Contagem Regressiva escrita por Beatrice


Capítulo 7
Capítulo 6: Mudança na névoa


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Como vão?
Primeiro eu queria agradecer como sempre a todos os que comentaram no último capítulo *-* Eu fico feliz mesmo com tudo o que vocês me dizem, é muito importante para continuar. Também queria agradecer as que favoritaram a fic (sim, desculpem porque só agora que eu fui ver '-').
Fiquem com o capítulo e tenham todos uma boa leitura!



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Jason realmente deveria ter ficado de boca fechada.

Quase nunca falava e, quando o fazia, acarretava perguntas que poderiam levar a seu passado e ao que todas as pessoas que o conheceram chamavam de loucura.

Se Rebeca já queria saber sobre ele antes, agora estava quase o sufocando com indiretas. Coisas como “Então, você não vai salvar ninguém hoje?” ou “Ouviu falar de outro infarto?” que ele não respondia, ou dava apenas uma risadinha para fingir que estava escutando. Fazia o possível para mudar de assunto todas as vezes, mas sentia o olhar dela, querendo sempre descobrir mais e mais, como se ele fosse um mistério a ser desvendado.

Um mês se passou desde o ataque cardíaco do aluno que Jason não conseguira impedir. Apesar da insistência de Rebeca, ele estava mais próximo dela do que de qualquer um. Finalmente tinha posto a matéria em dia, e ela estava mais uma vez ajudando-o a estudar para as próximas provas.

O sol havia acabado de se pôr. Jason fez uma curva com o carro e estacionou em frente à cafeteria em que Rebeca trabalhava no instante em que ela saía. Ele olhou para fora.

– Eu ainda te devo aquela carona.

Ela se assustou tanto que quase deixou as chaves caírem.

– O que está fazendo aqui?

Jason olhou para o banco do carona como se fosse óbvio.

– Não vou deixar você voltar sozinha para casa de noite.

– Eu faço isso todos os dias há mais de quatro anos – Rebeca respondeu, revirando os olhos.

– Bem, hoje não. Eu já estou aqui e não vou embora sozinho.

– E se você for um maníaco? – ela perguntou, brincando, mas com uma expressão séria. – Preciso tomar cuidado com quem eu saio.

– Foi você quem apareceu no meu apartamento sem eu dizer onde morava – respondeu Jason, sorrindo. – Se alguém é um maníaco entre nós, eu não apostaria em mim.

– É, faz sentido. – Rebeca deu de ombros, abriu a porta e se sentou. – Vamos lá, senhor, pode dar a partida.

Jason sorriu para ela e girou a chave na ignição.

– Só para constar, eu não costumo aparecer na casa das pessoas sem que elas me convidem antes e passem o endereço – disse Rebeca. – Mas eu queria fazer uma surpresa. Você tinha cara de ser interessante.

– Interessante? Certo, não é o que normalmente usam para me descrever.

– Mas é a verdade. Principalmente depois daquele acidente.

– De novo com esse assunto?

– Eu só estou querendo entender como você sabia que ele ia enfartar. – Rebeca jogou as mãos para cima. – Sério, como? Eu não vou acreditar se disser “golpe de sorte”. Ou de azar, o que preferir.

– Foi um chute – disse Jason, olhando sempre para o caminho. – Ele parecia passar mal, e aquilo foi a primeira coisa que me veio à cabeça.

Rebeca bufou.

– Tudo bem, vou fingir que acredito e mudar de assunto se você não quer mesmo dizer a verdade.

– Essa é a verdade – ele contestou, mas sua voz não tinha o mínimo de convicção necessária para que ela acreditasse. Jason nunca conseguiria convencer alguém como Rebeca de uma hora para outra.

– Ahã – ela fez, e aumentou o volume do rádio. Seus olhos se arregalaram. – Ai, meu Deus, eu amo essa música! Não sabia que ainda tocavam nas rádios.

Jason ouviu o refrão de Hero, do Skillet, enquanto Rebeca cantava a seu lado, imitando alguém que segura um microfone com o punho.

– Na verdade, é um CD – ele explicou, constrangido e ao mesmo tempo achando graça.

Ela o encarou.

– Está brincando? Não sabia que você tinha bom gosto musical.

– Eu tenho bom gosto para tudo.

– Duvido – ela deu um sorriso travesso. – Ainda tem que passar mais um tempo comigo para ter bom gosto completo.

– Rebeca?

– Hum?

– Agora seria uma boa hora para me dizer onde você mora exatamente.

A garota olhou para a rua como se nem tivesse percebido que estavam em movimento, rodando pelas avenidas há alguns minutos. Começou a rir antes de responder, e ajeitou um pedaço de cabelo que tinha se soltado de sua trança enquanto passava o endereço; não era longe dali.

– Para onde você estava indo?

– Nenhum lugar – confessou Jason. – Só estava dando uma volta. Pelo menos tivemos tempo para conversar.

– E que conversa produtiva, não? – Rebeca ironizou.

– Sempre são.

Depois disso, eles conversaram amenidades, apenas para não ficarem em silêncio. Jason descobriu que a comida preferida dela era lasanha e contou que a sua era pizza. Rebeca também lhe segredou que demorara um ano para entrar em Yale após terminar o ensino médio e que nem sempre morou em Connecticut, mas não deu mais detalhes porque disse algo sobre não falar sobre ela enquanto Jason não fizesse o mesmo.

Conversaram de outras músicas que gostavam, e ele viu que tinham mais em comum do que imaginara a princípio. Rebeca era fã de leitura e filmes também, mas ele nunca tivera a oportunidade de gastar o tempo com isso pelos anos que passara trancado, portanto não entendia muito daquilo. Não que fosse contar isso a ela, mas não tinha liberdade no hospital.

– E quais os seus hobbies? – ela fez a pergunta que Jason previa desde o início.

– Você vai rir se eu disser.

– Prometo que não vou. – Ela ergueu os dedos cruzados.

– Eu gosto de desenhar.

– Mesmo? O que você desenha?

É por isso que não gosto de falar sobre mim, Jason pensou, amargurado. Uma coisa acaba levando a outra.

– Paisagens, na maioria das vezes – inventou. Assim que terminou de falar, chegou ao prédio indicado por Rebeca. Não era nada impressionante; uma construção de tijolos vermelhos baixa e de aparência antiga e gasta. Tinha uma escada de incêndio numa das laterais, e ficava entre dois comércios simples – uma borracharia e uma papelaria. – Chegamos.

Rebeca pendurou a bolsa no ombro como sempre fazia.

– Está escuro aqui – Jason disse, abrindo a porta junto com ela. – Eu te acompanho.

– Que cavalheiro – ela brincou.

Ele a acompanhou até o hall do prédio, que não tinha porteiro nem estacionamento. Nada além de alguns quadros e um sofá enfeitavam o ambiente. Rebeca parou em frente ao elevador.

– Obrigada por me trazer – disse, parecendo estar sem jeito. – Deveríamos fazer isso de novo.

– A carona?

– Você me entendeu. – Rebeca chamou o elevador e se voltou novamente para ele. Antes de subir, deu um beijo rápido em sua bochecha e completou: - Até mais tarde. – E apontou para o celular, num gesto claro de que conversariam por mensagens.

Jason voltou para casa se sentindo mais leve do que em toda sua vida. Ao se deitar para dormir, contudo, a sensação o abandonou. Afinal, novo mês, novo sonho.

A garota de sempre foi morta mais uma vez. Seu rosto estava mais familiar do que nunca antes: nariz afilado, maçãs do rosto altas e olhos lindos. Jason estaca quase acostumado àquelas feições.

Não tinha certeza, mas achava que a pessoa que a matava também era a mesma de quando os pesadelos haviam começado. Seu rosto aparecia coberto por uma máscara e meio enevoado, tremeluzindo assim como o resto do corpo, como se não tivesse forma definida. Desse modo, Jason não podia deduzir se era um homem ou mulher.

Hoje, no entanto, as coisas mudaram.

Assim que a garota caiu no chão, a pessoa pareceu olhar diretamente para Jason. Então, uma voz masculina que parecia vinda de todos os lados disse:

— O tempo está passando.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que pensam que tudo isso significou? Já tem alguém shippando Jason+Rebeca (além de mim, claro ushauhsua)? Digam-me o que acharam do sonho, da conversa, tudo. Estou aberta a críticas, sugestões... O que quiserem me falar *-* Espero que tenham curtido.
Só queria completar que andei dando uma olhada nos capítulos anteriores e vi que não estava tendo muita ação, por assim dizer. Vou tentar melhorar isso (saibam que essa parte chegará), mas também há um motivo por que um dos gêneros é romance. Aguardem surpresas nos próximos capítulos *u*
Beijos e até lá o/



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