Ao nascer de uma nova Esperança escrita por Rafú


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

OIZINHO!!! Mais um capítulo pra vocês aproveitarem. Boa leitura.



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Decido ir ao médico para ter certeza que o teste caseiro estava correto. Nunca confiei em nada vindo da Capital e continuo não confiando. Eu desejava com todas as minhas forças que estivesse certo, se não teria que enfrentar a decepção de Peeta mais tarde. Todos os Distritos tem pelo menos um hospital agora. Já a Capital tem uns vinte hospitais. Peeta insistiu em ir comigo fazer a consulta. Estamos à meia hora sentados na sala de espera aguardando nossa vez, junto com várias outras pessoas, na maioria mulheres grávidas. Peeta é um dos poucos homens a estarem lá. Ele está absurdamente nervoso e não para de balançar as pernas. Ele decide se levantar e põe a se andar de um lado para o outro.

– Peeta. – eu o chamo. – Sente-se. Você está muito nervoso.

Ele não se senta, apenas para de caminhar e encosta-se à parede ao meu lado.

– Por que demora tanto? – me pergunta ele, sem disfarçar o quanto está nervoso.

– Esta sala está cheia de gente, não vê? Como não quer que demore?

– E se o teste estiver errado? – indaga ele.

– Não acho que esteja.

– Então por que estamos perdendo nosso tempo aqui?

– Para ter certeza. Não confio em nada feito pela Capital.

– Você está começando a me assustar. – assume ele.

– Como assim? Por quê? – indago confusa.

Ele volta a sentar-se e fala:

– Porque você veio toda contente me dizendo que está grávida e agora faz eu vir até aqui...

– Eu não fiz você vir até aqui, eu disse para você ir trabalhar, você venho aqui porque quis. – me defendi.

– Que seja. – responde ele elevando um pouco o tom de voz.

– Peeta, pelo amor de Deus, se acalme se não terei que te levar ao cardiologista depois da consulta.

– Desculpa. – ele murmura e não fala mais nada até sermos chamados.

Depois de mais meia hora somos chamados:

– Katniss Mellark.

Estranho um pouco quando a médica me chama, pois não costumo ser chamada pelo meu novo sobrenome. Me levanto e ando em direção à sala com Peeta atrás de mim. A médica se senta atrás de uma mesa e aponta com a mão para as duas cadeiras que estão do outro lado, sinalizado para nós dois sentarmos.

– Muito prazer, Katniss. Sou a doutora Mary.

– O prazer é meu.

– Então você quer fazer um exame, para saber se está grávida. É isso?

– É isso sim. Eu fiz um daqueles testes de gravidez que se compra na farmácia, mas não confio totalmente neles. – respondo.

– Sim, entendo. Testes caseiros não são 100% confiáveis. – concorda a doutora

Bastou ela dizer isso para Peeta começar a balançar as pernas novamente. Segurei sua mão para dar confiança a ele.

– Está nervoso, Sr. Mellark? – pergunta a doutora, notando o estado de Peeta.

– Eu? Eu... Eu... – ele começa a gaguejar, nunca pensei que viveria ao ponto de ver Peeta Mellark a gaguejar.

– Os testes não são 100% confiáveis, mas tem uma garantia de 99% de estarem corretos. – afirma a doutora numa tentativa de acalma-lo. Não deu muito certo.

– Oh, que maravilha! Ainda tem 1% de chance de estarem errados. – responde Peeta, parecendo mais nervoso do que antes.

A doutora desiste de acalma-lo e começa a se dirigir para mim:

– Por favor, Katniss. Sente-se naquela maca. Vou ter de tirar um pouco de seu sangue. – diz ela apontando com o dedo para a maca.

Sento-me na maca, enquanto a doutora pega uma agulha. Ela retira o meu sangue e diz:

– Aguarde aqui, em torno de dez minutos volto com o resultado.

– Mas é tão rápido assim? – pergunto admirada.

– É sim. Aguardem aqui. Já volto. – responde ela repetindo a mesma ordem e saindo da sala.

– Você está bem? – pergunto a Peeta.

– Estou. – ele para pensar e continua – Eu acho.

– Não fique assim, vai dar tudo certo.

– E se der negativo?

– Não vai dar.

– Mas e se der? – insisti ele.

– Então nós vamos continuar tentando.

– Essas tentativas não estão nos levando a lugar algum. – fala ele olhando para as próprias mãos.

– Peeta... – começo, mas sou interrompida.

– Eu não sei quanto tempo mais vou viver só de tentativas.

– Nenhum minuto a mais. Tenho certeza que estou grávida.

– Se tivesse certeza disso, não estaríamos aqui. – sussurra ele, mais para si mesmo do que para mim.

Eu ia dizer mais alguma coisa, mas a doutora Mary retornou com um envelope em mãos e voltou a se sentar em seu lugar. Só então notei que continuava sentada na maca. E não fiz questão de sair de lá. Por algum motivo eu não estava nervosa. Estava calma. Talvez porque eu já soubesse o resultado.

– Então, o resultado já está pronto. – falou ela erguendo o envelope. – Querem que eu diga ou preferem saber em casa?

Eu ia responder, mas Peeta se adiantou:

– Por favor, diga logo.

A doutora me olhou esperando que eu concordasse, eu assenti com a cabeça, então ela prosseguiu:

– Que assim seja então. Meus Parabéns. Dentro de oito meses terá um novo integrante na família de vocês.

Não tive tempo de reação nenhuma. Peeta correu ao meu encontro me tirando da maca e me abraçando enquanto me dava mil beijos espalhados pelo meu rosto.

– Peeta. – comecei a rir – Calma.

Ele parou então.

– Obrigado doutora Mary. – agradeceu ele, dissipando todo o nervosismo de alguns minutos atrás.

– Calma, crianças. – disse ela – Vocês terão que assinar esse papel, pois serei a médica da Katniss até a hora do parto.

– Ah, tudo bem. – Peeta falou enquanto me puxava pela mão.

Assinamos os papéis e voltamos para casa. Assim que chegamos, comecei com o deboche:

– Será que está mais tranquilo agora, Senhor Pernas Bambas?

– Tudo bem, tudo bem. Eu sei que exagerei. Que tal deixarmos esse assunto pra lá? – falou Peeta se dirigindo a cozinha.

– Nunca. Vou lembrar-me deste dia até o meu último suspiro. Vai ser a primeira coisa que vou contar pro seu filho assim que ele nascer. Eu vou dizer exatamente isso: “Filho, papai está tendo quase um ataque cardíaco, porque ele achava que você não existia” – falei, rindo de mim mesma.

– Ah, você vai dizer isso pro meu filho então? – perguntou ele, pegando um copo de água enchendo e tomando um gole.

– Sim, vai ser a primeira coisa que ele vai saber sobre você. – continuei a provocar.

Ele largou o copo na mesa e ficou me encarando por certo tempo:

– Vem cá. Agora você vai ver o que vou fazer contigo. – falou ele correndo em minha direção.

– PEETA, NÃO. – gritei e subi as escadas correndo até o nosso quarto. Subi na cama como se isso fosse impedi-lo de me alcançar.

Ele chegou ao quarto, eu segurei um travesseiro para me defender.

– Nossa. Meu Deus. Estou morto. Ela tem um travesseiro em mãos. E ainda por cima está em cima da cama. Como irei alcança-la agora? – Peeta falou debochado.

– Exatamente. Estou aramada aqui. Não se atreva a chegar perto de mim. – respondi rindo.

Ele caminhou até a cama e me puxou pelos tornozelos, fazendo eu cair de costas no colchão macio, subiu em cima de mim tirando o travesseiro das minhas mãos, e segurando meus braços acima de minha cabeça.

– Um tordo me contou que você odeia cócegas mais que tudo. – provocou ele.

– Você não se atreveria. – falei séria desta vez.

– Você acha que não? – indagou ele com um sorriso malicioso no rosto.

– É sério. Não faz.

Mas era tarde demais. Ele largou meus braços e começou a fazer cócegas pelo meu corpo. Comecei a rir e não consegui parar mais, ele riu junto.

– Peeta, para, por favor. – tentei implorar em meio às gargalhadas.

– O que você me disse há pouco tempo atrás mesmo? Ah, acho que lembrei. NUNCA. – ele falou enquanto ria.

Comecei a sentir o mesmo enjoo repentino que senti há poucos dias atrás. Tentei avisar Peeta aos gritos:

– PEETA, PARA, PARA, CHEGA, PARA.

Ele parou, se assustando com meus gritos. Eu o empurrei para o lado me levantando rapidamente e correndo para o banheiro. Consegui chegar até a privada a tempo. Vomitei. E depois vomitei de novo. Apoiei meu braço na privada e deitei a cabeça nele. Estava me sentindo exausta. Peeta chegou a banheiro com um pavor em seus olhos:

– O que aconteceu? Você está bem? – perguntou ele, se agachando ao meu lado e passando a mão nas minhas costas.

– Estou. Eu só vomitei. Não se preocupe.

– Desculpe.

– Não foi culpa sua. Isso é normal. – respondi me levantando e me dirigindo a pia para lavar a boca. Comecei a rir.

– Qual é graça? – perguntou Peeta.

– Deviam ter filmado a sua cara. Pensei que seu coração havia parado de novo.

– E deve ter parado mesmo. Não tem graça. Eu sou novo com esse negócio de gravidez. Eu me assustei. Pensei que tinha algo errado. – respondeu sem esboçar nenhum sorriso e parecendo irritado.

Fui até ele e o abracei.

– Está tudo bem. Eu também não sei certas coisas. Algumas eu sei por ter visto minha mãe grávida de Prim. Então já vou te avisar, que, vomitar, é algo completamente normal. Acontece com a maioria das mulheres.

– Você não vai contar para sua mãe que ela será avó? - perguntou Peeta, parecendo mais calmo.

– Vou sim. E vou fazer isso agora. – respondi já indo em direção as escadas.

Peeta começou a fazer o almoço, enquanto eu fui ligar para o hospital em que minha mãe trabalha. Ela sempre está naquele hospital, acho que deve até morar lá.

– Alô.

– Oi, sou Katniss. Sou filha da Doutora Everdeen, eu poderia falar com ela?

– Só um minuto.

Aguardei certo tempo.

– Alô. – não era voz de minha mãe, era a mesma voz que eu tinha ouvido há um minuto atrás. – Sinto muito, Katniss. Mas sua mãe está ocupada agora. Ela não pode falar com você no momento, que deixar algum recado?

– Não. Não é necessário – respondi triste. – Obrigada. Tchau.

– Tchau.

Bati o telefone no gancho de frustração. Ela nunca tinha tempo pra mim. Só para o hospital. Ela não teve a decência nem de vir para o meu casamento. Ela não teve a decência nem de ligar para saber se eu estou bem ou ao menos viva. Parece que a Prim não foi à única filha que ela perdeu com a revolução. Eu devo estar morta para ela. Sentei na cadeira em que Snow havia sentado quando venho conversar comigo há alguns anos atrás. Chorei. Chorei por saber que tinha uma mãe e não sentir que tinha uma. Continuei a chorar até que Peeta apareceu no escritório, preocupado com a minha demora talvez.

– O que aconteceu? Por que você está chorando? – perguntou ele já se aproximando de mim.

– Ela não pode falar comigo. Está ocupada como sempre. E sempre vai estar. Eu morri pra ela, é isso.

– De quem você está falando? – indagou Peeta, se agachando na minha frente.

– Minha mãe. – respondi.

– Bom, talvez se você ligar mais tarde, ela esteja disponível. – tentou me consolar ele.

Me irritei, como sempre. Me levantei da cadeira frustrada e peguei um livro qualquer que havia na estante com inúmeros livros. Comecei a rasgar as páginas e atira-las no chão, para descontar toda a raiva, a mágoa e a frustração que eu estava sentindo.

– ELA NUNCA VAI ESTAR DISPONÍVEL PRA MIM. NUNCA!!! – comecei a gritar – ELA ME ENTERROU JUNTO COM PRIM. EU ESTOU MORTA PRA ELA. – joguei o resto do livro com toda fúria no chão.

– Você precisa se acalmar. – falou Peeta, com a mesma paciência de sempre. Mas com certa urgência.

– Eu vou pra floresta. – anunciei já virando as costas pra ele.

Ele me seguiu até a rua e segurou meu braço:

– Eu não vou deixar você ir sozinha pra floresta neste estado, Katniss. – falou ele com firmeza.

– Me solta. Eu vou sim. – rebati tentando inutilmente livrar o meu braço de sua mãos.

– Não. Você não vai e ponto. – sua voz aumentou algumas oitavas.

– Me solta. ME SOLTA. – comecei a berrar e sacudir meu braço. – Você está me machucando.

Ele soltou. Eu passei minha mão pelo meu braço sentindo ele levemente dolorido. Dei as costas a ele e fui em direção à floresta. Quando cheguei lá subi na árvore mais alta que encontrei. Sentei em um galho, mas desta vez não chorei. Meu estoque de lágrimas deve ter acabado. Tentei esvaziar a mente completamente, enquanto olhava para o horizonte. Coloquei a mão na minha barriga.

– Você é tão miúdo e já está tendo que passar por tudo isso. Sinto muito. – falei para um bebê que nem me escutava ainda. – Espero que esses oito meses passem rápido, estou muito curiosa para saber como você é, sabia? Será que você também está curioso pra me ver?

Acabei me arrependendo de ter gritado com Peeta, por ter feito um escândalo rasgando aquele livro e vir à floresta e deixar Peeta em casa preocupado. Desci da árvore, me sentindo tola e envergonhada. Tomei o rumo de casa quando já estava anoitecendo. Quando cheguei lá procurei Peeta e o encontrei sentado na mesa da cozinha, com um copo de água vazio a sua frente. Ele estava com braços em cima da mesa e sua cabeça apoiada em seus braços. Não sabia dizer se ele estava dormindo ou não, mas falei mesmo assim:

– Me desculpe.

Ele levantou a cabeça ao ouvir minha voz. Olhou para mim por certo tempo, se levantou, vindo ao meu encontro e me abraçando.

– Faz ideia do quanto eu estava preocupado com você? – ele segurou meu rosto entre suas mãos. – Nunca mais faça isso comigo, está me ouvindo?

– Estou. Me desculpe. – falei tomada pela vergonha.

Ele voltou a me abraçar:

– Tudo bem. –disse ele. Me soltou e foi em direção à geladeira. – Vou esquentar algumas coisa pra você comer.

Ele esquentou o que parecia ser o almoço. Eu comi e fui direto pra cama me sentindo exausta. Peeta ficou lá embaixo assistindo um pouco de televisão e depois se juntou a mim. Me abraçando e me protegendo.


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Notas finais do capítulo

Está aí, meu lindos que eu amo tanto. Não esqueçam de comentar. Até o próximo capítulo. Beijocas da Tia Rafú pra vocês. ;)



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