Hope for Us escrita por Lady Anne


Capítulo 5
Capítulo 5: Coisas boas


Notas iniciais do capítulo

Gente, o Nyah esta gongando minhas notas :c Espero que tds estejam bem! Obrigada a Liny, Caio, Gabriel e a tds vocês! Beijos, tudo de melhor sempre! Anne.



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Alguns dia depois...

Estava fazendo um dia lindo fora da prisão, então Carol pediu pra que eu cuidasse de Lizzie e Mika pra que ela pudesse lavar roupa. Esta preocupada porque as crianças ficam nas grades perto dos errantes, como se eles brincassem também.

Todos na prisão já haviam se acostumado comigo e me deram confiança, e eu para eles, então eu ajudava nas tarefas e fazia o que pudesse pra ajudar, pois sinto que tenho uma divida, afinal me deram abrigo, nunca poderei pagar por isso.

Ainda existem pessoas boas.

Eu e as meninas estávamos cuidando das flores perto do Bloco C, Lizzie era apaixonada por elas e sabia me dizer o nome de todas, apesar de ter só doze anos.

– Com quem você aprendeu todas essas coisas sobre flores? – perguntei enquanto regávamos.

– Mamãe, ela me ensinou varias coisas antes de morrer. – me senti realmente mal, ela falou isso com tanta naturalidade que foi assustador.

– Sinto muito por ela Liz, Mika, mas deu pra ver que ela fez um ótimo trabalho – sorri pra elas que se alegraram de novo.

– Tudo bem, ela pode ter voltado, ainda posso encontra-la um dia. – Lizzie sorriu como se estivesse sonhando. Voltado?

– Não veremos a mamãe de novo Liz. – Mika disse em tom de repreenda para a irmã.

– Você não sabe! – Lizzie insistiu.

– Que quer dizer com isso? – estreitei os olhos, confusa.

– Nada! – Mika quis fugir do assunto rapidamente – Esta quase na hora da leitura Hope, vamos!

– Tudo bem. – agora eu estava realmente curiosa sobre o que ela quis dizer com “ela pode ter voltado”, e esperava que não fosse o que eu estava pensando, mas deixaria para depois, afinal se tratava da morte da mãe dela.

– Você pode ler pra nós hoje! – Mika disse animada.

– Eu adoraria – me levantei e limpei a terra dos shorts – Vocês podem ir na frente, eu vou ver se o Carl quer ir.

– Sério? – Lizzie levantou uma sobrancelha – Ele nunca vai à leitura.

– Ah é? – O cowboy não gosta de ler? – Mas eu vou chama-lo mesmo assim, vai que eu consigo convencê-lo.

– Tudo bem, a gente vai indo. Não demore. – Mika disse e puxou Liz para dentro do bloco.

Carl costumava estar na horta a essa hora, cavando para plantar mais, adubando ou colhendo feijões. Ele sempre estava em busca de tarefas, não o via se divertir muito a não ser quando estava com Patrick ou lendo gibi.

Como eu pensei, lá estava ele cavando no sol com aquele chapéu de cowboy. É completamente ridículo o fato de que ele pode estar sujo e soado e continuar bonito.

– Ei fazendeiro. - ele parou de cavar e me olhou.

– Fazendeiro? – ele levantou uma sobrancelha, daquele jeito completamente irritante.

– É, só faltou o macacão. – sorri pra ele que balançou a cabeça e continuou a cavar – Como ta a terra hoje?

Sentei numa pedra perto de onde ele cavava pra poder ver o rosto dele embaixo da aba do chapéu.

– Marrom, com minhocas. – respondeu mal-humorado. Como um velho chato. – Como sempre está.

– Fazendeiros conhecem suas terras meu jovem.

– Não sou um fazendeiro. – ele jogou a pá e tirou o chapéu, passando o braço na testa pra secar o suor.

– Então porque você não lava essa terra da sua cara, e vem pra hora da leitura? – peguei o chapéu da mão dele e coloquei em mim.

– Hora da leitura? – ele falou com deboche, com aquela sobrancelha irritante levantada de novo.

– É, sabe, ler. – falei sarcasticamente.

– Você gosta disso?

– Porque não? – agora eu levantei uma sobrancelha.

– É coisa de criança. – Okay, Carl modo Babaca ativado.

– Da ultima vez que eu chequei você tinha quatorze anos.

– Eu pareço uma criança pra você? – ele disse com aquele tom arrogante.

– Parece, por quê? Virou um rebelde sem causa? – ele me encarou bravo.

– Você não entende. – ele balançou a cabeça e pegou o chapéu de volta.

– Conte-me o que é que eu “não entendo” – fiquei de pé e o encarei.

– Você não entende que não somos mais crianças, nós sabemos o que tem lá fora.

– Saber que o mundo virou um saco de merda? Isso não altera a idade de ninguém, pelo o que eu estou sabendo.

– Não estou falando de idade, você sabe disso. A gente passou coisas piores do que essas crianças nos pesadelos delas. – ele realmente disse isso?

– Graças a Deus, Carl, que elas não tiveram que passar por isso. E isso não muda as coisas.

– Não muda? Você não viu o que eu vi então. – ele pegou a pá e recomeçou a cavar – Eu não consigo passar por tudo isso, e simplesmente sentar para ler “O Pequeno Príncipe” agora.

– Quer voltar lá pra fora então? Fazer coisas de adulto? Ficar entre a vida e a morte mais algumas vezes, porque parece que essa é sua ideia de crescer. – eu falava calmamente.

– Eu não sou criança, Hope. Nem você. – o encarei indignada por alguns segundos, pensando se eu simplesmente deveria acertar uma pedra na cabeça dele.

– Eu sei o que eu passei Carl, não preciso que me lembre disso. Mas eu não mudei por nada disso, e eu não quero que aquelas crianças mudem. – ele não respondeu – Sabe, eu acho que alguém que lê Batman não esta na lista dos dez caras mais maduros do mundo.

– Engraçadinha. – ele balançou a cabeça – Não se trata de gibis.

– Ler Alice no País das Maravilhas vai deixar você quantos anos mais novo?

– Eu não vou para Hora da Leitura. – ele disse curto e firme.

Revirei os olhos e resolvi desistir, hoje ele ligou o modo “sou um idiota”. Apenas saí andando de volta ao bloco, me perguntando se todos os garotos do mundo apocalíptico seriam tão complicados quanto os do mundo normal foram.

*Narração Carl Grimes

– Cara, eu não sei o que você fez, mas peça desculpas. – Patrick me disse na hora do jantar.

– Até você? – perguntei indignado.

Estávamos sentados nas escadas do bloco de celas jantando, Hope não estava com a gente como na maioria dos dias, estava com Beth e Judith na cela dela. Depois que discutimos meu pai a viu saindo da horta (provavelmente fazendo buracos na terra com os pés de tão emburrada) e veio me perguntar o que aconteceu, e o que foi que ele disse?

“- Filho, não sei o que você disse, mas peça desculpas.”

– Eu não fiz nada, só disse a verdade, preciso pedir desculpas por isso?

– Ela só te convidou pra ler uma droga de livro infantil, não precisava ser grosso – cruzei os braços sem acreditar que ele concordava - ela estava realmente chateada quando chegou à biblioteca.

– Eu não fui grosso. – tá, eu fui um pouco, mas ela também foi, aquele jeito todo sarcástico e calmo dela me irrita.

– Olha jovem, se uma garota fica chateada com você, pelo que eu sei, sua vida pode virar um inferno.

– Novidade, já estamos no inferno. – Patrick revirou os olhos.

– Você está no inferno com uma única garota bonita, realmente quer irrita-la? – não sabia que Patrick a achava bonita, levantei uma sobrancelha – Só peça desculpas, ela é legal.

Fiquei em silencio pensando sobre isso, eu tinha os meus motivos para falar daquele jeito, ela me vê como uma criança então? Eu fiz coisas piores do que ela, provavelmente, porque não consigo ser uma criança depois disso. Depois de matar minha própria mãe.

Ainda estava silencio quando vi Hope sair da cela e ir em direção a saída, sozinha, sem olhar pra mim ou Patrick.

– Ei, onde vai? – perguntei, afinal já era muito tarde.

– Relaxa Cowboy, só vou ver as estrelas. – ela disse sem olhar para trás.

Olhei para Patrick e ele fez sinal pra eu ir atrás dela. Me levantei e fui, estava escuro e ela não podia sair assim, era perigoso, só iria por isso.

“Cowboy”, porque diabos ela tinha que me chamar assim?

Quando passei da porta não a vi, desci as escadas e olhei em volta, me perguntando se aquela garota era maluca ou queria me deixar maluco.

– Aqui. – ela estava sentada no chão encostada a parede do Bloco D, olhando para cima.

Não sabia se ela queria que eu sentasse do lado dela, mas foi o que eu fiz, e ela não pareceu se importar. Ficamos em silencio, estava em duvida em olhar pra cima ou pra ela.

– Eu queria vir ver as estrelas. – ela disse uma hora, sem me olhar – Sabe por que eu tiro fotos?

– Por quê? – eu não entendi porque ela pulou de um assunto para o outro, mas ela tinha essa coisa filosófica nela, então eu sabia que iria parar em algum lugar.

– Por que quando isso tudo começou, eu sabia que as pessoas iam estar preocupadas demais para serem felizes às vezes. – ela olhou pra mim – Nesse novo mundo as pessoas não param pra ver as coisas bonitas, porque elas só enxergam a sobrevivência, mas porque viver só pra sobreviver?

– Não estamos fazendo isso agora? – levantei uma sobrancelha.

– Olhe para as estrelas, Cowboy. – ela tirou meu chapéu e eu olhei para o céu, como ela havia dito.

Fazia tempo que eu não via o céu tão estrelado, havia visto na fazenda de Hershel meses atrás, quase tinha me esquecido de como era se sentir completamente minúsculo.

– Precisa lembrar que ainda existem coisas boas no mundo, Carl. Se não você não tem porque viver. – olhei para ela, que me encarava séria – É por isso que eu tiro fotos.

Voltamos a olhar as estrelas em silencio por o que pareceram vários minutos, até que eu resolvi falar.

– Acha que eu mudei? – senti que ela se surpreendeu com a pergunta, porque ficou em silencio por alguns segundos.

– Mesmo que eu não tenha te conhecido antes, acho que não, você ainda é uma pessoa boa apesar de ser babaca às vezes. – ela respondeu séria. Babaca?

– Eu fiz muitas coisas pra continuar a ser só um garoto, Hope, é difícil não se deixar levar por tudo isso.

– É, é sim. Mas não deixe esse mundo ferrar você Carl, porque quando isso acabar se você não for mais uma pessoa boa nada disso vai ter valido apena. – ela esboçou um sorriso pra mim, então entendi que Patrick tinha razão. Ela é bonita.

O que ela disse também me fez lembrar minha mãe, ela tinha me dito a mesma coisa antes de... Daquilo. Não deixe o mundo ferrar você.

– Vamos entrar, tenho que terminar de ler um gibi do Homem-Aranha. – ela se levantou e me estendeu a mão.

Quando estávamos andando em direção ao Bloco, pensei ter visto alguma coisa piscar nas grades.

– Viu isso? – segurei o braço de Hope e olhei melhor, tentando ajustar a visão ao escuro.

– O que?

– Eu vi alguma coisa piscar ali... – estreitei os olhos, confuso.

– Só tem errantes ali, Carl, o que poderia piscar?

– Eu não sei... Deixa pra lá, deve ser minha imaginação. – soltei o braço dela.

– Deixe as estrelas apenas no céu, Cowboy. – ela riu e continuamos a caminhar até o Bloco C.

Quando entramos Patrick não estava mais nas escadas, provavelmente havia ido ler na cela dele. Carol estava passando nas celas parecendo procurar alguma coisa, quando olhou para nós dois sem duvida estava aflita.

– Algum de vocês viu a Lizzie?

– Desculpe Carol, não a vimos. – respondi me lembrando da menina, sem duvida ela era bem estranha pelo o que sabia dela.

– Eu já procurei por todo o Bloco, ela simplesmente sumiu.

– Você já olhou na biblioteca? – Hope perguntou.

– Não, acho que vou fazer isso agora, obrigada pela dica! – Carol deu uma batidinha carinhosa no meu ombro e saiu andando rápido.

Nós nos dirigimos para nossas celas, ela provavelmente também estava pensando se iria dormir ou ler a metade da noite, como eu.

– Ei, Hope, Carl – meu pai saiu da cela dele e veio até nós – que bom que se acertaram.

– Não brigamos Rick. – Hope disse, rindo.

– Melhor assim, então – ele piscou pra mim – preciso falar com vocês.

– Que foi pai?

– Eu estou pensando em ir até a cidade amanha pegar algumas coisas pra Judith. Achei que vocês talvez fossem querer ir, sair um pouco.

– Claro! – dissemos juntos, até que enfim alguma emoção! – Michonne vai também?

– Vou ver se ela tem um horário disponível na agenda dela. – ele riu e deu um peteleco no meu chapéu – Vão dormir crianças, que amanha temos o que fazer. E nada de ler gibi até tarde.

– Okay, okay.– assenti e andei até a porta da minha cela, jogando o chapéu na cama.

– Boa noite Rick, Carl. – Hope sorriu e foi para cela dela.

– Boa noite. – meu pai bagunçou meu cabelo e saiu andando, provavelmente também estava atrás de Lizzie.

Tirei os sapatos e deitei, logo procurando minha lanterna e o gibi embaixo da cama, amanha seria um dia e tanto, mas algumas horas de sono não fariam falta. E ler gibi era uma das coisas boas da vida, certo?


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Notas finais do capítulo

Amei escrever esse cap, e tenho certeza que vou amar o próximo *__* Fiquem curiosos...