Ao nascer de uma nova Esperança escrita por Rafú


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

OIZINHO. Ahhh gente. Como eu amei escrever este capítulo. Então pessoal, este é o capítulo 38, este seria o último capítulo da nossa fic, mas.... Calma! Eu quero fechar 40 capítulos certinhos. Então terá o capítulo 39 que será o Epílogo. E mais o capítulo 40 que será um bônus surpresa. ( É surpresa, não quero ninguém perguntando sobre o que será o capítulo surpresa). Nossa fic está acabando e eu estou chorando. Como vou sentir falta de escrever pra vocês e responder aos comentários. Ah, estou pensando em escrever outra fic sobre Jogos Vorazes, mas fora de Panem e no mundo atual. Pegar os personagens e transpor para a atualidade. Talvez demore pra mim postar, pois quero escrever toda ela primeiro e depois postar um capítulo por semana. Quem aí leria minha outra fic? Quem vai ler escreva “Peetniss forever” nos comentários. Hahahaha. Bom capítulo, espero que chorem porque eu chorei. Bijus.



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Peeta está na padaria, Alice na escola e Ray brincando pela casa. Alguém bate a porta e eu atendo.

– Oi querida, Peeta não está, né? – pergunta Effie animada.

– Não.

– Ótimo. – ela diz e entra fechando a porta. Ela me estende um papel. – Tome. É uma música. Você vai decorar ela todinha.

– Como é que é? – pergunta zonza.

– Peeta não pode saber, se não vai estragar tudo.

– O que?

– Ah sim, aqui está o cd. Ouça quando Peeta não estiver em casa, guarde isso em um lugar onde ele nunca mexeria.

– Por Deus, Effie! Não estou entendendo nada. Pra que tenho que decorar esta música?

– Você vai fazer uma surpresa para Peeta.

– Eu vou? E por que?

– Porque eu quero. Só obedeça. Tchau. – Effie sai pela porta não me dando a oportunidade de fazer nenhuma outra pergunta.

Bem, se não decorar a letra Effie nunca me perdoaria. Sento no sofá e leio a letra com os olhos. Não é complicada. Ray está brincando no pátio, então aproveito e ouço a melodia. Não será difícil aprender ela. Ray entra correndo e eu tiro o cd rapidamente.

– O que é isso? – pergunta ele pegando o papel do sofá.

– Não te interessa. – falo puxando o papel das mãos dele. – Suba e tome um banho. Não vai sentar no sofá todo sujo de lama.

Ele obedece sem chiar. Se fosse Alice, subiria reclamando. Menino calmo demais. Não pode ser meu filho. Ah, é! Ele é filho de Peeta também. Está mais do que explicado. Escondo o cd e a letra da música em um lugar que Peeta nunca iria: em cima de uma árvore. Coloquei em um saco plástico para o caso de chover. Pensei na gaveta das calcinhas, mas lembrei que vi Peeta xeretando aquela gaveta uma vez. Entrei, fingindo que não havia visto ele cheirar uma delas. A desculpa foi: “Eu estava procurando uma caneta.” Por que diabos eu guardaria uma caneta na gaveta de calcinhas? Mas fiquei quieta e fingi que cai na conversa. Só uma observação: havia uma caneta em cima da cômoda.

Ray desce novamente, com os cabelos escabelados.

– Posso sentar no sofá agora? – pergunta ele.

– Agora que está limpinho e cheirosinho pode. Mas primeiro precisa tomar o remédio.

– Ah, não. Pra que? É só eu não comer nada com nozes, não é? Não preciso do remédio. Ele é horrível.

– Eu sei, mas olha só: você vai tomar só mais hoje e amanhã. Toma. – falo estendendo o remédio.

Ele fecha o nariz com a mão e faz o remédio descer. Ele faz a careta que faz todo dia.

– Que troço horrível.

– Tá, chega deste exagero. Por que você não vai ver desenho na televisão?

– Já fui. – ele diz e corre pra sala.

Peeta e Alice chegam de noite. Peeta adentra a cozinha feliz.

– Oi, minha vida. – ele me puxa me beijando. – Como foi o seu dia?

– Foi normal. O que você tem? Dá onde veio tanta alegria de repente?

– E por que não estaria? Olha pra isso: eu tenho uma vida, você, filhos, uma padaria no meu nome. Eu tenho tudo que sempre quis.

– Então tá, né!

– O que está cozinhando aí? – diz ele abrindo as tampas das panelas.

– O almoço. – falo séria, mas ele ri.

– Vou tomar um banho e já desço. Depois vamos comer nossa janta, que é o almoço.

Alice senta na mesa e me entrega um papel.

– O que é isso? – pergunto.

– Meu boletim.

– Vamos ver. – começo a olhar as notas, nada mal. Melhor do que eu era com certeza. – Olha só: um A em matemática. Mas acho que este D- em ciências pode melhorar, não é?

– Acho que pode. Tenho que levar assinado amanhã.

Pego uma caneta e assino meu nome.

– Prontinho. – estendo de volta o boletim. – Seu pai já viu?

Quem sabe as notas de Alice sejam o motivo da alegria de Peeta.

– Sim, ele me jogou no ombro como se eu fosse um saco de farinha e espalhou pra todo mundo que tirei um A em matemática.

Exagerado! Adora se exibir para os outros.

– Ok. Vá trocar esta roupa e vem comer.

Quando Alice saiu, Peeta entrou. Ele me ajudou a arrumar a mesa e nós comemos.

– Ah, mãe. Não entra mais. – reclama Ray.

– Tá, pode ir. Peeta, você viu só: Alice tirou A em matemática.

– Vi sim, é a minha garota. – ele diz e pisca um dos olhos para Alice.

As semanas passam, consegui decorar toda a música que Effie me pediu. Estou entediada em casa, então decido dar uma passada na padaria. Quando chego lá me dou de cara com Effie e Peeta conversando.

– Effie, o que faz aqui?

Noto que ela fica nervosa.

– Katniss, o que faz aqui? – ela faz a mesma pergunta que a minha.

– Eu estava sem nada pra fazer em casa, então trouxe Ray para cá e além disso, uma parte da padaria é minha também. Mas você não respondeu a minha pergunta.

– Ah, bem... Eu vim aqui... pra... comprar pão! Comprar pão é claro! Eu venho a uma padaria em busca de pães.

– Hã, Gale está no balcão. Por que não pediu seus pães a ele?

– Não vou com a cara dele. – afirma Effie.

– Igualmente, mulher das perucas malucas. – retruca Gale.

– Eu não uso mais perucas. – devolve Effie.

– Ah, mais usava. Uma mais estranha que a outra. Eu sempre andava com um arco e uma flecha quando tinha que ficar perto de você. Só para o caso de um bicho pular de dentro de uma daquelas coisas que você chamava de cabelo.

– Ora, se eu fosse sua patroa você já estaria demitido.

– Se você fosse minha patroa, eu teria me demitido. E aqui estão os seus pães. – Gale joga o saco de pães no balcão.

– E sobre o que falavam? – interrompo a briga.

– Ora, querida. Você sabe, só jogando conversa fora.

– Estávamos falando sobre a escola. – Peeta se intromete. – Eu estava falando das notas incríveis que Alice tirou.

– Oh, quem dera Joe tivesse estas notas. Haymitch não ajuda muito também. Só um milagre pra fazer aquele garoto passar de ano. Mas... – ela vai até o balcão e pega seus pães – a hora está passando. Vou voltar pra casa. Tchau queridos.

Ela sai e eu me viro para Peeta, com uma cara que demonstra que estou querendo explicações.

– Ah, o que foi, amor? Por que está me olhando assim? Não me diga que está com ciúmes.

– Oh, não. Confio em Effie. Só nunca tinha visto ela gaguejar para poder dar uma resposta. – digo dando as costas e indo atrás do balcão em busca de um doce.

– Ah, qual é. Estávamos jogando conversa fora, como ela mesma disse.

– É, sei.

– Tá bom. Vou contar a verdade. – eu me viro pra ele. – Effie vende drogas. Estava combinando com ela a compra de uma maconha pra mim poder ficar doidão. E um pouco de coca pra semana que vem.

– Oh, cale a boca. – eu rio me virando de costas.

– Ah, qual é, Kat. Você sabe que te conto tudo, não sabe? – não respondi, estava olhando os potes dos biscoitos – Ei, sabe, não sabe? Me responde.

– Tá legal, sei. Espera, como vou saber se você me conta tudo, se você na realidade não me contar tudo?

– Hã? Repete que me perdi.

– Eu perguntei: como vou saber se você me conta tudo, se você na realidade não me contar tudo?

– Dá pra repetir de novo? Me perdi no “conta tudo”.

– Ahhh, esquece.

– Kat, Kat, Kat. Minha Kat, Kat, Kat. – ele canta o meu nome e me puxa pela cintura.

– Você fumou maconha mesmo? Qual o seu problema? Por que está agindo desta forma nas últimas semanas?

– Porque eu te amo. – ele me beija. Relutei no inicio mas logo me entreguei.

– Ah, por favor. Eu acho que não preciso ver isso. – reclama Ray e Peeta me larga.

– Ei campeão. Quer um doce?

– Quero.

Peeta pega alguns biscoitos e entrega pra ele.

– Peeta, nozes não. – alerto ele.

– Não é de nozes, é de amendoim.

– Obrigado. – agradece Ray e sai satisfeito com seus biscoitos.

Peeta me puxa pela cintura novamente e une nosso lábios. Somos parados quando ouvimos alguém fingir uma tossida.

– Olá, alguém em casa? Desculpa interromper. Vim aqui a procura de um padeiro bonito e de uma maluca arqueira.

– Johanna? – pergunto sem acreditar.

– Em carne e osso. E cabelo também. Meu cabelo cresceu. Graças a Deus. Pensei que ficaria parecendo uma pessoa com câncer pra sempre.

O que Johanna está fazendo aqui? Ela não mudou nada pelo visto. Continua sendo o sarcasmo em pessoa. Dou a volta no balcão e a abraço.

– Meu Deus, Johanna. Não acredito. É você.

– Não, isto aqui é um clone da Johanna. É claro que sou eu, né! Agora me solta. Já me encheu de amor o suficiente. – eu a solto e ela me encara. Depois de alguns segundos ela me puxa de volta. – Quer saber, volta. Gostei do seu abraço.

Ela me solta quando Peeta se aproxima.

– Johanna, como está? – Peeta a abraça.

– Estou bem, e pelo visto você também está ótimo.

Peeta tenta soltar Johanna mas ela nega a soltar ele. Eu finjo uma tossida.

– Ele é casado, sabia?

– Ah, é verdade. – Johanna empurra Peeta. – Com cara casado não rola.

Ray sai da cozinha.

– Johanna, este é meu filho Ray. – apresenta Peeta. – Ray, está é nossa amiga Johanna.

– Oi, Johanna. É um prazer. – diz Ray.

– E aí, moleque? Vi você em algumas revistas. Tá famoso. Ei, me dá um biscoito?

– Hã... Tá. – Ray estende um biscoito, mas Johanna pega dois. – Ei, você disse um!

– Ah, qual é. Seu pai é dono desta padaria. É só você pegar mais um monte daqueles potes ali, e de graça! Já eu vou te que pagar.

Ray faz cara feia e volta pra cozinha.

– Bela primeira impressão. – afirmo.

– A primeira impressão é a que fica. Então, quantos anos tem o moleque?

– Fez cinco anos a duas semanas. – responde Peeta.

– A cara do pai, hein? – afirma Johanna – Já consigo ver o homem que ele vai ser quando crescer. Cinco anos, né? Talvez eu consiga esperar ele crescer.

– Johanna! Meu filho não.

– Tá, tudo bem. Entendi. Você não tinham uma menina também?

– Alice está na escola.

Gale surge de repente.

– A senhora das perucas já foi? – pergunta ele.

– Já, Effie já foi. – responde Peeta.

– Olha só. – diz Johanna. – Que bofe é esse, amiga? Me apresenta o moreno.

– Ai meu Deus, Johanna. – sibilo – Gale, esta é a Johanna.

– Eu sei, já vi ela na televisão. – diz Gale, ele a examina melhor – Não é você a mulher que eu resgatei da Capital?

– É, só que agora eu tenho cabelo de novo.

– Foi você que me deu um soco na cara? – pergunta Gale.

– Você deu um soco na cara dele? – pergunto sem acreditar.

– O que você queria que eu fizesse? Ele colocou a mão não meu peito.

– Você colocou a mão no peito dela? – pergunto agora para Gale.

– Estava escuro. A culpa não foi minha. Não notei que tinha colocado a mão no peito dela.

– Tudo bem, eu só queria socar alguém mesmo, então aproveitei a chance. – diz Johanna. - Então, Gale? É casado?

– Não.

– Deus, eu te amo.

– Mas tenho um filho.

– Droga!!! Pra que você foi ter um filho? – Johanna se vira pra mim. – Com pais também não rola. Onde fica os outros homens bonitos deste Distrito?

– Bem, tem os funcionários ali na... Não! Espera! O que estou fazendo? O que você veio fazer aqui, Johanna?

– Ora, tem algum problema eu vir visitar meu casalzinho favorito?

– Não, só achei estranho.

– Posso ser maluca, mas sou legal. Ah, vou dormir na casa de vocês.

– Isto a gente já imaginava. – afirma Peeta. – Espero que não se importe de dormir no sofá.

– Problema nenhum. Desde que a televisão esteja no mesmo cômodo.

Quando Alice vem da escola para a padaria, nós a apresentamos a Johanna.

– Alice esta é a Johanna, uma amiga nossa. – afirma Peeta.

– Olá Joh. – afirma Alice.

– Meu nome é Johanna, não é Joh.

– Mas eu vou te chamar de Joh. – implica Alice.

– Alice, olha os modos. – a repreendo.

– E eu vou te chamar de Ali. – rugi Johanna.

– Por mim tudo bem. – e ela sai saltitando para a cozinha.

– Nem precisa dizer que é filha da Katniss, é mais notável pelo que ela é por dentro do que por fora. – afirma Johanna – Acho que vamos nos dar bem.

Nós voltamos para casa quando anoitece.

– Tem certeza que não tem problema dormir no sofá, Johanna? – pergunto a ela, arrumando o sofá – Pode ficar com um dos quartos das crianças.

– Não, tá tudo bem. A televisão está bem ali. Só me diz onde fica o banheiro.

– Lá em cima, segunda porta á esquerda. – falo.

– Ok, boa noite, bom sonhos, bom tudo.

– Boa noite, Johanna.

Subo enquanto Johanna mexe na mala que trouxe. Entro no meu quarto e vejo Peeta lendo um livro, sentado na cama.

– Ela se ajeitou lá? – pergunta ele, colocando o livro aberto no colo.

– Sim, ela só está preocupada com a televisão. Ela aceitaria dormir no chão, desde que a televisão esteja por perto. – respondo, deitando na cama.

– Ofereceu o quarto do Ray pra ela?

– Sim, mas ela disse que estava tudo bem.

– Já vai dormir?

– Vou.

– Eu também vou então. Boa noite. – diz Peeta largando livro na cômoda e apagando a luz do abajur.

Acordo antes dele no outro dia. Levanto, tomo um banho, escovo os dentes, troco de roupa e desço para adiantar o café-da-manhã. Quando desço vejo a televisão ligada. Desligo e noto que Johanna ainda está dormindo, tapada até o pescoço com uma coberta. Vou a cozinha preparar café. O primeiro a descer é Ray.

– Bom dia, mamãe.

– Bom dia, amor.

Logo depois surge Peeta.

– Bom dia. Adiantou o café? – pergunta ele.

– Sim.

– Alice não acordou ainda?

– Não.

– Vou levantar ela então.

Ele volta lá pra cima enquanto eu sirvo as mesas. Estamos todos na mesa comendo quando ouço Peeta.

– Oh, Deus. – ele olha para seu próprio prato e começa a mexer na comida.

Não entendo, pois estou de frente para Peeta e de costas para a sala. Mas assim que Johanna surge vejo qual é o problema.

– Bom dia família feliz. – diz Johanna.

Ela estava usando uma camisola transparente, mas para sorte de todos na cozinha, estava usando uma lingerie preta por baixo.

– Johanna!!! Que tipo de camisola é essa? – pergunto.

– Do tipo que serve pra dormir. Por que?

– Ela é transparente.

– Ah, eu sei. Legal, né?

– Não. Talvez seja legal na sua casa. Mas aqui não. Tem crianças aqui. Tem Peeta aqui!!!

– Ah, Peeta já me viu nua em um elevador. Tenho certeza que essa camisola não é nada comparado aquilo.

– É sim, é algo. Troque já isso. Ou pode dormir na casa de Haymitch.

– Oh não. Tô indo trocar. Não suporto a voz enjoativa da Effie.

Ela correu pra fora da cozinha. Peeta e Alice saíram para mais um dia. E eu fiquei, mas desta vez tinha Johanna na minha cola.

– Então: o que vamos fazer o dia inteiro? – pergunta Johanna.

– Não costumo fazer muita coisa.

– Tem um parquinho aqui?

– O que?

– Parquinho, sabe? Balanço, escorregador, estas coisas.

– Tem.

– Podemos levar o moleque lá, e sentar em um banco para conversar.

– Traduzindo: podemos levar Ray lá e procurar homens bonitos para você.

– Esta é uma ótima ideia. Estou indo me arrumar. – Ray entra na sala nesta hora – Moleque, se arruma que vamos ir ao parquinho.

– A gente vai? – pergunta Ray pra mim.

– Pelo visto teremos que ir.

Johanna não teve muita sorte. Todos os homens de lá eram pais. E com pais não rola, como ela me disse ontem na padaria. Alguma semanas se passam. Johanna me ajuda a ensaiar aquela música de Effie. Até que chega um sábado e Peeta sai de casa, dizendo que tinha que buscar algumas coisas para a padaria.

– Talvez eu demore. Eu pedi bastante coisa e veio tudo de uma vez só.

Ele sai sem deixar a oportunidade de fazer pergunta alguma. Johanna acordou tarde hoje.

– Cadê o padeiro?

– Foi na estação de trem buscar algumas encomendas para a padaria. – respondo.

– E as crianças?

– Foram junto.

– E você não foi?

– Não. Alguém precisava ficar para cuidar de você. – respondo rindo.

– Nossa, que engraçado, Garota em Chamas.

Na metade da tarde começo a me preocupar com a demora de Peeta. Effie chega com um vestido.

– Bem, querida. É hoje que você fará a surpresa a Peeta. Decorou a música, não é?

– Sim. O vestido é pra mim?

– É sim. – ela me estende um vestido laranja.

– Oh, é lindo.

– Eu sei, agora vista e se arrume.

– Pra onde vamos?

– Você vai saber quando chegarmos. Anda logo. E você também Johanna.

Visto o vestido e deixo meu cabelo solto. E lá vou eu fazer um surpresa pra Peeta. Caminhamos até chegar ao mesmo salão que Effie e Haymitch haviam feito o aniversário de um ano de Joe.

– É aqui? – pergunto.

– É sim.

– Mas eu não preparei nada, só decorei a música que você me falou.

– Eu sei, mas não se preocupe. Eu cuidei de tudinho.

– Vamos ficar tagarelando aqui, ou vamos entrar logo? Estes saltos que estou usando são enfeites, não são tão confortáveis assim. – resmunga Johanna.

Effie abre a porta, mas quem leva a surpresa sou eu. O salão está repleto de pessoas. Um tapete vermelho se estende da entrada até um palco. Em cima do palco, está Peeta sorrindo, dentro de um terno verde e segurando um buquê enorme de Prímulas. Coloco a mão na boca e fico paralisada sem conseguir tirar os olhos do homem que está lá em cima.

– Você tem que ir até lá. – sussurra Effie pra mim. – É você que ele está esperando.

Sem tirar os olhos de Peeta, começo a caminhar lentamente até ele. Seu sorriso aumenta a casa passo que dou. Ele me estende a mão quando chego ao primeiro degrau do palco. Paro em sua frente o olhando de cima a baixo.

– Um terno verde? – pergunto.

– Um vestido laranja? – ele pergunta de volta.

– Ah. Acho que entendi. – aponto para meu vestido. – Sua cor favorita. – aponto para seu terno. – Minha cor favorita.

– Pegou rápido.

– Mas o que significa isso?

– O que? A roupa?

– Não. Isso. – aponto para o sala como um todo. – Esta festa toda.

Ele me estende o buquê de Prímulas antes de dizer.

– Feliz onze anos de casamento.

– O que? Onze anos? Não. Não é hoje. Que dia é hoje?

Alguém no meio do público grita em que dia estamos e me surpreendo por ter esquecido o dia do meu aniversário de casamento.

– Sim, é hoje. – diz Peeta.

– Como pude me esquecer? – pergunto sem acreditar.

– Johanna me ajudou a te fazer esquecer. – Peeta se vira para o público e grita – VALEU JOHANNA, MANDO SUAS CAIXAS DE BISCOITOS MAIS TARDE.

– DE NADA, PADEIRO. VOU ESPERAR MEUS BISCOITOS ANSIOSAMENTE. – responde Johanna em algum lugar no meio do povo.

– Sem você saber iria ficar mais interessante. – afirma Peeta.

Vejo Alice e Ray logo na frente no público. Olho para eles estarrecida.

– Vocês sabiam disso o tempo todo? – pergunto a eles.

– Claro. – responde Alice.

– Sabiam e não me contaram nada?

– Se contássemos não seria surpresa.

– SE BEIJEM LOGO!!! – alguém grita.

– Me beije logo. – falo a Peeta.

– Pode deixar. – ele tenta me abraçar mas o buquê atrapalha. – Porcaria de flores. – Ele as pega de mim. – Segura isto, Alice.

Ele coloca na ponta do palco e Alice as ajunta. Peeta me puxa pela cintura e me beija com calma. Ouço os gritos de euforia e os aplausos da nossa plateia. Mas ignoro isto. A única coisa que presto atenção é em Peeta. Quando ele separa nossas bocas, encosto minha testa em seu peito.

– Feliz onze anos de casamento. – sussurro alto o suficiente para ele ouvir.

– Obrigado.

– Mas por que onze? Por que não fez ano passado quando foram dez? Não seria o mais óbvio?

– E desde quando eu sigo o óbvio? Agora desça que eu vou dizer algumas palavras para você.

Eu obedeço e desço, sentando na primeira mesa que havia perto do palco, onde Alice e Ray já se encontravam. Peeta pega um microfone.

– Bem. – começa ele – Vou contar uma história a vocês. Era uma vez um menino, o filho de um padeiro que morava no Distrito mais miserável de toda Panem. Este menino estava indo de mão dada com seu pai, ao primeiro dia de aula. Quando chegam lá, o pai aponta para uma menina de vestido vermelho e duas tranças e lhe conta uma breve história. O menino fica perdidamente encantado pela garota de duas tranças. Eles se encontram na aula de música, porém o menino não tem coragem de dirigir a palavra aquela menina. Ele apenas passa a observa-la a voltar para casa todos os dias. Anos se passam, fatos acontecem. A menina perde seu pai e é quando o menino a nota quase morrendo de fome e lhe atira um pão. Logo ele descobriria que aquela menina nunca havia se esquecido daquele dia. Em um dia de Colheita, a irmã da menina é escolhida para os brutais Jogos Vorazes. Como uma garotinha tão doce iria sobreviver a um jogo tão violento? É nessa hora que a garota aparece e se oferece no lugar da irmã. O menino se vê desolado, pois vê a chance de perder a única garota que amou a vida inteira. Ele se perde em seus pensamentos até ouvir seu próprio nome e descobre rapidamente que irá embarcar nessa junto com a garota. Ele lutou para salva-la. Mas ela conseguiu fazer a proeza de salvar os dois. Mas no outro ano seus nomes estavam novamente lá, e mais uma vez, se viram lutando por suas próprias vidas. O menino tinha certeza que faria a garota sair viva desta vez, e tinha mais certeza ainda de que não iria junto com ela agora. Mas algo acontece e o menino é telessequestrado. Descobre por terceiros, que sua amada está bem e segura. Mas está envolvida em uma rebelião. Uma revolução que mudaria tudo e todos. O menino passa a odiá-la por razões erradas. No final a garota ganha a rebelião e o poder de Panem cai. Ela volta ao Distrito miserável e o menino a segue. Aos poucos, o menino lembra de tudo. E volta a se apaixonar pela garota de duas tranças. E descobre que ela também o ama. E vivem felizes para sempre. – já estou aos prantos, mas notei que Peeta deu apenas uma pausa para ele mesmo se recuperar e prosseguir com seu longo discurso – Katniss, essa foi a última história que contei a Alice. Ela me pede para repeti-la toda noite. E por mais que eu insista, ela não quer ouvir outra que não seja essa. Eu perguntei a ela o porque dela gostar tanto desta história. Pensei que a reposta seria: “Porque é a história sua e da mamãe.” Mas a resposta que obtenho é outra. Ela me diz: “Porque o amor vence no final.” O amor venceu. O nosso amor venceu. Não importa o quanto te odiei há anos atrás. No final o amor venceu. E você não sabe o prazer que eu tenho de ser seu marido. Não porque você é Katniss Everdeen, A Garota em Chamas. Mas porque você é simplesmente você. A menininha de duas tranças que eu sempre amei. Amor, feliz aniversário de onze anos de casamento pra você, e feliz aniversário de onze anos de casamento pra mim também, porque tem que ter um saco pra aguentar você e seus acessos de raiva. – todos riem de seu comentário, inclusive eu. – Eu te amo. Sempre. E sempre amarei. Sempre.

Todos aplaudem , enquanto eu pulo da minha cadeira e quase tropeço em um dos degraus do palco. Mas alcanço Peeta e o abraço fortemente.

– Eu te amo. – falo soluçando. – Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

– Eu também te amo, minha vida. Te amo todo dia. – ele me solta, mas me segura pela cintura e coloca o microfone perto da boca outra vez. – A Alice queria dizer algumas palavras também. Alice.

Alice sobe ao palco com um papel. Peeta e eu descemos e sentamos a mesa para ouvi-la.

– Então... Hã... Oi. – ela começa meio nervosa. Ela não lê o papel, apenas o segura – Bem, uma vez meu pai me contou a história de uma princesa muito bonita que se apaixona por um príncipe muito feio. Eu perguntei a ele por que a princesa escolheu um príncipe feio, ao invés de outros bonitos. Ele me disse que os opostos se atraem. A bonita se apaixonando pelo feio. Imaginei esta frase colocada na vida do meu pai e da minha mãe. Os opostos se atraem. Um padeiro e uma arqueira. Um loiro e uma morena. Um calmo e uma estressada. – na última frase ela solta um sorrisinho malicioso e ouço risadinhas vindas da plateia – Como pode duas pessoas tão diferentes se amarem tanto? Então lembrei dos pontos que eles tem em comum: o passado, as cicatrizes, a vida. Notei que mesmo sendo tão diferentes um do outro, tem coisas que só a mamãe entende do papai, e só o papai entende da mamãe. Notei em como a mamãe consegue arrancar um sorriso do papai mesmo quando ele está bravo com ela. Notei que o papai é o único que consegue acalmar a mamãe quando ela tem pesadelos. Eles me contaram que tiveram um passado horrível, mas acho que se não fosse este passado horrível que eles tiveram, eles nunca estariam aqui hoje. Muito menos Ray e eu. E eu só tenho a agradecer a eles. Agradecer por terem lutado por Panem. Por estarem cuidando de mim e de Ray. De nos amar. Eu amo vocês, e este sentimento é algo que não vai acabar nunca. Nem quando vocês não existirem mais.

– Meu Deus, foi ela que escreveu isto? – falo me levantando e subindo ao palco mais uma vez banhada em lágrimas.

– Não sei, mas não fui eu. – diz Peeta logo atrás de mim.

Eu abraço minha filha com toda força.

– E nós amamos você, amamos você desde o primeiro instante que descobrimos que você existia.

Peeta a abraça também e sussurra algo no ouvido dela que não presto muita atenção, pois ouço um grito da plateia.

– AGORA É A VEZ DA KATNISS!!!

– O que? Não. Não. Não.

– Discurso. Discurso. Discurso. – todos começam a falar em uníssono.

– Não. O Ray não falou ainda. Vem cá, filho. Vem dizer alguma coisa. – chamo Ray.

– Eu não quero dizer nada.

Todos continuam a gritar “Discurso”, inclusive Peeta. Não tenho outra alternativa. Alice e Peeta descem do palco. Me concentro só em Peeta e tento ignorar todas as outras pessoas no salão.

– Bem, eu não escrevi nada, porque não sabia que eu teria esta surpresa hoje, mas vou tentar improvisar. Peeta, nossa relação começou de uma forma totalmente errada, caminhamos por um caminho torto e escuro. O único apoio que tínhamos era um ao outro. Só notei o quanto eu precisava de você no dia que descobri que você me odiava. Entrei em desespero, pois acabei ficando sozinha no caminho torto e escuro. Perdi o meu apoio e quase cai no chão. Mas não cai. Estava decidida a conseguir vingança pelo que fizeram com você. E consegui. Voltei pra casa desolada. Não tinha mais motivos pra viver. Havia perdido você, minha irmã e um monte de pessoas que eu poderia considerar meus amigos. As únicas coisas que me sobraram foram um gato fedorento, um mentor bêbado, e um senhora que cuidava de mim e acabou se tornando minha única amiga no mundo, pois naquela época, não podia contar com a apoio nem da minha mãe. Mas um dia você voltou e plantou flores no meu quintal. Prímulas. Você estava tentando colocar um pouco de vida na casa de uma pessoa morta. E eu deixei. Descobri que você me amava ainda e que o velho Peeta ainda estava vivo. Prometi a mim mesma que nunca mais deixaria você escapar pelos meus dedos novamente. Peeta, você foi a luz nas minhas trevas, você foi a alegria nos meus dias mais tristes, você foi o meu consolo, a minha paz e a minha esperança. Você foi o motivo para eu aceitar a ideia de ter filhos. Você foi, é e sempre será a minha vida. Sei que não demonstro com palavras ou gestos o que sinto por você, mas você sabe o quanto te amo. E te agradeço por me aturar nestes onze anos de casamento, sei que não é fácil me aguentar. Mas como Alice disse pra você: O amor vence no final. Eu te amo.

Todos aplaudem de pé, enquanto Peeta sobe os degraus correndo e me puxa para um beijo mais intenso.

– Isso foi lindo! Tem certeza de que não escreveu um discurso? – pergunta Peeta quando separamos nosso lábios.

– Tenho. Nem eu sei de onde veio tudo isso. – falei rindo.

– Bem, agora desça que ainda há mais uma coisa.

– Ok.

Eu desço a sento novamente.

– Então, Kat. Eu ensaiei uma música pra cantar pra você, só se concentre na letra e ignore a minha voz horrível.

Ele se vira e caminha ao fundo do palco a procura de um microfone. Effie me puxa pela mão.

– Vem, é agora que você entra.

– O que?

– Vem logo, Katniss.

Fazemos uma volta toda enquanto ouço Peeta.

– Ué, cadê a minha mulher? – pergunta ele.

– ELA JÁ VOLTA. – grita Johanna. – VAI CANTANDO QUE EU TENHO CERTEZA QUE ELA ESTARÁ OUVINDO.

– Então tá. – diz ele.

Effie e eu paramos em um canto do palco. Ela me entrega um microfone.

– Ele vai cantar a música que eu dei para você ensaiar. É só você entrar e começar a cantar junto.

– E eu entro quando? – pergunto.

– Quando achar que estiver pronta. Tenho que voltar. Boa sorte.

Ouço instrumentos tocarem e a voz de Peeta começa a canção. A voz dele não é tão horrível assim.

“I can't win, I can't wait

I will never win this game

Without you

Without you

I am lost, I am vain

I will never be the same

Without you

Without you”

Antes que ele consiga cantar a próxima palavra eu entro enquanto canto.

“I won't run, I won't fly

I will never make it by

Without you

Without you

I can't rest, I can't fight

All I need is you and I

Without you

Without you”

Vejo ele surpreso e com a boca entreaberta enquanto sorrio para ele. Uma lágrima escorre pelo seu rosto.

“Can't erase, so I'll take blame

But I can't accept that we're estranged

Without you

Without you

I can't quit now, this can't be right

I can't take one more sleepless night

Without you

Without you

I won't soar, I won't climb

If you're not here, I'm paralyzed

Without you

Without you”

A música termina e eu nunca imaginei que conseguiria expor tanto sentimento em uma única música. Peeta ficou sem ação, ele segura o microfone pelo fio e o deixa escorregar pelos dedos até chegar ao chão. É a vez dele chorar agora. Como vejo que ele não vai fazer nada que não seja ficar parado, me olhando de boca aberta, eu termino os poucos metros que nos separa e o abraço.

– Está tudo bem. Eu não vou a lugar algum. – sussurro e seu corpo treme com os soluços enquanto ele me abraça com mais força.

– Eu sei que não. – ele responde.

Depois de se recuperar, partimos para o que todos estavam esperando: a comida. Comemos com Effie e Haymitch. As crianças pegaram uma mesa só para elas. Quando acaba, fechamos o salão. Amanhã teríamos que voltar para limpa-lo. Peeta abre a porta de casa e eu entro ele fecha a porta novamente.

– E as crianças? – pergunto.

– Elas vão dormir no Haymitch hoje. Esta noite, a casa é somente nossa. – ele responde e corre até mim, me aperta em seus braços e me beija como se fosse nosso último beijo. Sinto a parede fria nas minhas costas e começo a desabotoar os botões de seu terno, enquanto tento tirar os saltos que estava usando com os pés.

Mais tarde, deitados na cama, apoio minha cabeça no peito de Peeta, enquanto brinco com os poucos pelos que ele possui abaixo do umbigo.

– Katniss? – ele me chama.

– Que? – falo levantando a cabeça para olha-lo.

– Você me ama. Verdadeiro ou falso?

Eu sorrio antes de responder.

– Verdadeiro.


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Notas finais do capítulo

Choraram? Espero que sim. Vou mandar alguns link’s para vocês. Abre quem tiver curiosidade.
Vestido da Katniss: http://www.sempreinformando.com/wp-content/uploads/2012/05/vestido-de-festa-alaranjado-curto.jpg
Terno do Peeta: http://thumbs.dreamstime.com/z/homem-no-terno-verde-elegante-de-veludo-que-guarda-uma-arma-grande-34738647.jpg
Olha gente, dependendo do homem e do terno, até que fica bonito. Espero que não tenham achado estranho vestir o Peeta com um terno verde. Hehehe
A música vocês devem conhecer. Without You, é do David Guetta. Mas usei um versão acoustic cover. Quem tiver curiosidade aqui está o link: https://www.youtube.com/watch?v=GpJY8-Ehl0Y
Tradução da música:
Eu não posso vencer, eu não posso esperar
Eu nunca vou vencer este jogo
Sem você
Sem você

Eu estou perdido, eu sou inútil
Eu nunca vou ser o mesmo
Sem você
Sem você

Eu não vou correr, eu não vou voar
Eu nunca sobreviverei
Sem você
Sem você

Eu não posso descansar, eu não posso lutar
Tudo que eu preciso é de você e eu
Sem você
Sem você

Não posso apagar, por isso vou assumir a culpa
Mas eu não posso aceitar que estamos afastados
Sem você
Sem você

Eu não posso desistir agora, isso não pode ser o certo
Eu não posso ter mais uma noite sem dormir
Sem você
Sem você

Eu não vou voar, não vou subir
Se você não estiver aqui, estou paralisado
Sem você
Sem você
Acho que é só. Espero pelos comentários. Até o Epílogo. Beijocas da Tia Rafú pra vocês. ;)