Desejo e Reparação escrita por Ella Sussuarana


Capítulo 13
II - Capítulo 11: Do que você tem medo?


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a todas os leitores que deixaram algum comentário, vocês são pessoas incríveis, de verdade! Fico muito feliz que vocês estejam gostando da história e que confiem em mim para contá-la! Muito obrigada!



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Parte Dois

{Os olhos azuis sobre os castanhos}

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Capítulo 11: Do que você tem medo?

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Era fim de tarde, os últimos raios de sol espalhavam-se abraçados à relva, o céu foi pintado com cores vibrantes de roxo mesclando-se no alaranjado frio e no azul sem fim.

Hermione respirou fundo o ar gelado, pressentindo a chegado do inverno, sentindo a indistinta calmaria de quem sabe que algo ruim acontecerá, em breve.

Dessa vez, quando viu o familiar cabelo louro lambido e aqueles olhos glaciais, o seu coração não pulou nem o seu sangue congelou-se. Ela virou um corredor, andou sem pressa, subiu as escadas, parou de frente a uma parede escondida atrás de um grande estandarte com as cores da Corvinal, levantou o tecido pesado apenas o suficiente para que o seu pé chutasse uma pedra que não se encaixava com perfeição na estrutura da parede e esperou. Um som abafado ecoou pelo corredor, uma parte da parede foi suavemente deslocada para trás.

Hermione adentrou a passagem secreta.

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Um sonserino loiro, furtivamente, seguia Hermione.

Quando ela desapareceu, de repente, ele não se alarmou. Já a seguia por semanas, aprendendo suas rotas e explorando o castelo com ela, em segredo, e, logicamente, sem o conhecimento disso por parte dela.

Ser furtivo era apenas uma de suas habilidades que poderia e que seria usada para praticar o mal. E, se ele pudesse, faria ressoar uma risada maligna no instante em que pensou sobre isso. Porém, resistiu ao impulso e caminhou, sem fazer um ruído, na direção de um grande e feio estandarte nas cores azul-ridículo e prata-sem-graça. Ergueu o tecido com a ponta da sua varinha, pois não queria tocar naquele pano empoeirado que, provavelmente, nunca foi lavado. E chutou uma pedra.

Novamente, um som abafado ecoou pelo corredor vazio.

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Hermione estancou ao escutar o ruído da passagem sendo aberta e, em seguida, fechada. O trajeto que seguia desembocava num corredor na ala leste do castelo, encurtando o que seria uma longa caminhada. No entanto, ele não era um dos mais agradáveis. As paredes eram feitas de rocha, não havia janelas, o espaço era amplo e escuro, e o cheiro de mofo fazia as narinas dela arderem. Com certa frequência, apareciam portas que escondiam quartos esquecidos pelo tempo. Nem mesmo Merlin gostaria de saber o que havia por trás daquelas portas! Portanto, Hermione mantinha-se o mais distante possível delas, com medo de que algo saltasse da escuridão.

Agora, contudo, não eram as portas que temia, mas os passos que se aproximavam.

Retirou a varinha do bolso e ergueu-a em posição de ataque.

Viu formas saindo do breu, uma luz pálida tremeu e preencheu o espaço em volta da pessoa que se aproximava, o rosto dela completamente envolto pela luz.

– Quem é você? – disse Hermione, sem vacilar.

A luz tremeu novamente, mas não se apagou, apenas se enfraqueceu, possibilitando que Hermione distinguisse os traços do intruso. Quando o identificou, não respirou aliviada nem abaixou a sua varinha.

– Granger – disse Draco Malfoy, com um nada sutil desprezo na voz. – Por mais inusitado que pareça, precisamos conversar sobre o que vimos naquela tarde, na Biblioteca. Eu vi, eu sei que você viu também, então para de fazer essa cara de desinteressada e me explica o que foi aquilo.

Hermione fez a sua melhor expressão de dissimulada, que não era nenhum pouco convincente.

– Granger, isso pode ser do jeito fácil ou do jeito difícil!

– E o que você vai fazer, Malfoy, me azarar para que eu fale sobre algo que não sei? Por favor, nós dois sabemos que você não pode competir comigo!

– Porque você é a bruxa mais brilhante da sua geração – falou e riu em escárnio. – Você não passa de uma impostura, sua sangue-ruim nojenta!

– Seu – começou, mas foi impossibilitada de prosseguir com o fabuloso xingamento que moldara pelo sorriso sarcástico do loiro. A boca dele alargou-se, mostrando os dentes brancos e perfeitos; era aquele tipo de sorriso que a fazia querer bater em alguém, de preferência no nariz arrebitado daquele ser asqueroso.

– Seu querido, seu amor, seu loiro lindo e gostoso? – riu-se Draco. – Eu sempre soube que era irresistível, mas nunca esperei que você, entre todas as garotas, fosse se apaixonar por mim. Acho que subestimei minha beleza, mas isso não acontecerá novamente!

– Eu não estou apaixonada por você! Não faz sentindo um ser humano se apaixonar por uma cobra venenosa! – gritou Hermione, apertando com força a sua varinha, que ainda permanecia erguida entre ela e ele.

– Essa é a única explicação para você ter tais pensamentos comigo – cochichou, como se estivesse segredando-lhe algo.

– Eles não eram meus!

– Então, o que foi aquilo? – perguntou, realmente confuso.

– Eu não sei!

Ele escutou direito? Hermione Granger havia admitido que não sabia de algo? Não tinha certeza se aquilo foi real ou apenas um momento de desvairo, por isso exigiria que ela repetisse, para que, novamente, pudesse degustar o sabor daquelas palavras – mesmo que somente de forma metafórica.

– Repita isso de novo!

– O quê?

– Repita isso de novo!

– O quê?

– Não, não, Granger!Para a bruxa mais brilhante da sua geração, você é bastante lenta!

– Seu...

Outra vez, antes que pudesse lançar uma série de palavrões enlouquecidos, Draco a cortou.

– Seu bruxo de sangue puro, rico, charmoso, inteligente e terrivelmente sexy? Eu sei, eu sei, Granger, todas dizem o mesmo.

– Você tem treze anos, e você está bêbado – disse Hermione, como quem diz o resultado de uma soma.

– Isso não faz o menor sentido – murmurou Draco.

– Porque você está bêbado e não consegue pensar, não que, quando sóbrio, as suas faculdades mentais sejam mais avançadas...

Ela esperava que ele fizesse uma careta e dissesse algo estúpido. O que aconteceu em seguida, no entanto, não foi tão diferente dessa suposição.

– Então, você admite que está apaixonada por mim? – disse ele, sorrindo largamente, os olhos deixando transparecer o humor que sentia pela improvável situação.

– Você é mesmo impossível, Malfoy! Eu já disse que não tenho nada a ver com aquela visão!

– Agora você admite que também viu aquilo, estou certo, Granger?

– É óbvio que não – murmurou, tropeçando nas palavras. – Eu não faço a menor do que você está falando!

– Deixe-me refrescar-lhe a memória: Você, eu, cama, quarto escuro...

– Pare, você está me deixando nauseada – apertou num ponto da barriga, massageando a região.

– Estava tocando uma música repugnante, e você estava suspirando alto e recitando o meu nome. Draco, Draco, Draco – sussurrou, imitando a voz dela.

– Eu jamais faria isso! – Hermione pisou no chão com tanta força, era de se admirar que o chão não tivesse cedido debaixo dela ou de Draco.

– Como pode ter tanta convicção? Tenho certeza de que não resistiria a mim – esboçou um sorriso malicioso. – Não que eu jamais fosse tocar nessa sua pele imunda, mas, se eu fizesse isso, provavelmente por estar sendo controlado por algum feitiço maligno, você se entregaria para mim.

Era o máximo que ela poderia aguentar. Subitamente, avançou para cima do sonserino, apontando a sua varinha exatamente na direção daquela detestável boca.

Draco desviou-se para esquerda, para evitar a cólera da garota, mas Hermione o seguiu.

Ele ergueu os braços em sinal de rendição e, antes que Hermione fosse capaz de sussurrar o feitiço, gritou.

– Paz, Granger! Eu vim em paz!

– Você não é capaz de compreender o que essa palavra significa, Malfoy!

– Eu apenas quero entender o que aconteceu – disse ele, soando, pela primeira vez na vida, sincero.

Hermione, surpresa pela aparente sinceridade do sonserino, estancou.

– Por que você se importa?

– Porque ninguém insulta a família Malfoy daquela forma! – disse ele, com fúria brilhando em seus olhos. – Eu jamais diria tais asneiras a alguém tão baixo na hierarquia quanto você, Granger. Eu sou de uma longa descendência de sangues-puros, e eu jamais corromperia o meu sangue com o seu. Eu nunca me deitarei com uma sangue-ruim, principalmente com os restos do Potter e do Weasley.

O momento de surpresa e de hesitação rapidamente se evanesceu.

– Você acabou de me chamar de vadia? – gritou Hermione, erguendo, mais uma vez, a sua varinha na direção do rosto do sonserino.

– Não estou certo de como você poderia ter confundido qualquer uma das minhas palavras com essa, Granger. Devo repetir tudo novamente, vagarosamente, para que você consiga acompanhar o raciocínio.

Hermione abaixou a varinha e deu um murro na cara de Draco. Ele pulou para trás e perdeu o aperto na haste da varinha, o brilho imediatamente se extinguiu.

– Controle essa sua língua, Malfoy! Da próxima vez que me ofender, irei amaldiçoá-lo!

– Você não teria coragem – a voz saiu abafada pelas mãos que apertavam a bochecha machucada.

– Você não tem a menor ideia do que sou capaz de fazer!

– Eu pensei que nós pudéssemos conversar como pessoas civilizadas, mas é óbvio que eu não poderia esperar nada mais que brutalidade de uma...

– De uma o quê, Malfoy? – desafiou-o. – Vamos, diga!

– De uma grifinorina!

Ela balançou a cabeça, satisfeita.

– Agora, responda a minha pergunta – exigiu o loiro.

– Não tenho certeza sobre o que aconteceu. – Era difícil confessar, a garganta fechava-se, os olhos ardiam e as unhas afundavam-se nas palmas das mãos, arranhando a pele. O orgulho a mataria um dia, se a fidelidade aos amigos não o fizesse antes. – O livro está enfeitiçado, eu pensei que ele retinha as lembranças de alguém... Quando o abri, comecei a escutar as vozes do Harry, do Rony, a sua voz e a de outras pessoas que não me são familiares. Ano passado, como você sabe, Gina abriu a Câmara Secreta por influência do resquício de consciência do Tom Ridley contido no diário dele. Eu pensei que o livro fosse algo parecido com o diário. Queria queimá-lo, mas a minha curiosidade me impediu. Experimentei perguntar ao livro a quem ele pertencia, ele respondeu que não pertencia e que queria me mostrar algo. Eu estava certa de que esse era um truque para dominar a minha mente, mas, antes que pudesse reagir, eu já estava dentro do que pensava ser uma lembrança... Porém... Não era exatamente uma memória...

Draco fez um ruído de desgosto e andou ao redor de Hermione, observando-a por completo pela primeira vez. Ela era pequena, magra e deselegante. Nada que ele não tivesse deduzido sozinho.

– Provavelmente, foi uma brincadeira idiota de alguém que realmente tem um desejo pela morte.

– Isso não foi uma simples brincadeira. Para realizar um feitiço como aquele, é necessário grande domínio sobre o seu poder, algo que meros alunos do terceiro ano ainda não têm – explicou Hermione.

– Pode ter sido alguém do sexto ou do sétimo ano.

– Talvez – murmurou ela, apertando a boca. Não tinha um bom argumento para rebatê-lo, visto que também não compreendia o que acontecera. – Por que alguém faria isso?

Apesar de a pergunta ser claramente retória, Draco franziu o cenho, sério, e respondeu, também sério.

– Quem fez isso só quer rir da minha cara!

– Isso eu consigo entender. Mas, e quanto a mim?

– Granger, não engrandeça o seu ser. É óbvio que você foi uma mera coadjuvante nessa brincadeira, o sujeito usado com o propósito de me ofender. Eu serei um poderoso bruxo, por isso muitas pessoas me invejam e almejam me derrubar. Essa não foi a primeira nem será a última tentativa.

Visto que discutir não adiantaria, Hermione fez a única coisa sensata a se fazer: revirou os olhos de forma dramática.

Draco, quem estava se acostumando a explorar os olhos dela, seguiu o movimento das íris castanhas, subindo, circulando o globo, num movimento lento e exagerado.

– Eu sugiro que investiguemos o livro para descobrir o que mais ele tem a mostrar – disse Draco.

– Eu não quero tocar naquilo de novo!

– Quem é o medroso agora, Granger? – Ele abriu um sorriso estonteantemente sarcástico, um prenúncio da sua iminente vitória.

Hermione cruzou os braços, fazendo uma careta. Mordeu a língua, para impedi-la de se jogar para fora da boca, na direção do detestável loiro.

– Você está escutando alguém gritando pelo papai por aqui, Malfoy? – Ela não se sentia tão corajosa quanto aparentava.

– Avise-me quanto estiver pronta, Granger.

– Como eu poderei avisá-lo sem que ninguém perceba?

– Tenho certeza que a bruxa mais inteligente da sua geração será capaz de pensar em algo, caso contrário, os seus admiradores ficarão decepcionados.

Sem outra palavra, Draco virou-se e partiu, deixando uma garota irritada parada no meio de um grande espaço formado por rochas, em algum lugar secreto de Hogwarts.


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Notas finais do capítulo

Não sei vocês, mas eu me diverti bastante lendo esse capítulo kkk
Espero que vocês tenham gostado! ^^
Deixem um comentário dizendo o que estão achando.
Beijões! :*