Ao nascer de uma nova Esperança escrita por Rafú


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

OIZINHO. Voltei um dia antes, pois consegui terminar o capítulo. Queria agradecer a linda New Kid in Panem pelas sugestões maravilhosas e dizer que vou trabalhar com elas sim, :D Queria agradecer a todas que comentaram o capítulo anterior e dizer que estou sentindo falta de algumas pessoas que comentavam antes e agora pararam de comentar. A história deixou de ficar interessante? É isso? Se é podem dizer que eu dou um jeito de deixa-la interessante. Só não parem de me dizer as suas opiniões. Eu gosto tanto de cada comentário, é o que me motiva sempre a escrever capítulos cada vez maiores. Ok, chega de falar. Boa leitura. Bijus.



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Conversei tudo que nunca tinha conversado com minha mãe. Nunca pensei que fosse me sentir tão bem em tê-la perto de mim. Ele se agarrou a ideia de que Peeta e eu somos muito jovens para ter filhos, mas trarei de me defender, dizendo que eu devia isso a Peeta, por tudo que ele passou por minha causa e que ela mesma me teve aos 17 anos. Minha justificativa nos levou a outros mil assuntos e ficamos dias conversando. Infelizmente ela foi embora uma semana depois. Peeta prometeu que iriamos visitar ela em breve.

Não queria que minha mãe fosse embora, mas sei o motivo de ela ter partido: na outra semana seria o aniversário de Prim, e sei que ela não iria suportar ficar em uma casa que lhe traz tantas lembranças. Na verdade, nem eu suporto, nesses dias costumo nem sair da cama. Fico apenas deitada ou sentada olhando para o nada pela janela, criando uma inútil esperança de que Prim entre no quarto e me diga como foi à escola ou alguma bobagem que Buttercup fez. É claro que ela nunca aparece. Ela nunca mais vai aparecer.

Pensei que esse ano seria diferente, pois tenho uma ocupação, tenho Alice, ela ocupa grande parte do meu dia. Mas descobri assim que abri os olhos que seria exatamente igual ao ano passado. Assim que acordo lembro que hoje Prim poderia estar completando mais um ano de vida, mas que não está. Ela está em outra dimensão, outro lugar que não posso ver. Quantos anos ela teria? Acho que seria 16 anos. Foi com essa idade que me ofereci como tributo para ela não ir para os Jogos Vorazes. E no que adiantou isso? Ela morreu de uma forma ou de outra. Mas e se eu não tivesse me oferecido nos Jogos? Prim teria ido e seria muito provável que teria morrido. Será que Peeta teria morrido? E se Peeta ganhasse? Tenho certeza que não estaríamos juntos agora e que Alice nunca viria a existir. Mas e onde eu estaria nessa algazarra toda? Muito provavelmente ainda caçando com Gale para ter o que comer. E será que Gale e eu continuaríamos a sermos apenas amigos? São tantas perguntas que nunca obterei uma resposta.

– Bom dia. – ouço Peeta falar quase num sussurro.

Tenho certeza que ele sabe que dia é hoje. Ela não estaria na cama comigo agora se não soubesse. Ele sempre levanta assim que acorda, não fica deitado. Ouvi-o ligando para Diego ontem e avisando que não poderia ir à padaria hoje.

Não dei uma resposta, só me abracei mais a ele tentando procurar algum consolo. Ele me abraçou mais forte, tentando me dar o que eu queria. Mas até ele sabe que nada fará eu me sentir bem hoje. Ele, por fim, me tira com carinho de seu peito e apoia minha cabeça no travesseiro. Dá um beijo na minha testa:

– Vou preparar o café e trazer pra você, tá? – ele fala com cuidado.

Apenas aceno a cabeça concordando. Ele desce enquanto eu não consigo nem me sentar direito na cama, quando consigo sentar, apoio meus braços no parapeito da janela e apoio a cabeça em cima dos braços, olhando para o nada. Mais uma vez crio a esperança inútil de que Prim entrará correndo no meu quarto. Peeta demora certo tempo na cozinha enquanto eu me perco em memórias. Ele finalmente entra no quarto com uma bandeja, é uma comida leve. Ele sabe que não vou ter tanto apetite hoje.

– Desculpe a demora, aproveitei que desci e já fiz a mamadeira de Alice. – desculpou-se ele.

– Ela já acordou? – perguntei.

Estava tão mergulhada no passado que por alguns minutos esqueci que tinha uma filha.

– Não sei bem. Dei uma passada rápida no quarto dela e ela estava se remexendo na cama. Vou lá dar uma olhada, ok?

– Ok.

Ele pegou a mamadeira que colocou em cima da bandeja junto com meu café, e saiu novamente do quarto. Fiz descer um pouco da comida só para não preocupar Peeta. Ele retornou algum tempo depois com Alice no colo. Colocou ela sobre a cama e sentou. Não dei muita atenção a Alice, pois eu ainda me sentia dormente, sentia que estava dormindo. Alice venho até mim.

– Mama “tisti”? – perguntou ela.

– Não, meu amor. Não estou triste. Só estou pensando um pouco. – respondi, tentando esboçar um sorriso. Não deixaria minha filha entrar nisso junto comigo, ela não tem nada a ver com o que aconteceu, ela nem ao menos existia. Peguei uma bolacha salgada e ofereci a ela. – Quer uma bolacha?

Ela pegou e fiquei observando ela comer a bolacha. Peeta viu que Alice não estava ajudando muito.

– Vamos ver desenho lá na sala, Alice? – perguntou Peeta para nossa filha.

– Mama. – foi à resposta.

– A mamãe está cansadinha, vamos deixar ela descansar enquanto assistimos televisão, tá?

– Tá. - Ele a pegou e se levantou, Alice abraçou o pescoço dele ainda com a bolacha na mão, olhou pra mim e acenou com uma das mãozinhas – “Tau” mama.

– Tchau, Alice. – respondi acenando de volta.

Fiquei horas na janela, Peeta não entrou mais no quarto, ele sabia que eu não queria companhia. Ele sabia que eu só queria ficar sozinha e chorar durante horas. Acabei dormindo novamente. Acordei em um pesadelo, onde Alice me chamava desesperadamente, e me surpreendo quando me sento na cama e noto que ela continua me chamando. Não é um pesadelo, Alice está realmente me chamando. Quero me levantar imediatamente e ver o que Alice tem, mas eu pareço ter perdido todos os ossos, me levanto quase em câmera lenta e caminho devagar pelo corredor, seguindo os gritos. Não chego a entrar no quarto, não sei por que decido espiar. Quando olho está Alice de pé no berço, chorando e chamando desesperadamente por mim. Peeta está inclinado com os braços apoiados no berço, tentando de toda forma acalma-la.

– Eu sei que você quer a mamãe, meu amor. Mas você não vai poder vê-la hoje. Você pode vê-la amanhã, eu juro.

Alice chora mais a cada frase dita por Peeta. Ele acaba entrando em desespero, o que sempre acontece quando não consegue ver Alice feliz. Ele se senta com as costas apoiadas no berço enquanto começa a chorar também.

– Eu sou um pai horrível. Sou o pior pai que existe. Não consigo nem acalmar minha própria filha. E agora estou aqui chorando que nem um idiota. – ele apoia a cabeça no berço e fecha os olhos.

Só então noto que Alice parou de chorar e observa Peeta sentado, ela se ajoelha, passa o braço pela grade do berço e começa a fazer uma espécie de carinho na cabeça de Peeta.

Ela aprendeu isso comigo. Tenho certeza. Quantas vezes estamos na sala assistindo televisão com Alice em nossa volta, e Peeta está deitado no sofá com a cabeça apoiada no meu colo enquanto eu acaricio seus cabelos? É praticamente todos os dias.

– Papa. – ela chama. Peeta se vira pra ela, se ajoelhando na frente do berço, ela se senta. – Papa bom.

– Eu sou um pai bom? – pergunta Peeta sorrindo. Alice apenas balança a cabeça afirmando. – Bem, isso é um grande elogio vindo de uma criança tão pequena.

Alice o olha sem entender o que Peeta quis dizer.

– “Xolo” não. – diz ela, balançando o dedo em um sinal de não.

“Choro não”. Mais uma coisa que ela aprendeu comigo. Sempre falo isso quando ela começa a chorar para conseguir as coisas. Só dou a ela depois de ela parar de soluçar. Peeta começa a rir.

– Choro não? Ok. Não estou mais chorando. – ele limpa as lágrimas com as mãos. – Você é tão igual a sua mãe. Eu tenho sorte. Na verdade, você tem sorte. Não são todos que tem a capacidade de serem fortes como ela é.

– Mama? – ela pergunta.

– Mamãe está um pouquinho triste. Quem sabe você não consegue me ajudar a deixa-la feliz, hein? Sabe de alguma coisa que deixaria a mamãe feliz? - Alice se levanta e começa a bater a mãozinha na pintura que está atrás do berço, na parede. A floresta verde, com o pôr-do-sol laranja. – A floresta. Tem razão. A mamãe ama a floresta, não é?

– É.

Mas, espera. O que eu estou fazendo aqui parada só olhando? Por que eu não entrei no quarto ainda? Prim estaria decepcionada comigo se me visse deixar minha filha desamparada. Ela com certeza iria me fazer sair da cama e enfrentar o dia. Entro no quarto, sem notar que estava sorrindo.

– Oi. – digo.

– MAMA!!! – Alice grita enquanto pula no berço.

Eu a pego e olho seu rosto.

– Sentiu minha falta, meu amor? – pergunto. Ela balança a cabeça afirmando. Eu a abraço e ela aperta seus bracinhos em volta do meu pescoço. – Eu também senti sua falta.

– Você está bem? – pergunta Peeta se levantando do chão.

– Por enquanto sim. – respondo.

Isso mesmo. Por enquanto sim. Afinal, ainda é aniversário de Prim e sei que essa alegria que me surgiu pode durar apenas alguns minutos.

– Estava pensando em levar Alice pra brincar com Joe. – falou Peeta, interrompendo meus pensamentos.

– Jo!!! – grita Alice olhando para Peeta.

– Isso mesmo. Você quer ir brincar com o Joe?

Alice pula para o colo de Peeta como resposta.

– Vou junto com vocês. Só vou trocar essa roupa. – digo apontando para o meu pijama.

Voltei ao meu quarto, troquei de roupa e tratei de lavar bem o rosto, pois eu estava com aquele semblante de pessoa deprimida. Volto ao quarto de Alice e já a vejo pronta para sair. Ela me mostra urso que decidiu levar junto e diz:

– Pat.

Patrick deu um cachorrinho de pelúcia para Alice quando ela fez um ano de idade. Alice começou a chamar Patrick de Pat, o que virou mania para todos nós, pois Peeta, eu e os funcionários da padaria começamos todos a chamar Patrick de Pat. Como foi ele que deu o cachorrinho para ela, ela o batizou de Pat.

– Ah, você quer levar o Pat pra casa do Joe? – pergunto.

Ela balança a cabeça, enquanto abraça o cachorrinho de pelúcia. Chegamos e batemos na porta. Haymitch atende:

– Docinho, garoto. Oi, como vão?

– Oi Haymitch. Vamos muito bem. – responde Peeta. – Trouxemos alguém para fazer companhia ao Joe.

Joe aparece ao lado de Haymitch, assim que vê Alice põe-se a gritar e pular.

– Lice!!!

– Jo!!! – responde Alice.

Entramos e Effie está sentada na sala lendo alguma revista. Sentamos-nos e Peeta coloca Alice no chão.

– Peeta, Katniss. Olá, queridos. – Effie nos cumprimenta.

– Oi, Effie. – digo.

Alice mostra seu cachorro de pelúcia para Joe e ele o pega enquanto começa a latir e brincar com o urso. Ele fala alguma coisa sobre brinquedos e se dirige as escadas. Alice, é claro, quer ir junto. Peeta a segura pelo braço que ela apoiou no sofá.

– Não, não, não. Você fica.

– Jo. – ela começa a choramingar.

– Joe foi buscar brinquedos para vocês brincarem, ele já vai voltar. – digo.

– E, além disso,... – ajuda Effie. -... eu não ganhei nenhum beijo de você hoje.

– Eu também não ganhei. – falou Haymitch.

Alice muda de direção e caminha apoiada no sofá até Effie, Effie a pega e ela dá um beijo estralado na bochecha de Effie.

– Mas que beijo gostoso. – fala Effie largando Alice no chão.

– E eu? Eu também quero um beijo gostoso. – reclama Haymitch fazendo um beicinho.

Alice engatinha até Haymitch, ele a pega e ela dá um beijo igual ao que deu em Effie.

– Nossa! O melhor beijo que eu recebi em toda minha vida. – fala Haymitch.

Ele a larga no chão e ela senta, pegando o “Pat” e brincando com ele, dá mesma forma que Joe fez há pouco tempo. Que tinhosa!!! Imitando os outros. De repente ela larga o brinquedo e começa a gritar impaciente pela demora de Joe:

– JOOOO!!!! JOOOO!!!!

– Alice, para de gritar, você não está em casa. O que é isso? – eu xingo ela enquanto Peeta tenta disfarçar uma risada. Ela parece ficar mais irritada ainda e cruza os braços enquanto faz uma cara feia. – Não faça cara feia pra mim, que cara feia pra mim é fome. E para de rir, Peeta. – falo me virando pra Peeta.

– Desculpa. – ele falando voltando ao normal.

– Mas essa aí vai ser a cópia exata da mãe. – fala Haymitch. – Aliás, já é a cópia exata da mãe. Olha ali. – ele aponta para Alice que continua emburrada e com os braços cruzados. – Quem mais consegue imitar a carranca da Katniss com tanta perfeição?

– Ah, não começa Haymitch. Ela não é tão igual a mim. – me defendo.

– Ah, ela é sim. – Peeta ri apoiando Haymitch.

– Bom, então sinto muito em dizer que ela revirou todo armário de panelas enquanto você estava na padaria semana retrasada. – digo com um sorriso irônico, sabendo que Peeta odeia que ela desorganize a cozinha.

O sorriso de Peeta some na hora.

– Você deixou ela mexer nas minhas panelas? - pergunta ele.

– Como assim suas panelas? Você quis dizer NOSSAS panelas. Além disso, não esqueça que elas são mais minhas do que suas, pois quando você se mudou para aquela casa, as panelas já estavam lá.

– Mas sou eu que uso mais elas. E se ela amassasse as panelas?

– Ela não amassou nenhuma, não tem nenhum arranhão naquelas panelas. Eu fiz ela guardar tudo exatamente onde estavam.

– É, mas...

Haymitch interviu, pois viu que Peeta estava realmente ficando irritado.

– Mas qual é o problema de vocês? Estão brigando por causa de panelas. Mas que droga. Se quiserem brigar, que briguem por algo que valha o tempo, não por causa de umas porcarias de panelas.

Comecei a rir.

– Qual é a graça agora? – pergunta Peeta ainda irritado.

– Eu menti. – respondo ainda rindo.

– Você mentiu? – Peeta perguntou ainda em dúvida.

– Sim, ninguém tocou nas suas sagradas panelas, localizadas na Capela da Santa Cozinha. – falo rindo mais ainda.

Ele no começo fica sério, mas depois cai na risada junto comigo, Effie e Haymitch nos acompanham logo em seguida. A única que continua emburrada é Alice, pois Joe ainda não voltou.

– Onde está Joe? Ele foi buscar os brinquedos ou fabrica-los? – pergunta Haymitch se levantando e rumando para as escadas.

– Ele deve estar colocando o quarto inteiro dentro da mochila. – suspira Effie.

Joe volta correndo e Haymitch desce com uma mochila e coloca ao lado das crianças.

– O que houve? – pergunta Effie.

– Ele entupiu aquela mochila de brinquedos e não estava conseguindo traze-la aqui para baixo.

As crianças esparramaram os brinquedos pelo tapete e começaram a se divertir. Effie, Haymitch, Peeta e eu, ficamos cerca de uma hora e meia conversando. Até que decidimos ir embora. Effie e Haymitch queriam dar uma saída com Joe hoje e eu não deixaria eles mudarem os planos deles por nossa causa. Fiz Alice ajudar Joe a guardar os brinquedos. Já estávamos na porta com Haymitch nos dando tchau, quando Joe vem correndo.

– Lice! Lice!

– Que isso garoto? Ficou doido? – pergunta Haymitch.

– O Pat. – diz ele tentando alcançar o cachorro de pelúcia para Alice. Pego o urso e entrego para ela. Agradeço a Joe e damos nosso último tchau para Haymitch. Voltamos para casa e Peeta logo fala:

– Preciso dar uma passada rápida na padaria. Tudo bem?

– Sim, pode ir.

– Quer que eu leve Alice?

– Alice, quer ir na padaria com o papai? – pergunto para ela.

Ela estava sentada no sofá brincando com seu urso, ela para, olha para mim e responde:

– Não.

– Tudo bem, pode deixar ela aqui em casa comigo.

– Ok, vou voltar rápido. Tchau. – ele me beija e vai até Alice deixando um beijo em sua testa.

Ele sai, fechando a porta atrás de si. Viro-me para Alice e pergunto:

– Vamos subir no quarto da mamãe, para ela poder arrumar a cama?

– Sim. – responde ela já descendo do sofá e caindo sentada no chão.

– Cuidado, não vai se machucar. – falo indo em direção a ela e a colocando de pé, pegando sua mãozinha para ela poder caminhar.

Alice sabe caminhar, ela só não descobriu isso ainda, então sempre segura nossas mãos ou se apoia em alguma coisa para andar. Subimos e eu primeiro levo a bandeja com meu café-da-manhã para a cozinha. Volto e começo a arrumar a cama. Quando termino, me sento na ponta na cama e observo Alice brincar com seu cachorro de pelúcia. Começo a pensar em Prim de novo então decido começar a arrumar o armário de roupas. Peeta e eu usamos o mesmo armário. E como saber que roupa é de quem? Simples. As roupas de Peeta estão sempre dobradas e bem organizadas. Enquanto as minhas estão simplesmente atiradas lá dentro. Não sei como Peeta nunca reclama da bagunça da minha parte do armário. Tiro, primeiro, meu arco e minhas flechas, que eu guardei dentro do armário. Coloco na cama. Estava dobrando a primeira camisa quando Peeta entra no quarto.

– Voltei. O que está fazendo? – pergunta ele.

– Estou arrumando minhas roupas. – respondi sem olhar para ele.

– Ah, decidiu dar um jeito nessa bagunça? – ele começa a rir e se aproxima pegando uma de minhas camisas e dobrando-a.

Estava tudo bem até eu ouvir um grito. Não era Peeta, não era Alice, não era eu. Muito menos Effie, Haymitch ou Joe que nem estavam em casa. Paro na hora e olho assustada para Peeta. Pensei que era coisa da minha cabeça, mas Peeta me olha igualmente assustado. Eu reconheço esse grito. Eu pensava que nunca mais ouviria essa voz. Agarro o arco e as flechas e saio correndo porta a fora enquanto grito:

– PRIM!!! PRIM!!!

Ouço Peeta correr e gritar:

– KATNISS!!! VOCÊ SABE QUE NÃO É ELA.

A voz de Prim continua a gritar, pedindo socorro, e a única coisa que faço é correr em direção à voz. Isso me leva até a rua e paro diante do chafariz que há no centro da Aldeia dos Vitoriosos. Não vejo Prim. Mas vejo um gaio tagarela reproduzindo aqueles gritos. Pego uma flecha e acerto o pássaro. Ele cai para dentro do chafariz. Vejo Peeta se aproximar.

– Katniss. – ele chama quando chega ao meu lado.

– Tudo bem. Era um gaio tagarela. Igual ao da nossa segunda arena. – digo colocando o arco e a aljava de flechas no chão e observando o pássaro.

– Que coisa estranha. Por que este pássaro estaria solto? Não eram para estarem todos exterminados?

A resposta vem de perto de nós.

– Ele nos serviu para nossa armadilha. – diz o homem, quando o olho vejo uma arma apontada para mim.

Minha primeira intuição é me abaixar rapidamente e pegar o arco e as flechas, mas sou segurada por alguém e puxada para trás. É então que noto: este homem não está sozinho.

– SOLTE ELA!!! – grita Peeta, tentando se aproximar, mas outros dois homens o seguram pelos braços.

Tento de todas as formas me soltar do homem que me segura enquanto o que está com a arma na mão se aproxima. Ele abaixa a arma.

– Olá Katniss, Peeta. Como vão? Acho que vocês não me conhecem. Meu nome é Dexter. Dexter Snow. – me assusto ao ouvir seu sobrenome. Ele sorri ironicamente ao ver minha reação. – Isso mesmo, minha cara. Sou filho do Presidente Snow, aliás, Ex- presidente, já que você o matou.

– Filho do Snow? – sussurro pra mim mesma.

– Isso mesmo. Sou o filho órfão de Snow. – diz ele, demonstrando certa nível de raiva.

De imediato lembro de Alice, ela não estava com Peeta. Ela ficou sozinha no nosso quarto.

– Peeta, onde está Alice? – pergunto rapidamente, mas Peeta me olha assustado, notando que havíamos deixado nossa filha para trás.

Dexter ri sarcasticamente.

– David, por favor, traga a menina. – diz Dexter, obviamente, para alguém que estava atrás de nós, mas nós não o víamos.
O tal David aparece com nossa filha nos braços. Ela não parece assustada, só aparenta estar confusa. Ela ainda segura o cachorro de pelúcia nas mãos.

– Solte minha filha agora. – exige Peeta entredentes.

– Calma Senhor Mellark, nós não viemos até aqui com o intuito de machucar a princesinha de vocês. – afirma Dexter, pegando Alice no colo. – Ela é muito bonitinha sabiam? Pena que é a cara da mãe. A pobre criança tem a cara de uma assassina.

– O que vocês querem então? – pergunto.

– Bem, nós viemos até este Distrito com o objetivo de... – eu já sabia o que ele iria dizer. É claro que ele venho aqui para me matar. Por que mais ele viria aqui? Nada mais justo que matar a causadora da morte de seu pai. Porém a continuação da frase me deixa em completo pânico. -... matar Peeta.

Peeta? Ele disse Peeta ao invés de Katniss? Foi isso mesmo? Por quê? Por que Peeta? Era para eu ser morta não ele. Entro em desespero.

– NÃO!!! MATE A MIM. ELE NÃO TEM NADA A VER COM ISSO. ELE JÁ SOFREU O SUFICIENTE NAS MÃOS DO SEU PAI. MATE A MIM, POR FAVOR. FUI EU QUE CAUSEI A MORTE DE SEU PAI, NÃO PEETA. FUI EU!!! – gritei em plenos pulmões, tentando mais uma vez, me livrar dos braços do homem que me segurava.

– Não. Vou matar Peeta. Minha decisão já foi tomada. – respondeu ele calmamente, enquanto devolvia Alice para David.

– Mas por quê? Isso não faz sentido nenhum.

– Ah, mas é claro que faz Katniss. Você forçou minha mãe, minha irmã e eu a vermos a morte de meu pai, tirando seus netos. Filhos da minha irmã, claro. Não tenho filhos, odeio crianças. Bom, a questão é: farei o mesmo com você. Você fez uma esposa perder o marido. Você fez filhos perder o pai. E agora farei o mesmo. Matarei o seu amado Peeta na sua frente e na frente da menininha, qual é mesmo o nome dela? Ah, sim. Alice.

– NÃO. EU NÃO VOU DEIXAR.

– Ok. Então matarei a filha de vocês e darei um fim nesta história. – diz ele encostando o cano da arma na cabeça de Alice. Alice se assusta e começa a chorar, deixando o urso cair no chão.

– NÃO. PARA. – interfere Peeta pela primeira vez – OK. ME MATE. MAS NÃO TOQUE NA MINHA FILHA E NA MINHA MULHER.

– PEETA, NÃO!!! – grito em desespero.

– Desculpa meu amor. Mas não posso deixar que machuquem vocês. – diz ele.

– Muito bem. Foi mais fácil do que eu pensei. Então, Peeta. Vamos acabar logo com isso? Por favor. Ajoelhe-se na frente dela, mas não tão na frente. – diz Dexter.

Os homens soltam Peeta e ele para na frente de Dexter.

– Posso ao menos me despedir da minha família? – pergunta ele.

– Tá, Ok. Mas que seja rápido tenho mais o que fazer além de te matar.

Peeta pega Alice no colo, ela ainda estava chorando, Peeta a abraça e a acalma.

– Tudo bem, meu anjinho. Não chore, vai ficar tudo bem, eu prometo. Mamãe vai cuidar de você. Eu te amo. Agora você tem que voltar pro colo deste homem, tá?

– Tá. – diz Alice com a voz meio embargada pelo choro, e com uma lágrima escorrendo pelo rosto.

Peeta a devolve para David. Ele vem até mim, o homem que me segurava me solta e eu me agarro a Peeta aos prantos.

– Shhh. Tudo bem. Vai ficar tudo bem. Olha pra mim. – ele segura meu rosto entre as duas mãos, será a última vez que sentirei as mãos dele no meu rosto. – Você tem que ser forte, entendeu? Por ela. Pela Alice.

Eu aceno com a cabeça algumas vezes.

– Eu te amo. – digo.

– Eu também te amo. – ele me abraça com toda a força que tem antes de dizer. – Eu te amo tanto. Vou dizer a Prim e Rue que você mandou lembranças.

– Ok, já chega. – interrompe Dexter. – Segurem ela e façam ele se ajoelhar no chão.

O mesmo homem me segura, o que só faz eu me espernear e gritar, enquanto outros dois arrastam Peeta para mais longe de mim. Fazem ele se ajoelhar, Dexter se aproxima e encosta o cano da arma na cabeça de Peeta. Alice começa a chorar desesperadamente ao notar que seu pai está em perigo. Eu paro de gritar, por causa do pânico que me domina. Peeta olha para mim uma última vez, enquanto uma lágrima escorre pelo seu rosto. Será a última vez que verei aqueles olhos azuis. Fecho os olhos, viro o rosto e solto um grito ao ouvir o tiro.


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Notas finais do capítulo

EU SEI!!! Heart Attack. Calma. Vou tentar escrever o próximo capítulo antes e poder postar antes do sábado. Mas só se tiver bastante comentários, hein. Se não terão que ficar com o coração na mão. Eu sei que peguei pesado neste capítulo, mas essa é minha forma de escrever, então me desculpem. Amo vocês. E adoraria que alguns fantasminhas aparecessem. COMENTEM!!! Beijocas da Tia Rafú pra vocês. ;)