Desejo e Reparação escrita por Ella Sussuarana


Capítulo 1
Prólogo




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Hermione desceu sozinha do trem, carregando suas bagagens, procurando duas cabeças na multidão. Estava preocupada com os amigos, que perderam o trem por alguma razão desconhecida por ela, e, agora, provavelmente, sem ela, deveriam estar andando em círculos em algum lugar de Londres, tentando pensar sobre como chegariam a Hogwarts. Eles acabariam se metendo em alguma enrascada de proporções inéditas! E, o que era pior, sem ela!

Precisava admitir que se sentia traída pelos dois garotos, porque ela também queria viver grandes aventuras. Gostava de estudar e de ter uma tarde de calmaria, era verdade, mas, da mesma forma, gostava de sentir o sangue correndo em suas veias, quente, frenético, o coração batendo na imitação de tambores potentes, a mente fervilhando de excitação. Ela provara do perigo e se deliciara com ele. Tinha medo, logicamente, mas os companheiros a faziam se sentir ousada – o bastante para não reclamar por quebrar algumas regras e por ganhar alguns ferimentos.

Afinal, ela era da Grifinória.

– Ei. – Alguém a cutucou no braço, tirando-a dos seus devaneios. – Você parece precisar de ajuda. Deixe-me carregar algumas das suas malas.

Hermione virou-se para encarar o sujeito. Um garoto da sua idade sorria complacente para ela; ele tinha cabelos negros e lisos, olhos castanhos, pele negra, nariz arredondado, bochechas altas, estatura dois dedos abaixo da dela e trajava as vestes da Sonserina, com as suas cores verdes e prateadas e com o seu símbolo de serpente altiva.

O primeiro impulso dela foi perguntar por que ele estava oferecendo ajuda, quando a equação era simples e lógica: Ela, uma glifinorina; ele, um sonserino; resultado falho; soma resultante em zero elevado ao quadrado, ou seja, zero outra vez.

Sem esperar por uma resposta, o garoto retirou algumas das malas da garota e as colocou em seu carrinho. Ele segurou uma gaiola grande, onde um gato cinzento dormia, avesso ao que acontecia.

– Eu também tenho um gato como animal de estimação – disse ele, sorrindo mais largamente.

Hermione assentiu, incerta sobre como deveria se comportar.

– Você é a sangue-ruim de quem Malfoy tanto fala, não? – Ao perceber a expressão de desprezo na face dela, ele corrigiu-se: – Desculpe-me! Acho que você não gosta de ser chamada desse jeito. Eu também acho essas coisas umas baboseiras. Desculpe-me!

Novamente, Hermione assentiu, sem saber o que falar.

– Você é mesmo um sonserino? – perguntou ela.

Ele riu. Ela apertou as sobrancelhas e os lábios. Estaria ele se preparando para pregar alguma peça devassa nela? Provavelmente sim. Ela precisava ficar atenta aos movimentos dele para não ser pega de surpresa em um dos jogos das cobras.

– Foi isso o que o Chapéu Seletor disse. Mas, só entre nós dois, eu sinceramente penso que ele está enlouquecendo por causa da idade avançada – riu-se.

Hermione, contudo, continuava séria e muito, muito confusa.

– Relaxe, eu não irei mordê-la! – disse o garoto, cutucando-a no braço, como se fossem velhos amigos. – Chamo-me Blaise Zabini.

– Hermione Granger – foi tudo o que conseguiu falar.

Ele segurou na mão dela e a apertou forte, balançando-a.

– Eu sei – disse ele.

Ao chegar no término da estação, onde dezenas de estudantes, de bagagens e de animais diversos amontoavam-se à espera de um comboio vazio, Blaise devolveu-lhe as bagagens e, com um aceno de mão apressado, despediu-se da garota.

Antes que ele desaparecesse completamente, ela o escutou gritar.

– Eu juro: Ele está sempre falando sobre você, Hermione Granger!

Ainda mais confusa, ela adentrou numa carruagem e sentou-se ao lado de Neville Longbottom, quem remoia um pedaço de doce, apenas para ocupar a boca e manter-se esquecido pelos jovens que conversavam animosamente. Hermione, quieta num canto, observando a paisagem transmutar-se à medida que se aproximavam do castelo, não prestou atenção no que acontecia à sua volta nem fez esforço para se encaixar numa conversa, nem mesmo quando uma garota aproximou-se para perguntar-lhe algo que seria de suma relevância a ela.

– Onde estão Harry e Rony?

– Eu não sei – disse ela, virando-se para observar a floresta, sentindo um aperto desconfortável no peito.

Naquele ano, tudo mudaria. De novo. De novo.


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Notas finais do capítulo

E a, o que acharam? :D Deixe um comentário, por favor.