Ao nascer de uma nova Esperança escrita por Rafú


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Mais um capítulo pra vocês. Espero que gostem, Bijus. :)



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Peeta já estava saindo quando eu disse:

–Espere.

– Que foi? – perguntou-me ele preocupado.

– Preciso alimentar Buttercup antes de sairmos.

– Tudo bem. Eu pensei que esse gato tinha morrido. – falou ele rindo

– Não. Acho que este gato foi amaldiçoado. – respondi rindo também e pegando a comida de Buttercup.

Depois que voltei ao Distrito 12 aprendi a gostar de Buttercup, e, ao que parece, ele também aprendeu a gostar de mim, após a morte de Prim, ele virou uma espécie de companhia para mim, além de ser uma lembrança de Prim. Ás vezes ele mia a noite à procura de Prim, e eu lhe digo:

– Não adianta, ela não vai voltar. – então, ele me encara por certo tempo e aninha-se a mim a procura de carinho. Às vezes, eu choro pela falta que Prim me faz, e ele aparece para me consolar.

Dou comida a Buttercup e digo a Peeta:

– Tudo bem. Agora podemos ir.

Atravessamos o portão da Vila dos Vitoriosos, e enquanto caminhamos, observo tudo a minha volta, há coisas que ainda estão em cinzas, há coisas que estão ressurgindo das cinzas. Passamos pelo que sobrou da padaria. Peeta para e encara os restos pensativo e com um olhar distante.

– Você está bem? – pergunto preocupada.

– Estou. Vem, vamos continuar – responde ele rapidamente puxando meu braço.

Decido arriscar fazer uma pergunta:

–Você nunca pensou na possibilidade de reconstruir a padaria?

– Já pensei sim. Porém, tenho receio que isso me traga lembranças ruins e flashbacks, então abandonei essa ideia.- me responde ele secamente.

– Pois eu acho que você deveria reconstruir, por um lado, como você disse, pode, sim, te trazer lembranças ruins, mas por outro lado pode trazer lembranças boas.

– Você acha? – perguntou ele curioso.

– Sim. Acho que sua família ia ter orgulho de você. – parei de falar, temendo ter aberto a possibilidade de lembrar a ele que não tinha mais sua família. Lembrar a ele que sua família havia morrido. Por culpa minha. Ele interrompeu meus pensamentos:

– É. Talvez você tenha razão. Seria bom abrir a padaria de novo. Seria bom continuar os negócios da minha família. Afinal as pessoas ainda precisam de pão pra comer no café-da-manhã, não é? – indagou-me ele mais entusiasmado.

– Claro. – respondi sem saber mais o que dizer.

Resolvi mudar de assunto, não queria mais tocar no assunto da família dele. Estava começando a me sentir culpada.

– Você pinta quadros ainda?

– Pinto quando me sinto inspirado.

– E o que você pinta?

– Ah, eu pinto lembranças boas, coisas que eu tenho certeza que aconteceram. – me responde ele sorrindo.

– E qual foi a última lembrança que você pintou?

– Hmm, deixe eu ver. Aquela vez, quando estávamos no centro de treinamento, no Massacre Quaternário. A gente estava fazendo um piquenique no terraço, você estava com a cabeça deitada no meu colo, fazendo uma coroa de flores, e eu estava brincando com seus cabelos. – ele faz uma breve pausa – isso realmente aconteceu? Não é?

– Sim, aconteceu. Foi um dia bom. Eu lembro bem desse dia. Posso ver seus quadros algum dia? – pergunto curiosa

– Claro. – respondeu ele tranquilamente.

– Legal. Obrigada. – agradeci entusiasmada.

– Mas.... – ele falou logo em seguida.

– Mao o que? – indaguei aflita

– Mas você terá que me levar até a floresta. – afirmou ele divertido.

– A floresta? A minha floresta?

– Sim. E a floresta não é sua, é do Distrito 12. – disse ele rindo.

– O que você quer fazer lá? Não há nada de interessante, só plantas, árvores, animais....- falei relutante.

– Quero fazer um piquenique. Igual ao daquele dia no terraço no Centro de Treinamento. E depois quero transformar isso em um quadro.

Suspirei longamente. Não gostava de levar as pessoas a floresta, gostava de ir sozinha, pensar comigo mesma tudo que passou. A floresta era meu santuário. Mas, também, a floresta já não me trazia tanta paz, pois lembrava do momentos que passei lá com Gale, lembrava que ele já não era mais meu amigo, lembrava que por culpa dele, eu havia perdido Prim, e que por isso eu o odiava. Peeta notando meu silêncio tentou mais uma vez:

– Ah, qual é, Kat? Me leve a floresta. O que custa? Vamos, por favor.

Suspirei novamente. Repensei, talvez Peeta conseguisse transformar a floresta em um lugar agradável pra mim novamente, talvez ele conseguisse fazer as lembranças de Gale sumirem, talvez ele conseguisse lembrar das coisas mais nitidamente:

– Tudo bem, eu levo você a floresta.

– E faremos o piquenique? – perguntou ele com os olhos brilhando.

– Sim, faremos o piquenique.

– Obrigado.

Chegamos ao monumento. Levei um choque. Parei de andar e segurei o braço de Peeta. Era uma fila com várias estátuas uma no lado da outra, cada estátua era uma pessoa que morreu durante a guerra. Começava com Leeg 1 e Leeg 2, e passava para Finnick, Boggs, e, apesar dele não ter participado da guerra propriamente dita, colocaram Cinna ao lado de Boggs. Mas o que mais me surpreendeu foi a estátua de Prim, na frente de todas as outras, centralizada, em suas mãos estava uma cópia do meu broche de tordo, embaixo dela, perto de seus pés, havia uma espécie de pequena parede, com a frase: “ Homenagem as pessoas que deram seu melhor, para uma Panem melhor, e que não podem estar aqui para ver os resultados.” E ao redor da frase havia, pelo que consegui enxergar vários nomes, que deviam ser das pessoas que morreram durante a guerra. Assim que vi isso, parei de respirar, várias imagens me vieram pela cabeça em um único segundo. As mortes de Finnick, Cinna, Boggs, Prim, as mãos de Peeta ao redor de meu pescoço, o momento em que matei Coin, o olhar irônico de Snow. Muito mais coisas me passaram pela mente, até que lágrimas começaram a brotar de meus olhos e só então notei que Peeta chamava desesperadamente o meu nome:

– Katniss! Katniss? Está me ouvindo?

Olhei para ele desesperada:

– Me tira daqui. Eu quero sair daqui. – tentei falar em meio aos soluços.

Ele me abraçou forte e eu enterrei meu rosto na camisa dele:

– Me desculpe, não imaginei que você fosse reagir assim, eu sinto muito. – começou ele a se lamentar. Eu interrompi ele em meio ao choro:

– Vamos embora. Eu quero ir pra casa. Por favor.

Peeta agarrou minha mão e me puxou rápido para longe daquele lugar. Eu continuei chorando e deixei ele me conduzir. Chegamos a minha casa. Já estava anoitecendo. Entramos, ele me segurou pelos ombros e fez eu olhar em seus olhos:

– Me desculpa, Katniss. É tudo culpa minha. Eu devia ter adivinhado.

Eu estava um pouco mais calma agora, mas algumas lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto:

– Não foi culpa sua. Você não tinha como saber. Eu estou cansada, só quero dormir um pouco.

– Tudo bem, eu vou pra casa então. – respondeu ele, com um tom de culpa na voz.

Eu sabia que esta noite teria algum pesadelo relacionado com aquelas pessoas das estátuas, então não me contive em perguntar antes que ele atravessasse a porta:

– Peeta?

– Que?

– Fica comigo esta noite?

– Sempre. – me respondeu ele calmamente, já fechando a porta da sala.


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Notas finais do capítulo

Está aí meus amores, mais um capítulo, não esqueçam de comentar, quero saber o que estão achando, se está bom assim, se tem que melhorar alguma, me digam. Beijocas da Tia Rafú.



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