Plena segunda-feira, mas para a alegria de Shuichi, o despertador não estava programado e ele não precisava se preocupar em acordar cedo. Felizmente o colegial já havia terminado. E hoje, com 19 anos, ele, Shuichi Shindou, e seu melhor amigo, Hiroshi Nakano, avançavam no sonho de fazer a Bad Luck, se tornar mundialmente conhecida.

Porque hoje, às 21h, no antigo galpão de Uraba, aconteceria um concurso de bandas. A Bad Luck era a penúltima a se apresentar. Shuichi considerava uma posição de sorte, pois significava que depois de serem obrigados a ver tantas porcarias, todos se lembrariam deles. Hiro não tinha muita certeza, já que se as coisas fossem desastrosas, as pessoas iriam embora.

Ele e Hiro dividiam um apartamento em Toquio, mas manter o aluguel estava ficando complicado. Eles sempre faziam bicos, embora Hiro os conseguisse com mais facilidade, Shuichi se dedicava a fazer os arranjos e escrever as letras quando não estava servindo de ajudante em alguma confeitaria ou atendendo em alguma livraria.

Hoje, ele havia voltado para a casa dos pais e ocupado o antigo quarto. Acordou olhando para o imenso pôster da Nittle Grasper, banda que estourou e foi recordistas de vendas. Mas já fazia pelo menos 3 anos que haviam se separado. O vocalista prodígio, gênio da música, Sakuma Ryuichi, seguia carreira solo e atualmente se encontrava nos Estados Unidos. Um dos tecladistas e responsável pela maioria dos arranjos, Seguchi Touma, era hoje o presidente da N-G Co. Uma das maiores companhias do ramo musical, a outra tecladista, Noriko Ukai aparecia como modelo em algumas campanhas, mas estava aparentemente focada em sua família.

Shuichi respirou fundo e pulou da cama já fazendo uma série de alongamentos. Hoje seria um grande dia. Na sala, encontrou Maiko suspirando enquanto abraçava um livro.

"Você está relendo isso pela quadragésima vez?" Perguntou ao se aproximar da irmã.

"Ei!" Ela deixou o livro de lado. "Você nunca leu. É uma história maravilhosa!"

Shuichi girou os olhos. "É sobre um casal que não fica junto". Debochou. "O que tem de tão especial nisso?"

"Você nunca entenderia, Yuki Eiri nos transporta para um mundo maravilhoso, romântico e dramático". Maiko diz com os olhos brilhando.

Shuichi fez uma careta. "Melodrama, clichê... acho que ele só vende mesmo porque é bonitão".

"Sai daqui!" Gritou atirando uma almofada no irmão.

Shuichi escapou do golpe e seguiu para a cozinha, sua mãe estava concentrada lendo algo no celular. Todos pareciam que viviam grudados em seus eletrônicos, Shuichi ainda andava com um modelo simples, seu celular ainda tinha teclas!

"Bom dia". Cumprimentou a mãe, enquanto seguia para a geladeira e roubava o material necessário para um sanduiche caprichado.

Não era exatamente um típico café da manhã, mas... era algo que ele já havia se acostumado.

"Oh Shuichi!" Ela tirou os olhos do celular. "Bom dia! Acabei de encontrar uma receita maravilhosa, você vai ficar para o almoço?"

Shuichi já estava com metade do sanduíche na boca.

"Ugh... Não, vou encontrar com o Hiro, mais tarde vou pegar minhas coisas e seguir para a velha Uraba".

Ela apenas assentiu. "Boa sorte". Sorriu para o filho. "Vê se convence a sua irmã a não ir junto, é tarde e eu não quero ela zanzando por aí sozinha".

Shuichi concordou. "Ela pode ficar comigo e o Hiro". Certamente seu melhor amigo não se importaria que sua irmã ficasse por lá por uma noite.

"A casa de dois homens não é lugar para uma moça". Sua mãe no entanto era irredutível, mesmo que ela recebesse Hiro como um filho.

Shuichi apenas deu de ombros, eles certamente terminariam a noite comemorando e bebendo, talvez fosse melhor que Maiko não ficasse por lá. Com sorte Hiro não levaria nenhuma garota, obrigando Shuichi a passar mais uma noite na casa dos pais. Não que isso fosse um hábito...

Embora a casa fosse mais de Hiro do que de Shuichi, sem falar que era um kitnet e eles dividiam o quarto. Ele precisava dar um jeito de conseguir seu próprio lugar, mas isso significava conseguir um contrato e também ganhar o primeiro lugar no concurso de hoje, o prêmio era nada mais, nada menos do que 140 mil ienes *3 mil reais.

...

A praça onde Shuichi foi esperar Hiro era uma que ficava ao final de uma grande avenida, por ser num lugar com muitos prédios comerciais, era comum ver pessoas apressadas de terno e gravata andando de um lado para o outro, carregando pastas ou falando ao celular. Shuichi estava sentado na grande fonte que havia no local, as vezes ele jogava umas moedas e fazia alguns pedidos, era um lugar tranquilo e o barulho da água caindo o fazia relaxar.

Hiro não demorou muito a chegar, ele parou a moto numa das vagas e veio andando.

"Desculpe, o chefe me pediu para fazer um pagamento e acabei demorando, você está aqui ha muito tempo?"

Shuichi sorriu ao vê-lo. "Não, acabei de chegar. Estou tentando escrever algo praquele último arranjo que fizemos, se conseguir terminar hoje, talvez nós possamos encaixá-lo na setlist de hoje".

O coração de Hiro falhou uma batida. As vezes não sabia dizer quando o amigo falava sério ou não, embora ele não costumasse brincar quando o assunto envolvesse a Bad Luck.

"Shuichi, uma música onde a melodia está sendo escrita hoje...? Que a gente nem chegou a ensaiar...?" Deu um sorriso duro.

"Acho que é um dos meus melhores arranjos, é um desperdício deixá-la de fora". Respondeu com a caneta na boca. No papel em seu colo havia apenas quatro frases escritas.

Hiro sabia que não iria conseguir convencê-lo de que aquilo seria uma péssima ideia, então apenas pediu aos céus que ele conseguisse terminar a letra.

"Onde você quer almoçar?" Perguntou mudando de assunto.

"Como hoje é o nosso show e tenho certeza que vai ser um tremendo sucesso, acho que nós podemos comer carne. Que tal?" Seus olhos brilhavam.

Hiro riu. O mundo precisava da energia de Shuichi, talvez eles ganhassem mesmo aquele concurso. E que mal faria gastar um pouco mais numa data especial?

"Hoje é por minha conta!" Hiro passou o braço pelo ombro de Shuichi e eles seguiram para um restaurante próximo.

...

O sol já estava se pondo, era cedo, mas Shuichi já havia saído de casa, ele não conseguia a inspiração e calma necessária para escrever. Sua irmã ficou mais de 1h discutindo com a mãe sobre não poder ir a Uraba ver o concurso.

Acabou indo se refugiar numa praça, que não era a mesma que havia se encontrado com Hiro. Era uma muito maior que ficava perto de um bairro nobre, ficava numa parte mais elevada, como um pequeno mirante e por isso a vista era incrível.

Shuichi gostava de lá porque era silencioso. Ele se encontrava sentado num banco enquanto escrevia apressadamente mais algumas frases, mas mal havia colocado a caneta na boca quando uma rajada de vento repentina fez com que o papel voasse.

"Espera!" Ele se levantou num pulo e saiu correndo atrás da folha que rodopiava pelo ar, escapando de seu alcance.

Ele finalmente havia conseguido escrever algo bom, eles poderiam tocar na apresentação e tudo daria certo. Essa era a letra.

Seu papel havia sido resgatado por um cara alto, loiro e muito bem vestido. Ele passava os olhos pelas frases parecendo entediado.

O sangue de Shuichi ferveu. Ele deu mais alguns passos e esticou a mão.

"Pode me devolver, por favor?" Pediu franzindo o cenho.

"Foi você quem escreveu isso?" Perguntou tirando o cigarro dos lábios e soprando a fumaça para o lado. Seu japonês era perfeito, mesmo tendo cara de gringo.

Shuichi se sentiu desarmado, quem era aquele cara?

"S-sim". Murmurou se sentindo repentinamente pequeno.

"Isso era pra ser uma música?" Seu tom era debochado. "Esse texto é mais medíocre do que algo escrito por um aluno do primário. Chamar isso de música é um insulto a qualquer compositor". E colocou o papel na mão de Shuichi. "Seu talento é nulo. Desista". E com isso seguiu andando como se nada tivesse acontecido.

Como se não tivesse pisoteado no esforço de um jovem rapaz que iria hoje se apresentar e esperava que essa música, essa letra, fosse sua salvação. Mas Shuichi não levava desaforos para casa e muito menos de um cara engomadinho.

Correu até parar na frente do homem que ergueu a sobrancelha ao ver o pirralho ali o encarando com um olhar desafiador.

"Quem você pensa que é pra criticar a minha letra?" Perguntou deixando a boa educação em casa e apontando o dedo na direção do loiro. "O que você entende de romance?"

Dessa vez o homem não se preocupou em soprar a fumaça na direção aposta, a jogou na cara do garoto que falava alto.

"Muito mais do que um pirralho com uma música piegas dessa".

Agora embaixo da luz do poste, Shuichi pode olhar bem para o rosto do homem, pele pálida, olhos ferinos e castanhos, cabelo loiro. Ele já havia visto aquele rosto antes... Mas o homem não estava interessado em continuar com aquela perda de tempo, continuou a seguir o caminho.

Mas Shuichi não o deixaria escapar, porque ele não tinha o direito de acusá-lo de escrever algo piegas.

"Acho que eu sei muito mais de romance do que você. Sr. dos finais infelizes, Yuki Eiri".

O homem parou. Shuichi estava com um sorriso orgulhoso no rosto. Ele jamais esqueceria aquele rosto, não com sua irmã o adorando e relendo todos os livros e sempre murmurando sobre a genialidade de Yuki Eiri.

Ele não iria aceitar a crítica de um cara que não sabia o que era um final feliz.

"Oh". Ele se virou parecendo curioso. "Eu tenho que me sentir um pouco mal, um pirralho como você sabe quem eu sou, e mesmo assim escreve essa letra de péssima qualidade". E abriu um sorriso desdenhoso.

"Minha música é de péssima qualidade? Venha ouvir a Bad Luck, hoje no galpão Uraba às 22h30, você vai ter que engolir a sua crítica depois que eu ganhar o concurso de bandas!"

Eiri riu pelo nariz. "Se todas as músicas forem do seu nível, eu tenho pena de quem vai estar no local, seus ouvidos vão sangrar. Tchau, pirralho". E acenou antes de virar de costas e seguir para casa.

"O nome é Shindou Shuichi!" Gritou o mais alto que pôde. O homem não se virou novamente. "Você ainda vai ouvir falar de mim!"

...

O galpão Uraba era um antigo depósito de uma empresa falida, hoje servia de palco para bandas amadoras. Havia uma espécie de bar ao fundo, as pessoas se aglomeravam na enorme pista. No segundo andar ficavam o camarim, que não era nada mais do que algumas divisões entra um extenso corredor para que as bandas pudessem largas suas coisas e se vestir.

Shuichi mexia fervorosamente no notebook que havia trazido. Hiro terminava de ajeitar a guitarra. Havia tantas vozes falando ao mesmo tempo, sem falar no barulho ensurdecedor da banda se apresentando que ele não entendia como Shuichi conseguia se concentrar em alguma coisa.

"Terminei!" Shuichi gritou se levantando.

"Hãn? Terminou o que?" Hiro deixou a guitarra de lado.

"Gravitation, a música, eu finalmente terminei!" Disse orgulhoso de si mesmo, e Hiro também estaria se não faltasse apenas 8 minutos para eles entrarem.

"Shu, você está falando sério? Nós nem ensaiamos essa--" Hiro tinha um mal pressentimento.

"Não tem problema, eu vou mostrar pra ele o poder da Bad Luck!" Shuichi claramente falava consigo mesmo porque Hiro não acompanhava o nível da conversa.

"Ele...?" Perguntou, mas não obteve resposta.

Uma batida na "porta" chamou a atenção dos dois.

"Bad Luck, por favor se direcionem para o lado esquerdo do palco, daqui a pouco é a vez de vocês". Um rapaz com uma prancheta falou.

Hiro conseguiria sua resposta depois, agora ele teria que tentar não surtar por tocar algo não ensaiado. Shuichi vestiu a jaqueta e abriu um largo sorriso, Hiro deu um meio sorriso, ao menos alguém estava super confiante.

O lugar ainda estava cheio, Shuichi dava pulinhos nervosos enquanto esperava. A banda que acabara de sair era algo meio punk industrial, as pessoas tinham gostado, mas não era exatamente algo apropriado para o tipo de público que frequentava o Uraba.

Shuichi abriu um sorriso e pegou o microfone.

"E aí galera! Nós somos a Bad Luck!".

As pessoas gritaram, algumas vozes se destacaram gritando "Nakano-kun, lindo!" e "Vai nessa Shindou-kun!" Ah sim, eles eram bem populares no colégio e ainda tinham um pequeno público.

A introdução ainda estava tocando quando os olhos de Shuichi captaram um cabelo loiro familiar. O homem alto estava de braços cruzados perto da porta, ele usava óculos escuros e no momento em que seus olhares se cruzaram, ele abaixou um pouco os óculos e deu um sorriso debochado.

"Você vai se arrepender, escritor-kun..." Disse para si mesmo. E então ajeitou o microfone e começou a cantar.

Nem o destino pode contrariar.

Lágrima e cólera são inúteis contra a lei da gravidade(1)

Eiri sorriu, o garoto tinha energia, mas...

"Você não tem o menor talento".

Continuou ali e ouviu as próximas duas músicas, Shuichi não olhou uma vez sequer na direção dele novamente. Assim que anunciaram a próxima banda, saiu de lá, já havia visto tudo que precisava e sua opinião não havia mudado.

Encostados no bar, um homem engravatado de óculos observava a apresentação da Bad Luck, seus pés batiam conforme o ritmo.

"Quem é aquele vocalista?" Ele perguntou se virando para seu companheiro, um homem loiro que usava um boné preto e óculos de armações grossas, que no entanto estava mais ocupado em desfrutar a bebida.

"Muito imaturos". Disse balançando a cabeça negativamente. "Falta muito para serem dignos de alguma atenção".

"Mas a voz dele é bem vibrante e eles tem bastante ânimo, o arranjo não é dos melhores, mas..."

O loiro riu. "Seus ouvidos não são mais os mesmos, não é, Sakano-san?"

Seguchi Touma estava ali para ver a apresentação ao vivo da ASK, a última banda a tocar no galpão. Já havia ouvido o demo e o atual promotor da banda tinha confiança no sucesso deles, é claro que se mais alguma outra chamasse sua atenção ele ficaria de olho, mas não era o caso.

A última música da Bad Luck terminou, a plateia estava eufórica, mas o que chamou mesmo a atenção de Seguchi foi um certo loiro saindo rapidamente pela porta. Ele olhou novamente na direção do vocalista e do guitarrista que se abraçavam no palco.

Era coincidência?

...

Shuichi e Hiro voltaram para o camarim, agora ASK se apresentava e era enervante ouvir os gritos, as pessoas realmente gostavam deles. Na última música era possível ouvir os fãs cantando junto.

"Quanto tempo para eles anunciarem o ganhador?" Shuichi perguntou roendo as unhas.

Hiro nem precisou olhar para o relógio. "30 minutos".

Shuichi fechou os olhos e juntou as mãos numa prece, foi então que a figura de um certo loiro lhe veio a mente e ele se levantou da cadeira tão rápido que a mesma caiu no chão.

"O que foi?" Hiro o olhou preocupado.

"Eu preciso fazer uma coisa! Já volto!" E saiu correndo.

Seria impossível achar por Eiri na plateia e imaginou que ele não ficaria no meio daquele tumulto. Ele tinha ido só como provocação, então certamente estaria do lado de fora. Shuichi andava completamente perdido, as vezes corria numa direção e as vezes corria em outra, algumas pessoas bebiam e namoravam do lado de fora.

"Droga, ele não está aqui...".

Mas nenhum sinal de um cara alto e loiro.

"Com licença". A figura de um simpático homem de boné e óculos se aproximou. "Você faz parte da Bad Luck, não é?"

Shuichi imediatamente abriu um sorriso, era ótimo encontrar com alguns fãs, embora ele não se lembrasse do rosto desse homem, normalmente seus fãs já eram pessoas conhecidas e alunos ou ex-alunos do colégio Tohoku.

"Sim, Shuichi Shindou, muito prazer!". Disse estendendo a mão.

O homem o cumprimento de volta parecendo achar graça do jeito tão informal do vocalista.

"Meu nome é Touma Seguchi". Anunciou com um sorriso simpático.

Os olhos violetas de Shuichi ficaram do tamanho de pratos, sua mão imediatamente soltou a de Seguchi como se tivesse levado um choque. Ele aproveitou para tirar os óculos e o boné.

"Se-seguchi?! Como o Seguchi da N-G!?" Seu tom era alto e ele sabia que não deveria estar gritando, mas não era como se mais alguma banda estivesse do lado de fora. "E-eu sou fã do seu trabalho ha muito tempo e também o admiro muito por ter aberto sua própria companhia". Acabou balbuciando nervosamente.

Seguchi manteve o sorriso que agora não parecia tão natural.

"Obrigado, mas eu gostaria de saber se você é amigo do Eiri Yuki. Eu o vi na plateia e ele se retirou assim que a sua apresentação terminou, ou talvez seja conhecido do guitarrista...".

Shuichi deu um sorriso sem graça, eles certamente não eram amigos, sequer suportava o escritor, mas como dizer isso para o presidente da N-G?

"Er... Me desculpe, mas não, não somos amigos. Você é fã do Yuki Eiri?" Perguntou rindo meio sem graça.

"Então era mesmo o Eiri-san!?" Seguchi foi pego completamente de surpresa. Seu rosto ficou vermelho e de repente ele parecia nada mais do que um grande fã. "Me desculpe pelo incômodo, eu só queria perguntar isso". E o agradeceu se curvando. "Muito obrigado e boa noite".

E dito isso foi se afastando. Perto da saída de emergência do galpão, um cara de óculos e terno e gravata estava segurando a porta e os observava esse tempo todo.

"A ASK já está no camarim?" Seguchi perguntou para o homem que assentiu.

"Ele não vai me oferecer um... contrato...?" Shuichi murmurou para o nada.

Antes que a porta se fechasse, correu na velocidade da luz e ele mesmo segurou a porta. Sakano e Seguchi olharam espantados para o garoto.

"Seguchi-san! Eu gostaria de enviar uma demo para que você escutasse, tenho certeza que--"

"Me desculpe". O cortou com o mesmo sorriso de antes estampado. "Mas nós já escolhemos uma banda, e não é a Bad Luck". E com isso virou as costas.

Não era um sorriso amigável. E Shuichi entendeu porque diziam para nunca conhecer os seus ídolos. Sem energia, suas mãos penderam ao lado do corpo, fazendo com que a porta batesse em sua cara.

Meia hora já havia se passado e o apresentador acabara de anunciar o vencedor da noite. ASK.

Os olhos de Shuichi se encheram d'água, mas ele jurou que não iria chorar. Doía não ganhar o prêmio. Doía saber que Seguchi Touma não havia se interessado por eles, mas doía muito mais perceber que sua música não era boa o bastante.

Que a Bad Luck era mesmo "má sorte".