tentando convencê-lo a escutá-los – disse ela, e isso soou como um adeus. De fato, o foi, pois ela se virou e continuou o seu percurso.

– E agora? – perguntou Rony.

– Agora, vamos tentar a sorte com o Malfoy.

– Isso não terminará de forma melhor...

– Eu sei...

.

Naquela noite, por volta das vinte e duas horas, duas batidas tímidas na porta soaram no quarto de Draco. Ele saiu do banheiro, levou todo o tempo mais do que necessário para vestir-se, caminhar até a porta e abri-la. Esperando encontrar a única pessoa que desejava jamais ter que ver novamente, ele fez o seu melhor para aparentar estar completamente recomposto do acidente daquela manhã.

Foi uma surpresa para os três sujeitos encontrarem-se em tal situação. Draco ficou surpreso ao dar de cara com uma cabeleira ruiva e outra negra, que escondia uma cicatriz em forma de raio. Harry e Rony ficaram surpresos pelo sonserino ter se dado o trabalho de abrir a porta para eles.

– Ela os mandou aqui para quebrar a minha cara? – perguntou Draco, sem humor. – Zabini tentou uma vez, perguntem a ele como isso terminou.

Harry e Rony entreolharam-se, confusos.

– Ela estava enfurecida nesta manhã – balbuciou Rony. Ali, em algum lugar, havia a conclusão do ocorrido, mas ele não poderia encontrá-lo sem rever todas as situações que o levaram até ali.

– Ela não parecia cansada, pensando nisso – sussurrou Harry de volta.

– Ela parecia bem disposta, na verdade, mais do que estivera nos últimos dias.

– Ela deve ter dormido...

– Por que nós deveríamos quebrar a cara dele? Não que eu não queria, mas...

– O que você fez com ela? – questionou Harry, sério, encarando o loiro.

– Nada – murmurou Draco, xingando-se por ter soltado aquele comentário idiota. – O que vocês querem?

Harry analisou o rosto dele, procurando um traço que denunciasse a sua culpa. Tudo o que encontrou foi desprezo e escárnio.

– Nós precisamos da sua ajuda – admitiu por fim. – Hermione não está bem, e ela não quer nos dizer o que está acontecendo. Nós precisamos achar uma forma de fazer essas visões pararem, antes que ela se machuque.

Tarde demais, pensou Draco.

– E o que eu tenho a ver com isso?

– Eu disse que precisamos da sua ajuda. Você é a única pessoa que sabemos estar passando pela mesma situação que ela, você é o único que sabe o quanto ela realmente está sofrendo. Eu tenho certeza que até mesmo você tem tentado se livrar disso de alguma forma, pesquisando sobre poções e feitiços sozinho. Mas, pelo visto, você ainda não encontrou qualquer informação útil.

– Diga logo o seu propósito, Potter!

– Em tempos difíceis, é necessário tomar medidas drásticas. Se nos unirmos, as chances de encontrar algo serão maiores do que se procurarmos por uma solução sozinhos. Nenhum de nós aprecia a ideia de trabalharmos juntos, mas esse é um assunto que interfere em cada uma de nossas vidas, não podemos esquecer isso. Se um encontrar a solução para acabar com isso, é mais que justo que o outro também possa usufruir da informação. Além disso, quatro cabeças pensando é melhor que uma.

Harry testou um sorriso, mas aquele à sua frente era um Malfoy. Não havia nenhum traço de simpatia entre os dois.

Draco considerou a proposta, em silêncio.

Pela segunda vez, os três sujeitos na cena ficaram alarmados.

– Ok – falou Draco, para a sua própria surpresa.

Rony e Harry piscaram.

– Então, nós podemos nos encontrar amanhã depois do jantar, na Biblioteca? – perguntou Harry, com o mesmo cuidado que usara naquela manhã para falar com Hermione.

– Eu não posso ser visto com todos vocês!

– Podemos nos encontrar na Ala de Poções, ela fica no fundo e nunca há ninguém por lá – falou Rony.

Draco acenou e fechou a porta.

Aquele estava sendo um dia muito estranho...


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Notas finais do capítulo

Conseguiram sobreviver? Bom, porque ainda tem muita coisa boa para acontecer :D
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Espero que tenham gostado ^^ Deixem um comentário, mandem o seu amor via telepatia, qualquer coisa tá valendo
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Beijão!



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