Contagem Regressiva escrita por Beatrice


Capítulo 5
Capítulo 4: Seu único amigo


Notas iniciais do capítulo

Miiil perdões pela demora! Mesmo! Queria muito ter postado bem antes, mas tive um bloqueio com essa história e fiquei atolada de coisas para fazer que me tomaram o tempo e a inspiração (que já não estava lá essas coisas ;-;).
De qualquer forma, espero que ainda estejam aqui comigo. Esse capítulo foi apenas para não correr com a história e porque eu amo mostrar o passado dos meus personagens *-*
Espero que gostem e tenham uma boa leitura!



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Era noite cerrada de domingo quando o celular de Jason apitou, informando a chegada de uma nova mensagem. Ele ainda não tinha dormido, estava apenas deitado na cama de costas, olhando para o teto. Pegou o celular e leu o visor: Rebeca McKulen.

Afinal, aquele número era mesmo dela. Tinha ficado com receio de tentar ligar e descobrir que era de mentira durante o resto do sábado e de hoje. Com um pequeno sorriso, Jason destravou a tela para responder.

“Boa noite, jovem padawan. Já está dormindo?”, a mensagem dizia.

“Ainda não”. Ele pensou em escrever lhe perguntando se ela também estava acordada, mas seria uma pergunta muito idiota. “Pode falar”.

“Preciso de ajuda, na verdade”.

“O que aconteceu?”, Jason perguntou, seriamente preocupado. Enquanto ela digitava o que pareceu ser um longo tempo, ele ficou imaginando o que poderia ser.

“Perdi meus óculos”, Rebeca enviou. “Tirei para dormir e não lembro onde os coloquei”.

“Pensei que fosse algo mais sério”, ele respondeu, brincando. Não entendia como alguém poderia perder os próprios óculos.

É sério, Jason Kent. E acontece que... não consigo achar meus óculos sem meus óculos, você vê o meu problema?”.

Jason ponderou dizer alguma coisa séria, como uma dica útil, mas seus dedos digitaram “Nem você vê o seu problema” e ele enviou. Rebeca não parecia o tipo de pessoa que se irritava com essas brincadeiras – ela parecia ser do tipo que as criava.

“Ha-ha, engraçadinho. Obrigada por nada”.

Ele riu e respondeu “Estou sempre à disposição”. Ela ameaçou nunca mais ajudá-lo com a matéria se continuasse com gracinhas, mas outra imagem tomou a tela de seu celular antes que ele terminasse de ler. Era uma ligação de um número desconhecido. Não que isso o surpreendesse, já que só tinha três contatos salvos em toda a agenda: a casa do avô, Rebeca mais recentemente, e o telefone da pizzaria mais próxima.

O que realmente era uma surpresa era alguém estar lhe ligando. Olhou a hora - 2:34 da madrugada. Imaginando que era engano, Jason atendeu:

– Alô?

– Jason? – perguntou uma voz masculina do outro lado, embargada e trêmula.

– Quem é? – Jason indagou, confuso. Tinha a impressão de que já ouvira aquela voz antes, mas de um lugar muito distante para recordar.

– Sean. Sean. – Ele soluçou. – Jason, eu preciso de ajuda. Bati o carro, não sei... – Foi interrompido por um ataque de tosse que o impediu de falar.

Aquele nome enviou uma sensação horrível pelo corpo de Jason. Ele pulou da cama imediatamente, a mente disparada, e calçou o primeiro par de sapatos que encontrou.

– Sean, onde você está? Consegue me dizer o nome da rua?

– E-estou na estrada 95, perto de New Haven – seu antigo amigo murmurou. Ele parecia estar bêbado pelo modo como falava. Deu mais algumas informações precárias e vagas, como estar perto de uma área com árvores e nomes incompletos de ruas.

– Aguente firme, estou indo – Jason afirmou, pondo um casaco com capuz e pegando as chaves do carro. Não desligou o celular, pois queria ter certeza de que Sean continuava acordado – e também porque precisaria de mais coordenadas.

Saiu do apartamento e trancou a porta. Pareceu levar uma eternidade até o elevador chegar, e naquela hora ele se arrependeu de morar no oitavo andar. Quando, por fim, alcançou o hall de entrada, o porteiro Howard tentou pará-lo:

– Aonde está indo uma hora dessas, Jason? Está tudo bem?

– Estou bem, sim. Volto logo. – E saiu. Buscou o carro no estacionamento do prédio, deu a partida e pisou fundo no acelerador.

Enquanto dirigia, diversas perguntas surgiram em sua mente. O que Sean estaria fazendo a caminho de New Haven? Como sabia que ele estava morando ali agora?

Há muitos anos, aproximadamente sete, Jason conhecera um garoto no hospital psiquiátrico em que fora internado. Sean se tornara um amigo depois de os dois terem frequentado uma daquelas sessões ridículas de terapia em grupo. Ambos tinham tentado fazer piada de seus “problemas”.

Sean tinha depressão. Era apenas um ano mais velho que Jason, mas já havia tentado se matar certa vez, por isso sua família o colocara no hospício. Há dois anos, quando Jason finalmente deixara o lugar, seu amigo ainda estava lá, e ele nunca se esqueceu do olhar de abandono que tinha no rosto ao vê-lo ir embora.

Acelerou o quanto pôde sem que fosse necessário ganhar uma multa no meio da autoestrada, falando com Sean pelo telefone para verificar se ainda estava com ele. Quando estava perto do local indicado, diminuiu a velocidade.

– Sean, está aí? Consegue me dar mais algum detalhe de onde você está? Um nome de rua, ou número de casa...

Ele descreveu mais ou menos a rua em que estava. Jason a achou alguns minutos depois, já que era a única com um carro batido em um poste. Felizmente, não havia nenhum curioso por perto para ver. Jason estacionou do lado oposto e desceu para ir até lá.

Sean estava debruçado sobre o volante e não se mexeu nem levantou a cabeça quando Jason se aproximou. O capô do carro estava meio amassado, mas as pernas dele não estavam presas. Uma garrafa de cerveja vazia estava largada no banco do passageiro, e malas no banco de trás.

– Ei – Jason chamou, pondo de leve a mão em seu ombro. Ele ergueu os olhos lentamente, como se estivesse grogue. – Você está bem?

Sean balançou a cabeça de forma negativa, fazendo chacoalhar seus cabelos ruivos.

– Não sei o que aconteceu comigo...

– Venha, vou te levar a um hospital – disse Jason ao abrir a porta e esticar o braço para dar apoio. – Você me conta tudo no caminho.

Ajudou-o a chegar até seu carro e em seguida tomou seu lugar no banco do motorista. Sean olhava pelo vidro para o lado de fora, com os olhos vidrados.

– Por que não começa me contando como veio parar aqui? – Jason sugeriu, hesitante, sem dar a partida no carro. – Você ainda não estava... lá?

Sean o olhou.

– Eu recebi alta faz uns dias – respondeu, já com a voz mais controlada. – Quando saí, fui procurar o seu avô para saber onde você estava e ele me disse que tinha se mudado para New Haven.

Jason assentiu e olhou para frente, finalmente colocando a chave na ignição. Assim que saíram daquela rua, voltou a perguntar:

– Se você estava bem, por que bebeu hoje?

– Não sei... Eu estava perdido – Sean confessou, arrependido. Olhou para Jason desesperado. – Mas não me mande de volta para aquele lugar, Jason. Você sabe o quanto é horrível. Não quero voltar, estou bem, juro. Você é o único com quem posso contar.

– Tudo bem, cara, pode confiar em mim – ele o tranquilizou. – Não vou falar nada. Mas você precisa de um lugar para ficar.

Jason sabia que os pais de Sean tinham morrido em um assalto, o que era uma das causas para sua depressão, mas ele devia ter parentes em algum outro lugar, alguém disposto a recebê-lo em casa até que ele retomasse a vida.

– Tenho uma prima em Montville. Não é longe daqui – respondeu Sean. – Vou morar com ela por um tempo. Ela disse que está precisando de funcionários no escritório.

– Isso é ótimo – disse Jason, tentando animá-lo. – Talvez Montville seja bom para você.

– É, pode ser – disse Sean sem animação. Apoiou o cotovelo no banco e olhou para fora da janela novamente.

Jason não puxou mais conversa. Sabia que ele tinha tido uma vida difícil, mesmo antes de conhecê-lo no manicômio por puro acaso. Também sabia que ele era seu único amigo em muito tempo.

Uma hora mais tarde, ele parou em frente ao hospital. Fez o registro no nome de Sean e esperou que o médico checasse se tinha sofrido alguma concussão. Enquanto isso, pesquisou onde ficava o hotel mais próximo para Sean passar a noite e no dia seguinte seguir com seu caminho até Montville e sua prima.

O médico e Sean voltaram juntos para a recepção, e o doutor afirmou que não havia nada grave. Jason agradeceu a atenção e voltou com o amigo para o carro.

– Chamei um guincho para pegar o seu carro. Eu posso pagar, não se preocupe. E encontrei um lugar para você dormir.

Eles foram em silêncio até o hotel, a dez minutos de distância. Na porta, Sean abraçou Jason e disse:

– Obrigado por tudo, cara.

Eles se afastaram.

– Se precisar de alguma coisa, é só me ligar.

Sean assentiu com um sorriso e entrou no estabelecimento. Jason lhe deu as costas e foi embora para seu próprio apartamento.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Se encontraram algum erro, não hesitem em me dizer para que eu possa arrumar e melhorar. Gostaria muito que me dissessem o que estão achando, ou o que esperam que aconteça e suas expectativas. Estou aberta a opiniões, amo ler os comentários de vocês *u*
Farei o possível para não atrasar mais dessa forma daqui em diante. Obrigada a todos os que estão acompanhando e comentando, é muito importante para mim! Até o próximo ^-^



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