Ao nascer de uma nova Esperança escrita por Rafú


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

OIZINHO, mais um capítulo pra alegrar o dias de vocês. Bijus.



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Mais uma noite tomada por pesadelos. Mais uma noite de gritos e desespero. Era tão real. Prim estava na arena do Massacre Quaternário junto comigo. Estávamos andando a procura de Peeta. Até que ela fala:

– Estou cansada. Podemos descansar.

– Acho que podemos dar uma parada.

Ela se senta em uma pedra e eu me sento a sua frente, em outra pedra. Ela me observa com um olhar preocupado:

– O que nós estamos procurando? – me pergunta ela.

– Peeta. – respondo.

– Por que não me disse antes? Eu sei onde ele está. – ela responde animadamente pulando de sua pedra. – Me siga.

Sigo ela até chegarmos na árvore em que caía o raio. Há inúmeras cordas por lá. Em uma delas Peeta está pendurado, morto. Me desespero e grito:

– PEETA!!!

Ele abre os olhos, mas não olha em minha direção, apenas começa cantar uma canção que conheço bem:

“Você vem, você vem
Para a árvore
Usar um colar de corda, e ficar ao meu lado
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.”

Ele não para de cantar essa estrofe da canção, e mais vozes que conheço começam a cantar. Então vejo outra pessoas penduradas em suas cordas, cantando, sem nunca olhar para mim. Finnick, Boogs, Cinna, Gale, minha mãe e várias outras pessoas que conheço. Todos param de cantar de repente e voltam a fechar os olhos.

– Está vendo Senhorita Everdeen? – ouço uma voz que temo só de pensar no nome. Snow. Olho para trás já pegando uma flecha. E é então que noto. Estou sem arco e sem flechas. Estou indefesa. Mas, quando olho para trás só vejo Prim me observando.

– Prim, venha para cá. – digo a ela.

Ela apenas sorri ironicamente para mim sem sair do lugar. Eu repito:

– Prim, vem aqui. É perigoso aí onde você está.

Ela continua a sorrir. Sua forma física começa a mudar. Então vejo em quem ela se transformou. Snow. Ele continua a me olhar enquanto sorri. Fico com raiva:

– O QUE VOCÊ FEZ COM A PRIM? ONDE ELA ESTÁ? – grito furiosa.

– Ela está lá. – me responde ele, apontando para um lugar da árvore, onde Prim está pendurada, ao lado de Rue.

– NÃO!!! – grito caindo de joelhos no chão.

– Você causou isso, Senhorita Everdeen. Você causou todas essas mortes. E acho que está na hora, como cantaram eles todos anteriormente, de você usar um colar de cordas e se juntar a eles.

Coloco minha mão no pescoço, há uma corda nele, um colar de corda. Começo a sufocar, enquanto o próprio Snow puxa o outro lado da corda me erguendo no ar. Tento gritar, mas a voz já é inexistente. Então acordo com Peeta me sacudindo. Ouço ele gritar:

– KATNISS, ACORDA!! É UM PESADELO!!! NÃO É REAL!!!! NÃO É REAL!!!

Me sento, colocando a mão no meu pescoço, sentindo falta de ar. Estou suando. Olho para Peeta assustado:

– Você estava morto. Você tinha sido enforcado. – digo tremendo.

– Katniss, eu estou bem aqui. Não estou morto. Estou aqui. Você teve um pesadelo. Está tudo bem. – me responde ele calmamente, me abraçando.

– Desculpa. – é a única coisa que consigo dizer.

Olho para a janela, já está dia.

– Que horas são? – pergunto.

– 10 horas.

– A padaria...

– Hoje é domingo. – me interrompe ele. – Vou fazer o café-da-manhã. Por que você não toma um banho e me encontra lá embaixo depois? Estava pensando em fazer uma visita a Haymitch e Effie hoje.

– Tá. Pode ser. – respondo me levantando da cama.

Ele desceu e eu fui tomar meu banho pensando naquele pesadelo. Era tão real. Fiquei embaixo da ducha até conseguir tirar aquele pesadelo da minha cabeça. Saí e vesti um roupa leve, estava um pouco abafado hoje. Desci. Peeta preparava waffles, e uma jarra de suco de laranja já estava depositada em cima da mesa. Ele se virou pra mim ao ouvir meus passos:

– Se sente melhor? – perguntou ele um pouco preocupado.

– Sim, obrigada. – respondi.

Comemos nosso café calmamente, aproveitando cada minuto. Assim que terminamos, arrumamos a cozinha e fomos para a casa de Haymitch.

– Que tal darmos um susto em Haymitch? – pergunta Peeta sorrindo para mim, quando chegamos na porta da casa dele.

– Como assim? – pergunto tolamente.

– Observe. – diz ele sem tirar o sorriso.

Peeta bate na porta de Haymitch com tanta força que tenho medo que a coloque para baixo.

– Vai quebrar a porta. – falo rindo.

– Não vai. Essas portas são fortes. – retruca ele.

Ouvimos alguém correndo dentro da casa. Um breve minuto de silêncio se faz. Então a porta se abre rapidamente. E Haymitch aparece com uma garrafa na mão.

– Ah, são vocês. Me deram um belo susto seus cretinos. – fala ele com um pouco de raiva.

– Uma garrafa!? Sério!? Isso é a sua defesa? – pergunta Peeta, rindo.

Nós entramos e nos sentamos na sala.

– Eu perdi a minha faca. – admiti ele, jogando a garrafa em um canto.

– Como conseguiu perder a sua faca? – pergunto rindo também.

– Não sei. Não vi mais ela desde o dia que voltei para cá. – responde Haymitch. – Eu procurei ela pela casa inteira.

– E por que não a substitui? – pergunta Peeta.

– Aquela faca é insubstituível.

– Nossa. Quanto sentimento por uma faca. – digo rindo.

– É a mesma coisa com seu arco e com suas flechas. – me responde Haymitch seriamente.

Fiquei quieta. Ele ganhou de alguém especial. Alguém que, provavelmente, não está mais vivo.

– Effie está? – pergunta Peeta.

– Ela foi fazer compras, para o bebê. – responde o mentor.

– Eu aposto que acho sua faca. – falei, voltando ao assunto da faca.

– Eu acho pouco provável, docinho. Como eu já disse antes, procurei pela casa inteira. Effie arrumou toda a casa quando venho morar aqui e também não achou. – fala Haymitch sarcasticamente.

– Pois eu ainda acho que vou achar. – retruco me levantando e indo em direção as escadas, procura-la.

– Boa sorte então, Senhora Teimosia. – responde Haymitch.

Procuro pelo segundo andar inteiro, não poupo nada. Cadeiras. Armários. Inclusive as janelas. Tendo o cuidado de deixar tudo como estava antes. Nenhum sinal da faca. Desço.

– Achou, docinho? - Pergunta Haymitch, quando passo pela sala, ele e Peeta estão jogando xadrez. Não respondo vou em direção à cozinha. – Vou entender seu silêncio como um “não”. – grita ele da sala.

Procuro por tudo, inclusive na geladeira.

– Mas que droga. Por que falei a Haymitch que acharia a faca? Se eu não achar ele vai ficar com suas piadinhas pra cima de mim durante semanas. – sussurro pra mim mesma.

Me agacho para procurar embaixo da pia. Lá está ela. Bem no fundo. Me deito no chão e estico todo o braço para pega-la. Finalmente alcanço. Como será que ela foi parar ali? Vou em direção à sala, mas paro atrás de uma parede para poder limpar a faca com a camisa. Estava um pouco empoeirada. Começo a ouvir a conversa entre Haymitch e Peeta:

– Como Effie está reagindo à gravidez? – pergunta Peeta.

– Incrivelmente bem. Está completamente animada. Fala em nomes e roupinhas o tempo todo.

– Com quantos meses ela está?

– Três meses.

– Então vocês esconderam isso de nós por três meses? – pergunta Peeta surpreso.

– Não. Nós descobrimos no terceiro mês. Quer dizer, nós não planejamos ter um filho, mas aconteceu. – respondeu Haymitch rindo. Os dois ficam em silêncio por um segundo, e Haymitch pergunta - Vocês já pensaram em quando vão ter o de vocês?

Não há resposta. Só ouço um suspiro que deve ter vindo de Peeta.

– Katniss não quer. É isso? – pergunta Haymitch.

– É. – responde Peeta. – Ela tem medo.

– Medo de quê? – pergunta Haymitch incrédulo.

– De ser uma mãe ruim. De perder a criança. – ele da uma pausa e suspira – De eu ter um flashback e acabar matando-a.

Não, Peeta. Ele mentiu. Ele disse que não estava mais magoado. Ele mentiu pra mim não ter que me preocupar com ele. Ele não acreditou em mim quando eu disse que o que eu disse era mentira. Me agachei no chão abraçada à faca sentindo um peso no meu peito e continuei a ouvir.

– Como assim?! – fala Haymitch, sem acreditar no que acabou de ouvir. – Isso nem mesmo é possível.

– Na verdade é possível sim. – retruca Peeta.

– Não, não é. Quando você tem um flashback seu único alvo é a Katniss, ninguém mais além da Katniss.

– Exatamente. Sendo que a Katniss carregaria esta criança durante nove meses dentro dela. Quem garante que eu não tenha um flashback durante a gravidez? Se eu machucar a Katniss estaria machucando o bebê também.

– Então não deixe ela ficar perto de você se isso acontecer. Faça ela prometer isso pra você. Garoto, quando eu descobri que a Effie estava grávida eu quase tive um surto de alegria, não tem como colocar em palavras o que eu senti. E, eu acho injusto você ter passado tudo o que passou e não ter a chance de viver algo como isso.

– Não vou obriga-la a fazer nada que não queira, Haymitch. – foi à resposta de Peeta. – Vamos continuar a jogar.

Me sentei não chão, escorando a cabeça na parede. Haymitch tinha razão. Não é justo com Peeta. Ele merece uma vida mais do que ninguém. Fechei os olhos. Comecei a imaginar o filho de Peeta. Um garoto loiro de olhos azuis, correndo pela campina, sem medo do que irá acontecer. Sem ter a necessidade de passar pelos Jogos Vorazes ou por uma guerra. Vivendo em paz. Uma paz merecida. Imaginei Peeta brincando com ele. Imaginei os dois rindo e se divertindo, algo, que no passado, não seria possível. Mas que hoje é completamente aceitável. Não iria passar pela angústia de ver seu nome na Colheita e, se a sorte não estivesse a seu favor, não o veria nos Jogos. Isso não iria acontecer. Isso nunca mais iria acontecer. Nem comigo. Nem com Peeta. Nem com ninguém. Ele merece um filho. Ele merece alguém pra quem deixar a padaria. Alguém confiável. E, se Effie consegue dar um filho a Haymitch, eu consigo dar um filho a Peeta. Eu vou dar esse filho a Peeta. Eu quero ter um filho com ele.

Me levantei do chão. Caminhei em direção à sala. E joguei a faca ao lado de Haymitch.

– Eu falei que iria achar. – disse sorrindo.

Haymitch pegou a faca e olhou para ela sem acreditar.

– Querida, serei eternamente grato pelo seu favor. – disse ele ironicamente.

– Xeque-mate. – falou Peeta.

– O que? – falou Haymitch.

– Xeque-mate. – repetiu ele – Eu ganhei de você.

– Não é possível. Como isso aconteceu? – perguntou o mentor sem acreditar ainda.

– Você deixou uma brecha na sua defesa. – respondeu Peeta sorrindo.

– Vai ter revanche.

– Você sempre diz isso. – ele se vira pra mim – Vou para casa fazer o almoço. Quer ir comigo ou vai continuar aqui com Haymitch?

– Não, eu vou com você. – respondo rapidamente.

Nós nos despedimos de Haymitch e voltamos pra casa. Antes que Peeta consiga chegar à cozinha eu o chamo:

– Peeta, preciso falar com você.

– Não pode falar enquanto eu cozinho? – pergunta ele.

– É importante.

– Tudo bem. – ele se senta no sofá da sala – Pode falar.

Me sento ao seu lado e começo:

– Peeta, eu andei pensando, os Jogos foram extintos, assim como Snow. Quer dizer, não há mais perigo nem medo. E... E... – comecei a gaguejar – Mas que droga. Não sou boa com palavras que nem você.

– Então por que você não vai direto ao ponto? – optou ele.

Desisti de fazer um discurso e segui o que ele disse:

– Quer saber? Eu vou direto ao ponto mesmo. A questão é que eu mudei de ideia, eu finalmente abri meus olhos e eu quero ter um filho com você.

Ele ficou um minuto em silêncio, me encarando, como se não acreditasse que eu tivesse falado aquilo. Ele segura meu rosto com as duas mãos enquanto ri e diz:

– Você vai me dar um filho? Você realmente vai me dar um filho? Foi isso que eu acabei de escutar? Vamos ter um filho?

Comecei a rir junto e segurar seus braços:

– Sim, nós vamos ter um filho. – respondo.

– Katniss, eu te amo. Não faz ideia do quanto eu te amo. Eu te amo mais que tudo neste mundo.

Ele me beija. Um beijo longo. Assim que ele desgruda nossos lábios, eu os uno novamente e começo a tirar sua camisa. Ele faz a mesma coisa comigo. Ele faz eu me deitar no sofá e ele deita por cima, cuidando para que não coloque todo o peso em cima de mim. Eu rio e comento:

– Você não ia fazer o almoço?

– Acho que hoje nós vamos pular direto pra janta. – ele responde, e começa a beijar meu pescoço. – Tenho algo mais importante pra fazer.


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Notas finais do capítulo

Está aí, queridos. Espero que tenham gostado. Não esqueçam de comentar. Beijocas da Tia Rafú. ;)