Ao nascer de uma nova Esperança escrita por Rafú


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

OIZINHO!!! Eu sei que estou atrasada um dia, me perdoem. Minha semana estava cheia de compromissos. Não era só em questão da escola. Mas a maior parte era dela. Quem aí fez o ENEM? Pra quem está fazendo só tenho uma coisa pra dizer: "Bom ENEM, e que a sorte esteja sempre ao seu favor." Capítulo quentinho, acabou de sair do forno, cheio de lembranças. Boa leitura. Bijus.



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Dois anos se passaram desde a entrevista que tivemos na Capital, quando descobriram da existência de Alice. Minha filha está agora nos seus quatro anos de idade. Muitas coisas aconteceram desde a entrevista. Umas delas foi a morte do Dr. Aurelius. Fizemos questão de ir ao seu enterro na Capital, de uma forma ele foi alguém muito especial para nós. Não esperava chorar no enterro, pois nunca fui muita chegada a ele. Mas me surpreendi quando soltei um soluço no meio do enterro, que foi seguido por vários outros.

Acho que a maior surpresa que tivemos foi no ano passado, aliás, que tivemos não, que Peeta teve.

Flashback On

Não passava de mais um domingo em casa, estávamos na cozinha preparando o almoço até sermos interrompidos por Alice.

– Mãe, alguém bateu na porta.

Larguei a faca que estava usando para cortar legumes e fui atender. Quando abri a porta me dei de cara com um homem alto louro e muito parecido com Peeta.

– Oi, posso ajudar? – falei ao homem.

– Oi, Katniss. Pode sim. Eu preciso ver o Peeta. Diga que é o Mike.

– Ok, já volto. – Alice para do meu lado, Mike a olha com encanto em seus olhos.

– Esta é a Alice? – me pergunta ele, sem tirar os olhos da menina.

– É sim. – respondo me virando e indo para a cozinha. Várias pessoas conhecem Alice depois dela ter aparecido na televisão. Às vezes algum fotografo aparece aqui para tirar uma ou duas fotos dela. Chego na cozinha e falo com Peeta que está de costas para mim, mexendo nas panelas. – Peeta, tem um homem lá fora querendo ver você. O nome dele é Mike.

– Mike? – pergunta Peeta sem virar para mim. – Não conheço nenhum Mike. O único Mike que eu conhecia era meu...

– Irmão? – ouço a voz de Mike cortando Peeta atrás de mim. Não notei que ele havia entrado.

Peeta se vira com a boca aberta e observa o Mike por um longo tempo. Ele corre até ele e o abraça.

– Eu não acredito. – ouço Peeta sussurrar.

– Pois é, caçulinha. Um dos teus irmãos ainda está de pé. – comenta Mike abraçando Peeta de volta.

– Espera aí! Você é irmão de Peeta? – pergunto surpresa.

Que pergunta estúpida. Por que Peeta estaria abraçando outro homem? Ainda por cima um homem que é muito parecido com Peeta. Acho que perguntei porque eu mesma não queria acreditar no que estava acontecendo.

– Sim, eu sou. – responde Mike.

– Meu Deus, mas como? – fala Peeta largando seu irmão e o olhando nos olhos.

Mike começou a contar a história enquanto comia as omeletes que Peeta preparou para o almoço, como Alice não poderia ouvir uma conversa sobre este assunto ela foi almoçar na sala, assistindo televisão.

– Bem... – começa Mike. – Primeiro tenho que dizer que ainda tenho inveja do seu dom culinário, caçulinha. E pode ter certeza: ainda conseguirei ser melhor do que você nisto.

– Vá tentando, Mike. Vá tentando... – retruca Peeta.

– Então tá. Vou começar a história sobre a minha travessia. Tudo começou em uma tarde, estávamos olhando você, mano, na televisão da padaria. Enquanto mamãe gritava para mim, dizendo para eu tirar os olhos da televisão porque o fato de eu assistir você lá na arena, não te ajudaria a sair daquele lugar. Ela tinha certeza plena de que você não voltaria para casa.

– Na verdade, acho que ela sempre desejou que eu não voltasse para casa. – comentou Peeta olhando para seu prato.

– Infelizmente, acho que é verdade. Mas você não tem culpa de ter nascido. Enfim... Eu não a ouvi, continuei olhando os Jogos na televisão. E mamãe continuava a gritar, dizendo que se os pães queimassem por causa de Peeta, você levaria uma fornada na cabeça se voltasse.

– Mas a culpa de tudo era minha. Até mesmo quando eu estava a um passo da morte?

– Para de me interromper!!! Que droga!!! Bem, a última cena que vi, foi a Katniss jogando uma flecha para o alto se não me engano, depois de amarrar um fio nela. Então... Tudo simplesmente saiu do ar!!! Mamãe riu da minha cara quando os Jogos saíram do ar. Fiquei emburrado, pois não fazia a mínima ideia se você estava vivo ou não. Então, continuei o trabalho. E teria continuado se não tivesse ouvido um barulho alto e sentido o chão abaixo dos meus pés tremer. Ouvi gritos. Fui até a vitrine da padaria e vi várias pessoas correndo, algumas sangrando, algumas sendo carregadas por outras. Ouvi outro barulho igual, desta vez bem próximo. Tentei alertar mamãe e os outros, mas eles disseram para eu ignorar os sons e gritos. Eu gritei com todo mundo e joguei o avental no papai antes de sair. Olhei para os lados vendo todos os outros correndo enquanto gritavam: “Estamos sendo bombardeados!!!” Eu me assustei e saí correndo ouvindo os sons ficarem mais próximos. Tentei seguir as pessoas, mas elas andavam igual a um bando de baratas tontas. Fiquei tão confuso na hora, que corri até chegar na nossa casa na Aldeia dos Vitoriosos. Me escondi no porão, achando que ali me sentiria mais seguro. Me deitei no chão e tapei os ouvidos tentando fazer os sons das bombas pararem de chegar aos meus ouvidos e tentando ignorar as tremidas que o chão dava a cada bomba que entrava em contanto a terra. Me levantei quando tive certeza de que tudo estava silencioso, aliás, estava silencioso demais. Saí e notei a Aldeia inteira intacta. Mas quando saí da Aldeia, estava tudo destruído, havia fogo e coisas quebradas, e gente morta pelo caminho. Corri até a padaria e só encontrei entulho. Não havia como dizer que havia uma padaria ali antes. Fui atirando as pedras longe tentando achar alguém da família ali. Eu gritava chamando por eles, tentando ter alguma esperança de que havia alguém vivo no meio daquele lixo todo. Parei ao encontrar um braço. Não soube dizer de quem era, estava todo quebrado. Então notei que não havia mais família. Não sabia nem se você estava vivo, Peeta.

– Eu estava vivo, estava no inferno, mas estava vivo. – comenta Peeta.

– Bem, saí por aí procurando alguém vivo, mas não havia mais ninguém. Então caminhei até chegar a estação de trem e segui os trilhos. Caminhei até cair no chão. Quando acordei novamente não fazia a mínima ideia de onde estava, não me importava já que estava aquecido e recebendo comida e cuidados. Dei um jeito de sair dali, queria chegar a Capital e ver onde você se meteu. Caminhei durante dias, parei em vários Distritos que aceitavam me alimentar. Parei no Distrito 1. Disseram que estava acontecendo uma guerra na Capital. Eu não queria ser recrutado. Depois que disseram que o governo de Snow caiu e Paylor havia se tornado a nova presidente, decidi seguir viagem. Mas conseguiram uma televisão não sei aonde e pude ver a Katniss na guerra. Isso me levou a conclusão de que Peeta estava morto. Fiquei abalado, afinal, Peeta é meu irmão. Mas decidi não desistir da vida. Fui a Capital. Quando cheguei lá ela estava sendo reconstruída. Ganhei dinheiro ajudando em obras e o proprietário de uma das padarias me garantiu um emprego. Estou lá até hoje. O padeiro conseguiu me informar que você estava vivo.

– E por que nunca entrou em contato comigo durante todo este tempo? – perguntou Peeta.

– Eu tentei te procurar. Mas encontrei um médico seu. Um tal de Dr. Aurelius que me proibiu de vê-lo, ele explicou tudo que aconteceu com você, e disse que se você me visse poderia ter uma recaída, ele falou alguma coisa sobre flashback ou sei lá o que... Ah! Não sei, foi confuso. Só sei que ele não deixou eu te ver porque seria o melhor para você. Disse que eu traria lembranças da nossa família, que isso afetaria você e blá, blá, blá. E toda vez que eu tentava ter algum contato com você, lá estava aquele médico filho da mãe dizendo que eu não poderia te ver.

– Mike... O médico filho da mãe faleceu semana passada. – comenta Peeta seriamente.

– EU SEI!!! É POR ISSO QUE EU ESTOU AQUI!!! – vibra Mike.

Os dois conversaram por muito tempo. Peeta o levou até a padaria. Mike começou a chorar dizendo que tinha orgulho de Peeta ter continuado o legado da família Mellark. Peeta começou a chorar junto. Eu também comecei a chorar junto. Alice começou a chorar de preocupação achando que estávamos todos tristes.

– Está tudo bem, meu amor. – Peeta tenta tranquiliza-la. – São lágrimas de felicidade.

– Eu não gosto destas, nem de nenhuma outra lágrima. – fala Alice aos soluços.

Mike adorou Alice, isto notei logo de cara. Mas acho que Alice gostou mais dele, do que ele gostou dela. Mike foi embora uma semana depois, afinal, ele tem um emprego na padaria lá na Capital. O convidamos para morar aqui no Distrito 12, mas ele disse que já ajeitou a vida dele na Capital e que quer ficar lá então o deixamos partir guardando a promessa que ele nós fez de voltar em breve para nos visitar.

Flashback Off

Essa foi uma das poucas coisas que aconteceram de lá para cá. Mike foi uma surpresa boa para Peeta, agora ele sabe que tem ao menos um irmão vivo ainda. Me senti até menos culpada. Peeta teve uma outra pequena surpresa no aniversário do ano passado dele.

Flashback On

– Então o aniversário de papai é amanhã? – pergunta Alice enquanto eu a cubro com os cobertores.

– Sim, é amanhã.

– E quem vai fazer o bolo do papai?

– Ele mesmo irá fazer um bolo para ele.

– Que engraçado. Não é estranho fazer o próprio bolo de aniversário?

– Não, não para o seu pai. Agora durma. Boa noite. – deixo um beijo na testa dela e saio deixando a porta entreaberta. Entro no quarto no momento em que Peeta acabou de sair do banheiro. – Alice não para de falar do seu aniversário.

– Ah, é? – pergunta ele rindo e deitando na cama.

– É sim, fica falando do bolo.

– Acho que já tenho alguém para cuidar da padaria pra mim quando eu envelhecer.

– Com toda certeza já tem. – concordo enquanto deito na cama ao seu lado.

Nós dormimos rapidamente, mas acordamos ao mesmo tempo quando ouvimos um barulho vindo do andar de baixo.

– Você também ouviu? – sussurra Peeta no meu ouvido.

– Sim, ouvi.

– Espera aqui que eu vou lá.

– Não, eu vou com você. – falo me levantando e pegando o arco e as flechas de dentro do armário.

Descemos devagar as escadas e vemos a luz da cozinha ligada, caminhamos devagar sem fazer barulho. Ajeito uma flecha no arco e dou um pulo dentro da cozinha. Mas tudo que vejo é farinha, ovos quebrados, uma bagunça enorme e Alice no meio de tudo isto.

– MEU DEUS, ALICE!!! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – pergunta Peeta.

– Um bolo. – responde Alice assustada com o grito de Peeta.

– Por que você está fazendo um bolo ás 4 horas da madruga? – pergunto.

– Porque eu queria fazer uma surpresa pro aniversário do papai. – responde ela.

– Queria fazer uma surpresa para mim? – pergunta Peeta.

– Sim.

Peeta se aproxima e senta ao lado dela.

– Meu bem, você não pode fazer um bolo sozinha, tem que fazer comigo ou com a sua mãe. Comigo de preferência porque sua mãe consegue esquecer de colocar o fermento. – fala Peeta rindo.

– Ei, eu fiz isso só uma vez. – me defendo.

– Ok, desculpa. Eu gostei muito da sua surpresa, mas você não pode fazer isso sozinha por enquanto. Quando você crescer poderá cozinhar até na padaria se você quiser.

– Jura? Na padaria? – pergunta Alice se animando com a ideia.

– Sim, mas primeiro você deverá crescer, ok?

– Ok.

– Então vá com a mamãe que ela vai limpar você enquanto eu arrumo a cozinha.

– Tá.

– Boa noite. – ele deixa um beijo na testa de Alice e ela me segue até fora da cozinha.

Dou um rápido banho em Alice e a coloco na cama novamente, desço para ajudar Peeta mas ele já havia terminado de arrumar a cozinha. Então subimos e dormimos novamente.

No outro dia, Peeta pediu a ajuda de Alice para fazer um bolo. Alice ficou bastante contente em ajudar Peeta.

Flashback Off

Entre todas estas lembranças e memórias, Peeta continuou a me pedir mais uma criança, não o tempo todo, mas continuava a me pedir. Eu negava todas às vezes, e em todas às vezes não conseguia olhar nos olhos dele ao dar a minha resposta. Antes, quando Peeta estava me pedindo Alice, eu acabava gritando com ele, mas agora eu começo a chorar. Eu choro porque sei que estou deixando o medo me dominar novamente. Estou, mais uma vez, deixando ele ser maior do que eu. Por que estou assim novamente? Alice está bem, está saudável e feliz. Qual seria a dificuldade de ter outro filho? Os Jogos Vorazes nunca mais existirão. NUNCA!!! Peeta estará sempre aqui para me cuidar, para me proteger. E fará a mesma coisa com nossos filhos. Eu penso nisso sempre que Peeta me pede mais um filho. Mas meu consciente parece negar que essa ideia entre. Ele diz: “Isso, tenha esta criança. Quero ver quando tirarem ela de você. O que você irá fazer? Nada!!! Você não irá fazer nada!!! Você não poderá fazer nada!!! Vai apenas assistir a morte de uma criança que tem o mesmo sangue que o seu. Vai ver seu próprio sangue escorrer. E tudo isso será culpa sua.” Sou tomada pelo pânico só de me imaginar com essa criança dentro de mim, imagino eles a tirando de mim. Um pacificador levando ela para longe. Para um lugar onde eu nunca mais irei vê-la. É isso que meus pesadelos me mostram. Mostram a morte do meu segundo filho de formas diferentes.

– Mamãe? Mãe... MAMÃE!!! – grita Alice me sacudindo.

– Hã... O que foi? Você se machucou? – respondo sendo puxada pelos meus devaneios.

– Não mamãe. Papai mandou avisar que o almoço está pronto.

– Ah, tá. Estou indo. – falo me levantando e indo até a cozinha.

Assim que entro na cozinha, sinto o cheiro delicioso da comida, mas sinto uma repulsão vindo do meu estômago. Não tenho tempo de ir até o banheiro, então chego na pia e ponho tudo pra fora. Sinto as mãos de Peeta segurando os meus cabelos. Enxaguo a boca ainda me sentindo um pouco enjoada.

– Ei, o que foi isso? Você está bem? – me pergunta Peeta, segurando minha cintura, fazendo-me ficar de frente pra ele.

– Deve ser alguma virose. Estou meio tonta. Vou deitar um pouco. – falo saindo da cozinha.

Peeta me segue, eu subo os degraus e paro na metade da escada, sentindo a minha visão ficar turva. Me agarro ao corrimão com as duas mãos achando que ia cair.

– Katniss, é melhor eu levar você no médico. – fala Peeta e sinto o tom nervoso na voz dele. Ele está segurando os meus dois braços.

– Não precisa. Eu vou ficar bem. Deve ter sido a caçada que fiz hoje. Não estava mais acostumada a caçar.

Eu tinha decidido ir caçar hoje, deixei Alice na padaria com Peeta. Eu gostei de ter feito aquilo. Me senti mais ativa, mais viva.

Peeta não respondeu, apenas me ajudou a chegar ao quarto, eu lavei meu rosto e depois deitei na cama e apaguei.

Fui acordada com Peeta acariciando meus cabelos.

– Eu tenho que ir para a padaria. – me informa ele.

– Tudo bem.

– Alice está no Haymitch. Assim você pode descansar melhor. Se passar mal liga pra padaria, ok?

– Ok.

– Tá. – ele me dá um rápido beijo. – Te amo. Até mais.

– Também te amo. Tchau.

Peeta sai, eu continuo na cama mas como não consigo voltar a dormir me levanto. Vou a cozinha sentindo meu estômago roncar. Como pouco, com medo de colocar tudo para fora novamente. Não tenho muito o que fazer em casa. Então decido varrer os quartos. Organizo todo o quarto de Alice que estava uma completa bagunça. Coloquei brinquedos quebrados no lixo e organizei o que sobrou nas caixas de brinquedos. Agora sim dava para chamar aquilo de quarto. Depois de fazer isso sentei no sofá e liguei a televisão deixando em qualquer canal, não ia prestar atenção mesmo, era só para não ficar no silêncio. Me acostumei com Alice fazendo barulho pela casa. Mas como não tinha escolha, acabei prestando atenção na reportagem da televisão. Era sobre gravidez.

– Então Doutor, quais seriam os principais sintomas da gravidez?

– Bem, são vários para ser exato. Mais um dos principais que acontecem com cerca de 80% das mulheres é a tontura, além de enjoos e náuseas.

– Ah, sim. Típicos até nos filmes quando a personagem fica grávida.

–Sim, exatamente. As náuseas e vômitos da gravidez costumam surgir entre a 6ª e a 12ª semana de gestação. Entretanto, há mulheres que apresentam estes sintomas já na 2ª ou 3ª semana de gravidez. Náuseas e vômitos são sintomas típicos do primeiro trimestre de gravidez e tendem a desparecer no segundo trimestre. Em alguns casos, os enjoos da gravidez são tão intensos que a mulher não consegue nem se alimentar. Casos graves, com necessidade de apoio médico, são chamados de hiperemese gravídica.

– E enquanto a tonturas?

– Bem, tonturas é um dos daqueles clássicos sintomas de gravidez que aparecem em todos os filmes quando a personagem fica grávida, como você mesmo já disse. Os hormônios da gravidez provocam diversas alterações no organismo da mulher, que realmente podem provocar tonturas, entre elas estão a queda da pressão arterial, redução do níveis de açúcar no sangue, anemia, aumento da frequência respiratória, alimentação insuficiente devido aos enjoos, etc.

– E qual seria os outros sintomas?

– Além desses temos: Sangramento vaginal, cólicas ou dor abdominal, atraso menstrual, aumento dos seios e dor nas mamas, alterações na aparência dos seios, constipação intestinal, inchaço abdominal, cansaço, aumento da frequência urinária, desejos alimentares, alteração do paladar, alterações do olfato, aumento dos gases, variações do humor, dor de cabeça, dor lombar, acne e corrimento vaginal.

Paro de ouvir a reportagem e me sinto congelar. Eu não posso estar grávida. Saio do sofá e caminho até o espelho mais próximo que há. Ele disse alguma coisa sobre alterações na aparência dos seios. Apalpo meus seios, sentindo eles realmente maiores. Tontura, enjoos, isso eu já tive hoje. Vou ao calendário preso na cozinha. Agora confirmei minhas suspeitas. Não pode ser. Outro filho? É isso mesmo? Talvez não seja, talvez seja só uma paranoia minha por causa do Peeta. Desligo a televisão e vou até a farmácia. Compro três testes e volto para casa. Faço eles e o resultado deu positivo nos três. POSITIVO!!! NOS TRÊS!!! Largo dois perto da pia e seguro o outro com a mão olhando para o resultado enquanto levo a outra mão livre para a boca, não conseguindo acreditar se aquilo era realmente verdade.

– Katniss? Ah, você está aqui. – levo um susto ao ouvir a voz de Peeta entrando no banheiro.

Me viro derrubando os dois testes que estavam próximos a pia no chão. O terceiro eu escondo atrás de mim.

– O que faz em casa a essa hora? – pergunto ainda em choque.

– Eu saí mais cedo da padaria, estava preocupado com você. O que você está escondendo de mim? – fala ele se aproximando.

– Não é nada. – respondo, dando um passo para trás e chutando mais para trás os outros dois testes que caíram.

Mas parece que ele notou o que eu fiz. Ele se aproxima e ajunta um teste do chão. O olha e parece surpreso. Ajunta o outro e parece não acreditar. Ele puxa o meu braço que estava escondido atrás de mim e tira o terceiro teste da minha mão. Ele olha para os três testes e vejo um sorriso começar a se formar nos lábios dele.

– Vo-vo-vo-cê está grávida? – pergunta ela rindo. Eu apenas confirmo com a cabeça. Ele me ergue enquanto me abraça. – Eu não acredito nisso. Você está grávida. – ele me solta e percebe que eu estou chorando. – Por que você está chorando?

– PORQUE EU NÃO O QUERO. EU NÃO QUERO ESTE BEBÊ. – eu grito pois se não gritasse isso não ia conseguir sair de dentro de mim.

– Você não o quer? Como assim, Katniss? Você não o ama?

– Não, eu não o amo, Peeta. – eu sussurro me achando uma imbecil por não conseguir amar uma criança que é minha.

Peeta se escora na parede e escorrega até sentar no chão.

– Você não o ama. Você não o quer. – ele sussurra mais para ele mesmo do que para mim. Ele se levanta e começa a andar em minha direção, achei que ele estivesse furioso comigo, que começaria a gritar e me xingar. Que me chamaria de tola. Mas a única coisa que ele faz é me abraçar e acariciar os meus cabelos. – Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você. Eu vou proteger a minha família. Não precisa ter medo.

Eu choro até sentir meus olhos arderem por causa da quantidade de água que saiu dos mesmos.

– Onde está a Alice? – eu pergunto em meio aos soluços.

– Está no Haymitch. Eu vou busca-la. Enquanto isso você toma um banho, esfria a cabeça. Amanhã nós iremos ao médico.

– Tá. – eu respondo antes de entrar no banheiro.

Fico embaixo do chuveiro até conseguir limpar a minha cabeça das coisas horríveis que poderia acontecer com esta criança. Peeta bate na porta enquanto eu estava me vestindo.

– Está tudo bem aí? – pergunta ele.

– Está sim, já vou sair.

– O jantar já esta pronto.

– Ok, já vou descer.

Termino de me vestir, penteio meus cabelos e desço.

– Oi mamãe. – me cumprimenta Alice.

– Oi, Alice. – sinto o cheiro de algo que eu adoro. – Hmm, cozido de carneiro.

– Papai disse que é sua comida favorita. – me informa Alice.

– E papai, como sempre, está certo. – concordo com ela.

Comemos tranquilamente, mesmo depois de Alice sair da mesa Peeta não foi falou nem mais uma palavra sobre a gravidez. Depois de comer, coloquei Alice na cama, e me juntei na cama com Peeta, que me abraçou fortemente. Dormi rapidamente, mas acordei aos gritos após ter um pesadelo. Esse bebê sendo morto pelas mãos de Snow e seu filho, Dexter. Sendo brutalmente tirado dos meus braços enquanto chorava, o choro dele cessa quando Dexter corta sua garganta com uma faca que tinha em mãos. O sangue dele escorre pelas roupas e respinga no chão. Snow ri para mim, achando aquilo muito divertido. Aposto que ele ria da mesma forma quando via alguém morrer dentro da arena.

– Katniss, acorda. Está tudo bem. Ninguém vai tira-lo de você. Eu não vou deixar. – Peeta me abraça, tentando me confortar.

– Vão sim, e depois vão mata-lo, e eu vou ver o sangue dele escorrer pelo chão. Assim como vi o sangue de Rue, de Prim e de várias outras pessoas.

– Amor, isso não vai acontecer. Os Jogos não existem mais. A Revolução não existe mais. Só existe paz agora. Não precisa se preocupar com isso.

Não estava com cabeça para discutir com Peeta, então apenas deixei ele me abraçar e voltei a dormir.

Peeta me acorda cedo, me avisando que já havia marcado a consulta com a Doutora Mary ontem e que seria hoje de manhã. Depois do café, ele deixa Alice com Haymitch mais uma vez e nós partimos em rumo ao hospital para confirmar a gravidez.

– Ora, quer dizer que voltaram novamente aqui. – fala a Doutora Mary assim que nos sentamos nas cadeiras.

– Sim, voltamos. – responde Peeta, tentando parecer feliz, eu também tento.

Se ficar muito óbvio para a Doutora que tem algo errado, ela vai me fazer um monte de exames psicológicos.

– Bem Katniss. Você já sabe: cama, sangue e resultado em 10 minutos.

Apenas me sento na cama e deixo ela tirar meu sangue. A Doutora Mary sai do quarto e Peeta fica me avaliando a distância.

– Você está bem? – me pergunta ele.

Que engraçado, há mais de quatro anos atrás fui eu que perguntei a ele quando viemos confirmar a minha primeira gravidez. Ele estava tão nervoso naquele dia. Ele está igualmente hoje. Mas aquele nervosismo foi bom, esse não esta sendo. Ele está preocupado comigo.

– Estou eu acho. – respondo.

– Você pode ao menos tentar ama-lo? Nem que seja um pouco. Por favor. Eu sei o que é ser um filho rejeitado pela mãe. Eu sei como não é ser amado pela mãe.

Peeta realmente sabia. Estou agindo igual a mãe de Peeta agora. A pessoa que eu achava uma bruxa por não dar valor ao próprio filho. Ah, Peeta. Como eu queria amar esta criança. Mas simplesmente não estou conseguindo. Eu sei o quanto é injusto com ele ou ela. Ele não pediu para nascer. Se ele existe é por culpa nossa.

– Posso tentar. – sussurro sem olhar para ele.

A Doutora volta com o resultado dentro do envelope.

– Então... Eu falo agora? – pergunta ela.

– Pode falar Doutora. – responde Peeta.

A médica olha para mim e eu afirmo com a cabeça.

– Ok, parabéns. Você está grávida de um mês, Katniss. - Fico estática. Estou com esta criança dentro de mim faz um mês já? Só noto que estou chorando quando Peeta se levanta da sua cadeira e me abraça. – Está tudo bem? – pergunta a Doutora com alguma suspeita.

– Está sim. – me apresso em responder. – É só que eu não sabia que já estava de um mês.

– Katniss achou que estivesse no máximo de duas semanas. – Peeta complementa a mentira.

– Bem, desculpa pega-los desprevenidos então. Vamos assinar os papéis? – diz a médica.

Assinamos a mesma papelada e fomos embora.

– Quando contaremos a Alice? – pergunta Peeta dirigindo o carro para a nossa casa.

– Hoje mesmo. – respondo olhando para a rua.

– Você não pensou em abortar, não é?

Abortar é algo ilegal nos Distritos, mas completamente normal na Capital. Afinal, o que as mulheres de lá não fazem para continuarem bonitas e elegantes?

– E causar mais uma morte? Eu posso não ama-lo, mas nunca criaria coragem para acabar com a vida dele. Já matei gente demais, não vou matar meu próprio filho, Peeta.

Buscamos Alice antes de entrar dentro de casa. Sentamos no sofá com ela para conversar sobre o novo bebê.

– Alice, precisamos falar uma coisa pra você. – começa Peeta. – Você terá um irmãozinho.

– Legal. – diz Alice. Peeta achava que ela não iria gostar da ideia de ter um irmão.

– Eu sei, mas... Espera aí. Você disse “Legal”? – pergunta Peeta não acreditando.

– É, eu estava tentando escolher meu presente de Natal, papai. Eu estava tentando escolher entre um irmãozinho e uma bicicleta. Mas como vocês vão me dar o irmãozinho agora, posso ganhar a bicicleta de Natal. – explica Alice. Começamos a rir da explicação de Alice. Só ela mesma pra pensar numa coisa dessas. – Então, onde está ele?

– Onde está o que? – pergunto.

– Meu irmãozinho.

– Ora, Alice. Está aqui dentro. – diz Peeta colocando a mão na minha barriga.

– Aí? E quando ele vai sair dali?

– Quando ele ficar maior. Por enquanto ele vai ficar dentro da mamãe, bem protegido e quentinho.

– E vai demorar muito pra ele crescer?

– Vai demorar um pouquinho. – respondo.

– Que chato. Eu pensei que teria ele agora.

– Mas você já o tem, Alice. – explica Peeta. – Ela está aqui, ele já é seu irmãozinho. Por que não tenta falar alguma coisa pra ele?

Alice se aproxima e coloca a mão na minha barriga.

– Ei irmãozinho. Não demora muito pra crescer, viu? Eu quero muito brincar com você. Não demora muito pra sair de dentro da mamãe. Se não você vai ficar tão grande que a mamãe vai explodir.

Nós rimos mais uma vez, só Alice para alegrar nosso dia. Espero que esse bebê traga o mesmo efeito de Alice. Nossa filha sobe para seu quarto e ficamos Peeta e eu no sofá da sala.

– Então... Você está com fome? – pergunta Peeta.

– Vai começar de novo a perguntar a cada cinco minutos se eu estou com fome?

– Bem, você sabe como eu sou.

– Sei sim. Você é tão preocupado que chega a me dar tontura.

– O que?! Você está tonta?

– Não. – eu repondo rindo. – Mas com fome eu estou.

– Então vamos pra cozinha que eu vou fazer o almoço.

– Vamos contar a quem primeiro? – pergunto quando já estamos sentados na mesa almoçando.

– Nós vamos contar? – pergunta Peeta.

– Bem, alguma hora irá aparecer uma foto na televisão mesmo. Então de um jeito ou de outro vai Panem inteira saber.

– Que tal começar pela sua mãe?

– Ótima ideia. Se ela não estiver ocupada no hospital.

Depois de limpar a louça do almoço, decidimos ligar para minha mãe.

– Está chamando. Vou colocar no viva-voz. – anuncia Peeta largando o fone.

– Alô. – fala uma voz de mulher.

– Oi, sou Katniss, queria falar com minha mãe, a Doutora Everdeen.

– Só um minuto.

Um tempo se passa até que ouço a voz da minha mãe.

– Oi Katniss. Pode falar.

– Oi mãe, a Alice quer falar uma coisa pra você. Fala, Alice.

– Vovó Lena? – chama Alice.

– Oi, meu amor. Que saudade eu estou sentindo de você. O que você quer falar pra vovó?

– Eu vou ter um irmãozinho, vovó. – responde Alice.

Silêncio. Minha mãe não diz nada.

– Katniss... Você está grávida? – ele finalmente indaga.

– Estou. – suspiro, mas tento parecer satisfeita.

– AI-MEU-DEUS!!! EU NÃO ACREDITO!!! ISSO É INCRÍVEL!!! – grita ela.

– Mãe, eu pensei que tivesse que fazer silêncio nos hospitais.

Ela me responde de outra forma, ela não fala comigo mas com alguém que com certeza pediu para ela parar de gritar.

– FALAR MAIS BAIXO O CARAMBA!!! EU ATENDO MAIS DE 50 PESSOAS POR DIA. SE EU QUISER FAZER UMA FESTA DO PIJAMA COM OS PACIENTES, EU FAÇO!!! – um breve minuto de silêncio. – VÁ VOCÊ PARA O INFERNO. – ela finalmente volta a falar comigo. – Querida, estou tão feliz por você. E que venha mais dez netos pra mim.

– Epa, calma aí mãe. Acho que você se animou de mais. – a alerto.

– Tudo bem, eu exagerei. Querida, preciso atender alguns pacientes aqui.

– Ah, sim. Você vai fazer uma festa do pijama com seus 50 pacientes diários, não é?

Ela ri antes de responder.

– Desculpa, não era para você ter ouvido isso. Mas agora tenho que ir. Tchau filha, tchau Alice. Mande um beijo meu para Peeta.

– Já recebi seu beijo, mãe. – falou Peeta. Ele pegou a mania de chamar a minha mãe de mãe.

– Ah, você também está aí, querido. Não sabia. Desculpa. Tchau. Tenho que ir. Beijo pra todos.

– Tchau. – respondemos em uníssono e ela desliga.

Contamos para mais algumas pessoas, o que inclui Effie e Haymitch. Effie vibrou feito uma adolescente e Haymitch fez suas costumeiras piadinhas. Saímos de lá depois de Joe dizer que também queria um irmãozinho pra ele. Agora Haymitch e Effie que se virem com Joe.

E enquanto a Peeta, Alice e eu, tudo que podemos fazer e esperar este novo bebezinho. E eu espero com todas as forças, poder ama-lo como eu amo a Alice.


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Notas finais do capítulo

O nome do segundo baby da Kat e do Peeta eu já escolhi. Mas não vou dizer agora. MUHAHAHAHA. A parte em que Katniss está vendo a reportagem sobre gravidez na televisão: eu pesquisei os principais sintomas da gravidez pra não escrever nenhuma bobagem. Espero que tenham gostado. Comentem. Beijocas da Tia Rafú pra vocês!!! ;)



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